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Caro/a Estudante,
Objetivamos com a AD que você responda as questões a partir de pesquisas e leituras que venha a fazer, além do livro da
disciplina e dos textos complementares que se encontram postados na plataforma. Como você terá um tempo para fazê-la,
sugerimos que possa entendê-la como um trabalho de pesquisa.
Assim, a AD2 será mais uma forma de estudo para a avaliação presencial. As respostas desta avaliação podem ser
enviadas até o dia 15-10-2019
Aplique-se e bom trabalho!
1ª questão: (3 pontos)
A região Amazônica ainda se apresenta como campo de disputas entre interesses baseados em lógicas distintas de organização
social e ambiental. A reportagem a seguir, obtida junto ao Jornal El País, reflete bem este jogo de interesses que influenciam as
formas pelas quais os agentes governamentais estabelecem as políticas de gestão das comunidades, do território, das riquezas e
do patrimônio socioambiental da Região. Leia a reportagem e identifique o que se pede após a leitura da mesma.
O presidente Michel Temer bem que tentou abrir a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), na floresta
amazônica, para a exploração das mineradoras a toque de caixa. Mas, a reação de ambientalistas e da
comunidade internacional foi tão grande que ele precisou voltar atrás, pelo menos por enquanto. Nesta segunda-
feira o Governo anunciou a extinção total do decreto que previa a abertura da Renca, situada entre os Estados
do Pará e Amapá, para a entrada de empresas de mineração que cobiçavam ouro, cobre e outros tesouros na
região, que alcança o tamanho da Dinamarca. A decisão deve ser publicada nesta terça-feira, 26 de setembro,
no Diário Oficial, como apurou o repórter Afonso Benites,em Brasília.
Apesar do recuo, nos bastidores já se sabe que o Governo não descarta voltar a debater o fim da reserva no
futuro. Foi assim com a reserva Jamanxim, no Pará, que seria extinta, mas a decisão foi abortada diante da
pressão geral, incluindo a marcação cerrada da modelo Gisele Bündchen, forte ativista ambiental. Um novo
projeto acabou voltando para a Câmara, agora com propostas de cortes ainda maiores para a Jamanxim.
Neste momento, contudo, Temer decidiu ceder à pressão pelo fim do decreto da Renca. O decreto já havia sido
suspenso por 120 dias no dia primeiro de setembro, após o alvoroço criado pela medida anunciada, inicialmente,
no dia 23 de agosto. Apesar do nome, a Renca contempla nove reservas ambientais e indígenas, que seriam
impactadas caso o Governo liberasse a área para a entrada de empresas privadas. A grita foi tão grande,
incluindo dos povos indígenas que ali residem, como os Wajãpi, que o Governo chegou a reeditar o decreto com
garantias de que essas regiões seriam preservadas. Mas de nada adiantou. Desde que o decreto foi suspenso, o
Governo havia prometido audiências públicas para garantir a participação da sociedade nas decisões que
assegurassem a preservação das áreas protegidas. Só houve tempo para uma audiência na Câmara. Uma
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) chegou a ser criada na semana passada para debater o
assunto.
Até o Rock in Rio jogou contra as ambições do Governo. Diversos artistas se manifestaram contra a extinção da
Renca. A cantora Alice Keys chegou a levar uma liderança indígena, Sônia Guajajara, para protestar no palco,
pressionando senadores a trabalhar pela revogação do decreto de Temer. "Existe uma guerra contra a
Amazônia. O governo quer colocar à venda uma área grande de reserva mineral. Senadores, vocês têm a
chance de evitar isso na votação que vai haver (um decreto pela extinção, de autoria do senador Randolfo
Rodrigues (Rede-AP) seria votado, mas foi adiado). E nós estaremos de olho. Não existe plano B.” Até Gisele
Bündchen marcou presença para falar da proteção da Amazônia na abertura do festival. Emocionou-se ao falar
do assunto, dando mais força à mensagem ambientalista.
Fora do Brasil, porém, europeus já se movimentavam preocupados com os destinos da Renca. A União
Europeia já estudava uma cobrança ao Governo brasileiro questionando as decisões tomadas em prol da
mineração que atingiam compromissos assumidos pelo Brasil sobre preservação ambiental.
Numa entrevista coletiva com a imprensa estrangeira há duas semanas, o ministro das Minas e Energia,
Fernando Coelho Filho, chegou a dizer que o Governo tinha ciência de pelo menos 3.000 garimpeiros ilegais
trabalhando na área da Renca, além de pistas de pouso. “Ninguém nunca reclamou, ninguém nunca assumiu
uma indignação com esse quadro”, afirmou na ocasião.
O garimpo ilegal, no entanto, foi denunciado diversas vezes por ONGs e entidades que atuam na região, mas a
fiscalização para coibir a atividade nunca foi feita. O presidente Michel Temer chegou a sustentar que a abertura
da Renca ao setor privado tentava legalizar o que já acontece de maneira clandestina. “O que há é uma
regularização da exploração que se faz naquela região. Nada mais do que isso. É de uma singeleza ímpar”,
chegou a dizer Temer, quando questionado sobre a Renca. Nilo D'Ávila, coordenador de campanhas do
movimento Greenpeace, entende que garimpo é impossível de ser legalizado. “Eles estão ali tirando uma
riqueza nacional para uso próprio, sem nenhuma autorização. Como se pode legalizar algo sem calcular o
impacto que é causado e sem saber em quais condições, nem como se pode recuperar o que for desmatado”,
questiona.
Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do Ministério de Minas e Energias, apenas
25% dos 46.450 quilômetros quadrados da Renca pode ser, por lei, explorada – a projeção não confere com os
dados do instituto Imazon, que estima em apenas 10,5% disponíveis para a exploração. Na área restante, onde
estão as unidades de conservação além das duas reservas indígenas, ficaria vedada qualquer tipo de
exploração. Mas, essa proposta é incompatível com o projeto de conservação, avalia Michel de Souza,
coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil. “Se abrir a Renca, haverá desmatamento inevitavelmente,
mesmo que se sigam as melhores regras mundiais de exploração mineral. Como você vai escoar? Como abrir
rodovias, levar máquinas pesadas para a floresta, equipamentos necessários para a extração de minérios?”,
pergunta ele.
Uma reportagem do jornal O Globo desta segunda revela que, apesar de assegurar que as áreas protegidas não
seriam alcançadas pela mineração, o Governo sabia de antemão que para liberar a exploração teria de mexer na
legislação ambiental. De outra forma, não seria possível entregar o que se promete para as empresas
interessadas na mineração nesse trecho da floresta amazônica.
Reserva da ditadura
A Renca foi criada em 1984, no final da ditadura militar, e previa que somente a Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais (CPRM), uma empresa pública pertencente ao Ministério de Minas e Energia, podia fazer
pesquisa geológica para avaliar as ocorrências de minérios na área. Na prática, pouco se pesquisou para dar
viabilidade comercial a esse trecho. Em contrapartida, avançaram as áreas protegidas ali. Caso das terras
Wajãpi, demarcadas em 1996. Metade do território habitado por este povo indígena está dentro da Renca.
Nas redes sociais, o senador Randolfe Rodrigues celebrou o fim do decreto. “Quero agradecer a imensa
solidariedade de artistas, de intelectuais, da comunidade internacionais e de todos que se mobilizaram em
defesa da Amazônia e do Brasil”, disse ele. Apesar da celebração, é fato que o Governo trabalha a favor de um
forte política de incentivo à mineração no país, que vai cobrando espaço cada vez maior neste Governo. No fim
de julho, o presidente Temer já havia anunciado medidas que favorecem o setor de mineração. Entre elas, estão
a criação de uma agência reguladora e alterações no valor das alíquotas da Compensação Financeira pela
Exploração Mineral (Cfem), o royalty cobrado das empresas que atuam no setor. A expectativa é que a medida
eleve a arrecadação com royalties em 80% e também a participação da mineração no Produto Interno Bruto
(PIB) dos atuais 4% para 6%.
Com uma popularidade em baixa e a ansiedade de ver a economia ganhar impulso, é certo que o assunto deve
voltar à baila em breve, apesar do barulho de ambientalistas e até das lágrimas de Gisele.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/25/politica/1506372008_097256.html, acesso em 25-09-2017.
Após a leitura da reportagem, identifique dois aspectos que caracterizam bem o jogo de interesses socioeconômicos e socioculturais
confrontantes, no que diz respeito a situação de ocupação do espaço amazônico presentes no texto em relação a:
a) Grupos ou comunidades que disputam a posse e utilização do território abordado na reportagem;
b) Diferentes impactos causados pela atividade econômica que se pretendia adotar na RENCA;
2ª questão: (4 pontos)
A polêmica retratada na reportagem não pode ser desvinculada geográfica e historicamente daquela contextualizada no cenário que
existe na região Nordeste, estabelecida com a chamada “INDÚSTRIA DA SECA”. Sendo assim:
a) Apresente dois exemplos marcantes de desigualdade de oferta e atendimento pela forma de armazenamento e de
abastecimento de água proporcionados pela Indústria da Seca.
b) Indique dois impactos socioambientais negativos que podem ser gerados com a transposição do Rio São Francisco e
outros dois efeitos positivos da obra.
3ª questão: (3 pontos)
No texto existente no resumo da aula 17 (O Brasil globalizado) do material didático da disciplina, podemos observar uma
análise breve da evolução econômica brasileira até o final da década de 1990, no caminho de sua inserção na economia
global.
RESUMO
Indique pelo menos três aspectos presentes no RESUMO apresentado que, demonstrando uma retomada
neoliberal de inserção de nosso país na globalização, neste momento, se encontram novamente sendo vividos
no cenário socioeconômico brasileiro.