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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso(s) de Pedagogia– modalidade EAD

AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA 2 – 2019.2

Disciplina: Geografia na Educação 2


Coordenador (a): Lincoln Tavares Silva
Aluno (a): ____________________________________________________ Matr.:_____________________
Polo: ___________________________________________

Caro/a Estudante,
Objetivamos com a AD que você responda as questões a partir de pesquisas e leituras que venha a fazer, além do livro da
disciplina e dos textos complementares que se encontram postados na plataforma. Como você terá um tempo para fazê-la,
sugerimos que possa entendê-la como um trabalho de pesquisa.
Assim, a AD2 será mais uma forma de estudo para a avaliação presencial. As respostas desta avaliação podem ser
enviadas até o dia 15-10-2019
Aplique-se e bom trabalho!

1ª questão: (3 pontos)

A região Amazônica ainda se apresenta como campo de disputas entre interesses baseados em lógicas distintas de organização
social e ambiental. A reportagem a seguir, obtida junto ao Jornal El País, reflete bem este jogo de interesses que influenciam as
formas pelas quais os agentes governamentais estabelecem as políticas de gestão das comunidades, do território, das riquezas e
do patrimônio socioambiental da Região. Leia a reportagem e identifique o que se pede após a leitura da mesma.

Renca: Temer revoga polêmico decreto que ameaça reservas da Amazônia


Governo recua na proposta de abrir a região, entre Pará e Amapá, para exploração de mineradoras
Alta de desmatamento na floresta amazônica era consequência inexorável

O presidente Michel Temer bem que tentou abrir a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), na floresta
amazônica, para a exploração das mineradoras a toque de caixa. Mas, a reação de ambientalistas e da
comunidade internacional foi tão grande que ele precisou voltar atrás, pelo menos por enquanto. Nesta segunda-
feira o Governo anunciou a extinção total do decreto que previa a abertura da Renca, situada entre os Estados
do Pará e Amapá, para a entrada de empresas de mineração que cobiçavam ouro, cobre e outros tesouros na
região, que alcança o tamanho da Dinamarca. A decisão deve ser publicada nesta terça-feira, 26 de setembro,
no Diário Oficial, como apurou o repórter Afonso Benites,em Brasília.

Apesar do recuo, nos bastidores já se sabe que o Governo não descarta voltar a debater o fim da reserva no
futuro. Foi assim com a reserva Jamanxim, no Pará, que seria extinta, mas a decisão foi abortada diante da
pressão geral, incluindo a marcação cerrada da modelo Gisele Bündchen, forte ativista ambiental. Um novo
projeto acabou voltando para a Câmara, agora com propostas de cortes ainda maiores para a Jamanxim.

Neste momento, contudo, Temer decidiu ceder à pressão pelo fim do decreto da Renca. O decreto já havia sido
suspenso por 120 dias no dia primeiro de setembro, após o alvoroço criado pela medida anunciada, inicialmente,
no dia 23 de agosto. Apesar do nome, a Renca contempla nove reservas ambientais e indígenas, que seriam
impactadas caso o Governo liberasse a área para a entrada de empresas privadas. A grita foi tão grande,
incluindo dos povos indígenas que ali residem, como os Wajãpi, que o Governo chegou a reeditar o decreto com
garantias de que essas regiões seriam preservadas. Mas de nada adiantou. Desde que o decreto foi suspenso, o
Governo havia prometido audiências públicas para garantir a participação da sociedade nas decisões que
assegurassem a preservação das áreas protegidas. Só houve tempo para uma audiência na Câmara. Uma
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) chegou a ser criada na semana passada para debater o
assunto.
Até o Rock in Rio jogou contra as ambições do Governo. Diversos artistas se manifestaram contra a extinção da
Renca. A cantora Alice Keys chegou a levar uma liderança indígena, Sônia Guajajara, para protestar no palco,
pressionando senadores a trabalhar pela revogação do decreto de Temer. "Existe uma guerra contra a
Amazônia. O governo quer colocar à venda uma área grande de reserva mineral. Senadores, vocês têm a
chance de evitar isso na votação que vai haver (um decreto pela extinção, de autoria do senador Randolfo
Rodrigues (Rede-AP) seria votado, mas foi adiado). E nós estaremos de olho. Não existe plano B.” Até Gisele
Bündchen marcou presença para falar da proteção da Amazônia na abertura do festival. Emocionou-se ao falar
do assunto, dando mais força à mensagem ambientalista.

Fora do Brasil, porém, europeus já se movimentavam preocupados com os destinos da Renca. A União
Europeia já estudava uma cobrança ao Governo brasileiro questionando as decisões tomadas em prol da
mineração que atingiam compromissos assumidos pelo Brasil sobre preservação ambiental.

“Ninguém nunca reclamou”

Numa entrevista coletiva com a imprensa estrangeira há duas semanas, o ministro das Minas e Energia,
Fernando Coelho Filho, chegou a dizer que o Governo tinha ciência de pelo menos 3.000 garimpeiros ilegais
trabalhando na área da Renca, além de pistas de pouso. “Ninguém nunca reclamou, ninguém nunca assumiu
uma indignação com esse quadro”, afirmou na ocasião.

O garimpo ilegal, no entanto, foi denunciado diversas vezes por ONGs e entidades que atuam na região, mas a
fiscalização para coibir a atividade nunca foi feita. O presidente Michel Temer chegou a sustentar que a abertura
da Renca ao setor privado tentava legalizar o que já acontece de maneira clandestina. “O que há é uma
regularização da exploração que se faz naquela região. Nada mais do que isso. É de uma singeleza ímpar”,
chegou a dizer Temer, quando questionado sobre a Renca. Nilo D'Ávila, coordenador de campanhas do
movimento Greenpeace, entende que garimpo é impossível de ser legalizado. “Eles estão ali tirando uma
riqueza nacional para uso próprio, sem nenhuma autorização. Como se pode legalizar algo sem calcular o
impacto que é causado e sem saber em quais condições, nem como se pode recuperar o que for desmatado”,
questiona.

Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do Ministério de Minas e Energias, apenas
25% dos 46.450 quilômetros quadrados da Renca pode ser, por lei, explorada – a projeção não confere com os
dados do instituto Imazon, que estima em apenas 10,5% disponíveis para a exploração. Na área restante, onde
estão as unidades de conservação além das duas reservas indígenas, ficaria vedada qualquer tipo de
exploração. Mas, essa proposta é incompatível com o projeto de conservação, avalia Michel de Souza,
coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil. “Se abrir a Renca, haverá desmatamento inevitavelmente,
mesmo que se sigam as melhores regras mundiais de exploração mineral. Como você vai escoar? Como abrir
rodovias, levar máquinas pesadas para a floresta, equipamentos necessários para a extração de minérios?”,
pergunta ele.

Uma reportagem do jornal O Globo desta segunda revela que, apesar de assegurar que as áreas protegidas não
seriam alcançadas pela mineração, o Governo sabia de antemão que para liberar a exploração teria de mexer na
legislação ambiental. De outra forma, não seria possível entregar o que se promete para as empresas
interessadas na mineração nesse trecho da floresta amazônica.
Reserva da ditadura

A Renca foi criada em 1984, no final da ditadura militar, e previa que somente a Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais (CPRM), uma empresa pública pertencente ao Ministério de Minas e Energia, podia fazer
pesquisa geológica para avaliar as ocorrências de minérios na área. Na prática, pouco se pesquisou para dar
viabilidade comercial a esse trecho. Em contrapartida, avançaram as áreas protegidas ali. Caso das terras
Wajãpi, demarcadas em 1996. Metade do território habitado por este povo indígena está dentro da Renca.

Nas redes sociais, o senador Randolfe Rodrigues celebrou o fim do decreto. “Quero agradecer a imensa
solidariedade de artistas, de intelectuais, da comunidade internacionais e de todos que se mobilizaram em
defesa da Amazônia e do Brasil”, disse ele. Apesar da celebração, é fato que o Governo trabalha a favor de um
forte política de incentivo à mineração no país, que vai cobrando espaço cada vez maior neste Governo. No fim
de julho, o presidente Temer já havia anunciado medidas que favorecem o setor de mineração. Entre elas, estão
a criação de uma agência reguladora e alterações no valor das alíquotas da Compensação Financeira pela
Exploração Mineral (Cfem), o royalty cobrado das empresas que atuam no setor. A expectativa é que a medida
eleve a arrecadação com royalties em 80% e também a participação da mineração no Produto Interno Bruto
(PIB) dos atuais 4% para 6%.

Com uma popularidade em baixa e a ansiedade de ver a economia ganhar impulso, é certo que o assunto deve
voltar à baila em breve, apesar do barulho de ambientalistas e até das lágrimas de Gisele.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/25/politica/1506372008_097256.html, acesso em 25-09-2017.

Após a leitura da reportagem, identifique dois aspectos que caracterizam bem o jogo de interesses socioeconômicos e socioculturais
confrontantes, no que diz respeito a situação de ocupação do espaço amazônico presentes no texto em relação a:
a) Grupos ou comunidades que disputam a posse e utilização do território abordado na reportagem;
b) Diferentes impactos causados pela atividade econômica que se pretendia adotar na RENCA;

2ª questão: (4 pontos)

Leia atentamente o texto da reportagem da Revista Superinteressante que obtivemos do sítio


https://super.abril.com.br/ideias/por-que-a-transposicao-do-rio-sao-francisco-e-tao-polemica/, acesso em 26 de
setembro de 2017.

Por que a transposição do Rio São Francisco é tão polêmica?


Viviane Palladino
Porque, apesar de estar sendo discutida há mais de 150 anos (a primeira vez que alguém teve a ideia de
transpor o terceiro maior rio do país foi em 1847, no governo de dom Pedro II), não há consenso sobre se ela é a
melhor maneira de acabar com a seca no Nordeste. De um lado, defensores lembram que a quantidade de água
disponível por habitante no semiárido nordestino é menos da metade do que a ONU estabelece como mínima
para a vida humana. Além disso, a escassez já ameaça cidades de médio e grande porte (estima-se que, se
nenhuma medida for tomada, Fortaleza entrará em colapso hídrico – uma espécie de apagão de águas – daqui a
20 anos). Já os críticos acham que o maior problema da região é o mau uso da água existente e apontam
diversos erros no projeto proposto. Conheça os principais pontos de discordância entre defensores e críticos da
transposição.
Energia
95% da energia do Nordeste é gerada pelas hidrelétricas localizadas no São Francisco. Qualquer retirada de
água causa queda nessa produção.
A defesa: A queda é irrelevante já que o que sairá diariamente equivale ao volume que evapora na represa de
Itaparica a cada 10 horas, em períodos de cheia. Também há épocas em que é preciso abrir as comportas das
usinas, desperdiçando água.
A crítica: Ao propor a retirada de uma porcentagem da vazão média, o governo ignora as peculiaridades do rio
que, na seca, tem vazão bem menor. Nesses períodos, a retirada de 1,4% pode equivaler a quase toda a água
do rio.
Meio ambiente
O rio sofre degradação ambiental há 500 anos e a água está poluída em diversos trechos.
A defesa: Os pontos de captação foram avaliados e têm água de excelente qualidade. Para o Ibama, os
benefícios do empreendimento superam os impactos negativos na natureza. Além disso, está trabalhando na
revitalização dos trechos poluídos.
A crítica: Águas poluídas serão levadas aos açudes. Além disso, há risco de salinização e erosão dos rios
receptores e também de interferência nos ecossistemas aquáticos e terrestres.
Água existente
A maioria dos açudes da região é subutilizada porque a população teme a escassez nos períodos de seca. A
água parada faz com que a evaporação seja maior. Outros, que abastecem cidades de médio porte (como
Campina Grande), estão trabalhando acima do limite que garante a oferta constante de água.
A defesa: Os açudes ficarão sempre cheios atendendo à demanda e acabando com o medo.
A crítica: Usada de forma correta, a quantidade de água de todos os açudes atenderia à demanda na região até
2012.
Uso da agua
Cerca de 80% das águas da região vão para a agricultura – e não para o consumo humano, como diz a lei.
A defesa: Só a água excedente – que sobrar após o abastecimento humano e de animais – será aplicada na
irrigação, agricultura ou indústria.
A crítica: Como o uso comercial da água dá mais retorno financeiro, a situação atual não deve mudar. Pequenas
localidades, em situação crítica, correm o risco de continuar sem água, já que têm pouco dinheiro e poder
político.
Água nas cidades
O projeto vai viabilizar o fornecimento constante de água bruta (sem tratamento). Os estados serão responsáveis
pelo tratamento e distribuição.
A defesa: Os estados se comprometeram a pagar pelo fornecimento de água às cidades. Até 2025, 12 milhões
de pessoas em 390 municípios de 4 estados estarão sendo beneficiadas.
A crítica: Os governos estaduais não têm um planejamento real de como será o tratamento e o transporte da
água.
Custos
Fato: Fazer a transposição e manter a estrutura funcionando têm custos altos. Isso encarecerá a água para o
consumidor.
A defesa: O custo final da água será R$ 0,13 por 1000 litros (m3). Isso significa um aumento de 5% a 7% na
conta (o que seria pouco, comparado ao que se paga hoje nos períodos de seca, quando o preço do m3 no
carro-pipa chega a 7 reais).
A crítica: O aumento na conta será maior do que o previsto – pode chegar a US$ 0,30 por m3. Também há risco
de inadimplência, já que boa parte da população da região vive na miséria.
Para cima, ninguém ajuda
Levar a água do rio São Francisco para o Nordeste não é fácil. A água tem que vencer 722 km de terreno árido e
íngreme e ser elevada a cerca de 300 metros de altura (no Eixo Leste) e 180 metros (no Norte). Para isso serão
usadas, ao todo, 8 estações de bombeamento, 591 km de canais e 12 túneis.
Os canais suportam até 127 m3/s de água, mas o governo garante que só serão retirados 26,4 m3/s do rio (1,4%
da vazão média).
As usinas de Jati e Atalho servem para recuperar dois terços da energia gasta nas estações de bombeamento.
Entenda o projeto
Para tirar 1,4% de água da vazão média do rio São Francisco e levar aos rios temporários (que ficam secos por
até 9 meses no ano) de 4 estados do semiárido nordestino, serão construídos dois eixos: o norte, que abastece
Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará; e o leste, que chega a Paraíba e Pernambuco. O governo
prevê gasto de bilhões de reais e dois anos de trabalho.

A polêmica retratada na reportagem não pode ser desvinculada geográfica e historicamente daquela contextualizada no cenário que
existe na região Nordeste, estabelecida com a chamada “INDÚSTRIA DA SECA”. Sendo assim:

a) Apresente dois exemplos marcantes de desigualdade de oferta e atendimento pela forma de armazenamento e de
abastecimento de água proporcionados pela Indústria da Seca.
b) Indique dois impactos socioambientais negativos que podem ser gerados com a transposição do Rio São Francisco e
outros dois efeitos positivos da obra.

3ª questão: (3 pontos)

No texto existente no resumo da aula 17 (O Brasil globalizado) do material didático da disciplina, podemos observar uma
análise breve da evolução econômica brasileira até o final da década de 1990, no caminho de sua inserção na economia
global.

RESUMO

No final da década de 1970, em função do capitalismo, o mundo mergulhou em mais uma


crise e, para sair dela, passou a implementar idéias neoliberais, que visavam ao completo
afastamento do Estado como investidor e gerenciador dos setores estratégicos dos países.
O Brasil passou a implementar a política neoliberal nos anos 1990, e, também aqui, seus
ditames foram colocados em prática, tais como o incentivo às privatizações, a eliminação
dos monopólios estatais em setores estratégicos, a maior atração aos investimentos
externos e a flexibilização cada vez maior das relações trabalhistas.
No final da década, os resultados dessa política macroeconômica só vieram provar a sua
fragilidade, pelo menos do ponto de vista social. O Brasil conseguiu aprofundar ainda mais
as desigualdades existentes entre os mais ricos e os mais pobres. Para provar isso, basta
ver os dados: no nosso país, os 10% mais ricos detêm 50% da renda nacional.

Indique pelo menos três aspectos presentes no RESUMO apresentado que, demonstrando uma retomada
neoliberal de inserção de nosso país na globalização, neste momento, se encontram novamente sendo vividos
no cenário socioeconômico brasileiro.

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