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Usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós

e a consulta prévia aos povos indígenas e


comunidades tradicionais
Felício Pontes Júnior e Rodrigo Oliveira

B
rasil, Amazônia, estado do Este artigo tratará do projeto de
Pará. O governo federal dá construção da usina hidrelétrica
início aos trabalhos para cons- (UHE) de São Luiz do Tapajós. Ao
truir um complexo hidrelétrico de que tudo indica, o processo repete
grande porte em um dos maiores os vícios que se fizeram presentes
afluentes do rio Amazonas. Movi- em Belo Monte, sobretudo a ausên-
mentos sociais, sociedade local, cia de consulta aos povos interes-
organizações não governamentais, sados. No entanto, após constantes
comunidade acadêmica e Ministé- mobilizações dos povos indígenas,
rio Público alertam para debilida- em especial dos Munduruku, e de
des nos estudos técnicos e para os parciais vitórias junto ao Poder Judi-
graves impactos socioambientais ciário, o governo federal deu início
que o projeto acarretaria. Povos in- ao processo de consulta prévia, livre
dígenas serão os principais impac- e informada em março de 2013.
tados pelo empreendimento, que Buscaremos discutir se essa con-
ameaça suas atividades tradicio- sulta reúne as condições mínimas
nais, como pesca, caça e transporte para que seja considerada prévia,
fluvial. A despeito disso, o licen- livre, informada e de boa-fé, como
ciamento tem início sem consulta determinam os padrões interna-
prévia, livre e informada, como cionais. O objetivo é concluir se o
manda a Convenção 169 da Orga- caso representa um divisor de águas
nização Internacional do Trabalho na relação entre Estado e povos in-
(OIT). dígenas no cenário da construção

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1. Processo nº3883- de grandes projetos ou se apenas Várias fases do planejamento e do
98.2012.4.01.3902. reproduz erros do passado, sem licenciamento ambiental da usina
2. “[…] Art. 1º - possibilitar a real participação dos foram ultrapassadas sem que os po-
Indicar os seguintes indígenas. vos interessados fossem consulta-
Aproveitamentos
Hidrelétricos [AHE] dos. Os estudos de inventário foram
como projetos de Antecedentes do processo realizados entre os anos de 2006 e
geração de energia
de consulta: a mobilização 2008, sem sequer indicar as terras
elétrica estratégicos,
de interesse público, Munduruku e a atuação judicial indígenas (TIs) afetadas. Em maio de
estruturantes e com do Ministério Público Federal 2011, o Conselho Nacional de Políti-
prioridade de licitação e
implantação: O Ministério Público Federal (MPF) ca Energética (CNPE) editou a Reso-
I - AHE São Luiz do ingressou em 2012 com uma ação ci- lução nº3, que determina a adoção
Tapajós, localizado no
vil pública (ACP) contra o Instituto de providências para a implantação
Rio Tapajós, Estado do
Pará; Brasileiro do Meio Ambiente e dos da UHE São Luiz do Tapajós2.
II - AHE Jatobá, Recursos Naturais Renováveis (Iba- Os estudos iniciais apontaram as
localizado no Rio
Tapajós, Estado do Pará; ma), Agência Nacional de Energia unidades de conservação (UCs) que
III - AHE Jardim do Elétrica (Aneel), Centrais Elétricas seriam afetadas pelos reservatórios
Ouro, localizado no Rio
Jamanxim, Estado do
Brasileiras S.A. (Eletrobras) e Cen- das usinas planejadas para a bacia
Pará; e trais Elétricas do Norte do Brasil do Tapajós. Nesse quadro, a solução
IV - AHE Chacorão,
S.A. (Eletronorte), com o intuito de encontrada pelo governo federal
localizado no Rio
Tapajós, Estados do suspender o licenciamento da UHE foi reduzir os limites das UCs – al-
Amazonas e Pará. São Luiz do Tapajós1, primeira hi- gumas contíguas a TIs – através da
Art. 2º - Determinar
que sejam adotadas
drelétrica a ser construída no rio Medida Provisória (MP) nº558/20123,
todas as providências, Tapajós, tendo potência nominal ato contestado pelo MPF no Supre-
no âmbito do Poder
estimada oficialmente em 8.040 mo Tribunal Federal (STF)4.
Executivo Federal, a fim
de concluir os estudos megawatts e área de inundação de Diante das notícias em veículos
necessários para a 722 quilômetros quadrados. A ação de imprensa relatando as preten-
licitação e implantação
dos mencionados questiona, dentre outras ilegalida- sões do governo federal de iniciar
Aproveitamentos des, a falta de consulta prévia, livre os estudos para a construção da
Hidrelétricos.
e informada aos povos indígenas e UHE São Luiz do Tapajós, os povos
Art. 3º - Fica assegurado
que os custos populações tradicionais indígenas na região, especificamen-
relativos à eventual te os Munduruku, divulgaram carta
construção de obras
de navegabilidade, localizados na área de influência do pública, em 24 de fevereiro de 2012,
bem como os custos de empreendimento São Luiz do Tapa- solicitando reunião com o Ministé-
operação e manutenção
jós e afetados pelas medidas admi- rio de Minas e Energia (MME):
das instalações
associadas não serão nistrativas e legislativas já execu-
imputados ao vencedor tadas no âmbito do licenciamento Nós indígenas Munduruku não en-
da licitação
ambiental. tendemos o que é hidrelétrica, quais

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os benefícios e prejuízos que trarão cluiu qualquer exigência de estudos dos Empreendimentos
de que trata esta
para a nossa população. Os estudos de impactos sobre os povos indíge-
Resolução.
apresentados até hoje, sempre nos nas da região. A Fundação Nacional Art. 4º - Caberá ao
deixou muita dúvida, não temos do Índio (Funai) alertou para o fato Ministério de Minas e
Energia, juntamente
conhecimentos dos impactos e das de que a usina afeta as TIs Andirá- com o Departamento
medidas que o governo pretende to- -Marau, Km 43, São Luiz do Tapajós, Nacional de Produção
Mineral - DNPM,
mar para minimizar esses impactos. Praia do Índio e Praia do Mangue,
praticar todos os
Uma certeza nós temos, os peixes, e que as TIs Km 43, Pimental e São atos necessários
as caças e as plantas medicinais das Luiz do Tapajós encontram-se em à desoneração da
área a ser afetada
quais servem para a nossa sobrevi- processo de demarcação6. Com isso, com a exploração do
vência ficarão mais escassas. Muitos o estudo do componente indígena potencial hidráulico
dos Empreendimentos
lugares sagrados desaparecerão, é o (ECI) foi acrescido às exigências do
de que trata esta
caso da cachoeira sete quedas que termo de referência. Resolução, podendo,
tanto falamos e o governo nunca Como consequência, o empreen- inclusive, bloquear
a área e extinguir os
deu importância. dimento passou a depender de con- títulos minerários que
[…] sulta prévia aos povos potencial- sobre ela incidam.
Art. 5º - Esta Resolução
Desta forma, nós lideranças mun- mente afetados. Indiferente a isso, entra em vigor na data
duruku, abaixo relacionadas e em em 2012, o Ibama concedeu autori- de sua publicação
nome da população relacionada em zação para abertura de picada, cap- […]” (Brasil, Ministério
de Minas e Energia,
anexo, solicitamos discutir sobre es- tura, coleta e transporte de material Conselho Nacional de
ses empreendimentos em reunião biológico de áreas habitadas por po- Pesquisa Energética,
2011).
entre o Ministério de Minas e Ener- pulações tradicionais. Em seguida,
gia, as empresas Concessionárias os primeiros pesquisadores começa- 3. A MP foi,
posteriormente,
Construtoras e todo o Povo Mun- ram a circular nos territórios indí-
convertida na Lei
duruku a ser realizada na cidade de genas, para a elaboração do estudo nº12.678/2012.
Jacareacanga-PA. de impacto ambiental e relatório de
Caso este pleito não seja atendido, impacto ambiental (EIA/Rima). Não 4. Ação direta de
inconstitucionalidade
o Povo Munduruku não aceita a rea- houve qualquer consulta. Os Mun-
(Adin) nº4717.
lização de nenhum tipo de estudo duruku, mais uma vez, reagiram,
ambiental e/ou econômico de viabi- em carta datada de 26 de setembro 5. Termo de referência
é o documento
lidade do empreendimento. de 2012: elaborado pelo órgão
licenciador que
contém os parâmetros
O projeto seguiu em frente sem Onde os estudos do licenciamento
mínimos que devem
que a solicitação tivesse resposta. No ambiental e os pesquisadores estão ser contemplados pelo
primeiro semestre de 2012, o termo nas áreas territórios munduruku, estudo de impacto
ambiental e relatório
de referência5 relativo à usina foi fazendo estudos sem permissão das de impacto ambiental
aprovado pelo Ibama, que não in- lideranças indígenas, desrespeitan- (EIA/Rima).

Usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e a consulta prévia 279


6. No caso da TI do os nossos direitos. Queremos que deranças aptas e legitimadas” para
Pimental, aguarda- os nossos direitos sejam respeitados participação, dos locais e datas da
se relatório de
delimitação, que por governos e outras instituições, consulta8. Todavia, não ordenou a
indicará eventual como um povo verdadeiro. suspensão do licenciamento. Como
sobreposição do
reservatório.
Nós estamos defendendo os nossos a decisão judicial não conteve os
rios, nossas florestas, os animais, a avanços dos estudos, os Munduru-
mãe dos peixes, principalmente os ku interceptaram os pesquisadores
locais sagrados que nossos antepas- e impediram que dessem continui-
sados deixaram para a geração de dade à pesquisa enquanto não fosse
hoje. Não queremos destruir e sim realizada a consulta prévia, livre e
conservar como local sagrado. informada:

O licenciamento ambiental da No dia 23 de setembro a equipe de


UHE São Luiz do Tapajós estava em campo da CNEC Worley Parsons,
pleno andamento. O anúncio da au- hospedada no barco Comandante
7. A esse respeito, torização do empreendimento fez Wesley, ancorado na margem es-
ver Brasil, Ministério
Público Federal no Pará
com que muitos garimpeiros, ma- querda do rio Jamanxim, foi aborda-
(2012). deireiros e grileiros invadissem os da por um grupo de índios Munduruku
territórios indígenas7. Com isso, as com questionamentos sobre a razão pela
violações dos direitos indígenas se qual estavam ali sendo executados estu-
8. “[…] que o Ministério intensificaram. dos sem sua prévia autorização uma vez
Público Federal, em Na ação proposta, o MPF susten- que, segundo essa etnia, tais atividades
60 (em sessenta) dias
adote providências ta que a consulta prévia não po- estariam acontecendo dentro de área in-
para a oitiva das deria ser preterida para momento dígena (Brasil, Centrais Elétricas Bra-
comunidades
indígenas referidas
posterior à fase de elaboração dos sileiras S.A., 2012, grifo nosso).
no item ‘b’, indicando estudos ambientais, mas deveria
forma (formato), quais preceder a autorização para a cons- O MPF recorreu da decisão. O
são suas lideranças
aptas e legitimadas a trução da usina, que se deu com a relator do processo no Tribunal Re-
representá-las, locais e edição da Resolução nº3, em 3 de gional Federal da 1ª Região (TRF-1),
datas de sua audiência
(sendo que neste
maio de 2011, pelo CNPE. A justiça em resumo, determinou a suspen-
último caso podem ser federal em Santarém deferiu em são do licenciamento ambiental
ajustadas por acordo
parte o pedido liminar, impedindo da UHE São Luiz do Tapajós até o
entre as partes)” (Brasil,
Justiça Federal, 2012). a emissão de qualquer nova licença julgamento do mérito da ação. O
9. Para saber mais sem consulta prévia e atribuindo governo recorreu ao presidente do
sobre o instituto da SS,
ao MPF, equivocadamente, a obri- Superior Tribunal de Justiça (STJ),
ver Montgomery et al.
(2014). gação de adotar providências para através da suspensão de segurança
a oitiva, como a indicação das “li- (SS)9, e conseguiu barrar a decisão

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favorável às comunidades indíge- Arbitrariedade estatal e resistência
nas e ribeirinhas, sob o argumen- indígena: a consulta prévia da UHE
to de risco de grave lesão à ordem São Luiz do Tapajós
pública: A história possui infinitas possibili-
dades de reconstrução. A mesma se-
No meu entender, interromper o quência de fatos pode ser registrada
planejamento do Governo desti- sob diferentes perspectivas. No caso
nado ao setor energético do país, da consulta prévia da UHE São Luiz
estratégico para o desenvolvimen- do Tapajós, todavia, o relato históri-
to da nação causa grave lesão à or- co que pretenda ser minimamente
dem pública […] (Brasil, Justiça Fe- verossímil deve, necessariamente,
deral, Superior Tribunal de Justiça, ter presentes duas circunstâncias:
2013: 9). a arbitrariedade do governo fede-
ral e a resistência dos povos indíge-
Embora tenha garantido a con- nas. Esses elementos entrecortam
tinuidade do licenciamento, a de- todos os acontecimentos e ajudam
cisão do ministro Felix Fischer, do a compreender os descaminhos da
STJ, ressalta a impossibilidade de consulta prévia aos povos indígenas
concessão de qualquer licença en- potencialmente afetados pela cons-
quanto não efetuada a consulta: trução da usina.
Em meio às constantes mobiliza-
Nada obstante, entendo que, para se ções dos Munduruku e ao processo
dar fiel cumprimento aos dispositi- judicial levado a cabo pelo MPF, o
vos da Convenção, o Governo Fede- governo federal deu início ao diá-
ral deverá promover a participação logo para a construção da consulta
de todas as comunidades, sejam elas prévia, livre e informada. O pro-
indígenas ou tribais, a teor do seu cesso já se inicia com a violação do
art. 1º, que podem ser afetadas com caráter prévio (Convenção 169, art.
a implantação do empreendimen- 15.2). Em 15 de março de 2013, quan-
to, não podendo ser concedida a licença do o governo realiza as primeiras
ambiental antes da sua oitiva (Ibid.: 10, reuniões pré-consultivas, a autori-
grifo nosso). zação para a conclusão dos “estudos
necessários para a licitação e im-
Em meio à resistência dos Mun- plantação dos mencionados Apro-
duruku e ao processo judicial, o go- veitamentos Hidrelétricos” já havia
verno federal iniciou o procedimen- sido concedida (Brasil, Ministério de
to de consulta, em março de 2013. Minas e Energia, 2011). Funcionários

Usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e a consulta prévia 281


10. “[…] 167. Puesto do Estado, pesquisadores e agentes coleta de materiais no território
que el Estado debe
da Força Nacional de Segurança Pú- enquanto não consultados. Diante
garantizar estos
derechos de consulta blica (FNSP) transitavam no territó- do embate, o governo federal tinha
y participación en rio tradicional dos Munduruku. duas opções para dar sequência ao
todas las fases de
planeación y desarrollo Tal postura vai de encontro à ju- seu plano: anular os atos praticados
de un proyecto que risprudência da Corte Interamerica- e negociar um processo de consulta
pueda afectar el
na de Direitos Humanos (Corte IDH), prévia, livre, informada e de boa-fé,
territorio sobre el
cual se asienta una que fixou o entendimento de que o ou fazer o uso da força estatal para
comunidad indígena Estado deve consultar as comunida- garantir o ingresso dos pesquisa-
o tribal, u otros
derechos esenciales des “desde as primeiras etapas da dores. Optou pela última. Ao final
para su supervivencia elaboração ou planejamento da me- de março de 2013, a FNSP chega à
como pueblo, estos
procesos de diálogo y
dida proposta”10 e “não unicamente região com o intuito de garantir o
búsqueda de acuerdos quando surja a necessidade de ob- sucesso dos levantamentos ambien-
deben realizarse desde
ter a aprovação da comunidade”11. tais. A Operação Tapajós, como foi
las primeras etapas
de la elaboración o O argumento do governo é de que a designada a investida,
planificación de la realização de estudos não causa im-
medida propuesta, a
fin de que los pueblos
pactos e, por isso, a consulta não se- conta, segundo informações do pró-
indígenas puedan ria necessária. Tal declaração atesta prio Governo Federal, com um nú-
verdaderamente
o desconhecimento da história e do mero aproximado de 250 agentes,
participar e influir
en el proceso de contexto da Amazônia, onde a mera dentre os quais estão pesquisadores,
adopción de decisiones, declaração de intenções é capaz de integrantes do Exército, da Polícia
de conformidad
con los estándares provocar migrações, conflitos fun- Rodoviária Federal e da Polícia Fede-
internacionales diários e invasões territoriais. Além ral. A Operação está, neste momen-
pertinentes […]” (Corte
disso, para a Corte IDH, a comuni- to, ainda sendo realizada, sem prazo
Interamericana de
Direitos Humanos, 2012: dade deve participar ativamente da estabelecido para término (Brasil,
49-50). elaboração do EIA/Rima, de modo Ministério Público Federal, 2013: 6).
11. “[…] Asimismo, se que a consulta não pode ser prete-
debe consultar con el
rida para outro momento (Corte In- A operação fulmina qualquer
pueblo Saramaka, de
conformidad con sus teramericana de Direitos Humanos, possibilidade de diálogo livre, so-
propias tradiciones, 2012: 64). bretudo quando se recorda que a
en las primeras etapas
del plan de desarrollo
A ausência de consulta anterior última operação policial na região
o inversión y no à autorização e aos estudos ambien- (Operação Eldorado, de novembro
únicamente cuando
tais incrementou a resistência dos de 2012) culminou no assassinato do
surja la necesidad de
obtener la aprobación indígenas. Em várias oportunida- Munduruku Adenilson Krixi:
de la comunidad, si éste des, os Munduruku impediram a en-
fuera el caso. El aviso
temprano proporciona trada de expedições para realização Em novembro de 2012 uma operação
un tiempo para la de pesquisas, pois não admitiam a desencadeada pelo Exército brasilei-

282 Pontes Júnior e Oliveira


ro, Força Nacional e Polícia Federal, consultada define a metodologia do discusión interna
dentro de las
denominada “Operação Eldorado”, processo, incluindo sua duração,
comunidades y para
cujo suposto objetivo seria o de re- data, local, língua, representação, brindar una adecuada
tirar garimpeiros ilegais das terras forma de deliberação, dentre outros respuesta al Estado […]”
(Corte Interamericana
Munduruku, teve como resultado a aspectos que devem ser necessaria- de Direitos Humanos,
invasão de aldeias, agressões morais mente respeitados ao longo da con- 2007: 42).
e físicas contra idosos, mulheres e sulta. Essa etapa tem por objetivo
até mesmo crianças indígenas, cul- garantir que a consulta seja “cultu-
minando com a morte de um índio ralmente adequada”12. 12. “Las consultas
Munduruku, Adenilson Krixi, assas- A reunião de apresentação da deben realizarse de
buena fe, a través
sinado com um tiro na cabeça desfe- proposta do plano de consulta foi de procedimientos
rido pelo delegado da Polícia Fede- sediada na cidade de Jacareacanga, culturalmente
adecuados y deben
ral Antonio Carlos Muriel [Moriel] estado do Pará, local diverso do es- tener como fin llegar a
Sanchez, comandante da operação. colhido pelos indígenas, como cons- un acuerdo” (Idem).
Crime até hoje impune (Nota, 2014). ta na página da internet da própria
SG/PR:
A consulta precisa ser livre de
qualquer pressão, por parte do Es- Apesar de terem combinado este
tado ou de atores privados. A deli- diálogo, outras lideranças indígenas
beração dos indígenas não pode ser não compareceram. No dia anterior
induzida ou coagida. Nesse sentido, essas lideranças exigiram mudar o
a presença armada é incompatível local do encontro, da cidade de Jaca-
com o cenário em que deve trans- reacanga para a aldeia Sai-Cinza [na
correr a consulta livre, idônea e de TI homônima], localizada a cerca de
boa-fé. Ao contrário, impõe-se ao Es- 40 minutos de barco. Essa exigência
tado que garanta a integridade físi- não foi aceita pela comitiva, pois
ca da comunidade para que delibere todo o encontro – incluindo con-
livremente. tatos, convites, tempo de duração,
Nesse contexto altamente confli- espaço na escola municipal e divul-
tivo, a Secretaria-Geral da Presidên- gação – havia sido organizado para
cia da República (SG/PR) apresenta ser naquela cidade, com a pauta fo-
em abril de 2013 um documento in- cada na construção do processo de
titulado Proposta do plano de consulta consulta (Brasil, Secretaria-Geral da
para os aproveitamentos hidrelétricos de Presidência da República, 2013b).
São Luiz do Tapajós e Jatobá. Tal pro-
posta deveria dar início à etapa pré- Em carta, a Associação Indíge-
-consultiva, na qual a comunidade na Pusuru contradiz a informação.

Usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e a consulta prévia 283


Desde o início, os indígenas exigi- a consulta tem uma dimensão tem-
ram que as reuniões ocorressem na poral, que, novamente, depende das
13. A coordenação da aldeia Sai-Cinza13. A exigência é per- circunstâncias precisas da medida
Associação Indígena
Pusuru, organizadora
feitamente razoável: os Munduruku proposta, tendo em conta o respeito
do encontro, repudiou possuem organização social descen- às formas indígenas de decisão (Cor-
a atitude e apresentou
tralizada e o imperativo de desloca- te Interamericana de Direitos Hu-
um documento
confirmando que mento para Jacareacanga significou manos, 2012: 62-63, tradução livre
a aldeia foi o local impedir que grande parte dos mais dos autores)15.
acordado desde o início.
A associação também
de 13 mil indígenas participasse da
negou a acusação de reunião. As vicissitudes da consulta ini-
que haveria violência ciada redundaram na intensificação
No que diz respeito ao conteúdo
e que eles fariam os
representantes do da proposta, o governo fixou uni- das mobilizações indígenas. No dia
governo reféns na lateralmente os prazos do procedi- 29 de maio de 2013, 150 indígenas
Sai-Cinza, conforme
ameaça que teria
mento, na tentativa de ajustá-los ao participaram de passeata em Jaca-
sido veiculada pela cronograma de urgência com que reacanga e criticaram a Operação
internet (Movimento
conduz os grandes projetos (tabela Tapajós e a falta de diálogo com
dos Atingidos por
Barragens, 2013). 1). o governo. O cacique Juarez Saw
Ambas as posturas do governo denunciou:
14. No original: “La impedem que a consulta seja cultu-
CEACR ha afirmado
que ‘una consulta
ralmente adequada. As decisões da O governo quer impor seu projeto
efectiva requiere que etapa pré-consultiva precisam ser mesmo sem nos consultar. Deixa-
se prevean los tiempos respeitadas. Isso não significa que mos nossos parentes doentes em ou-
necesarios para que
los pueblos indígenas o Estado não possa negociar datas tras aldeias para ouvir o que as auto-
del país puedan llevar e prazos com a comunidade; o que ridades têm a nos dizer. Mas eles não
a cabo sus procesos
de toma de decisión
ele não pode, nunca, é impô-los vieram. […] Não queremos ameaça
y pueden participar unilateralmente, como ocorreu. A nem confronto, queremos que eles
efectivamente en las
Comissão de Especialistas na Apli- venham falar conosco e nos ouvir.
decisiones tomadas
de una manera que se cação de Convenções e Recomenda- O rio é nossa vida, e nossa vida não
adapte a sus modelos ções (CEACR), órgão da OIT, afirma tem preço. O governo não pode nos
culturales y sociales’”.
que “uma consulta efetiva requer comprar. Deixem nosso rio em paz, é
15. No original: “la
consulta tiene una
que sejam previstos os tempos ne- isso que pedimos (Clark, 2013b).
dimensión temporal, cessários para que os povos indíge-
que de nuevo depende
nas” decidam, adaptando o processo Os Munduruku reivindicaram,
de las circunstancias
precisas de la medida “a seus modelos culturais e sociais” ademais, que o governo parasse de
propuesta, teniendo en (Garavito Rodríguez et al., 2010: 73, “tentar dividir e manipular, pres-
cuenta el respeto a las
formas indígenas de tradução livre dos autores)14. Igual- sionando individualmente nossas
decisión”. mente, a Corte IDH decidiu que lideranças […]. Somos um povo

284 Pontes Júnior e Oliveira


só, todas as nossas decisões são de lideranças ou do estabelecimen-
sempre coletivas” (Movimento dos to de lideranças paralelas, ou por
Atingidos por Barragens, 2013). A meio de negociações com membros
negociação direta e individualizada individuais das comunidades que
desrespeita a organização política são contrários aos estandartes inter-
da comunidade e viola o caráter nacionais (Corte Interamericana de
adequado que deve ter a consulta. A Direitos Humanos, 2012: 56-57, tra-
tentativa de fragmentar o povo, por dução livre dos autores)16. 16. No original,
“incompatible con
sua vez, desrespeita a boa-fé, que é:
prácticas tales como
O ambiente tornava-se cada vez los intentos de
[…] incompatível com práticas tais mais conflituoso. No dia 2 de maio desintegración de
la cohesión social
como os intentos de desintegração de 2013, os Munduruku ocuparam o de las comunidades
da coesão social das comunidades canteiro de obra da UHE Belo Mon- afectadas, sea a través
de la corrupción de los
afetadas, seja através da corrupção te, para exigir a suspensão imedia-
líderes comunales o
del establecimiento de
liderazgos paralelos,
Tabela 1. Prazos do processo de consulta o por medio de
negociaciones con
Quadro resumo das etapas da consulta miembros individuales
de las comunidades
Etapas Envolvidos Objetivo Prazos que son contrarias
a los estándares
Apresentação Secretaria-Geral da Presidência Abrir o diálogo e definir março internacionales”.
da intenção da República (SG/PR), representação dos povos
Fundação Nacional do Índio afetados
(Funai) e Ministério Público
Federal (MPF)

Pactuação do SG/PR, Funai, Ministério Pactuar o processo e abril


processo do Meio Ambiente (MMA), constituir as bases de
Ministério de Minas e Energia um ambiente aberto de
(MME) e MPF interação

Consultiva MMA, Funai, MME, Ministério Apresentar, ouvir, abril a junho


do Planejamento, Orçamento debater e absorver os
e Gestão (MPOG), SG/PR, posicionamentos dos
Advocacia-Geral da União participantes
(AGU) e MPF

Devolutiva MMA, Funai, MME, MPOG, SG/ Assimilar e elaborar julho


PR, AGU e MPF resposta do governo ao
processo e apresentá-la
às comunidades.

Fonte: Brasil, Presidência da República (2013: 7).

Usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e a consulta prévia 285


ta das barragens nos rios Xingu, “pretensas” significa deslegitimar
Tapajós e Teles Pires. Em resposta, os próprios indígenas na escolha
o governo divulgou nota chamada de suas autoridades políticas. No
“Esclarecimentos sobre a consulta caso do processo de consulta, isso
aos Munduruku e a invasão de Belo viola o princípio e norma que re-
Monte”, em que desqualifica as lide- conhecem ao povo a atribuição de
ranças Munduruku e as acusa de en- estabelecer suas instituições repre-
17. “Si bien está volvimento com o garimpo ilegal: sentativas17. As acusações, por sua
reconocido que la
forma representativa
vez, não se coadunam com o respei-
de los pueblos No dia 25/04, essas mesmas preten- to mútuo que deve caracterizar o
indígenas en sí misma sas lideranças deixaram de compa- procedimento18.
es diversa, y que la
representatividad no recer a uma reunião que tinham No mês seguinte, após nova
debe ser un concepto marcado com a Secretaria-Geral em ocupação do canteiro de obras, o
rígido, los órganos
de control de la OIT
Jacareacanga e publicaram nos sites governo federal enviou dois aviões
han establecido que de seus aliados uma versão mentiro- da Força Aérea Brasileira (FAB)
lo importante es
sa e distorcida sobre esse fato. Agora para buscar 150 Munduruku para
que las instituciones
representativas ‘sean invadem Belo Monte e dizem que se reunirem na Secretaria-Geral da
el fruto de un proceso querem consulta prévia e suspen- Presidência da República, com o
propio, interno de los
pueblos indígenas’”
são dos estudos. Isso é impossível. ministro Gilberto Carvalho. O caci-
(Garavito Rodríguez et A consulta prévia exige a realização que-geral, Arnaldo Kaba, sinalizou
al., 2010: 69).
anterior de estudos técnicos quali- a vontade de dialogar, desde que
ficados. Se essas autodenominadas no território indígena, “sem acu-
18. Ver Organização lideranças não querem os estudos, sações e sem força policial” (Brasil,
Internacional do
como podem querer a consulta? Na Secretaria-Geral da Presidência,
Trabalho, Comissão
de Especialistas verdade, alguns Munduruku não 2013c). Para tanto, o governo teria
na Aplicação de querem nenhum empreendimento que aceitar suspender o licencia-
Convenções e
Recomendações (2005). em sua região porque estão envol- mento da usina. Não houve acordo
vidos com o garimpo ilegal de ouro e Valdemir Munduruku, liderança
no Tapajós e afluentes. Um dos prin- da aldeia Teles Pires (TI Munduru-
cipais porta-vozes dos invasores em ku), anunciou a continuidade das
Belo Monte é proprietário de seis manifestações:
balsas de garimpo ilegal (Brasil, Se-
cretaria-Geral da Presidência da Re- Se não parar [as obras], com certe-
pública, 2013a). za, vamos fazer novas ocupações. Se
não parar, não vamos aceitar as con-
Caracterizar as lideranças Mun- sultas, que deveriam ter sido feitas
duruku responsáveis pelo ato como antes de qualquer coisa. Já que as

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obras estão em andamento, é preci- Nós, entidades e organizações do
so que elas parem, o governo faça a movimento social da região do Ta-
consulta, para só depois dar encami- pajós, estamos muito preocupados
nhamento (Leitão, 2013). com as arbitrariedades do Governo
Federal, obstinado em destruir nos-
Apesar de toda a resistência dos so belo rio e seus povos. […]
Munduruku, o governo não renun- Conscientes de que a Presidente da
ciava à sua posição e prosseguia República e seus ministros/as têm
com o licenciamento. Novas expe- o dever de respeitar a Constituição
dições circulavam no território in- Federal e os tratados internacionais
dígena. Três biólogos contratados dos quais o Brasil é signatário, como
por empresa terceirizada pela Ele- é o caso da Convenção 169 da Orga-
trobras para a elaboração do EIA/ nização Internacional do Trabalho
Rima foram detidos e mantidos (OIT), reivindicamos que o IBAMA
pelos Munduruku, que condiciona- assuma decididamente a aplicação
ram a liberação dos pesquisadores das leis ambientais, não permitindo
à suspensão dos estudos. O governo que as obras e o licenciamento do
cedeu, paralisou o licenciamento Complexo Hidrelétrico do Tapajós
e se comprometeu a agendar nova sejam iniciados sem que haja CON-
reunião para julho de 2013, a fim SULTA PRÉVIA aos povos indígenas
de pactuar um plano de consulta e comunidades ribeirinhas ameaça-
(Clark, 2013a). Contudo, o acordo das por tais empreendimentos.
foi descumprido e, em agosto, o
governo enviou aviões e tropas da Seguiu-se um longo período sem 19. “O governo aguarda
FNSP para garantir o trabalho de qualquer tentativa de diálogo. Ape- que os Mundurukus,
etnia que reúne 11.600
130 técnicos no território Munduru- nas em março de 2014, o governo índios espalhados
ku (Santana, 2013). indica que ainda pretende realizar a na região, façam sua
assembleia de caciques
No dia 4 de julho, o Movimento consulta19. A violação de direitos dos
e elejam seus legítimos
Tapajós Vivo, o Conselho Indígena indígenas se intensifica na medida representantes. ‘Temos
Tapajós Arapiuns e o Grupo Cons- em que o licenciamento avança e, posição aberta e
queremos dialogar’, diz
ciência Indígena, entre outras orga- em maio de 2014, a Aneel aceita os o antropólogo Thiago
nizações locais, divulgaram a “Car- estudos de viabilidade da usina. Garcia, assessor técnico
da secretaria. ‘Não
ta aberta ao IBAMA, em defesa do
estamos rompidos.
Rio Tapajós e dos seus povos”, em Considerações finais Houve tensão de parte
que criticavam as arbitrariedades A postura do governo federal na eta- a parte, como em
qualquer processo de
do governo federal e o desrespeito pa inicial do processo de consulta negociação’” (Leitão,
à Constituição e à Convenção 169: deixa claro que a decisão pela cons- 2013).

Usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e a consulta prévia 287


trução da UHE São Luiz do Tapajós A consulta aos povos indígenas
está tomada. Nessa perspectiva, é sobre a UHE São Luiz do Tapajós
indiferente o momento de realiza- vem reproduzindo os erros do pas-
ção da consulta, uma vez que a de- sado. O caso só representará um di-
liberação dos indígenas não modi- visor de águas se o Estado tomar a
ficará os intentos da administração sério cada uma de suas obrigações.
federal. O primeiro processo de consulta, no
Tal proceder é incompatível com âmbito federal, não pode ser mero
a boa-fé exigida. A consulta não engodo para referendar decisão go-
pode ser transformada em mero vernamental já tomada. Ainda há
ato administrativo para referendar tempo para fazer diferente.
as decisões estatais. Ainda há tem-
po para aprender com os erros do [artigo concluído em julho de 2014]
passado (e do presente) e regulari-
zar o processo iniciado. Para tanto, Referências bibliográficas
o governo deve mudar de postura Brasil. Centrais Elétricas Brasi-
e assumir algumas obrigações. A leiras S.A. 2012. Ofício. CTA-
primeira é anular os atos editados, -DG-9397/2012. Rio de Janeiro, 20
a exemplo da Resolução CNPE nº3 dez.
e do aceite aos estudos de viabili- Brasil. Justiça Federal. 2012. Pro-
dade. A segunda é a reparação aos cesso nº3883-98.2012.4.01.3902.
povos indígenas pelas violações de Santarém.
direitos consumadas e a retirada de Brasil. Justiça Federal. Superior Tri-
forças armadas dos territórios. A bunal de Justiça. 2013. Suspensão
terceira, e mais delicada, é a criação de liminar e de sentença nº1.745
de um clima favorável à consulta. É - PA. Brasília, 18 abr.
20. “[…] los gobiernos preciso estabelecer a confiança e o Brasil. Justiça Federal. Tribunal
tienen la obligación de
crear las condiciones
respeito mútuo, para que a delibe- Regional Federal da Primeira
que permitan ração seja livre e de boa-fé. Conside- Região. 2013. Agravo de instru-
a estos pueblos rando o acirramento dos conflitos mento nº19093-27.4.01.0000/PA.
contribuir activa y
eficazmente en el decorrentes das arbitrariedades e Brasília, 12 abr.
proceso de desarrollo” violência da ação estatal, a obriga- Brasil. Ministério de Minas e Ener-
(Organização
Internacional do
ção exigirá grande esforço. No en- gia. Conselho Nacional de Pes-
Trabalho, Guía de tanto, é chave lembrar que cabe ao quisa Energética. 2011. Resolução
aplicación del Convenio
Estado o dever de criar as condições nº3. Indica os projetos de geração
169 apud Garavito
Rodríguez et al., favoráveis à participação ativa do de energia elétrica denominados
2010: 81). povo consultado20. Aproveitamentos Hidrelétricos

288 Pontes Júnior e Oliveira


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dim do Ouro e Chacorão como são de Belo Monte”. Brasília, 6
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sulta para os aproveitamentos -o-dialogo-com-liderancas-mun-
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