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Ricardo T. Neder
OBSERVATÓRIO DO MOVIMENTO PELA TECNOLOGIA SOCIAL NA AMÉRICA LATINA
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA UNB
Ricardo T. Neder
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Sumário
O Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na 38 5 . O QUE PENSA O MOVIMENTO PELA TS?
América Latina é um programa de pesquisa, docência e 43 6. OPORTUNIDADES
extensão afeto a linha de pesquisa Ciência, Tecnologia e
Inovação para Sustentabilidade do Centro de 43 6.1. FOMENTO AO REGIME INTERDISCIPLINAR
Desenvolvimento Sustentável da UnB.
44 6.2. O FOMENTO AO REGIME UTILITARISTA E O
Página: http://professores.cds.unb.br/omts/pub/? MTS
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Diante destes ambientes que políticas de extensionismo, ciência e 1. PROPRIEDADE INTELECTUAL E INOVAÇÃO
tecnologia lhes são apropriadas? O campo deste estudo aborda
precisamente os obstáculos e as oportunidades para a fomento a
este ambiente institucional e político adequado para o pleno
desenvolvimento das potencialidades contidas na política brasileira
A relação entre Propriedade Intelectual e Inovação é controvertida,
para a inovação & tecnologia social (ITS) diante dos direitos de
sendo possível sintetizar as posições sobre o tema em duas correntes.
propriedade intelectual (DPI) e seu contexto na política científica,
A primeira, baseada na economia da inovação de origem
tecnológica e de inovações brasileira.
neoclássica no pensamento econômico, considera que o
reconhecimento dos direitos de propriedade intelectual e a
Tal como consta na lei 10.973, 2/12/2004 chamada de Lei da
ampliação progressiva dos níveis de proteção é fundamental. Seu
Inovação, o País conta hoje com inúmeros incentivos à inovação e à
foco é dirigido para a criação de um ambiente institucional que
pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. Grandes
favoreça a inovação e a ampliação do comércio de bens e serviços.
aportes de recursos dos fundos setoriais de Ciência e Tecnologia,
além dos orçamentários da União podem ser transferidos mediante
Esta visão supõe que o fundamento básico do sistema de patentes é
convênios adequados e sob chamadas.
a necessidade de assegurar proteção ao regime de
apropriabilidade de renda gerada pelo conhecimento1. Trata,
Este estudo visa precisamente avaliar as condições necessárias para
segundo seus praticantes, de mecanismos para um suposto
que estes recursos destinados às políticas de inovação empresarial
fortalecimento da proteção legal à propriedade intelectual como
possam ser igualmente viabilizados para ambientes de políticas
oportunidade para países e empresas alcançarem um padrão
públicas de desenvolvimento e inclusão social por meio de uma
mínimo de proteção. Este padrão induziria à criação de um
regulamentação adequada da política de CT&I para inovações
ambiente institucional propício para a inovação. E, por
sociais.
conseqüência, haveria também a transferência de tecnologia em
particular entre países desenvolvidos e países em
desenvolvimento2. Esta proteção é justificada, nesta abordagem, por
três argumentos:
a possibilidade de recuperar os investimentos realizados em P&D; o mercado é instância social e economicamente eficiente a partir
do momento que existe um sistema sólido de direitos de propriedade.
Trata-se de um incentivo – baseia-se na idéia de que os direitos de
Por um lado, os direitos de propriedade permitem converter os
propriedade intelectual possibilitam a mobilização de recursos
ativos em capital e gerar assim as rendas correspondentes para os
para outras inovações.
detentores desses direitos4.
As patentes possibilitariam a “expansão do conhecimento público
De acordo com a lógica da primeira vertente, a fragilidade de um
sobre tecnologia”, já que, através delas, o inventor é obrigado a
marco regulatório de propriedade intelectual prejudica diretamente
disponibilizar e divulgar nas bases de patentes o conhecimento sobre
a produção de inovação e os ganhos de produtividade, e, em última
a tecnologia. Para esta corrente, os mecanismos de garantia dos
análise, o desenvolvimento da economia. Adotada esta perspectiva,
direitos de propriedade intelectual assumem papel diferenciado, a
os direitos de propriedade intelectual são considerados elementos
partir da década de 1980. Desde este ponto até hoje houve uma
centrais na política de inovação.
aceleração no campo das relações de trabalho e mudanças técnicas
mediante cinco processos interligados:
A obtenção de certificados de proteção (patentes, por exemplo)
constituiria o principal objetivo a ser atingido e o principal referencial
a intensidade do desenvolvimento científico e tecnológico que de sucesso de uma estratégia de políticas de ciência, tecnologia &
caracteriza a sociedade contemporânea; inovação.
a redução do tempo requerido para o desenvolvimento tecnológico
e incorporação dos resultados no processo produtivo; A interdependência, contudo, entre a garantia de direitos de
a redução do ciclo de vida dos produtos no mercado; propriedade intelectual em padrões rígidos e a inovação não é
consenso, apesar da avalanche do marqueting e do debate sobre
a elevação dos custos de pesquisa e desenvolvimento e dos riscos
propriedade intelectual no mundo e da ampliação dos direitos de
implícitos na opção tecnológica; e
propriedade intelectual (DPI) após a adoção do Acordo sobre
a importância dos ativos intangíveis na economia contemporânea 3. Direitos de Propriedade Intelectual sobre o Comércio (ou TRIPS,
em inglês).
Para uma segunda corrente estes pressupostos descrevem
parcialmente, e de forma muito especialista ou enviesada, uma Em 1975, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
complexidade vivida pela sociedade diante da questão tecnológica Desenvolvimento - UNCTAD publicou um estudo concluindo que
e da reorganização do trabalho no conjunto da vida social e cultural. não é possível estabelecer empiricamente a contribuição do sistema
de patentes para os países em desenvolvimento. Se o sistema de
O conjunto de interações acima entre os agentes sociais e econômicos, patentes foi um dos fatores que garantiram o fluxo de inovações
portanto, mostra a ausência ou exclusão das análises acerca das tecnológicas nos países atualmente classificados como
aplicações e suas conseqüências das tecnologias no dia-a-dia da industrializados ou se a sua importância cresceu nesses países à
sociedade. Apresentam, em geral, as inovações exclusivamente medida que se tornaram líderes tecnológicos não é ponto conclusivo
como decorrência do cálculo econômico dos atores empresariais. na literatura econômica referente a esse tema5.
Essas análises (da primeira vertente) partem do pressuposto de que
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Diversos autores apontam que todos os estudos empíricos mostram Constroem assim barreiras à entrada eficazes e mantêm sua vantagem
que, de 1980 até hoje, não há correlação positiva entre a quantidade diferencial em relação às firmas excluídas da rede 7. Além disso,
de patentes registradas e o progresso técnico, este podendo ser avaliado efetiva difusão tecnológica, decorrente da publicação da patente,
a partir das despesas em Pesquisa & Desenvolvimento (P & D). seria possível apenas às empresas que estejam pesquisando inovações
similares (a simples informação sobre a inovação tecnológica está
Da mesma maneira, um aumento da taxa de crescimento do número disponível para as empresas concorrentes, em média, somente após
patentes registradas não corresponde um aumento da taxa de um ano, com ou sem a concessão da patente8).
crescimento das despesas em P & D.
Quanto aos outros argumentos (incentivo, retribuição e
Ao relativizar o papel supostamente central desempenhado pela recuperação), eles poderiam ser igualmente estimulados através de
propriedade intelectual no estímulo à inovação, Pereira (1995) mecanismos de desenvolvimento da política de inovação que não
explica que a capacidade de inovação das empresas é função do impliquem no estabelecimento de direitos monopólicos ou de
estoque acumulado de conhecimento, dos processos passados de exclusividade.
aprendizado e do próprio meio institucional na qual se inserem.
Apesar da importância deste debate para a política de inovação, a
Além disso, a própria dinâmica de competição e formas de apoio entrada em vigor do Tratado sobre Direitos de Propriedade
governamental através de créditos para pesquisa e desenvolvimento, Intelectual Relacionados ao Comércio, conduziu à obrigatoriedade
programas de compras governamentais ou outros mecanismos de de regulamentação de padrões rígidos de propriedade intelectual,
incentivo tem se mostrado, frequentemente, fator preponderante em todos os países membros da Organização Mundial do Comércio.
na determinação do progresso técnico6. Sua assinatura deixou ao Brasil, e outros países latinoamericanos,
pouca liberdade para manejar os instrumentos de propriedade
Neste contexto, padrões rígidos de propriedade intelectual poderiam intelectual de acordo com os interesses nacionais. Este marco
inclusive constituir obstáculos ao estabelecimento de políticas regulatório passou a influenciar de forma marcante a política nacional
nacionais de inovação. A ampliação dos direitos de propriedade de inovação, conforme expressa a Lei de Inovação brasileira.
intelectual, com a possibilidade de que sejam registrados fragmentos
de produtos ou processos completos, inviabiliza a replicação em Veremos a seguir, como este marco regulatório afeta as inovações e
outra(s) empresa(s) que não a proprietária do ativo. tecnologias sociais (ITS) e as políticas públicas a elas subjacentes, já
que não se pode aplicar propriedade intelectual e industrial a esta
Os DPIs podem ainda possibilitar o fortalecimento de estratégias de modalidade de inovação. Por conseqüência, embora as inovações
concentração do mercado. Firmas que não alcançaram determinada existam de fato, elas não são reconhecidas pelo marco regulatório.
massa crítica em termos de DPI não podem penetrar no mercado.
Na medida em que os processos tecnológicos que elas querem Diante disto, a incompatibilidade do marco regulatório vigente com
implementar contêm componentes protegidos, sua entrada é impedida. as especificidades de um ambiente de ITS é efetivamente um obstáculo
ao reconhecimento seu principal patrimônio cultural e político?
Essas firmas são o objeto de uma estratégia hold-up (ou bloqueio)
por parte das firmas que já atuam no mercado. Essas constituem São necessárias outras políticas de regulamentação do sistema
uma rede fechada dentro da qual elas trocam suas patentes. brasileiro de inovação?
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Vale lembrar que o Brasil foi um dos onze países que firmaram o
primeiro tratado internacional sobre propriedade industrial, a
Convenção de Paris, que entrou em vigor em 1884. Neste Tratado, a
proteção da propriedade industrial tem por objeto as patentes de
invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelos
industriais, as marcas de serviço, o nome comercial e as indicações
de procedência ou denominações de origem, bem como a repressão
da concorrência desleal.
conceder paridade de tratamento entre inovadores nacionais e Convenção de Paris até a década de 60: o Brasil foi o único que
estrangeiros 9. assinou o documento original, em 1884, a República Dominicana
aderiu em 1890, o México em 1903 e Cuba em 1904. Somente a
A Convenção foi concebida para facilitar o fluxo de tecnologia entre partir da década de 60, a maior parte dos países em desenvolvimento
as nações contratantes, criando requisitos comuns para a concessão aderiu o Acordo, passando a funcionar como bloco, e a defender
de patentes e garantindo tratamento nacional para estrangeiros10. posições de forma unitária. A Convenção conta atualmente com a
Os outros dois princípios estabelecidos pela Convenção de Paris são adesão de 171 países.
o “direito de prioridade”11 e o da “independência das patentes”, este
último implícito. O campo da propriedade intelectual referente aos direitos autorais
também foi regulamentado internacionalmente no final do século
Pelo direito de prioridade, ao inventor que deposita um pedido de XIX, com a promulgação da Convenção de Berna sobre direitos autorais.
patente em um dos países membros da Convenção, confere-se o
direito de prioridade nos depósitos realizados em qualquer dos Aplica-se o disposto na Convenção de Berna às obras literárias ou
outros países, por um prazo estabelecido na Convenção – atualmente artísticas, que, na definição da Convenção, compreendem todas as
estes prazos são de 12 meses para invenções e modelos de utilidade produções no domínio literário, científico, artístico, qualquer que
e de seis meses para os desenhos ou modelos industriais e para as seja a sua maneira ou forma de expressão13.
marcas de fábrica ou de comércio.
A independência das patentes foi reconhecida pela CUP, ao se admitir PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONVENÇÃO DE BERNA
que as decisões tomadas em um país quanto a um pedido não têm
qualquer influência na decisão sobre a patenteabilidade de outro
RECIPROCIDADE – as obras originárias de um estado-membro são
país, desde que respeitado o princípio do tratamento nacional.
protegidas em todos os outros; o tratamento nacional – a obra
estrangeira deve gozar do mesmo estatuto de proteção da obra
Outro aspecto importante da Convenção de Paris é a exploração
nacional; a proteção automática, de que decorre o fato de que a
local obrigatória, que autoriza os países membros a revogar o direito
proteção não é vinculada ao registro ou ao depósito de cópias. A
de exclusividade concedido pela patente em caso de não-exploração.
Convenção de Berna caracteriza-se também por estabelecer “padrões
mínimos” de proteção, obrigatórios a todos os países que dela façam
A Convenção de Paris sofreu seis revisões periódicas, a saber:
parte. Conforme explica José de Oliveira Ascensão, esta convenção
Bruxelas (1900), Washington (1911), Haia (1925), Londres (1934),
deu o tom às convenções internacionais nestes domínios, pois a sua
Lisboa (1958) e Estocolmo (1967). As diversas revisões da
estrutura fundamental foi seguida pelos instrumentos posteriores. A
Convenção de Paris caminham sempre no sentido de valorizar o
Convenção foi aditada 05 vezes, desde então: em 04/05/1896, em
reconhecimento extranacional dos direitos de propriedade
Paris; e em 20/03/1914 em Berna. Revisões: em 13/11/1908, em
industrial e restringir o alcance e a eficácia das demandas de
Berlim; em 02/06/1928, em Roma; em 26/06/1948, em Bruxelas;
fabricação local 12.
em 14/07/1967, em Estocolmo; e em 24/06/1971, em Paris.
Em 1967, as Partes da Convenção de Paris e a Convenção de Berna
Baseada nas legislações de propriedade intelectual dos países
realizam a chamada Revisão de Estocolmo, destinada a reorganizar e
europeus, poucos paises em desenvolvimento aderiram à
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unificar as estruturas administrativas das Convenções. De acordo O REVISIONISMO DO SISTEMA INTERNACIONAL DE PROPRIEDADE INTELECTUAL
com Gandelman, a agenda compreendia a criação de uma organização
internacional especializada e a inclusão de novas tecnologias nas regras
a) a propriedade intelectual constitui um bem público universal,
de proteção de propriedade intelectua14.
necessário para promover o desenvolvimento econômico e social da
humanidade, posição defendida pelos países em desenvolvimento e;
Em 1967, é criada a Organização Mundial de Propriedade Intelectual
b) a propriedade intelectual justamente por ser um bem privado,
– OMPI, com o mandato de fomentar a proteção da propriedade
necessita de proteção como qualquer outra propriedade (posição dos
intelectual mediante a cooperação dos Estados e em cooperação
países desenvolvidos) 16.
com outras organizações internacionais.
Melhor definição do termo “falta de exploração”, previsto no art. A partir do TRIPS foi possível ampliar o âmbito de aplicação dos
5(2) da Convenção, que prevê que Cada país da União terá a direitos de propriedade intelectual, com a obrigatoriedade de
faculdade de adotar medidas legislativas prevendo a concessão de estendê-los para formas de vida (plantas e animais) e obter um
licenças obrigatórias para prevenir os abusos que poderiam resultar conjunto de normas vinculantes, com a possibilidade, inclusive, do
do exercício do direito exclusivo conferido pela patente, como, por estabelecimento de sanções comerciais por seu descumprimento.
exemplo, a falta de exploração. (Países em desenvolvimento se
encontram diante da mera importação que não pode ser O Acordo abrange todas as categorias de propriedade intelectual
considerada como exploração do produto). em um só instrumento, regulamentando o direito do autor e os
direitos conexos, as marcas, as indicações geográficas, os desenhos
Penalidades mais fortes para a não-utilização efetiva das patentes industriais, as patentes, as topografias de circuitos integrados, a
com a possibilidade de concessão de licença compulsória exclusiva, proteção de informação confidencial e o controle de práticas de
concedendo-se um direito exclusivo ao licenciado (assim, impedindo concorrência desleal em Contratos de Licenças.
que o titular da patente estrangeira exercesse o controle sobre a
tecnologia em território nacional, no caso de licença compulsória). Mais que buscar uniformizar as legislações internas de propriedade
intelectual, o TRIPS tem como objetivo estabelecer um padrão
mínimo de proteção, obrigatório aos países membros da OMC com
As Conferências Diplomáticas da Convenção que ocorreram neste disposições capazes de provocar aplicação de penalidades pelo seu
período (1980-1984) fracassaram e as discussões sobre Propriedade descumprimento. O sistema de propriedade intelectual passa a ser
Intelectual ganharam espaço em outro espaço internacional de aplicada sobre toda a gama de processos de inovação, sem exceções.
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A Lei de Proteção à propriedade intelectual das topografias de circuitos integrados público antes da data de depósito do pedido de patente, por
(11.484 de 2007): Dispõe sobre os incentivos às indústrias de descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil
equipamentos para TV Digital e de componentes eletrônicos ou no exterior. Portanto, para que se conceda uma patente, o produto
semicondutores e sobre a proteção à propriedade intelectual das não poderá ter sido divulgado ou deixado acessível ao público.
topografias de circuitos integrados.
A atividade inventiva é caracterizada sempre que, para um técnico
no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da
Veremos, brevemente, cada um a seguir: técnica. Em relação ao modelo de utilidade, considera-se dotado de
ato inventivo sempre que não decorra de maneira comum ou vulgar
do estado da técnica.
3.1 Propriedade Industrial (9.279/97)
A lei não considera invenção nem modelo de utilidade a mera
A lei de propriedade industrial regula os direitos e obrigações referentes descoberta, teorias científicas e métodos matemáticos, concepções
à propriedade industrial, estabelecendo que a proteção à propriedade puramente abstratas, esquemas, planos, princípios ou métodos
se efetua mediante os seguintes mecanismos: concessão de patentes comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de
de invenção e de modelo de utilidade; concessão de registro de sorteio e de fiscalização.
desenho industrial; concessão de registro de marca; repressão às falsas
indicações geográficas e repressão à concorrência desleal. Não são patenteáveis as obras literárias e artísticas e os programas
de computador, pois são aplicados mecanismos próprios de
Tanto as patentes como os registros de desenhos industriais e propriedade intelectual.
marcas são concedidos pelo Instituto Nacional de Propriedade
Intelectual (INPI). É vedado o patenteamento de técnicas e métodos operatórios ou
cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para
aplicação no corpo humano ou animal; e do todo ou parte de seres
3.2 Concessão de patentes vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou
ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de
De acordo com a lei, é patenteável toda a invenção que atenda aos qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.
requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.
São também patenteáveis os “modelos de utilidade”, considerados A lei excluiu da possibilidade de patenteamento o que for contrário
como todo objeto de uso prático suscetível de aplicação industrial à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
que apresente nova forma ou disposição, que envolva ato inventivo as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de
que resulte em melhoria funcional em seu uso ou em sua fabricação. qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades
físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou
Depreende-se que são requisitos para o patenteamento: a novidade, modificação, quando resultantes de transformação do núcleo
atividade inventiva e aplicação industrial. A invenção e o modelo de atômico; e o todo ou parte dos seres vivos.
utilidade são considerados novos quando não compreendidos no
estado da técnica, constituído por tudo aquilo tornado acessível ao Em relação aos seres vivos, a lei permite o patenteamento dos
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microorganismos transgênicos, desde que atendam aos requisitos A lei proíbe o registro do desenho industrial contrário à moral e aos
de patenteabilidade. Definiu-se como microorganismos transgênicos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas, ou
os organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, atente contra a liberdade de consciência, crença, culto religioso ou
que expressem, mediante intervenção humana direta em sua idéia e sentimentos dignos de respeito e veneração.
composição genética, uma característica normalmente não
alcançável pela espécie em condições naturais. O registro vigora pelo prazo de 10 anos, prorrogável por três períodos
sucessivos de 05 anos cada.
A patente23 confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem
o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou
importar o produto objeto de patente e o produto ou processo obtido 3.4 Registros de Marcas
diretamente por processo patenteado. Também se assegura ao titular
o direito de impedir que terceiros contribuam para que outros Podem ser registrados como marcas os sinais distintivos
pratiquem tais atos. visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.
A lei distingue 03 espécies de marca: marca de produto ou serviço –
A exploração por terceiro ocorrerá por meio do “contrato de licença a usada para distinguir o produto ou serviço de outro semelhante ou
para exploração”, que deverá ser averbado no INPI. A patente de afim, de origem diversa; marca de certificação – utilizada para atestar
invenção vigora pelo prazo máximo de 20 anos e mínimo de 10. A a conformidade de um produto com especificações técnicas
patente de modelo de utilidade vigora pelo prazo de máximo de 15 determinadas – e marca coletiva – criada para identificar produtos
anos e mínimo de 07. ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade.
O registro do desenho industrial confere ao registrante a propriedade 3.5 Lei dos Direitos Autorais – 9.610/98
sobre ele e o direito de exploração exclusiva.
A lei dos direitos autorais estabelece mecanismos de propriedade
São requisitos da concessão do registro, portanto, a novidade intelectual aplicáveis às obras intelectuais, definidas como criações
(quando não compreendido no estado da técnica), a originalidade do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer
(quando dele resulte uma configuração visual distintiva em relação suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no
a objetos anteriores) e a aplicação industrial. futuro.
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A regulamentação menciona expressamente como objeto de direitos morais do autor, cabe ao estado zelar pela integridade de
proteção os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; as sua obra. (Não constituem ofensas aos direitos autorais a citação de
conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica,
obras dramáticas e dramático-musicais24. com a indicação do nome do autor e da origem da obra e a utilização
de obras protegidas com o fito de produção de prova judiciária ou
Como veremos, os programas de computador são objeto de administrativa).
legislação específica, observadas as disposições sobre Direito Autoral
que lhes sejam aplicáveis.
3.6 Lei de Proteção aos Programas de Computador – Lei 9.609/98
A proteção aos direitos do autor independe de registro, mas é
facultado ao Autor registrar sua obra na Biblioteca Nacional, na A lei define programa de computador como
Escola de Música, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, no Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho a expressão de um conjunto organizado de instruções
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, sendo os serviços em linguagem natural ou codificada, contida em
de registros prestados mediante retribuição. suporte físico de qualquer natureza, de emprego
necessário em máquinas automáticas de tratamento da
O direito autoral constitui-se de direitos patrimoniais e morais. Ao informação, dispositivos, instrumentos ou equipa-
autor cabe o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra mentos periféricos, baseados em técnica digital ou
literária, artística ou científica. Assim, dependem de autorização análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins
determinado.
prévia e expressa a utilização de sua obra por quaisquer modalidades,
incluindo a reprodução, edição, tradução, adaptação e distribuição.
Tais direitos perduram por toda a vida do autor. A propriedade intelectual dos programas de computador é
considerada espécie dos direitos autorais, por isso, dispõe a lei que
Os direitos patrimoniais sobre a obra permanecem ainda que o autor o regime de proteção à propriedade intelectual de programa de
venda a obra de arte ou manuscrito ou os direitos patrimoniais sobre computador é o conferido às obras literárias pela legislação de
a obra intelectual: caso o comprador os venda novamente, o autor direitos autorais e conexos vigentes no País.
tem direito irrenunciável e inalienável de participar na mais valia
que a eles advierem em benefício do comprador. Esta participação Os Programas de Computador são protegidos pelo direito autoral e,
será de 20% sobre o aumento de preço obtido em cada alienação, como tal, o registro é opcional, sendo meramente declaratório. Sua
considerando a imediatamente anterior. validade é internacional, assim, os programas registrados no INPI
não precisam ser registrados nos demais países, desde que estes
São direitos morais, a faculdade de reivindicar a qualquer tempo a concedam, aos estrangeiros, direitos equivalentes. Da mesma forma,
autoria da obra; o de ter o nome, pseudônimo ou sinal convencional os programas de estrangeiros não precisam ser registrados no Brasil,
indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização da obra25. salvo nos casos de cessão de direitos, para garantia das partes
envolvidas.
Os direitos morais perduram por 70 anos, contados do dia 01 de
janeiro subseqüente ao falecimento do autor. Após a extinção dos Não se aplicam, todavia, aos programas de computador os direitos
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morais, próprios dos direitos autorais sobre outras criações, salvo reprodução (sementes) ou de multiplicação vegetativa da planta
o direito do autor de reivindicar a autoria do programa e de se opor inteira (mudas) e garantem ao titular o direito à reprodução
às modificações não autorizadas, quando estas impliquem comercial no território brasileiro. Fica vedado a terceiros, sem
deformação, mutilação do programa de computador, que alterem autorização, a produção com fins comerciais, o oferecimento à venda
sua honra ou reputação. ou a comercialização, do material de propagação do cultivar, sem
autorização do titular.
A tutela dos direitos relativos a programas de computador independe
de registro e é assegurada pelo prazo de cinqüenta anos, contados a Tais direitos vigoram pelo prazo de 15 anos, e no caso de videiras,
partir de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de sua publicação. árvores frutíferas, árvores florestais e árvores ornamentais, o
período de aplicabilidade dos direitos de propriedade intelectual é
O direito de exclusividade na exploração comercial abrange o direito de 18 anos.
de proibir ou autorizar o aluguel comercial, não sendo este direito
exaurível pela venda, licença ou outra forma de transferência da A lei define o “certificado de proteção de cultivar” como a única
venda do programa. forma de proteção de cultivares e de direito que poderá obstar a
livre utilização de plantas ou de suas partes de reprodução ou de
O uso de programa de computador por terceiro, deverá ser objeto multiplicação vegetativa no país.
de contrato de licença. Na hipótese de ausência deste contrato, o
documento fiscal referente à aquisição ou licenciamento de cópia Os requisitos para a concessão do certificado são: a) distinguibilidade
servirá de comprovação para a regularidade de seu uso. (o cultivar deve se distinguir claramente de outra cuja existência na
data do pedido de proteção seja reconhecida); b) homogênea
O registro de programas de computador, se realizado, é efetivado (utilizada em plantio, em escala comercial, deve apresentar
mediante solicitação ao Instituto Nacional de Propriedade variabilidade mínima quanto aos descritores que a identifiquem) e
Intelectual – INPI. c) estável (reproduzida em escala comercial, mantenha a sua
homogeneidade através de gerações sucessivas). Cumpridos estes
requisitos, o novo cultivar ou e também cultivar essencialmente
3.7 Lei de Proteção aos Cultivares – Lei 9.456/97 derivado, de qualquer gênero ou espécie vegetal podem ser objeto
de proteção.
A Lei de Proteção de Cultivares 26 regulamentou a propriedade
intelectual no que se refere à matéria viva vegetal, especificamente, O Certificado de Proteção é deferido pelo Serviço Nacional de
sementes e mudas. Proteção de Cultivares, vinculado ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, a quem cabe também manter o Cadastro
Com a edição da Lei de Proteção aos Cultivares, o Brasil adequou-se Nacional de Cultivares Protegidos.
ao Acordo sobre Propriedade Intelectual da OMC, estabelecendo
um regime de propriedade intelectual às obtenções vegetais.
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UMA CONQUISTA DO PRINCÍPIO DE DOMÍNIO COMUM de Semicondutores (PADIS), destinado a apoiar pessoas jurídicas
que realizem investimentos em pesquisa e desenvolvimento de
dispositivos eletrônicos semicondutores classificados nas posições
Importante mencionar que a lei de proteção aos cultivares reconheceu
85.41 e 85.42 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM),
o que se denomina “Direitos dos Agricultores”, estabelecendo que não
mostradores de informação (displays).
fere os direitos de propriedade intelectual do titular – excluindo a
cultura de cana-de-açúcar - aquele que:
Esta lei, além de prever mecanismos de incentivo a empresas que
investem em P&D, estabeleceu um regime de propriedade intelectual
1. Reserva e planta sementes para uso próprio, em seu estabelecimento
às topográficas de circuitos integrados – definidos um produto, em
ou em estabelecimento de terceiros cuja posse detenha;
forma final ou intermediária, com elementos dos quais pelo menos
um seja ativo e com algumas ou todas as interconexões integralmente
2. Usa ou vende como alimento ou matéria-prima o produto obtido do
formadas sobre uma peça de material ou em seu interior e cuja
seu plantio, exceto para fins reprodutivos;
finalidade seja desempenhar uma função eletrônica.
3. Utiliza o cultivar como fonte de variação no melhoramento genético
ou na pesquisa científica;
O reconhecimento dos direitos de propriedade intelectual será
aplicado à topografia que seja original e poderá ser exercido por 10
anos, contados da data do depósito ou da 1ª exploração. O registro
A Lei prevê a possibilidade de licenciamento compulsório para de topografia de circuito integrado confere ao seu titular o direito
utilização cultivar, por ato da autoridade competente, a exclusivo de explorá-la, sendo vedado a terceiros reproduzi-las no
requerimento de qualquer interessado. Neste caso, deverá ser todo ou em parte, inclusive integrá-la a um circuito integrado;
assegurada a disponibilidade do cultivar no mercado a preços importar, vender ou distribuir topografias protegidas ou produtos
razoáveis, a regular distribuição do cultivar e a remuneração que incorporem um circuito integrado no qual esteja incorporada
razoável do titular. Por ato do Poder Público (declaração do Ministro uma topografia protegida.
da Agricultura) o cultivar poderá ser declarado de uso público
restrito, neste caso, poderá ser explorado diretamente pela União De forma semelhante aos desenhos industriais e às patentes, a
ou por terceiros por ela designados sem autorização do titular, que, utilização dos circuitos integrados protegidos se dá pelo
todavia, será remunerado e notificado. licenciamento da tecnologia.
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5. Contribuir para a interação entre as esferas do saber acadêmico e São especificadas as seguintes ações a cargo do MCT: planejar e
do saber popular e desenvolver estudos e ações visando à promoção, potencialização e
fortalecimento das tecnologias sociais; - elaborar e implementar
6. Disponibilizar políticas adequadas de promoção e fomento das programas, planos e projetos de Tecnologia Social; regulamentar e
tecnologias sociais mediante a criação de infra-estruturas fiscalizar os serviços, linhas de ação e programas da Política de
necessárias, assim como de instrumentos de crédito e de formação Tecnologia Social; estabelecer diretrizes e definir áreas prioritárias
e capacitação de recursos humanos. de ação voltadas para a inclusão social e para a melhoria da qualidade
de vida, visando ao aperfeiçoamento das atividades de tecnologia
social e de seus resultados; estabelecer formas de cooperação com
Quanto à participação democrática, propõe-se que as organizações os estados e municípios e também, com a comunidade internacional,
da sociedade civil, produtoras de tecnologias sociais, assim como para o planejamento, execução e operação de ações relacionadas às
representantes das comunidades tradicionais, terão assento nos tecnologias sociais.
seguintes órgãos: Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia;
Conselho Deliberativo do CNPq; Comitês Assessores do CNPq; Comitê No âmbito do MCT, caberá à Secretaria de Ciência e Tecnologia para
Multidisciplinar de Articulação do CNPq; Conselho do Fundo a inclusão social coordenar a gestão da Política Nacional de
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; Comitês Tecnologia Social.
Gestores dos Fundos Setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia e
demais conselhos e órgãos gestores das agências de fomento à pesquisa. Na proposta, definem-se como instrumentos da política de
tecnologias sociais: a extensão universitária, a responsabilidade
O PL estabelece que poderão acessar recursos dos fundos de ciência, social das empresas, os convênios para desenvolvimento de
tecnologia e inovação, destinado à tecnologias sociais, os seguintes tecnologias sociais e os sistemas de monitoramento, cadastros
atores: a) as associações civis; b) pessoas ou entidades técnico de atividades e bancos de dados. Também são definidos como
representativas de populações tradicionais, c) comunidades locais instrumentos da Política Nacional de Tecnologias Sociais: o Conselho
de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, caiçaras, extrativistas, Nacional de Tecnologia Social; o Programa de Tecnologia Social –
pescadores, agricultores familiares e catadores; d) pessoas ou PROTECSOL; os programas transversais elaborados em parceria com
entidades representativas de assentados e reassentados nos os órgãos públicos correspondentes; os Fundos de Ciência,
Programas de Reforma Agrária; e) instituições de ensino superior e Tecnologia e Inovação; o Fórum Nacional de Tecnologia Social; o
tecnológico; e) poderes públicos; f) empresas; g) sindicatos e centrais CBRTS – Centro Brasileiro de Referência em Tecnologia Social; e a
sindicais; h) cooperativas; e i) movimentos populares. Rede de Tecnologia Social.
No Capítulo 02, são definidas as competências e instrumentos da O projeto de lei cria o Programa de Tecnologia Social, com a
Política Nacional de Tecnologias Sociais. finalidade prioritária de inserção de pessoas em situação de exclusão
nas atividades de tecnologia sociais.
Ao Ministério da Ciência e Tecnologia cabe mobilizar e coordenar
ações, recursos humanos, financeiros, materiais, técnicos e Menciona-se que os atores sociais que forem beneficiados com
científicos e promover a participação da população. recursos financeiros ou incentivos, deverão, em contrapartida,
executar “ações de tecnologia social”.
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5. O QUE PENSA O MOVIMENTO PELA TS? No caso de inovação sociotécnica, a reaplicação (alcançar escala) é
decorrência do engajamento social de movimentos sociais e
entidades para assegurar o resultado. Trata-se de um conjunto de
sujeitos sociais em busca de tecnologia.
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O MOVIMENTO PELA INOVAÇÃO & TECNOLOGIA SOCIAL d) Agentes Sociais e Gestores da Economia Solidária
a) Pesquisadores e Docentes nas Universidades Trata-se do núcleo de entidades ligadas à inovação social do fórum
nacional de economia solidária, com entidades civis e governamentais
Este núcleo é politécnico (várias especialidades) cujos protagonistas, entrelaçadas na construção do movimento pela economia solidária
em geral, tomam a tecnologia social como resultado da C&T no Brasil, a fim de gerar um sistema de crédito próprio. Seu impacto
tradicional, especialmente entendida como ciência pública a fim de tem-se dado por meio de práticas entre as cooperativas populares.
gerar inovação para a sociedade, sob demanda em regime
interdisciplinar, entre as várias faculdades e institutos, capaz de
articular as ciências humanas-naturais-e-engenharias em torno do Assim entendido, o movimento pela tecnologia social (ou MTS) é
modo de extensão e inovação (como explicado adiante, este modo não um movimento pela renovação da política científica, tecnológica e
se confunde com o modo 2 da ciência comercial ou tecnociência); de inovação brasileira que tem como um dos seus componentes certa
produção de tecnologia social – aspecto aliás, que o relaciona com a
cultura de fomento à inovação em ambientes empresariais28.
b) Gestores de Programas Sociais
Estes e outros temas colocam dois problemas para a futura dimensão
Este núcleo é gerido pelas entidades civis e empresas públicas em sociotécnica e educacional preconizada pelas necessidades de
torno da Fundação Banco do Brasil. A ele está coligada uma dezena de apropriação (como o sujeito social se converte em pesquisador?) e
entidades que são mobilizadas pelo Prêmio Tecnologia Social. Este de reaplicação (como estas inovações adquirem escala?). Diante
forma uma rede virtual com projetos locais e com iniciativas de destas necessidades há duas formas de gestão dos projetos de
governos territoriais e entidades civis. Abrange centenas de projetos tecnologia social. A primeira reconhece o fato de que há diferenças
demonstrativos. Tal núcleo apóia a regulamentação de produtos e para o tratamento da inovação social, e inovação empresarial.
serviços gerados pelos agentes sociais: marca de origem, conformidade
sanitária e industrial de tecnologia social; A literatura gerencial, em geral, coloca como benéfico para a
inovação empresarial a chamada inovação incremental – como tudo
c) Agentes Extensionistas e Multiplicadores aquilo que é saber-fazer que está ausente do conhecimento científico-
tecnológico, porque é gerado pelos trabalhadores(as) na sua prática
Este núcleo é formado pelo fórum de entidades da rede de entidades cotidiana.
civis pró-tecnologia social. Trata-se de uma rede de entidades civis
que pretende assumir uma identidade de fórum nacional em defesa Esta visão (da inovação incremental) subestima e, num limite da
dos investimentos de C&T e inovação social, sob bases sociotécnicas gestão do tipo gerencial ou vertical, nega a importância da inovação
com resultados gerados pelas instâncias a e b (acima). O movimento sociotécnica na matriz da tecnologia social. O excesso de
em sua expressão como Rede de Tecnologia Social postula uma planejamento e controle, o aumento do aparato burocrático e um
metodologia de trabalho com os atores-sujeitos sociais das experiências sistema de avaliações de resultados sem incorporação das redes
capaz de convertê-los em geradores de conhecimento 27; sociais tendem a barrar o avanço das experiências autogestionárias
e cooperativadas de tecnologia social.
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A superação desta barreira depende do desenvolvimento de Há, no Brasil, crescente rivalidade entre os modos 1 (ciência básica)
procedimentos, protocolos, fomento e incentivos às dimensões e 2 (tecnociência) para definir o futuro regime utilitarista da
interdisciplinares ausentes ou suprimidas. O novo marco regulatório pesquisa e do desenvolvimento. O modo 2 vem impondo ora
para a inovação social deve premiar a interdisciplinaridade que conflito, ora cooptação, ora, ainda, formas de posicionamento dos
promove o saber popular e empodera o sujeito social como produtor pesquisadores científicos diante da reforma da gestão universitária.
de conhecimentos, e o remunera como extensionista, pesquisador- O futuro depende, contudo, da ciência básica na graduação e da
produtor, ou mesmo como pesquisador de carreira (seu perfil é o pós-graduação.
das novas gerações de povos que podem ser lideranças indigenistas,
e de povos tradicionais). O significado disto para o Movimento pela Tecnologia Social (MTS) é
levar seus protagonistas a ter que abrir espaço para destacar
publicamente as vantagens dos investimentos públicos na tecnologia
6.2. O Fomento ao Regime Utilitarista e o MTS social, já que esta é a mesma lógica do Estado voltada para inovação
empresarial.
O chamado modo 2 de fazer ciência em oposição ao modo tradicional
de fazer ciência básica31 apresenta algumas evidências empíricas que Em outras palavras, o MTS necessita ser tomado como um ambiente
questionam o argumento da extrema contextualização do campo próprio para inovações em ciência básica33. O regime utilitarista de
científico. mercado adequado a esta perspectiva tem um viés, como qualquer
princípio de utilidade: encara a ciência como inteligência coletiva
Será que as fronteiras da ciência, hoje, estariam se contraindo a ponto destinada a aumentar a vida decente por meio do incremento da
de correr o risco de serem extintas pela ciência comercial produtora empregabilidade entre jovens e adultos excluídos do mercado formal
de tecnologias para empresas e corporações? de trabalho.
Parece óbvia a transformação das interações entre a academia e a Isto se aplica desde os movimentos de agricultura orgânica nos
empresa. Mas elas se expressam pela articulação entre dois regimes assentamentos rurais, a agricultura familiar agroecológica, a
que tradicionalmente operavam sob lógicas distintas. O disciplinar urbanização e o saneamento ambiental nas favelas, o acesso a
tinha autonomia e neutralidade científicas segundo áreas projetos integrados vizinhança-escola pública, até a
especialistas. descentralização dos sistemas de transportes nos grandes centros
urbanos.
De outro lado, contudo, o regime comercial e utilitarista adota a
pesquisa e desenvolvimento multidisciplinar das equipes. No Brasil, Renovação das redes de técnicos de assistência e extensão rural
o regime utilitarista do modo 2 tem assumido claramente o papel de para difundir soluções típicas da tecnologia social na
ciência comercial (evidenciado pelo caso dos transgênicos e outras agrossilvicultura, agroecologia, economia solidária em territórios
tecnologias, como as atômicas 3 2 ), que opera de maneira específicos, baseadas fortemente em inovações sociais (caso do
multidisciplinar. programa de 1 milhão de cisternas).
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6.3. O Fomento ao Regime Regulatório das Normas Técnicas para o MTS 6.4. O Fomento ao Regime de Mobilidades das Redes Sociotécnicas
O regime regulatório estrutura as normas técnicas, os dispositivos O regime de trânsito ou mobilidade dos pesquisadores em novos
de controle de acesso aos ambientes inovadores (selos social, ambientes de inovação – urbano, rural, ambientalista,
ambiental, sustentável e outros), além dos regulamentos sanitários sustentabilista – dos pesquisadores científico-tecnológicos no Brasil
e de saúde humana. A questão da certificação para as experiências depende do tripé ensino, extensão e pesquisa nas universidades
do MTS nos leva a revisões sobre as experiências passadas do brasileiras, assim como da rede de ensino fundamental.
movimento da tecnologia apropriada (TA).
A rede de escolas de ensino fundamental é capaz de fornecer os
O movimento entendia a TA mais como produto, menos como contingentes sociais para a tradução das experiências sociotécnicas
processo e, de acordo com uma visão claramente normativa, não no binômio apropriabilidade-reaplicabilidade36 e sua multiplicação
conseguia explicitar como este deveria ser organizado 34 Hoje o em redes sociais na sociedade.
processo é o ambiente de inovação social35.
O ensino rompe uma circularidade viciosa: especialistas e
Hoje, produto e processo se tornaram inseparáveis – no caso da pesquisadores científicos não se interessam por TS, porque não há
economia solidária - como inovação social, que permite o jogo programas e projetos governamentais de fomento para tal tipo de
complementar entre sua apropriabilidade pelos atores sociais e a adequação sociotécnica, diante do fomento à inovação
sua reaplicabilidade pelas redes sociais em torno de uma TS. implementado pelo setor empresarial hegemônico.
A apropriabilidade está associada ao ato de incorporação da A empregabilidade dos jovens para trabalharem com extensionistas
inovação pelo sujeito social, da qual ele se considera criador coletivo, nos ambientes de inovação – urbano, rural, ambientalista,
reaplicabilidade, ao contrário, é o processo desenvolvido entre os sustentabilista – é um aspecto chave da tradução. Se os técnicos
mediadores e extensionistas e o sujeito social. sociais, nas fábricas e nas cooperativas do campo e das cidades criam
o hábito nestes campos de atuação, eles(as) poderão atuar entre o
O ato de uma TS ter sido apropriada pelos atores sociais num lugar e pesquisador e o sujeito social das incubadoras e empresas
transferida para outros territórios com demanda social semelhante autogestoras.
é um processo. Hoje este processo está ligado ao próprio futuro da
economia solidária. Isto pode gerar uma produção de sentido empírico e prático
articulado teórico-metodologicamente com valores culturais e
O futuro da economia solidária e o do MTS estão interligados em locais. Esta articulação, em si, é um passo importante para a tradução
vários aspectos. Um destes é que ambos os campos têm interesse que inclua saberes científicos gerados na universidade associados
em definir certificações participativas para um regime regulatório aos do conhecimento de senso comum.
capaz de assegurar as condições legítimas de reaplicabilidade da TS.
Em ambos os casos, condições legítimas querem dizer: a certificação Outra dimensão-chave é o financiamento das redes técnicas, por
diz respeito aos processos autogestionários em cooperativas, meio dos mecanismos de compensação (bolsas de fomento)
associações de produtores e redes de economia solidária. destinados à transferência de benefícios do sistema de fomento de
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C&T das inovações sociais premiando aquelas que gerem mais postos Assim, essa troca cria um processo de incubação, que foi proposto
de trabalho no sistema público-comunitário de inovação social no como o mais importante instrumento de inserção de universidades
âmbito das atividades econômicas relacionadas com matérias- brasileiras no objetivo de gerar trabalho e renda entre grupos
primas, energia e infra-estruturas37. populares, por meio de políticas sociais e de C&T. Foram apoiadas seis
ITCPs. O movimento de adesão ao projeto de cooperativas populares
A geração e a difusão de experiências passam pelo engajamento das cresceu e surgiram mais nove incubadoras universitárias.
comunidades cientificas especialista diante das demandas sociais
por TS. Para ilustrarmos a importância desta mobilidade, é preciso As ITCPs, cada vez mais, têm se fortalecido com base no movimento
rever, a partir de 1998, alguns antecedentes do MTS e o papel dos convergente em torno da economia solidária e demais iniciativas da
pesquisadores. Neste ultimo sentido, há um ambiente de inovação Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho
já avançado que é o Programa Nacional de Incubadoras de e do Emprego. Em 2001, a Fundação do BB criou o programa Banco
Cooperativas (PRONINC). O convênio para a criação do Programa de Tecnologias Sociais. O prêmio Tecnologia Social até sua edição
tinha por base as experiências-piloto (ITCP/COPPE) realizadas na bienal de 2004 certificou 223 TS, e premiou 28. Nota-se que parcela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o apoio da significativa de TS se concentra em educação, geração de renda e
Finep e da Fundação Banco do Brasil, além do COEP. Em 1998, foi saúde, meio ambiente e água. Estes projetos não têm uma base de
lançado oficialmente o PRONINC com o objetivo de desenvolver a difusão sociotécnica específica ou reaplicada.
metodologia de incubação de cooperativas populares.
RTS e a Tecnologia Social
Foram escolhidas as primeiras universidades a serem apoiadas,
levando-se em conta uma diversidade regional e institucional que
A Rede de Tecnologia Social (RTS), pelo seu caráter em rede e pelo
permitisse melhor observar as possíveis variantes de
marco analítico-conceitual próprio – que inclui o conceito de
desenvolvimentos metodológicos em diferentes universidades a
tecnologia social como saber-fazer social – é uma iniciativa de
Federal do Ceará, a Federal Rural de Pernambuco, a Estadual da
engajamento no contexto da ciência e da tecnologia única nas
Bahia, a Federal de Juiz de Fora e a de São Paulo (USP) 38.
Américas.
O Significado do PRONINC para o Movimento pela Tecnologia Social Para analisar esse contexto em sua dimensão acadêmica, Dagnino et
al. (2004) 39 discutem o desenvolvimento histórico da noção de
O Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas (PRONINC) tecnologia social. Para esses autores, o marco analítico-conceitual da
tem por objetivo apoiar e desenvolver as experiências de Incubadoras TS foi construído mediante contribuições de natureza bastante
Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCP) realizadas por diversa, até que fosse originado o conceito de TS adotado pela RTS.
universidades brasileiras, articulando multidisciplinarmente áreas Esse processo teve início na Índia do final do século XIX, com o
de conhecimento de universidades e grupos populares interessados movimento da Tecnologia Apropriada (TA).
em gerar trabalho e renda, para construção de cooperativas populares
e empresas de autogestão nas quais os trabalhadores tenham o controle Gandhi, vale lembrar, em seu movimento de construção de programas
coletivo de todo o processo de produção, desde a atividade fim até a de popularização da fiação manual, foi responsável pela primeira TA
gestão do empreendimento. – a Charkha, uma roca de fiar considerada uma forma de lutar contra
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literatura científica, ou mesmo em publicações de grande alcance, das grandes empresas privadas multinacionais, de uma técnica
como grandes jornais, por exemplo. Para que essas inovações que demandou gasto de dinheiro público. Nesta ótica ao permitir
possam gerar benefícios sociais, no entanto, seria necessário que a apropriação privada gratuita de algo que gerou custos aos cofres
houvesse mecanismos eficientes de divulgação das técnicas, para públicos, o pesquisador estaria falhando em sua função de
que elas se tornem efetivamente acessíveis para os possíveis funcionário público.
beneficiários.
Se for um conhecimento protegido o valor recebido das grandes
2. O segundo caso possível é o das tecnologias baratas, porém, não empresas interessadas na tecnologia poderia ser usado no
facilmente implementáveis, por se tratar de técnicas não robustas desenvolvimento de novas tecnologias sociais. Não haveria
que funcionam em menos de 80% dos casos e, por isso, de interesse justificativa para permitir (ao se omitir de patentear) que uma
para a grande indústria. Nesse caso, haveria necessidade de patente, empresa privada com grande lucratividade se beneficiasse
para garantir que haverá interesse em se investir na tecnologia e, gratuitamente da patente, uma vez que, pela lei de patentes, é
ao mesmo tempo, garantir retorno financeiro para a instituição possível permitir a licença gratuita, por exemplo, para movimentos
que desenvolveu a técnica e que ela poderá ser utilizada por sociais, pequenos agricultores etc, e exigir pagamento para o uso
usuários sem fins comerciais, como pequenos agricultores e por parte de grandes empresas.
movimentos sociais, por exemplo.
4. Finalmente, o quarto caso possível descrito por Galembeck é o de
Os usuários que se beneficiam da técnica, mas não irão vendê-la tecnologias que geram benefícios sociais, mas que necessitam de
devem ter garantia de uso no licenciamento da patente. grande aporte de capital. Nesse caso, seria inevitável a patente,
pois não seria possível existir benefício social, sem apropriação
3. Já o terceiro caso descrito é o de tecnologias facilmente por uma grande empresa, pela necessidade de grande
implementáveis, com técnicas robustas, baratas, mas com investimento.
interesse para a grande indústria. Neste caso haveria necessidade
de patente. No entanto, nesse último caso, a tecnologia descrita não atende
aos requisitos para ser considerada como tecnologias sociais, uma
Tal pode ser o caso de uma aplicação tecnocientífica baseada em vez que não atendem a demandas diretas de interesse social, não
nanotecnologia dos compósitos de borracha. Essa técnica, que são desenvolvidas junto e com participação dos demandantes,
consiste na simples adição de um mineral que pode ser encontrado sendo os beneficiários diretos empresas privadas.
na natureza ao látex, é facilmente reproduzida pelos seringueiros,
que eventualmente teriam benefícios técnicos ao agregar valor ao Essas tecnologias podem ser consideradas convencionais, mas que,
seu produto. por gerarem algum tipo de benefício social (geração de emprego,
por exemplo) podem ser consideradas “benéficas”, do ponto de
Muitas empresas que usam o látex, entre elas grandes vista social.
multinacionais que fabricam pneus, também irão se interessar pelo
produto. Nesse caso não seria interessante, portanto, deixar a Os pesquisadores concordam com que há necessidade de políticas
técnica sem patente, pois iria permitir a apropriação, por parte públicas que estimulem o ambiente de inovação para as demandas
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O fato de que a indústria de biotecnologia – constituída, em sua para autorizar todas as atividades de pesquisa, bioprospecção e
maioria por empresas transnacionais – apoiar sua estratégia de desenvolvimento, vinculadas aos recursos genéticos e aos
desenvolvimento em padrões rígidos de propriedade intelectual conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade no Brasil.
gerou um debate intenso, no âmbito nacional e internacional, acerca
da regulamentação do acesso ao conhecimento tradicional associado Um dos aspectos centrais desta regulamentação é o direito das
à biodiversidade e à repartição dos benefícios derivados do comunidades e povos tradicionais de consentir, ou não, o acesso
desenvolvimento de produtos associados à biodiversidade. aos seus conhecimentos e práticas. O consentimento prévio
informado é requisito prévio à autorização de acesso aos
No âmbito internacional, destacam-se as negociações que levaram conhecimentos tradicionais associados e aos recursos genéticos.
à promulgação da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). A Além disso, a Medida Provisória prevê a garantia da repartição de
CDB reconheceu a importância do Conhecimento Tradicional benefícios advindos do uso dos conhecimentos tradicionais.
associado à Biodiversidade, e estabeleceu em seu art. 8 (j) que os
países-membro da Convenção deverão: A legislação não especifica a forma concreta da “repartição de
benefícios”, ponto que tem suscitado controvérsias entre
Em conformidade com sua legislação nacional, comunidades, empresas e pesquisadores, inclusive ocasionando
respeitar, preservar e manter o conhecimento, litígios judiciais.
inovações e práticas das comunidades locais e
populações indígenas com estilo de vida tradicionais A questão adquire maior gravidade ante ao fato de que os produtos
relevantes à conservação e à utilização sustentável da
biotecnológicos obtidos com a utilização do conhecimento
diversidade biológica e incentivar sua mais ampla
tradicional associado possuem, através dos Direitos de Propriedade
aplicação com a aprovação e a participação dos
detentores desse conhecimento, inovações e práticas; Intelectual, uma proteção legal monopolista e incompatível com os
e encorajar a repartição equitativa dos benefícios conhecimentos tradicionais, que se caracterizam por serem gerados,
oriundos da utilização desse conhecimento, inovações produzidos e transmitidos de forma coletiva, a partir de informações
e práticas. transmitidas oralmente entre gerações.
O art. 18 (4) da Convenção estabeleceu que os países devem, em Para diversos autores, os conhecimentos tradicionais assumem a
conformidade com sua legislação e suas políticas nacionais, elaborar característica de “direito intelectual coletivo” e demanda a
e estimular modalidades de cooperação para o desenvolvimento e construção de um regime sui generis de proteção, diferenciado do
utilização de tecnologias, inclusive tecnologias indígenas e sistema patentário e baseado no reconhecimento e fortalecimento
tradicionais, para alcançar os objetivos de uso sustentável dos das normas internas das comunidades, do respeito aos sistemas
recursos genéticos. próprios e peculiares de representação, do livre intercâmbio de
informações.
A legislação brasileira que regulamenta o Acesso aos Recursos
Genéticos é a Medida Provisória 2.816-16/2001. Esta Medida
Provisória criou o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético
(CGEN), com atribuições deliberativas e normativas e competência
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9.1 LEGISLAÇÃO SOBRE ACESSO A RECURSOS GENÉTICOS genético para fins de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico
ou bioprospecção.
NO BRASIL50
As comunidades que criaram, desenvolveram e detêm o
Quando o Brasil assinou a Convenção sobre Diversidade Biológica
conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético têm o
(CDB), comprometeu-se a regulamentar o acesso aos recursos
direito de impedir terceiros de utilizar, realizar testes, pesquisa ou
genéticos e criar um mecanismo de repartição de benefícios advindos
explorar este conhecimento e também de impedir a divulgação,
do desenvolvimento de produtos obtidos, através do acesso ao
transmissão de dados ou informações que constituem estes
conhecimento tradicional associado à biodiversidade. Desde 2001,
conhecimentos.
uma Medida Provisória (nº 2186-16) regulamenta este tema no Brasil.
agrobiodiversidade; acompanhar registros de comercialização de Na proposta de lei, os direitos dos agricultores são aqueles decorrentes
produtos comerciais oriundos de acesso ao recurso genético ou aos de todo conhecimento, inovação ou prática, individual ou coletiva,
seus derivados, provenientes da agrobiodiversidade. associado às propriedades, usos e características da diversidade
biológica, que, em sistema de agricultura tradicional, contribua para a
Outra novidade é a definição de agrobiodiversidade. Pelo Projeto de conservação ou o desenvolvimento de variedade, raça ou linhagem
Lei, agrobiodiversidade é o conjunto dos componentes da crioula relevante à alimentação ou agricultura.
biodiversidade relevantes para alimentação ou agricultura e que
constituem os agro ecossistemas; a variedade e a variabilidade de O projeto de lei não esclarece o conteúdo destes direitos, mas estabelece
animais, plantas e microorganismos, nos níveis genéticos, incluindo a obrigatoriedade do poder público adotar medidas para “promover
os recursos genéticos de espécies animais, vegetais, fúngicas e estes direitos”, através: da proteção do conhecimento tradicional
microbianas, domesticadas ou cultivadas, e espécies da silvicultura relevante à alimentação e agricultura; do direito de participar de
e aqüicultura que sejam parte integral de sistemas a agrícolas; as forma eqüitativa na repartição dos benefícios derivados da utilização
variedades crioulas e os parentes silvestres de espécies cultivadas ou dos recursos genéticos provenientes da agrobiodiversidade e do direito
domesticadas, bem como os componentes da biodiversidade agrícola de participar na tomada de decisões sobre assuntos relacionados à
que provêem serviços ambientais que mantêm funções chaves do conservação e ao uso sustentável dos recursos genéticos provenientes
agroecossistemas, sua estrutura e processos. da agrobiodiversidade
Também se define “agrobiodiversidade nativa” como parte da Os “direitos dos agricultores” também asseguram ao titular: os direitos
agrobiodiversidade cujo centro de origem, diversificação ou de morais sobre o conhecimento tradicional associado relevante à
domesticação compreenda área geográfica localizada no território agricultura e à alimentação ou a variedade, raça ou linhagem crioula
nacional. desenvolvida, sendo inalienáveis, impenhoráveis e irrenunciáveis,
e assegurados por prazo indeterminado; e os direitos patrimoniais
Pela proposta do Governo, criam-se normas diferentes para o acesso à sobre o conhecimento tradicional associado relevante à agricultura e
agrobiodiversidade ou ao conhecimento tradicional a ela associado. à alimentação ou a variedade, raça ou linhagem crioula
Estas normas são mais flexíveis do que as normas para o acesso a desenvolvida, sendo impenhoráveis e irrenunciáveis, e assegurados
outros recursos genéticos: basta cadastrar a atividade no Cadastro enquanto subsistirem as características que permitiram a tais
Nacional da Agrobiodiversidade e informar a forma de repartição de conhecimentos serem identificados como de agricultores tradicionais,
benefícios. No caso de acesso a outros recursos genéticos, o órgão dentro dos contextos culturais em que foram gerados.
Executivo do Conselho de Gestão dos Recursos Genéticos deverá Por: Maria Rita Reis.
conceder uma licença. Disponível em: http://www.terradedireitos.org.br/wp-content/
uploads/2008/07/jogo-da-privatizacao-da-biodiversidade.pdf
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excelsa) durante um determinado período de tempo, afastar ou inibir estabilização e conservação. Ao látex pré-vulcanizado são
a atividade de picar de mosquitos e outros insetos hematófogos como, acrescentadas fibras vegetais curtas e corantes vegetais, formando
por exemplo, Culicídeos dos gêneros Anopheles, Aedes, Culex e diversas composições, que serão utilizadas para fabricar um leque de
Simulideos (piuns ou borrachudos) e com isso reduzir a transmissão produtos prontos para o mercado. As composições geradas não são
de doenças endêmicas, tais como a malária, dengue, febre amarela, coaguladas, nem prensadas ou calandradas, nem secam em estufas,
filariose e outras que vêm crescendo nos últimos tempos. O dispositivo ao contrário dos processos industriais. Recuperando técnicas indígenas
da presente invenção pode estar na forma de uma vela, insenso, ancestrais, a mistura é desidratada pela evaporação, em temperatura
defumador, lamparina, placa aquecida ou semelhante. ambiente. Utilizando moldes artesanais de madeira, MDF, alumínio
reciclado, unidades produtivas instaladas em comunidades indígenas
e de seringueiros produzem toalhas de mesa, jogos americanos, suporte
para mouse, suporte para panela, porta-treco, porta-chave, tapetes,
9.5 ENCAUCHADOS E NANOCOMPÓSITOS DE BORRACHA – luminárias, pinturas em látex, a mão, em camisetas com grafismos
O POTENCIAL DE FORMAÇÃO DE UMA REDE SOCIOTÉCNICA da cultura local, entre outros. Já o os nanocompósitos de borracha
são formados a partir de uma técnica que consiste na simples adição
No Forum Social Mundial, em Belém, foi iniciada a construção de uma de um mineral que pode ser encontrado na natureza ao látex, sendo
rede inovadora entre comunidades extrativistas, técnicos e facilmente reproduzida pelos seringueiros, que terão grandes
pesquisadores. As discussões iniciais para a formação da rede ocorreram benefícios ao agregar valor ao seu produto.
em uma das oficinas do Fórum, onde havia representantes da Fundação Escrito a partir de: http://www.conhecimentoeinovacao.com.br/
Djalma Batista, associada ao Instituto Nacional de Pesquisa da materia.php?id=214. Acesso em 2 de abril de 2009.
Amazônia, INPA, da Rede Nanotecnologia, Sociedade e Ambiente, da
RTS, de universidades e convidados de movimentos sociais da
Amazônia. Duas iniciativas diferentes foram integradas durante a
oficina, a dos encauchados e dos nanocompósitos de borracha. 9.6 A SEGUNDA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO
A tecnologia social conhecida como encauchados é um excelente Em evento realizado em maio de 2002, na Câmara dos Deputados, foi
exemplo de demanda social pela inovação tecnológica e pesquisa debatido o tema Tecnologias Sociais a partir do workshop “Propriedade
científica na química. Implantada em aldeias indígenas e Reservas Intelectual – Patente Social”. O objetivo do evento é intensificar a
Extrativistas, a técnica consiste na pré-vulcanização artesanal do qualificação da participação da Rede de Tecnologia Social (RTS) e
látex nativo e na adição de substratos naturais, formando um suas instituições para a construção de um marco legal sobre TS e
composto homogêneo que pode ser utilizado na fabricação de bolsas, patente social.No evento, ocorreram esclarecimentos sobre conceitos
produtos artesanais e outros objetos. Com mais renda, a tecnologia relacionados (propriedade intelectual: direitos autorais, propriedade
social melhora a auto-estima das populações locais, que resgatam o industrial e patentes); relatos de experiências, mostrando alguns casos
sentimento de respeito pela floresta. Um dos pontos-chave da tecnologia de avanços, obstáculos e desafios;e algumas das oportunidades de ação.
dos encauchados de vegetais da Amazônia é a pré-vulcanização do – estruturação dos trabalhos da RTS e próximos passos Foi criado o
látex nativo. O processo é feito a partir do aquecimento do produto, GT Marco Regulatório - Patente Social no âmbito da RTS. No mesmo
de forma controlada, com a adição de água de cinzas, agentes mês, a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática
vulcanizantes e substâncias naturais que permitem a sua
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da Câmara promoveu uma audiência pública sobre “Tecnologias produzidos pela Embrapa, o manejo de pragas e doenças, a fertilização
Sociais como estratégia de desenvolvimento”, de iniciativa do e a aplicação de técnicas de colheita são algumas das formas de
deputado federal Guilherme Menezes (PT/BA), com o apoio da RTS. atuação dos pesquisadores. “Existem dois caminhos para o agricultor
ter o processamento da fruta: o apoio da Fundação Banco do Brasil e
da Embrapa Amparo às Pequenas Agroindústrias da Castanha; ou o
programa com financiamento do Banco do Brasil e Banco do Nordeste,
9.7 PROJETO DA EMBRAPA INTEGRA PEQUENAS para os grandes produtores”, comenta Férrer. A castanha do caju é
PROPRIEDADES AO AGRONEGÓCIO um dos principais produtos, mas também são comercializados suco
de caju, doces cristalizados e ração animal. Para que os agricultores
A Plataforma Tecnológica do Caju, projeto com apoio do CNPQ e a produzam alimentos seguros, de modo a garantir a qualidade para o
participação de pesquisadores de seis estados nordestinos, visa consumidor final, o programa está ligado ao projeto chamado Produção
divulgar tecnologias que aumentam a produtividade de cajueiros da Integrada de Frutos. Trabalhando com 24 espécies, como, por
região do semi-árido. Segundo Francisco Férrer, chefe-geral da exemplo, melão, caju, uva, manga, banana e coco, o projeto visa
Embrapa Agroindústria Tropical, que coordena o programa, “este é introduzir os agricultores envolvidos no Programa de Alimento
um projeto que beneficia a comunidade dos pequenos agricultores, já Seguro, coordenado do pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
que atua em propriedades com área entre cinco e 20 hectares, inserindo Empresas (Sebrae), e conta com a participação de várias instituições
a agricultura familiar no agronegócio”. A idéia é com o desenvolvimento de pesquisa, ensino e produtores.
do projeto empregar mais pessoas no campo, na região. Fonte: Revista ComCiência/;Por: Alessandro Piolli
Disponível em: http://www.comciencia.br/noticias/2003/15ago03/
Nesse sentido, foi encaminhada uma proposta ao Ministério da caju.htm. Acesso em: 3 de março de 2009.
Agricultura para a implantação, em quatro anos, de 100 mil hectares
de cajueiro anão precoce, desenvolvido pela Embrapa.
São 13 pesquisadores e vinte bolsistas que estão transferindo a
tecnologia para as secretarias de agricultura dos seis estados
participantes: Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e
Pernambuco. Férrer afirmou à ComCiência que, caso a proposta seja
aprovada, “serão gerados cerca de 55 mil empregos no campo e 19
mil no processamento industrial, totalizando 74 mil empregos
diretos”. Segundo ele, hoje temos 700 mil hectares produzindo caju,
o que representa, aproximadamente, 150 mil empregos diretos e 20
mil na indústria. A maior parte da produção é destinada à exportação.
As secretarias de agricultura dos estados envolvidos, o Ministério da
Agricultura e o Ministério da Ciência e Tecnologia estão analisando
formas de apoio ao projeto. A Plataforma prevê a implementação de
melhorias em todos os segmentos da produção, com técnicas de plantio,
colheita e processamento do caju. O uso de mudas enxertadas de clones
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2 1 . O Acordo Geral sobre Tarifas de Comércio era um acordo multilateral agroflorestal, descrita em publicação especializada disponível e
de caráter provisório, que, através de “rodadas de negociação” acessível ao público, bem como a linhagem componente de híbridos.
procurava estabelecer regras para o Comércio Internacional.
2 7 . A RTS tem uma estrutura de governança composta por: Fórum
2 2 . Segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual – OMPI Nacional da RTS e Comitê Coordenador da RTS. Essa estrutura é apoiada
define-se propriedade intelectual como “soma dos direitos relativos às pela Secretaria Executiva da RTS. O Fórum Nacional da RTS é um
obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas evento bienal, de caráter consultivo e propositivo, do qual participam
intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e todas as instituições que integram a Rede. Sua principal atribuição é a
às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da elaboração de propostas para atuação da RTS, a serem encaminhadas
atividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos ao Comitê Coordenador com vistas à sua operacionalização. As
industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como associadas da Rede estão nas cinco regiões brasileiras, distribuídas da
às firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a seguinte forma: Norte: 60, Nordeste: 170, Centro-Oeste: 80, Sudeste:
concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade 200 e Sul: 70.
intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico”.
2 8 . Ambientes das tecnologias com inovações estritamente empresariais
2 3 . Patente, de acordo Maria Helena Diniz é “o título correspondente a tem a preocupação semelhante, o processo de produção, organização
invenção, de modelo de utilidade, que assegura ao seu autor a sua de equipes, resolução de conflitos, priorização e seleção de projetos,
propriedade e o seu uso exclusivo por determinado espaço de tempo”. melhoria da interação com atores do sistema de CT&I. Nota-se em
diversos autores, que o tema da inovação social ou sociotécnica possui
2 4 . A esta lista acrescenta-se: as obras coreográficas e pantomímicas, cuja componentes culturais e está entrelaçado na literatura mais ampla
execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma; de cunho gerencial, econômico e da política governamental na gestão
composições musicais, tenham ou não letra; as obras audiovisuais, de projetos de PD&I
inclusive as cinematográficas; as obras fotográficas e as produzidas
por qualquer processo análogo ao da fotografia; as obras de desenho, ANDRADE, T. Aspectos sociais e tecnológicos das atividades de inovação.
pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética; as ilustrações, São Paulo: Lua Nova, 66:139-66, 2006. Idem. O problema da
cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; os projetos, experimentação na inovação tecnológica. Revista Brasileira de
esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, Inovação, Rio de Janeiro, 6 (2), p.311-29, jul./dez. 2007.
topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; as
adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, BARBIERI, J. C. et al. A emergência da tecnologia social: revisitando o
apresentadas como criação intelectual nova; os programas de movimento da tecnologia apropriada como estratégia de
computador; as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro/São Paulo: revista RAP,
dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, 2007.
organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação DAGNINO, R. (org.). Um panorama dos estudos sobre ciência,
intelectual. tecnologia e sociedade na América Latina. Tabubaté: Cabral/
2 5 . Constam ainda como direitos morais do autor o de conservar a obra Liv.Universitária, 2002.
inédita; o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer DAGNINO, R. & DIAS, R. A Política de C&T Brasileira: três alternativas
modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam de explicação e orientação. Revista Brasileira de Inovação, Rio de
prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; o de Janeiro, 6 (2), p.373-403, jul./dez. 2007.
modificar a obra, antes ou depois de utilizada; o de retirar de circulação
a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, 29.STIEGLER apud ANDRADE. op. cit. pág.156.
quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação 30.LACEY, 2006, 2007, FEENBERG, 2007, 1999, LATOUR, 1992, 2000.
e imagem; o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se
encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de preservar 3 1 .O chamado modo 2 de fazer ciência é a aplicação tecnológica de um
sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a sistema, objeto ou processo que mobiliza conhecimento científico na
seu detentor. universidade para seus aperfeiçoamentos. Também chamado de
tecnocientífico, é responsável por grande parte dos investimentos
2 6 . Define-se cultivar como: a variedade de qualquer gênero ou espécie privados (empresariais e corporativos) nos países desenvolvidos. Veja
vegetal superior que seja claramente distinguível de outros cultivares GIBBONS, M. et al. The new production of knowledge: the dynam-
conhecidas por margem mínima de descritores, por sua denominação ics of science and research in contemporary societies. London: Sage,
própria, que seja homogênea e estável quanto aos descritores através 1994.
de gerações sucessivas e seja de espécie passível de uso pelo complexo
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32.ANTOS, L. G. Quando o conhecimento tecnocientífico se torna predação 42.FEENBERG, A. Para uma teoria crítica da tecnologia. Disponível
high-tech: recursos genéticos e conhecimento tradicional no Brasil. In em: http://www.sfu.ca/~andrewf/ Acesso em: 20 de out. de 2007.
Santos, B. S. (org.) Semear outras soluções: os caminhos da
biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro: Civilização 43.MARCUSE, H. Tecnologia, guerra e fascismo. São Paulo: Unesp.
Brasileira, 2005, p.125-62. 1999.
ETC GROUP. Tecnologia atômica: a nova frente das multinacionais. 44.DAGNINO, R. et al. (2004) Op. cit. p. 31.
São Paulo: Expressão Popular, 2004 45.Ibidem. p. 33)
NEDER, R. T. Orçamento das universidades e a agenda de CT&I em 46.DAGNINO, R & GOMES, E. Sistema de inovação Social para prefeituras.
São Paulo: qual saída? ADUSP. São Paulo, 6: 66-70, jan. 2006. In: Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia para a Inovação.
Disponível em: http://www.adusp.org.br/revista/36/r36a08.pdf Anais...São Paulo, 2000.
33.DAGNINO, R. Ciência e tecnologia para a ‘cidadania’ ou Adequação 47.DAGNINO, R. et al. (2004) Op. cit. p. 34.
Sociotécnica com o Povo? Campinas. UNICAMP: Departamento de 4 8 . Renato Dagnino é professor titular do Departamento de Política
Política Científica e Tecnológica; Grupo de Análise de Políticas de Científica e Tecnológica do instituto de Geociências da Unicamp.
Inovação. Unicamp. 2008 (datilo)
4 9 . Esses tipos hipotéticos de situações foram propostos por Fernando
DAGNINO, R. & DIAS, R. Op. cit. Galembeck, professor titular do Instituto de Química da Universidade
34.DAGNINO, R. et al. Tecnologia social: uma estratégia para o Estadual de Campinas, em entrevista para a elaboração desta
desenvolvimento, Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004. publicação.
DAGNINO, R. (org.). (2002) Op. cit 50.REIS, Maria Rita (Coord.). O Jogo da Privatização da biodiversidade.
Curitiba: Terra de Direitos (Organização de Direitos Humanos), 2008.
35.ANDRADE, T. H. N. O problema da experimentação na inovação Disponível em: http://www.terradedireitos.org.br/wp-content/up-
tecnológica. Revista Brasileira de Inovação, v. 6, p. 311-329, 2007. loads/2008/07/jogo-da-privatizacao-da-biodiversidade.pdf. Acesso em:
8 de mar. De 2009.
36.THOMAS & KREIMER. “La apropriabilidad social del conocimiento
científico y tecnologico – una propuesta de abordaje teorico-
metodologica”. DAGNINO, R. (Org). (2002) Op. cit.
37.ETC GROUP. Op. cit.
MARTINS, P. (org). RENANOSOMA – nanotecnologia, sociedade e meio
ambiente. São Paulo: Xamã, 2006.
NAVARRO, M. B. M. A nova ordem das relações trabalhistas.
Brasília: Humanidades. 53: 69-83 jun 2007.
38.DAGNINO, R. et al. (2004) Op. cit.
39.Ibidem.
40.Ibidem
41.IMONDON, G. A gênese do indivíduo. In A paixão das máquinas. In: O
reencantamento do concreto. Núcleo de Estudos da Subjetividade.
PUC/SP.
Hucitec/EDUC. Cadernos de Subjetividade. São Paulo 97-118, 2003.
ANDRADE, T. (2006) Op. cit.
Idem. O problema da experimentação na inovação tecnológica. Rio de
Janeiro: Revista Brasileira de Inovação, 6 (2), p.311-29, jul./dez.
2007.
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incisos I e II do caput deste artigo obedecerão às prioridades, critérios e Art. 8º É facultado à ICT prestar a instituições públicas ou privadas
requisitos aprovados e divulgados pelo órgão máximo da ICT, observadas serviços compatíveis com os objetivos desta Lei, nas atividades voltadas
as respectivas disponibilidades e assegurada a igualdade de oportunidades à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo.
às empresas e organizações interessadas.
§ 1º A prestação de serviços prevista no caput deste artigo dependerá de
Art. 5º Fica a União e as de suas entidades autorizada a participar aprovação pelo órgão ou autoridade máxima da ICT.
minoritariamente do capital de empresa privada de propósito específico
que vise ao desenvolvimento de projetos científicos ou tecnológicos para § 2º O servidor, o militar ou o empregado público envolvido na prestação
obtenção de produto ou processo inovadores. de serviço prevista no caput deste artigo poderá receber retribuição
Parágrafo único. A propriedade intelectual sobre os resultados obtidos pecuniária, diretamente da ICT ou de instituição de apoio com que esta
pertencerá às instituições detentoras do capital social, na proporção da tenha firmado acordo, sempre sob a forma de adicional variável e desde
respectiva participação. que custeado exclusivamente com recursos arrecadados no âmbito da
atividade contratada.
CAPÍTULO III
DO ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO DAS ICT NO PROCESSO DE § 3º O valor do adicional variável de que trata o § 2º deste artigo fica
INOVAÇÃO sujeito à incidência dos tributos e contribuições aplicáveis à espécie,
vedada a incorporação aos vencimentos, à remuneração ou aos
Art. 6º É facultado à ICT celebrar contratos de transferência de tecnologia proventos, bem como a referência como base de cálculo para qualquer
e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de benefício, adicional ou vantagem coletiva ou pessoal.
criação por ela desenvolvida.
§ 4º O adicional variável de que trata este artigo configura-se, para os
§ 1º A contratação com cláusula de exclusividade, para os fins de que fins do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, ganho eventual.
trata o caput deste artigo, deve ser precedida da publicação de edital.
Art. 9º É facultado à ICT celebrar acordos de parceria para realização de
§ 2º Quando não for concedida exclusividade ao receptor de tecnologia ou atividades conjuntas de pesquisa científica e tecnológica e
ao licenciado, os contratos previstos no caput deste artigo poderão ser desenvolvimento de tecnologia, produto ou processo, com instituições
firmados diretamente, para fins de exploração de criação que deles seja públicas e privadas.
objeto, na forma do regulamento.
§ 1º O servidor, o militar ou o empregado público da ICT envolvido na
§ 3º A empresa detentora do direito exclusivo de exploração de criação execução das atividades previstas no caput deste artigo poderá receber
protegida perderá automaticamente esse direito caso não comercialize a bolsa de estímulo à inovação diretamente de instituição de apoio ou
criação dentro do prazo e condições definidos no contrato, podendo a ICT agência de fomento.
proceder a novo licenciamento.
§ 2º As partes deverão prever, em contrato, a titularidade da propriedade
§ 4º O licenciamento para exploração de criação cujo objeto interesse à intelectual e a participação nos resultados da exploração das criações
defesa nacional deve observar o disposto no § 3o do art. 75 da Lei no resultantes da parceria, assegurando aos signatários o direito ao
9.279, de 14 de maio de 1996. licenciamento, observado o disposto nos §§ 4º e 5º do art. 6º desta Lei.
§ 5º A transferência de tecnologia e o licenciamento para exploração de § 3º A propriedade intelectual e a participação nos resultados referidas
criação reconhecida, em ato do Poder Executivo, como de relevante no § 2º deste artigo serão asseguradas, desde que previsto no contrato, na
interesse público, somente poderão ser efetuados a título não exclusivo. proporção equivalente ao montante do valor agregado do conhecimento
já existente no início da parceria e dos recursos humanos, financeiros e
Art. 7º A ICT poderá obter o direito de uso ou de exploração de criação materiais alocados pelas partes contratantes.
protegida.
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Art. 10. Os acordos e contratos firmados entre as ICT, as instituições de § 4º A participação referida no caput deste artigo será paga pela ICT em
apoio, agências de fomento e as entidades nacionais de direito privado prazo não superior a 1 (um) ano após a realização da receita que lhe
sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, cujo objeto seja servir de base.
compatível com a finalidade desta Lei, poderão prever recursos para
cobertura de despesas operacionais e administrativas incorridas na Art. 14. Para a execução do disposto nesta Lei, ao pesquisador público é
execução destes acordos e contratos, observados os critérios do facultado o afastamento para prestar colaboração a outra ICT, nos termos
regulamento. do inciso II do art. 93 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
observada a conveniência da ICT de origem.
Art. 11. A ICT poderá ceder seus direitos sobre a criação, mediante
manifestação expressa e motivada, a título não-oneroso, nos casos e § 1º As atividades desenvolvidas pelo pesquisador público, na instituição
condições definidos em regulamento, para que o respectivo criador os de destino, devem ser compatíveis com a natureza do cargo efetivo, cargo
exerça em seu próprio nome e sob sua inteira responsabilidade, nos termos militar ou emprego público por ele exercido na instituição de origem, na
da legislação pertinente. forma do regulamento.
Parágrafo único. A manifestação prevista no caput deste artigo deverá § 2º Durante o período de afastamento de que trata o caput deste artigo,
ser proferida pelo órgão ou autoridade máxima da instituição, ouvido o são assegurados ao pesquisador público o vencimento do cargo efetivo, o
núcleo de inovação tecnológica, no prazo fixado em regulamento. soldo do cargo militar ou o salário do emprego público da instituição de
origem, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas
Art. 12. É vedado a dirigente, ao criador ou a qualquer servidor, militar, em lei, bem como progressão funcional e os benefícios do plano de
empregado ou prestador de serviços de ICT divulgar, noticiar ou publicar seguridade social ao qual estiver vinculado.
qualquer aspecto de criações de cujo desenvolvimento tenha participado
diretamente ou tomado conhecimento por força de suas atividades, sem § 3º As gratificações específicas do exercício do magistério somente serão
antes obter expressa autorização da ICT. garantidas, na forma do § 2o deste artigo, caso o pesquisador público se
mantenha na atividade docente em instituição científica e tecnológica.
Art. 13. É assegurada ao criador participação mínima de 5% (cinco por
cento) e máxima de 1/3 (um terço) nos ganhos econômicos, auferidos § 4º No caso de pesquisador público em instituição militar, seu
pela ICT, resultantes de contratos de transferência de tecnologia e de afastamento estará condicionado à autorização do Comandante da Força
licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação à qual se subordine a instituição militar a que estiver vinculado.
protegida da qual tenha sido o inventor, obtentor ou autor, aplicando-se,
no que couber, o disposto no parágrafo único do art. 93 da Lei no 9.279, Art. 15. A critério da administração pública, na forma do regulamento,
de 1996. poderá ser concedida ao pesquisador público, desde que não esteja em
estágio probatório, licença sem remuneração para constituir empresa
§ 1º A participação de que trata o caput deste artigo poderá ser partilhada com a finalidade de desenvolver atividade empresarial relativa à
pela ICT entre os membros da equipe de pesquisa e desenvolvimento inovação.
tecnológico que tenham contribuído para a criação.
§ 1º A licença a que se refere o caput deste artigo dar-se-á pelo prazo de até
§ 2º Entende-se por ganhos econômicos toda forma de royalties, 3 (três) anos consecutivos, renovável por igual período.
remuneração ou quaisquer benefícios financeiros resultantes da
exploração direta ou por terceiros, deduzidas as despesas, encargos e § 2º Não se aplica ao pesquisador público que tenha constituído empresa
obrigações legais decorrentes da proteção da propriedade intelectual. na forma deste artigo, durante o período de vigência da licença, o disposto
no inciso X do art. 117 da Lei no 8.112, de 1990.
§ 3º A participação prevista no caput deste artigo obedecerá ao disposto
nos §§ 3º e 4º do art. 8º. § 3º Caso a ausência do servidor licenciado acarrete prejuízo às atividades
da ICT integrante da administração direta ou constituída na forma de
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autarquia ou fundação, poderá ser efetuada contratação temporária nos Parágrafo único. Os recursos financeiros de que trata o caput deste artigo,
termos da Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, independentemente percebidos pelas ICT, constituem receita própria e deverão ser aplicados,
de autorização específica. exclusivamente, em objetivos institucionais de pesquisa,
desenvolvimento e inovação.
Art. 16. A ICT deverá dispor de núcleo de inovação tecnológica, próprio
ou em associação com outras ICT, com a finalidade de gerir sua política CAPÍTULO IV
de inovação. DO ESTÍMULO À INOVAÇÃO NAS EMPRESAS
Parágrafo único. São competências mínimas do núcleo de inovação Art. 19. A União, as ICT e as agências de fomento promoverão e
tecnológica: incentivarão o desenvolvimento de produtos e processos inovadores em
empresas nacionais e nas entidades nacionais de direito privado sem fins
I -zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, mediante a concessão
das criações, licenciamento, inovação e outras formas de transferência de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infra-estrutura, a
de tecnologia; serem ajustados em convênios ou contratos específicos, destinados a apoiar
II - avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos atividades de pesquisa e desenvolvimento, para atender às prioridades
de pesquisa para o atendimento das disposições desta Lei; da política industrial e tecnológica nacional.
III - avaliar solicitação de inventor independente para adoção de invenção
na forma do art. 22; § 1º As prioridades da política industrial e tecnológica nacional de que
IV - opinar pela conveniência e promover a proteção das criações trata o caput deste artigo serão estabelecidas em regulamento.
desenvolvidas na instituição;
V - opinar quanto à conveniência de divulgação das criações desenvolvidas § 2º A concessão de recursos financeiros, sob a forma de subvenção
na instituição, passíveis de proteção intelectual; econômica, financiamento ou participação societária, visando ao
VI - acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos desenvolvimento de produtos ou processos inovadores, será precedida de
de propriedade intelectual da instituição. aprovação de projeto pelo órgão ou entidade concedente.
Art. 17. A ICT, por intermédio do Ministério ou órgão ao qual seja § 3º A concessão da subvenção econômica prevista no § 1º deste artigo
subordinada ou vinculada, manterá o Ministério da Ciência e Tecnologia implica, obrigatoriamente, a assunção de contrapartida pela empresa
informado quanto: beneficiária, na forma estabelecida nos instrumentos de ajuste específicos.
I -à política de propriedade intelectual da instituição;
II - às criações desenvolvidas no âmbito da instituição; § 4º O Poder Executivo regulamentará a subvenção econômica de que
III - às proteções requeridas e concedidas; e trata este artigo, assegurada a destinação de percentual mínimo dos
IV - aos contratos de licenciamento ou de transferência de tecnologia recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
firmados. - FNDCT.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo devem ser § 5º Os recursos de que trata o § 4º deste artigo serão objeto de
fornecidas de forma consolidada, em periodicidade anual, com vistas à programação orçamentária em categoria específica do FNDCT, não sendo
sua divulgação, ressalvadas as informações sigilosas. obrigatória sua aplicação na destinação setorial originária, sem prejuízo
da alocação de outros recursos do FNDCT destinados à subvenção
Art. 18. As ICT, na elaboração e execução dos seus orçamentos, adotarão econômica.
as medidas cabíveis para a administração e gestão da sua política de
inovação para permitir o recebimento de receitas e o pagamento de Art. 20. Os órgãos e entidades da administração pública, em matéria de
despesas decorrentes da aplicação do disposto nos arts. 4º, 6º, 8º e 9º, o interesse público, poderão contratar empresa, consórcio de empresas e
pagamento das despesas para a proteção da propriedade intelectual e os entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos voltadas para
pagamentos devidos aos criadores e eventuais colaboradores. atividades de pesquisa, de reconhecida capacitação tecnológica no setor,
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Art. 21. As agências de fomento deverão promover, por meio de Art. 24. A Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, passa a vigorar com
programas específicos, ações de estímulo à inovação nas micro e pequenas as seguintes alterações:
empresas, inclusive mediante extensão tecnológica realizada pelas ICT.
“Art. 2º .............................................................................................
CAPÍTULO V
DO ESTÍMULO AO INVENTOR INDEPENDENTE VII - admissão de professor, pesquisador e tecnólogo substitutos para suprir
a falta de professor, pesquisador ou tecnólogo ocupante de cargo efetivo,
Art. 22. Ao inventor independente que comprove depósito de pedido de decorrente de licença para exercer atividade empresarial relativa à
patente é facultado solicitar a adoção de sua criação por ICT, que decidirá inovação.
livremente quanto à conveniência e oportunidade da solicitação, visando ...................................................................” (NR)
à elaboração de projeto voltado a sua avaliação para futuro
desenvolvimento, incubação, utilização e industrialização pelo setor “Art. 4º .............................................................................................
produtivo.
IV - 3 (três) anos, nos casos dos incisos VI, alínea ‘h’, e VII do art. 2º;
§ 1º O núcleo de inovação tecnológica da ICT avaliará a invenção, a sua
afinidade com a respectiva área de atuação e o interesse no seu ..................................................................
desenvolvimento.
Parágrafo único. ..................................................................
§ 2º O núcleo informará ao inventor independente, no prazo máximo de
6 (seis) meses, a decisão quanto à adoção a que se refere o caput deste https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/
artigo. L10.973.htm
11/ 3/ 2005
§ 3º Adotada a invenção por uma ICT, o inventor independente
comprometer-se-á, mediante contrato, a compartilhar os ganhos L10973 Página 9 de 10
econômicos auferidos com a exploração industrial da invenção protegida.
..................................................................
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V - no caso do inciso VII do art. 2o, desde que o prazo total não exceda 6 Antonio Palocci Filho
(seis) anos.” (NR) Luiz Fernando Furlan
Art. 25. O art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a Eduardo Campos
vigorar acrescido do seguinte inciso: José Dirceu de Oliveira e Silva
Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. A Portaria MCT nº 943, de 08/12/2006, aprovou o formulário para que
as pessoas jurídicas beneficiárias dos incentivos fiscais previstos no
Brasília, 2 de dezembro de 2004; 183º da Independência e 116º da Capítulo III da Lei nº 11.196, de 2005, regulamentados pelo Decreto nº
República. 5.798, de 2006, prestem ao Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT as
informações anuais sobre os seus programas de pesquisa tecnológica e
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA desenvolvimento de inovação tecnológica.
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