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À DIRETORA-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA - ILMA. SRA CHRISTIANNE DIAS.

CARINA GALVÃO FREITAS, brasileira, convivente, professora de


dança, RG nº 46.313.637-8 SSP/SP, CPF 404.525.378-51, residente e domiciliada na Estrada Hamilton
Bernardes, s/n°, sítio Recanto Dois Rios Pedreira - SP.

CÁSSIO SCABORA, brasileiro, solteiro, analista de ppcp, RG


26.667.768-X SSP/SP, CPF 315.020.638-32, residente e domiciliado na rua João Niero, 450, Bloco C,
Apartamento 11, Jardim Andrade, Pedreira – SP.

PASCHOAL APARECIDO LONER, brasileiro, casado, RG 14844875,


CPF 037456068-41, residente e domiciliado na Rua Antonio Grilo 51, Jardim Andrade, Pedreira – SP.

RAFAEL GUSTAVO NORIS, brasileiro, solteiro, publicitário, RG nº


44.760.185-4 SSP/SP, CPF 384.007.138-00, residente e domiciliado na R. Izaldino Narducci, 180,
Pedreira - SP.

RICARDO FERRARETO, brasileiro, solteiro, Engenheiro Eletricista,


RG 26.709.367-6 ssp/sp, CPF 253.725.538-04, residente e domiciliado na Rua Victorio Baccarelli n. 05,
Vila Santo Antônio, Pedreira-SP....

.. por si e representando a população do Município de Pedreira – constante do abaixo assinado anexo,


vimos até a ANA – Agência Nacional de Águas, através da presente REPRESENTAÇÃO, requerer a
intervenção e reanálise da outorga concedida, classificação de risco e autorização para a realização do
empreendimento denominado Barragem de Pedreira pelo DAEE – Departamento de Águas e energia
Elétrica do Estado de São Paulo, pelos motivos a seguir expostos:

1 – DA BARRAGEM.

Está em início no Município de Pedreira – SP. a construção de uma


barragem de água com 52 (cinquenta e dois) metros de altura, composta por terra (70%) e concreto
(30%) com capacidade de armazenamento 31 Milhões de Metros Cúbicos de Água, cujo barramento
será localizado a apenas 700 metros acima do perímetro urbano, com regiões densamente ocupadas
permanentemente por moradores da cidade e por pessoas de outras cidades que visitam Pedreira em
busca do comércio local, principal fonte de renda do Município.

Fls. 1
O empreendimento foi classificado pela Agência Nacional de
Águas como de “Dano Potencial Associado – Alto”.

Tal classificação de risco do empreendimento de acordo com o


Dano Potencial Associado estabelecido pela Resolução do Conselho nacional de Recursos Hídricos -
CNRH nº 143/12, a Barragem de Pedreira tem 27 pontos de um total de 30 possíveis quanto à sua
classificação de risco, conforme a seguir:

Critério Enquadramento Pontuação


Volume Total do
Médio (5 a 75 hm3) 2
Reservatório
Existente (existem pessoas ocupando
Potencial de Perdas de Vidas permanentemente a área afetada a
12
Humanas jusante da barragem, portanto, vidas
humanas poderão ser atingidas).
Muito Significativo (área afetada da
barragem apresenta interesse ambiental
Impacto Ambiental 5
relevante ou protegida em legislação
específica)
Alto (existe grande concentração de
instalações residenciais e comerciais,
agrícolas, industriais, de infraestrutura e
Impacto Socioeconômico 8
serviços de lazer e turismo na área
afetada da barragem ou instalações
portuárias ou serviços de navegação).
Total 27*

Ocorre que a construção de referido empreendimento viola uma


série de dispositivos legais vigente e desconsidera por completo o grande risco em que coloca a
população de uma cidade inteira, que ficará sob constante risco de qualquer acidente em referida
barragem.

Sobretudo, por estar situada a apenas 700M de área residencial,


em bairro que não possui muitas saídas para outras partes da cidade, o que gera a impossibilidade
rápida evacuação, não há possibilidade de realizar plano de ação de emergência minimamente eficaz,
que permita que a população situada na zona de auto salvamento tenha condições de lutar por sua
vida em caso de rompimento.

O DAEE realizou audiência públicas fora do Município de Pedreira,


sendo apenas realizada uma audiência nesta cidade, para uma população de cerca de 50 mil habitante,
para a qual não foi garantida ampla publicidade, nem contou com efetiva participação popular, senão
dos proprietários de imóveis a serem desapropriados, preocupados apenas com o recebimento da
indenização e não com a segurança da população.

Ademais, na qualidade de consumidores dos serviços públicos de


água, não foi garantido amplo conhecimento à população sobre os riscos que a realização do
empreendimento poderia trazer ao Município, eis que em referidas audiências nunca foi tocado no
assunto dos graves riscos de rompimento e da perda de vidas humanas.
Fls. 2
De outro lado, tanto o estudo locacional para realização do
empreendimento quando o EIA-RIMA foram custeados pela Petrobrás, através da REPLAN – Refinaria
de Paulínia, interessada na regularização de vazão dos rios à montante de onde encontra-se situada.

Tendo isso em mente, foi absolutamente ignorado o Fator de


Risco Potencial de Perda de Vidas Humanas, sobrepujado pelo proveito econômico da Petrobrás ao
menor custo financeiro de indenizações.

Isso porque, tanto no estudo locacional que analisou vários


possíveis pontos para realização do empreendimento quanto no Estudo de Impacto Ambiental foi
contemplada a localização de população à jusante da barragem que pudesse ser atingida por algum
acidente.

O próprio EIA/RIMA, tendencioso, concluir que o meio ambiente


urbano não foi objeto do estudo, tendo em vista que o empreendimento está todo localizado em zona
rural, mesmo o eixo da barragem estando situado a apenas 700M do perímetro urbano, com área
densamente povoada, com bairros ocupados por idosos, creches, escolas, postos de saúde, comércios,
etc..., que podem ser varridos por um tsunami de 31 milhões de metros cúbicos de água em menos de
2 minutos em caso de rompimento.

Enfim, o RISCO foi um fator absurdamente ignorado pelas


empresas contratadas e pagas pela maior interessada na realização do empreendimento.

Tem-se ainda que o estudo locacional concluído em 2008 que


indicou a escolha de Pedreira para a construção da barragem, não foi atualizado com as legislações
federais especificas para o tipo de empreendimento como:

a) a Lei Federal nº 12.334/2010 que “estabelece a Política


Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos”
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12334.htm);

b) a Lei Federal nº 12.608/2012 que “Institui a Política Nacional de


Proteção e Defesa Civil” (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2012/Lei/L12608.htm).

Assim, por ocasião da outorga para o empreendimento, o estudo


estava desatualizado em relação á legislação federal vigente.

Nem se alegue que a necessidade de abastecimento da região


metropolitana de Campinas para consumo humano seria a justificativa para a realização da barragem,
posto que, para que a água acumulada em referido reservatório pudesse chegar à Campinas, seria
necessária a construção de uma rede de adutoras que deveria vencer acidentes geográficos de 197m
de altura, demandando alto consumo de energia elétrica para bombeamento, o que encareceria o
custo do m³ da água para R$4,00, algo inconcebível conforme estudo realizado pelo próprio DAEE.

De outro lado, considerando a existência do Sistema Cantareira à


montante da barragem de Pedreira, com capacidade de 1,459 bilhão de metros cúbicos de água, a
construção de um reservatório de apenas 31 milhões de metros cúbicos em Pedreira significa míseros
2% de reserva de água, que poderiam ser supridos pela reserva de água no próprio Cantareira, que

Fls. 3
opera na maior parte longe de sua capacidade máxima, com regularização de vazão de toda a bacia
hidrográfica à jusante, e a custo zero, sem sujeitar a população de uma cidade inteira à risco
permanente de morte.

Ademais, o DAEE, entidade de Direito Público que deveria


observar os princípios da Administração Pública da Legalidade, Moralidade, Impessoalidade,
Publicidade e Eficiência, ignora por completo a autonomia do Município de Pedreira conquanto ente
federado e segue com as obras sem cumprimento da legislação municipal de Pedreira, que exige a
obtenção de autorização municipal para a construção de barragens, assim como é exigida para a
construção e qualquer casa e prossegue com as obras mesmo diante de um decreto de embargo do
Prefeito do Município.

Nesse sentido, o item 3.18. da Lei Municipal nº 1.150/85 – Código


de Obras, que assim dispõe:

“3.18 – Represas e Comportas


3.18.1 – Dependerá sempre de autorização da Prefeitura a
construção de represas, tanques, comportas ou quaisquer
dispositivos que venham a interferir com o livre escoamento de
águas pluviais e fluviais.”

O Município é órgão federado, autônomo, não havendo


submissão entre os entes federados, em que pese as diferentes competências e atribuições
estabelecidas pela Constituição Federal.

Assim, não se renegue a relevante e necessária atuação do


Município, sobretudo na preservação de sua autonomia, bem-estar e à vida de seus moradores.

Portanto, não é porque a obra é do Estado que não compete ao


Município dela participar, sobretudo quando lhe resulte tão severos impactos.

“Ninguém vive na União ou no Estado. As pessoas vivem no


Município.”
André Franco Montoro

No presente caso, para ser considerada iniciada a obra, não


bastaria a mera desapropriação de áreas, já que há inúmeros laudos e formalidades que devem
integrar o processo de licenciamento das obras, ambientais, urbanísticos e construtivos.

Sem a presença de todos os requisitos, não se pode ter a obra por


autorizada.

Nesse sentido, nos termos da licença ambiental concedida pela


CETESB, restou expressamente consignado que a licença daquele órgão não dispensa licenças e alvarás
Municipais, em homenagem às competências dos entes e do pacto federativo, cláusula pétrea da
Constituição Federal, por decorrência do Estado Democrático de Direito.

Mesmo assim, apenas com base em licença ambiental, sem


possuir licença municipal para construção, o DAEE segue com as obras.

Fls. 4
Afora tudo isso, há vários outros fatores ignorados pelo DAEE que
colocam em grande risco à população de Pedreira. Vejamos

2 - DA AUSÊNCIA DE CONTEMPLAÇÃO DE CRITÉRIOS DE


SEGURANÇA ACERCA DE ABALOS SÍSMICOS, EROSÃO REVERSA,
EFEITO CASCATA DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM ACIMA,
INAPROPRIAÇÃO DAS ROCHAS SOBRE A QUAL OCORRERÁ O
BARRAMENTO

A História mostra que todas as vezes que um critério de segurança


foi ignorado a tragédia cobrou seu preço. Foi assim, p. ex. com o recente caso da Barragem de
Brumadinho.

Diversas outras barragens também romperam e há outras tantas


na iminência de romper. Infelizmente, a lição não foi aprendida por órgãos que insistem em continuar
projetos CLASSIFICADOS NA FORMA DA LEI FEDERAL COMO DE ALTO RISCO, ignorando a possibilidade
de morte de dezenas de milhares de pessoas, em tragédia sem precedentes no Brasil.

Os estudos realizados pelo EIA/RIMA e pelos demais, dele


derivados, por si só, demonstram que estão sendo IGNORADAS AS CONDIÇÕES DE SOLO, o que é
apontada como possível causa determinante para rompimento da barragem.

Nesse sentido, cumpre destacar as seguinte IRREGULARIDADES e


FALHAS DE SEGURANÇA DO PROJETO EM CURSO, donde se EXTRAEM SÉRIOS E SEVEROS RISCOS DE
ROMPIMENTO, em área DE ALTA DENSIDADE DEMOGRÁFICA e ALTO RISCO agregado:

Obra sobre a placa tectônica que poderá gerar abalo sísmico com
o próprio preso da barragem, ou, no futuro, em razão de ser área
sísmica.

Fls. 5
Obra em Zona de Cisalhamento - Obras sobre rochas porosas
(que se movimentam com o peso), o que já se mostrou uma
temeridade, tal como alertado pelo ETM de Campinas e pelo
CONGEAPA:

(parecer técnico Campinas ETM_169_2015_II) Página 35 de 107)

CONGEAPA – Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental de Campinas - Aponta o rompimento de


duas barragens nos Estados Unidos, em razão de apresentar rochas no subsolo igualmente porosas, o
que também foi ignorado na época, levando ao rompimento das barragens – cf.
https://super.abril.com.br/tecnologia/barragem-de-st-francis/

Fls. 6
Risco de erosão reversa (piping).

Fls. 7
(ETM – Campinas – pág. 46/107)

Risco de Rompimento do Barramento a jusante e consequente


“efeito Dominó”

Apontou-se, outrossim, risco de rompimento do barramento do


DAEE pelo eventual rompimento do barramento a montante (acima), da Barragem Jaguari, o que, aliás,
quase ocorreu no ano de 2011, não fosse a estrutura ser integramente em concreto e as laterais de
rocha natural, o que não destaca, evidentemente essa hipótese, que pode decorrer de diversos fatores:

(cf. ETM-Campinas – pág. 54/107)

TAIS RISCOS NÃO PODEM, EVIDENTEMENTE, SER IGNORADOS. SE FORAM


IGNORADOS PELO DAEE, CERTAMENTE NÃO SERÃO PELA ANA.

Estudos complementares importantes deixaram de ser realizados. E a população


corre severo risco em caso de rompimento ou mesmo de operação dos dispositivos de descarga. E, isso
consta expressamente dos relatórios apresentados:

Fls. 8
(ETM – Campinas – pág. 53/107)

Assim, por mais evidentes ou remotos que sejam, os riscos de


rompimento existem sim e foram expressamente consignados nos relatórios elaborados por outros
órgãos como a Prefeitura Municipal de Campinas, CONGEAPA, CAEX do Ministério Público do Estado
de São Paulo, etc...

Isso, por si só, já seria motivo suficiente a obra não fosse sequer
cogitada de construção, eis que localizado a jusante do Município Pedreira, em área com alta
densidade populacional, frequentado por turistas, com presença de escolas, creches, hospitais etc. e
sem vias de trânsito suficientes para locomoção de pessoas em caso de acidente com a barragem a ser
construída a apenas 700 metros do perímetro urbano.

Fato é que o monitoramento da barragem por mais eficaz que seja


somente fará dar o alerta à população acerca do rompimento em curso ou, na melhor hipótese, na
iminência de acontecer. O monitoramento, por óbvio, não tem o condão de evitar o rompimento, mas
apenas tentar viabilizar a tentativa de fuga das pessoas.

Havendo rompimento, a cidade de Pedreira seria varrida do mapa.


O empreendimento não traz um risco aceitável e plausível, em que pese a relevância dos recursos
hídricos como um todo.

A obra está locada a apenas 700 metros do perímetro urbano, com


áreas habitadas e cerca de 2km do principal eixo populacional da cidade, onde, inclusive, se localizam
os principais órgãos públicos do Município, incluindo creches, escolas, Paço Municipal, Câmara de
Vereadores, Igrejas e cerca de 80% do comércio local, que, a partir da construção não só sofrerá o risco
de ser atingido por eventual rompimento, mas também sofrerá imediata limitação de ocupação,
decorrente de Leis Federais que assim dispõem sobre o tema (Lei da Defesa Civil).

Fls. 9
É obra que, a grosso modo, ameaça a própria existência do Ente
Federativo Municipal, conforme constata-se pela classificação como de alto risco em função do
potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais, na forma do
Art. 7º, § 2º da Lei 12.334/2010.

3) CONTRARIEDADE À LEI FEDERAL:


Conforme se verifica, o empreendimento de ALTO RISCO DE
ROMPIMENTO também é CLASSIFICIADO COMO DE DANO PONTECIAL ASSOCIADO ALTO, o que leva à
conclusão se tratar de uma bomba-relógio lançada sobre uma Cidade, colocando dezenas de milhares
de vidas em risco, bem como o próprio Município de Pedreira em si, cujo nascedouro e principais
estruturas estão exatamente na área de risco:

ETM – Campinas – págs. 52-53/107

A criação de áreas de risco contraria EXPRESSAMENTE a LEI Nº


12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012 (Lei de Defesa Civil), em diversos de seus artigos, especialmente: ART.
2º, §§1º e 2º, ART. 4º, INC. III, IV, ART. 5º, inc. X, com consequente desvalorização e, quiçá, até
desapropriação indireta, apontada pelos incs. XI e XIII do mesmo dispositivo, sem mencionar outros
dispositivos da mesma legislação, como também LEI No 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001 (Estatuto das
Cidades), em seu art. 2º, inc. VI, "h".

Fls. 10
- LEI Nº 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012 (Institui a Política
Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC; dispõe sobre o
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o
Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC; autoriza
a criação de sistema de informações e monitoramento de
desastres)

Art. 2o É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios adotar as medidas necessárias à redução dos riscos
de desastre. (Regulamento)
§ 1o As medidas previstas no caput poderão ser adotadas com a
colaboração de entidades públicas ou privadas e da sociedade em
geral.
§ 2o A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá
óbice para a adoção das medidas preventivas e mitigadoras da
situação de risco.

Art. 8o Compete aos Municípios:


I - executar a PNPDEC em âmbito local;
II - coordenar as ações do SINPDEC no âmbito local, em
articulação com a União e os Estados;
III - incorporar as ações de proteção e defesa civil no
planejamento municipal;
IV - identificar e mapear as áreas de risco de desastres;
V - promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e vedar
novas ocupações nessas áreas;
Art. 23. É vedada a concessão de licença ou alvará de construção
em áreas de risco indicadas como não edificáveis no plano
diretor ou legislação dele derivada.

LEI No 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001. (Regulamenta os arts.


182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da
política urbana e dá outras providências.)
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade
urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
(...)
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
h) a exposição da população a riscos de desastres naturais;
(Incluído pela Medida Provisória nº 547, de 2011).
h) a exposição da população a riscos de desastres.
(Incluído dada pela Lei nº 12.608, de 2012)1

Não se pode ignorar também que barramentos destinados à


captação de água estão ligados ao serviço de fornecimento de água e, neste aspecto, a coletividade
potencialmente atingida é considerada COMO CONSUMIDOR pelo Código de Defesa do Consumidor

1
Note-se que a redação anterior objetivava evitar a exposição da população a riscos naturais, o que sofreu expressa
alteração legislativa para que a população seja preservada de riscos pela ação humana também, como no caso concreto.
Fls. 11
por equiparação, merecendo a devida proteção, inclusive em caráter preventivo. Neste sentido,
prudente a transcrição do seguinte artigo:

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR APLICADO AOS SERVIÇOS


PÚBLICOS
O acesso a serviços públicos eficazes e adequados, como luz,
telefone e água são direitos básicos protegidos pelo CDC, o Código
de Defesa do Consumidor.
Em um país em que se fala tanto em corrupção, suspeita de
improbidade administrativa e onde o poder público está sempre
em evidência na imprensa por ser réu em ações judiciais, o
professor Fabrício Bolzan explica que um dos grandes desafios
do direito brasileiro no mundo contemporâneo é trazer a
incidência do Código de Defesa do Consumidor ao serviço
público.
Relação jurídica de consumo
A relação jurídica de consumo é aquela estabelecida entre
consumidor e fornecedor, que tem por objetivo a aquisição de um
produto ou a contratação de um serviço. Existem três conceitos
básicos presentes no Código de Defesa do Consumidor que
precisamos avaliar para saber se é possível aplica-los aos serviços
públicos:
1 - Verificar se é possível enquadrar o usuário no conceito de
consumidor;
2 - Avaliar se a administração pública ou suas concessionárias e
permissionárias se enquadram no conceito de fornecedor;
3 - Garantir que o serviço público se enquadre no conceito de
serviço;
Em última análise, é importante saber se é possível enquadrar
esses elementos - usuário de serviço público, o poder público e o
serviço público - na relação jurídica de consumo.
Usuário do serviço público é consumidor
O professor Fabrício Bolzan recorre ao Código de Defesa do
Consumidor, Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, para
enquadrar o usuário de serviço público no conceito de
consumidor em sentido estrito:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
“Nesse sentido, sem dúvidas o usuário do serviço público se
enquadra no conceito de consumidor em sentido estrito. Como
exemplo, basta pensar no serviço de energia elétrica, ao qual
somos destinatário final”, explica Bolzan.
Fabrício lembra que, além do sentido estrido, o CDC traz três
conceitos de consumidor por equiparação, um deles no Art. 2º,
Parágrafo único:
Parágrafo único: Equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo.
Com base no artigo citado, Fabrício enquadra o usuário de serviço
público no contexto de consumidor coletivo e explica que uma

Fls. 12
coletividade de usuários pode entrar com uma ação coletiva na
busca da melhoria de um determinado serviço.
Vítimas de evento danoso
O artigo 17 do CDC fala sobre o consumidor como vítima de um
evento danoso:
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos
consumidores todas as vítimas do evento.
“Basta pensarmos em uma vítima de acidente envolvendo
transporte coletivo para trazer a figura do usuário do serviço
público como consumidor por equiparação”, explica Bolzan.
Terceiro não usuário e a responsabilidade objetiva
Em 2005, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o terceiro não
usuário não poderia invocar a responsabilidade objetiva, mas em
2008 muda sua posição e consolida, pelo regime de repercussão
geral, que tanto o usuário do serviço público como o terceiro não
usuário do serviço público podem invocar a responsabilidade
objetiva.
“Na nossa visão, e defendemos isso desde 2005, o não usuário do
serviço público também pode se enquadrar na vítima do evento
danoso. E nós sabemos que o Código de Defesa do Consumidor
traz como regra a responsabilidade objetiva do fornecedor”, conta
o professor.
Por fim, um último conceito de consumidor por equiparação está
no artigo 29 do CDC, que fala sob um aspecto coletivo envolvendo
as pessoas expostas às práticas comerciais e contratuais
abusivas:
Art. 29 Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas nele previstas.
Em resumo, caso haja uma prática comercial ou contratual
abusiva envolvendo o serviço público, o professor encontra
nesse artigo a figura do usuário enquadrado como consumidor.
O serviço público como fornecedor
Com base no artigo terceiro do Código de Defesa do Consumidor,
o professor Fabrício Bolzan enquadra a figura dos concessionários
ou permissionários de serviços públicos no conceito de
fornecedor.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
Ainda com base no artigo terceiro, inciso segundo do CDC, é
possível enquadrar o serviço público no conceito de serviço:
Art. 3º § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista.

Fls. 13
Basicamente, exige ser um serviço remunerado, tal como é o
serviço público.
Partindo do artigo quarto do Código de Defesa do Consumidor,
temos menções expressas da incidência do CDC aos serviços
públicos:
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,
bem como a transparência e harmonia das relações de consumo
[...]
Já o artigo sexto fala sobre os direitos básicos do consumidor:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos;2
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Interação entre o Código de Defesa do Consumidor e a Lei 9.897
Art. 22 Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma
de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
contínuos.
(...)
(Fonte: Fabrício Bolzan - Conteúdo produzido pela LFG, referência
nacional em cursos preparatórios para concursos públicos e
Exames da OAB, além de oferecer cursos de pós-graduação
jurídica e MBA. In
https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/geral/codigo-de-
defesa-do-consumidor-aplicado-aos-servicos-publicos)

4) AUSÊNCIA DE ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL


URBANO.
Segundo o RIMA, a obra não afetará a área urbana, o que,
evidentemente, não é verdade (pág. 77):

2
Avaliação da Barragem de Pedreira é de ALTO RISCO, a denotar PERIGO.
Fls. 14
ESSA É UMA ALEGAÇÃO MENTIROSA E FRAUDULENTA, CAPAZ DE
RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL DOS RESPONSÁVEIS!

EM PEDREIRA A BARRAGEM ESTÁ A APENAS 700M DA


ZONA URBANA!!

Aliás, em Seminário ocorrido na Câmara Municipal de Campinas,


dia 8/4/19, o coordenador da unidade de gerenciamento do programa de barragens do DAEE, Sr.
MAXIMILIANO AGUIAR, confessou que NÃO IDENTIFICOU AS ÁREAS A JUSANTE QUE SERÃO
AFETADAS EM CASO DE ROMPIMENTO, como também DESTACOU QUE REFERIDAS ÁREAS SOFRERÃO
LIMITAÇÕES DECORRENTES DE LEI.

(CONTEÚDO gravado em:


https://www.facebook.com/TVCamaraCampinas/videos/391587978345178/ ou
https://www.youtube.com/watch?v=KtNtbiQK_rU

CAEX MPSP– págs 17 e 18/37:

CAEX MPSP – pág. 34/37:

Ocorre que, nos termos da Lei de Defesa Civil e Estatuto da Cidade,


acima mencionados, haverá severa consequência às limitações de ocupação do Município, a inviabilizar
quiçá a própria existência do Município, cuja área central será integralmente impactada, não bastasse
a quase extinção da área rural decorrente da própria construção da barragem.

Fls. 15
Diante da CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DA BARRAGEM, fato é que a
área a jusante do barramento será INTEGRALMENTE CONSIDERADA ÁREA DE RISCO, trazendo diversos
e severos prejuízos ao Município, à população e ao comércio local.
- COMÉRCIO LOCAL .

Em sua manifestação final, presente no Seminário junto à Câmara


de Vereadores de Campinas, o representante do DAEE afirmou que não foi identificada a área afetada
pelo risco de rompimento da barragem, tampouco identificada a população ali contida, mas,
destacou que haverá limitações à ocupação do solo, sim, decorrentes de Lei Federal.

Disso sobressai vício ao projeto elaborado, que, ademais omitiu,


dolosamente, a classificação de risco da barragem ao Tribunal de Contas do Estado, que interpretou a
omissão como “desconhecimento” do projeto pelo DAEE, ignorando o fato de que houve, sim, uma
omissão fundamental e dolosa, passível, inclusive de responsabilização criminal e por improbidade
administrativa. Confira-se o teor do item 7 do Parecer técnico do TCE, de 10/5/2017:

Fls. 16
Tal omissão decorre de duas considerações de impacto financeiro
sobre o empreendimento: a) risco de indenização em caso de rompimento do barramento; e b)
desapropriação indireta, decorrente da limitação de uso e ocupação do solo de significativa e
atualmente valorizada área urbana do Município de Pedreira.

Acrescente-se isso, ainda, o teor do PL 550/2019, do Congresso


Nacional, com texto já aprovado pelo Senado Federal e atualmente em curso perante a Câmara de
Deputados, que altera a Lei nº 12.334/2010 (Lei de Segurança de Barragens), fazendo, dentre outras
alterações, a inserção do §6º ao art. 16 da referida Lei, com o seguinte teor:

§ 6º Caso a barragem seja classificada na categoria de alto risco,


nos termos do § 1º do art. 7º desta Lei, o empreendedor fica
obrigado a remover e a realocar, às suas expensas, em prazo e
condições fixados pelo órgão fiscalizador, os ocupantes,
moradores ou não, das áreas potencialmente afetadas em
situação de emergência, garantindo as condições para a
continuidade das atividades desenvolvidas nos seus locais de
origem.” (NR)

Assim, verifica-se a temeridade financeira do projeto como um


todo, que, segundo o DAEE, alocou a barragem em Pedreira, por ali ter menor área de inundação e,
consequente, economia com desapropriações, mas que, agora, pode se caracterizar como a opção
mais cara e mais inviável, o que, aliás, merece a devida análise, inclusive pelo Tribunal de Contas do
Estado.

Fls. 17
E, ainda sobre a questão financeira, cumpre notar que o projeto
não contemplou adutoras, que, por exigência do Ministério Público, foram, agora, estudadas, sem,
entretanto, definição, onde se destacam custos elevadíssimos, aptos a inviabilizar o aproveitamento
do próprio empreendimento, que, portanto, pode se revelar “OBRA FARÔNICA”, represando águas
que jamais serão distribuídas a outros Municípios, com ganhos ínfimos diante de tantos riscos e
consequências.

5) IMPRESTABILIDADE DA OBRA – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO


DA EFICIÊNCIA A QUE SE VINCULA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Segundo consta, a obra foi para atender população de diversas


cidade, mas não há adutores no planejamento original, o que, verificou-se, atualmente, ter sido causa
determinante para a aprovação do projeto pela Agência Nacional de Águas – ANA e também por outros
órgãos, induzidos a erro pelo DAEE, que se aproveitou de falhas legislativas acerca do tema para levar
adiante projeto tão absurdo quanto a Barragem de Pedreira.

A necessidade de adutoras para aproveitamento hídrico consta de


diversos estudos e apontamentos, eis que a mera regularização de vazão poucos benefícios traria a
população a jusante, que, ademais, não corre risco de restrição de abastecimento e nem sofreu com a
crise hídrica de 2015.

Confira-se o teor do Laudo do CAEX da ausência de adutores:


CAEX-MPSP pág. 13/37:

(...) pág. 15/37:

Fls. 18
CAEX - MPSP – pág 20/37:

CAEX – MPSP Pág. 26/37:

CAEX – MPSP pág. 31/37:

Fls. 19
E, na Conclusão (CAEX- pág. 33 e 34/37):

CAEX - MPSP– pág. 35/37:

Fls. 20
CAEX- pág. 36/37:

CAEX – pág 36 e 37/37:

Fls. 21
RESPOSTA DO DAEE EM CUMPRIMENTO AO OFÍCIO DO GAEMA SOBRE ESTUDO DE VIABILIDADE DO
SISTEMA ADUTOR:

Fls. 22
Fls. 23
Fls. 24
Fls. 19

Fls. 25
Outros laudos também mencionam isso, como v.g. o Relatório do
CONDEMA e também do ETM de Campinas (em suas considerações finais).

Demais disso, os estudos de adutoras deveriam fazer parte do


projeto principal, já que o mero represamento se mostrará imprestável para qualquer atividade. Assim,
o sistema adutor deveria, obrigatoriamente, fazer parte do projeto, a ser submetido às licenças
ambientais, audiências públicas e demais procedimentos.

Não há motivos para o fracionamento do projeto, até porque não


há sentido algum construir um barramento que envolve tantos impactos ambientais, sociais e sérios
riscos, sem que haja sequer a comprovação da utilidade da obra, o que só poderia ser aferida com a
aprovação conjunta dos sistemas adutores, que sequer ocorreu até agora.

Pior do que isso, mais recentemente, em exposição na Câmara


Municipal de Campinas, o ex-presidente da Agência Nacional de Águas, destacou que só foi concedida
a outorga ao DAEE para a barragem de Pedreira porque o projeto foi apresentado parcialmente, sem
sistema adutor e que, conhecendo agora, o sistema adutor, JAMAIS teria concedido a outorga
(CONTEÚDO gravado em:
https://www.facebook.com/TVCamaraCampinas/videos/391587978345178/ ou
https://www.youtube.com/watch?v=KtNtbiQK_rU - cf. em 1:24:00 e 3:40:00)

Isso, por si só, já demonstra vício do projeto, decorrente do


fracionamento indevido do empreendimento, que compromete, inclusive sua credibilidade e utilidade.
Merece transcrição matéria da CBN sobre o que exposto pelo ex-presidente da ANA, então responsável
por toda a tramitação da concessão ao DAEE, que fez destaques:

Durante um seminário promovido pela Comissão Permanente de


Meio Ambiente da Câmara de Campinas na manhã desta segunda-
feira, o ex-presidente da ANA – Agência Nacional de Águas –
Vicente Andreu, afirmou que a Represa de Pedreira é inútil e
ainda pode impactar de 26% a 36% na conta de água de
Campinas.
Sob aplausos de moradores de Pedreira e entidades ambientais
que foram à Câmara protestar contra as represas, Andreu
apresentou gráficos e números que demonstram que a barragem
não ajuda em períodos de crise hídrica por causa de sua
dimensão, que representa apenas 2,6% do volume do sistema
Cantareira.
De acordo com Andreu, o sistema adutor proposto pelo projeto
não justifica a dimensão e os impactos da obra, que prevê uma
retirada do Rio Atibaia no ponto de captação de Louveira, para
que depois a água retorne para Campinas, através deste
caríssimo sistema.
Além disso, Vicente Andreu afirmou que a barragem oferece
risco à população de Pedreira, sem beneficiar a cidade, que nem
ao menos passou pela crise hídrica de 2014 e 2015.
Para o coordenador da unidade de gerenciamento do programa
de barragens do DAEE, Maximiliano Aguiar, Pedreira pode sofrer
dificuldade de captação em períodos de crise hídrica e, portanto,

Fls. 26
depende desta represa. Ele negou risco à população, ressaltando
haver um plano de segurança.
Paulo Tinel, consultor da diretoria técnica da Sanasa, também
rebateu as afirmações de Andreu, de que a obra vai impactar na
conta de água de Campinas, apontando a possibilidade de
subsídios estaduais.
A Prefeitura de Pedreira chegou a revogar a licença municipal de
construção, que já tinha sido emitida e aprovada antes mesmo do
início da licitação, mas o projeto já está com 5% da obra em
andamento.
(fonte:
https://www.portalcbncampinas.com.br/2019/04/barragem-de-
pedreira-e-inutil-e-vai-impactar-na-conta-de-agua-de-campinas-
afirma-ex-presidente-da-ana/)

Em entrevista concedida à Rádio CBN, em 11/4/2019, cuja


gravação foi “Ex-ANA, Vicente Andreu, explica posição contrária aos reservatórios de Pedreira e
Amparo” e está disponível em ( https://www.portalcbncampinas.com.br/2019/04/ex-ana-vicente-
andreu-explica-posicao-contraria-aos-reservatorios-de-pedreira-e-amparo/?fbclid=IwAR0ttr73G_s-
zDvprh19mVtyMxZmZ_VYXrSxSPbireiTmmL3tbpZJw_6ZfU ).

Restou expressamente consignado que o ex-Presidente a Ana


também também já presidiu a SANASA-Campinas, de forma que ele tem conhecimento técnico e de
causa:
Afirma ali que o projeto adutor só foi aprovado pela ANA,
porque não foi acompanhado do Sistema Adutor, que, na época,
não foi exigido por uma deficiência legislativa e em razão da
prática comum. Afirmou que se tivessem sido apresentados os
sistemas adutores, o projeto não teria sido aprovado. E que sem
os sistemas adutores, o projeto é inútil, especialmente para
Campinas. Além disso, destaca que o Sistema adutor teria o
poder de elevar os custos de captação de água, que não
poderiam ser repassados ao consumidor, o que poderia até levar
a SANASA ao colapso financeiro. Afirma que seria necessário
bombear água para transpor obstáculo de um morro de 200 m
de altura e que isso teria custos muito elevados. Afirma que o
único benefício da barragem, sem adutores, seria da
regularização da vazão para as cidades a jusante, que, segundo
ele, não correm risco de abastamento hídrico. E que os impactos
da obra não justificam o insignificativo e desnecessário
aproveitamento hídrico, já que os Municípios a jusante não
sofrem problemas dada as suas necessidades baixas de
captação. Afirma que o custo das adutoras seria muito grande e
que o barramento em si, sem adutoras, não se justifica. Destaca,
ainda, que a solução hídrica passa por outras medidas, dentre as
quais não se inclui a construção do barramento de Pedreira.

Dos relatórios colhidos, dos dados técnicos fornecidos pelo


próprio DAEE, resulta a necessidade de aprovação conjunta da construção de adutores, cujos custos
seriam elevadíssimos, tanto para a construção, como para a operação do sistema, mediante

Fls. 27
bombeamento. Construir uma obra desse porte, com tamanho impacto, sobretudo ao Município de
Pedreira, sem ter sequer a certeza acerca do aproveitamento hídrico, é uma verdadeira aventura com
o dinheiro público, é a violação dos direitos fundamentais da população à jusante e a agressão
desnecessária ao meio ambiente, já que a área contém a mata mais preservada de Campinas e região.
Uma temeridade dessas, por óbvio, não tem como ser aceita, muito menos vindo de um órgão que
deveria zelar pela segurança, bem estar da população, mas que fragmenta projetos, manipula
informações e exclui a participação popular, como forma de levar adiante seu projeto, custe o que
custar, doa a quem doer.

6) NECESSIDADE DE AVALIAÇÕES COMPLEMENTARES EM


RELAÇÃO AO USO DA ÁGUA – E POSSIBILIDADE DE
CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO.

A par da inutilidade do empreendimento, pela ausência de


sistema adutor, há também risco de CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO, o que ocasiona a
imprestabilidade do empreendimento, como também severo prejuízo às comunidades a jusante, que
fazem a captação a partir do Rio Jaguari.

Destaquem-se os seguintes apontamentos em estudo:


Estudo CESTESB:

Fls. 28
Estudo Campinas:

ADEMAIS, TAMBÉM NÃO CONSTA EM NENHUM DOS


RELATÓRIOS APRESENTADOS A PRESENÇA DE UM ANTIGO ATERRO SANITÁRIO (LIXÃO), LOCALIZADO
A CERCA DE 1200M DE ÁREA A SER INUNDADA PELA ÁGUA DA REPRESA, ATUALMENTE DESATIVADO,
MAS PORTADOR DE RESÍDUOS DIVERSOS, EM ÁREA MUITO PRÓXIMA AO BARRAMENTO E QUE PODE

Fls. 29
OCASIONAR CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO E QUE NÃO FOI OBJETO DE ESTUDOS,
CONFORME ABAIXO:

Demais disso, o CONGEAPA já emitiu parecer técnico no sentido


de imprestabilidade do empreendimento, em razão da invencível contaminação do lençol freático, pela
ligação de áreas contaminadas com as águas do Rio Jaguari, que serão represadas.

Além disso, não foi providenciado até agora o indispensável


ESTUDO DE FLUTUAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO, que, dentre diversas consequências possíveis, pode
acarretar igualmente a contaminação das águas represadas. Tampouco foram identificados os pontos
de fontes preexistentes de contaminação, o que ameaça, sobremaneira a qualidade da água do
empreendimento e, inclusive, o abastecimento daqueles que já dependem da captação das referidas
águas:

Fls. 30
PARECER TÉCNICO CETESB

(...)
(CETESB – pág. 98/99/119)

FLUTUAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO: alteração na dinâmica das águas subterrâneas,


provocando flutuação do lençol freático. Podendo ocasionar alterações na disponibilidade das águas
subterrâneas, perenização de pequenos cursos d’agua intermitentes, formação de novas áreas úmidas
e/ou alagadas, influenciar a contaminação dos aquíferos e aparecimento de novas surgências d’agua:

(...)

Fls. 31
7) IMPOSSIBILIDADE FÍSICA DE UM PLANO DE AÇÃO
EMERGENCIA – PAE – SEGURO.

Conforme se infere do PAE do barramento da Central Hidrelétrica


do Jaguary, que é bem menor e mais distante do que o projeto em construção, além de ser
inteiramente construído de concreto e, mesmo assim, quase ter rompido em 2011, vê-se, em caso de
ruptura, o estrago já seria grande na cidade, e o tempo para que fosse atingida a parte central da cidade
seria de cerca de 2 minutos apenas. Uma represa com 52m de altura, 31 bilhões de litros (31 milhões
de m3) e a 800m das primeiras moradias teria um efeito tsunami sobre a cidade, muito pior do que
ocorreu em Brumadinho, p. ex., onde sequer foi acionada a sirene, tendo sido avaliado o
empreendimento como “seguro”. Vale lembrar que Brumadinho era uma barragem classificada como
de “baixo risco” e a de Pedreira, de alto riscos, a demonstrar a real necessidade de curatela da vida por
obras desse porte e capacidade de impacto.

Há, anda, risco de que haja p. ex. o rompimento do barramento


acima e consequente efeito “dominó”, causando o rompimento do barramento que o DAEE pretende
construir:

(cf. ETM-Campinas – pág. 54/107)

Assim, com barramento tão próximo da cidade, com capacidade


tão superior ao do barramento a montante (acima), seria absolutamente inviável que qualquer pessoa
tentasse se salvar, seja pelo tempo extremamente curto, seja pela limitação das vias de fuga, seja em
razão de grande parte desses moradores ser idoso, criança ou portador de necessidades especiais.

Como se dessume do EIA RIMA, o PAE visa apenas ALERTAR A


POPULAÇÃO acerca dos perigos acerca do rompimento da barragem, traçando um plano para

Fls. 32
TENTATIVA DE EVACUÇÃO em caso de ruptura. Ocorre que o PAE não garante, e segundo dicção legal,
não teria obrigação de garantir a vida da população a jusante.

Assim, evidente que o empreendimento está, sim, criando um


risco à população de uma cidade inteira, sem o menor compromisso de salvaguarda das vidas de
milhares de pessoas, em situação de risco permanente e sem condições de fuga em tempo hábil, o que
fica evidente pelo alto volume de armazenamento, como também pela extrema proximidade de área
de alta densidade demográfica, berço da Cidade de Pedreira e se estende pela principal área de
comércio turístico do Município, que estará todo em área de risco, sofrendo severos e incalculados
impactos.

8) ESTUDOS VENCIDOS.

Licenças e alvarás são atos administrativos, decorrentes do Poder


de Polícia da Administração Pública, sujeitos à validade, após o que consideram-se expirados e caducos.

Verifica-se que a par do Estudo Técnico Municipal – ETM – de


Campinas, a certidão emitida pela Prefeitura Municipal de Pedreira, que dispensava o Estudo
Ambiental daquele Município, tinha validade de apenas 1 ano e também está vencida.
ETM – Campinas (capa):

Fls. 33
CERTIDÃO – Pedreira:

Uma vez vencidos, os atos administrativos são considerados


CADUCOS e SEM PODER PRODUZIR EFEITOS NO MUNDO JURÍDICO NO INÍCIO DAS OBRAS, a denotar
IRREGULARIDADE DO EMPREENDIMENTO, que NÃO PODE PROSSEGUIR SEM A REVALIDAÇÃO DAS
REFERIDAS LICENÇAS.

Fls. 34
9) AUSÊNCIA DE AUDIÊNCIAS PÚBLICAS – ESPECIALMENTE
EM PEDREIRA.

Informa o DAEE em suas informações preliminares que realizou


uma única audiência pública em Pedreira, em 2015.

Mas, o próprio ETM – Campinas, entregue em 1/12/2015,


desmente tal informação, donde DESTACA A RELEVÂNCIA DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS, que se
destinam, inclusive à revisão dos estudos realizados e análise de possíveis alterações do projeto:

(ETM – Campinas – pág. 95/107)

Demais disso, dada a relevância da matéria, acima apontada,


evidente que uma única audiência pública em Pedreira, conforme descrito pelo DAEE, seria
manifestamente insuficiente para o debate das questões e interesses do Município, sobretudo diante
de tamanha complexidade do empreendimento e impactos que sequer foram considerados nos
estudos elaborados, conforme a seguir demonstrado.

Não houve qualquer tipo de comunicação do a população leiga,


que, portanto, foi alijada de participar de todos os encontros acerca do empreendimento, por não
entender as consequências e riscos do empreendimento.

ADEMAIS, A POPULAÇÃO DEVERIA TER SIDO SUFICIENTEMENTE


ESCLARECIDA SOBRE OS RISCOS ADVINDOS DA REALIZAÇÃO DE EMPREENDIMENTO DESSA
NATUREZA EM REGIÃO TÃO PRÓXIMA DO PERÍMETRO URBANO DO MUNICÍPIO.

UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA QUE QUE OMITA TAL INFORMAÇÃO É


NULA E FRAUDULENTA.

Demais disso, as audiências públicas não se conformam com mera


convocação por Diário Oficial, exige-se que haja plena e eficaz divulgação a toda a população, através
de diversos canais de comunicação, como jornais, TVs, folders etc.

Isso, por si só, já seria motivo suficiente para constatar flagrante


violação à participação popular, decorrente de norma Constitucional.

Fls. 35
Segundo o RIMA (pág. 78):

Embora não fosse necessário destacar isso para órgãos públicos,


“seminários” e “audiências públicas” são coisas distintas:

Seminário: Consiste em uma exposição oral para participantes que


possuam algum conhecimento prévio do assunto a ser debatido.
A dinâmica do seminário divide-se em três momentos: a fase de
exposição, a de discussão e a de conclusão. Trata-se de um
produto informativo mais focado, porém parcial. A informação
tem normalmente uma única fonte - o orador ou expositor - e, por
conseqüência, pode apresentar certo viés. Usualmente, o orador
é um guru ou expert no assunto que está sendo exposto. (FONTE:
https://www.manager.com.br/reportagem/reportagem.php?id_
reportagem=403).

A Audiência Pública é um instrumento de participação popular,


garantido pela Constituição Federal de 1988 e regulado por Leis
Federais, constituições estaduais e leis orgânicas municipais. É um
espaço onde os poderes Executivo e Legislativo ou o Ministério
Público podem expor um tema e debater com a população sobre
a formulação de uma política pública, a elaboração de um projeto
de Lei ou a realização de empreendimentos que podem gerar
impactos à cidade, à vida das pessoas e ao meio ambiente. São
discutidos também, em alguns casos, os resultados de uma
política pública, de leis, de empreendimentos ou serviços já
implementados ou em vigor. Geralmente, a Audiência é uma
reunião com duração de um período (manhã, tarde ou noite),
coordenada pelo órgão competente ou em conjunto com
entidades da sociedade civil que a demandaram. Nela, apresenta-
se um tema e a palavra então é dada aos cidadãos presentes para
que se manifestem.
Como deve ser uma Audiência Pública?
O órgão competente tem a função de definir, por meio de edital,
a data, o horário, a forma como será feita a disponibilização de
informações e o local acessível para a realização da Audiência.
Estas informações precisam ser divulgadas com a máxima
antecedência no Diário Oficial e em outros meios de
comunicação como jornais, televisão etc. O órgão público deve
deixar disponível para consulta pública, com o máximo de
antecedência e acessibilidade, informações a respeito da questão

Fls. 36
a ser discutida na Audiência. É responsável também por definir
como será a dinâmica da Audiência, em que ordem os temas serão
discutidos, quanto tempo será reservado para cada intervenção
dos participantes, qual será a duração da Audiência, e garantir que
os participantes tenham o direito de se manifestar sobre o tema,
expondo seus pontos de vista de maneira justa e adequada. É
importante lembrar que, para que seja pública, a Audiência deve
se caracterizar pela manifestação dos participantes. Estes não vão
à Audiência apenas para ouvir, mas para questionar, dar opiniões,
buscar informações sobre o tema e pressionar o Estado para que
este seja mais democrático na tomada de decisões, realizando
assim o controle social. Além disso, durante a realização da
Audiência, as discussões devem ser obrigatoriamente registradas
em uma ata. Também precisa ser elaborada uma lista de
presença. Em alguns casos, a Audiência é gravada em áudio. Estas
informações devem tornar-se públicas em páginas oficiais na
Internet, no Diário Oficial ou em outros meios.
Quando uma Audiência Pública não é válida?
A Audiência Pública e, conseqüentemente, a decisão que foi
tomada ou lei aprovada com base em sua realização, poderão ser
anuladas quando não forem garantidas as condições para a
efetiva participação popular. Elas podem ser anuladas quando:
• A falta de divulgação prévia e em tempo razoável das
informações sobre o tema a ser discutido;
• A escolha de um local inadequado para a realização da
Audiência;
• A falta de acessibilidade, por exemplo, se a Audiência for
realizada em um local em que não haja circulação de transporte
público ou que não seja acessível para pessoas com deficiência;
• A restrição do número de participantes ou do direito de voz dos
participantes de forma a impossibilitar um debate amplo sobre o
tema discutido.
O Ministério Público pode ser acionado para invalidar uma
Audiência Pública que tiver algum desses problemas, antes ou
depois de sua realização.
(FONTE: http://www.polis.org.br/uploads/1042/1042.pdf).

Não se pode admitir falhas na convocação das audiências públicas,


cujas convocação, ademais, não se pode resumir a mera publicação em Diário Oficial, sob pena de
nulidade.
Isso porque, o Diário Oficial tem um público-alvo específico, qual
seja órgãos públicos e advogados, MAS NÃO SE TRATA DE ÓRGÃO DE PUBLICIDADE QUE ATINJA O
REAL OBJETIVO DE SE COMUNICAR COM O PÚBLICO ALVO DAS BARRAGENS, QUAL SEJA AS PESSOAS
RESIDENTES DAS ÁREAS AFETADAS DIRETA OU INDIRETAMENTE PELO EMPREENDIMENTO.

Em suma, a publicação exclusivamente realizada no Diário


Oficial, sem ampla publicidade na localidade onde seria realizada, FERE O PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE, EFICIÊNCIA E DA TRANSPARÊNCIA, garantido pela Lei de Acesso
à Informação – lei 12.527/2001 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12527.htm

Fls. 37
Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado
mediante:
(...)
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
participação popular ou a outras formas de divulgação.

Também não se pode ter um seminário, por audiência pública,


pois ambos tem propósitos distintos:

Infere-se, outrossim, diante da existência de pressupostos para


convocação da audiência pública, que ela não pode ser
realizada para outra finalidade que não a prevista em lei, isto
é, debater relevante matéria do processo. Se a intenção do
administrador for outra, como, meramente, colher opiniões
especializadas ou transmitir informações aos particulares, há-
de lançar mão de outra modalidade de evento, tais as reuniões,
consultas, seminários, congressos, etc., e não da audiência
pública.
(Fonte:
http://www.ipea.gov.br/participacao/images/A%20audi%C3%A
Ancia%20p%C3%BAblica%20no%20processo%20administrativo.
docx)

Fato é que não são conhecidos na cidade de PEDREIRA atos


convocatórios de AUDIÊNCIA PÚBLICA, tampouco divulgados por meio de comunicação eficientes,
muito menos com o devido destaque da importância do projeto ao Município.
A eventual convocação para seminário, com propósito distinto,
sem a devida convocação, não supre tal necessidade e também não caracteriza sob qualquer enfoque
audiência pública.

Anote-se, outrossim, que a própria eleição do Comitê PCJ sofreu


anulação por sentença que reconheceu vício na participação popular em sua composição (Autos da
Ação Civil Pública autuada sob n. 1000437-05.2018.8.26.0451 – 1ª Vara da Fazenda Pública de
Piracicaba).

Veja-se que consta do próprio Parecer Técnico da CETESB


EXIGÊNCIA para que fosse identificada e estabelecido contato com a população a jusante da obra,
antes mesmo do início das obras, o que não aconteceu:

Fls. 38
Igualmente, o ETM – de Campinas, traz igual indicação, apontando a IMEDIATA
necessidade de que a comunicação se dê de forma clara para compreensão do público leigo:

(ETM – Campinas – pág. 94/107)

Tal fato foi expressamente confessado pelo DAEE em Seminário


patrocinado pela Câmara de Vereadores de Campinas em 8/4/2019, em que o representante do órgão
disse que a população afetada a jusantes está sendo identifica. O que bem demonstra que não foi
identificada até agora, muito menos comunicada e tampouco convocada para qualquer audiência
pública.

Segundo constou do EIA RIMA, somente a população afetada


pelas desapropriações do barramento foi contatada até o momento, o que, constitui verdadeiro
absurdo, consideradas as consequências para a população a jusante, em área urbana do Município.

Esse item não pode ser ignorado, subvalorizado, desrespeitado ou


tergiversado, dada sua relevância CONSTITUCIONAL e, especialmente, no caso concreto em que TODA
A CIDADE DE PEDREIRA ESTÁ SOB RISCO EXISTENCIAL.

Fls. 39
10) AUSÊNCIA DE ALVARÁS MUNICIPAIS PARA OBRAS
Conforme dispõe a Lei Municipal de Pedreira n. 1.150/85 (Código
de Obras do Município):
3.18 – Represas e Comportas 3.18.1 – Dependerá sempre de
autorização da Prefeitura a construção de represas, tanques,
comportas ou quaisquer dispositivos que venham a interferir
com o livre escoamento de águas pluviais e fluviais.

Não se pode ignorar que as obras do DAEE estão calcadas na


Licença Ambiental emitida pela CETESB, donde se extrai EXPRESSAMENTE o dever de observância à
exigência de outros ALVARÁS, inclusive MUNICIPAIS.

Fls. 40
Por sua vez, confira-se CERTIDÃO da PREFEITURA MUNICIPAL DE
PEDREIRA, que consigna, com fé-pública, que não consta em tramitação nenhum requerimento de
Alvará para o empreendimento perante o Município:

Fls. 41
11) INFRAÇÃO A EMBARGO MUNICIPAL e CRIME DE
DESOBEDIÊNCIA e IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

Após a Indicação n. 09/2019 da Câmara de Vereadores de


Pedreira, o Sr. Prefeito editou o DECRETO Nº 2.736, DE 05 DE FEVEREIRO DE 2019, para embargo das
obras, que restaram paralisadas por alguns dias.

Fato é que mesmo a obra estando embargada, a obra foi


retomada sem qualquer comunicação formal anterior ou desconstituição do embargo municipal,
que, até revogação pelo próprio órgão municipal ou a devida anulação judicial, presume-se válido.

12) DESCUMPRIMENTO DAS CONDICIONANTES DOS


RELATÓRIOS AMBIENTAIS

Cumpre destacar que a par das condicionantes acima


mencionadas, não foram cumpridas diversas outras condicionantes de diversos órgãos licenciadores,
cujas licenças, portanto, não podem ser reputadas válidas, diante da ausência de comprovação de tais
condicionantes, sem dizer das licenças vencidas.

13) DO IMPEDIMENTO DA CONTRUTORA VENCEDORA.

Não bastassem as irregularidades e inconformidades acima


destacadas, a Construtora vencedora do processo de licitação está legalmente impedida de participar
de certames públicos e de contratar com o Poder Público.

A empreiteira OAS está sabidamente impedida de contratar com


o Poder Público, não se explica como pôde contratar com o DAEE a construção da barragem.

A pluralidade de CNPJs não justifica a burla legal. Demais disso,


as empresas são do mesmo grupo econômico e sócias umas das outras.

Fato curioso, é que a proposta vencedora das licitações para


construção das Barragens de Pedreira e Duas Pontes (Amparo), apresentou ICP sobre o desconto
concedido na proposta ganhadora – de 45% e 39% em Pedreira e Amparo, a demonstrar ou
irregularidade na avaliação financeira do projeto ou diminuição da qualidade técnica aplicada ao
empreendimento, o que sequer foi objeto de esclarecimento público até a presente data.

Nesse sentido, a Lei de Licitações assim estabelece:

Art. 48. Serão desclassificadas:

I - as propostas que não atendam às exigências do ato


convocatório da licitação;
II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido
OU COM PREÇOS MANIFESTAMENTE INEXEQÜIVEIS, assim
considerados aqueles que não venham a ter demonstrada sua
Fls. 42
viabilidade através de documentação que comprove que os
custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que os
coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução
do objeto do contrato, condições estas necessariamente
especificadas no ato convocatório da licitação.

Portanto, é de causar temos e estranheza o fato de um


consórcio composto por empresa investigada em vários escândalos de corrupção formular proposta
de preço com gritante redução do valor estimado para a obra pelo órgão empreendedor.

Ou houve superestimativa orçamentária, o que demonstra o


mal planejamento, atropelos e falta de organização do órgão licitante DAEE, ou o consórcio não
conseguirá cumprir o contratado, o que poderá implicar na redução de custos de construção com a
utilização de materiais, maquinários ou mão de obra mais baratas e portanto impróprios, colocando
em risco à segurança e qualidade do empreendimento.

14) DOS PEDIDOS.


Diante dos diversos e severos apontamentos anteriormente
relatados, baseados em diversos estudos acerca do empreendimento e ausência deles, REQUER A
INTERVENÇÃO DA ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, para o fim de REVOGAR A OUTORGA
CONCEDIDA PARA O EMPREENDIMENTO BARRAGEM DE PEDREIRA, até que todas as questões aqui
suscitadas sejam suficientemente esclarecidas e absolutamente comprovada a INEXISTÊNCIA DE
RISCO À POPULAÇÃO DE PEDREIRA, ALÉM DA NECESSIDADE DA OBRA E SUA EFICÁCIA.

Requer ainda que essa Agência Nacional de Águas comunique


os presentes fatos à outros órgãos do Governo Federal responsáveis por atuar no presente caso,
sobretudo ao Ministério Público Federal, considerando que o Rio Jaguari onde a barragem será
construída se trata de um Rio Federal.

Termos em que,

Pedem Deferimento.

Pedreira, 26 de junho de 2019.

CARINA GALVÃO FREITAS CÁSSIO SCABORA

PASCHOAL APARECIDO LONER RAFAEL GUSTAVO NORIS

RICARDO FERRARETO

Fls. 43

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