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RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO
DE INCIDENTE
FPU P-53
(VAZAMENTO DE ÓLEO
COM TOQUE NA COSTA)
Comissão de investigação:
ANP/SSM – Superintendência de Segurança Operacional e Meio Ambiente
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Abril/2020
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RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTE – FPU P-53 (Vazamento de Óleo com Toque na Costa)
Diretor Geral
José Gutman
Diretores
Dirceu Amorelli
Felipe Kury
José Cesário Cecchi
Marcelo Castilho
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RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTE – FPU P-53 (Vazamento de Óleo com Toque na Costa)
Sumário
1. Sumário Executivo .............................................................................................................. 4
2. Introdução............................................................................................................................ 6
5. Hipóteses ........................................................................................................................... 13
5.5. Vazamento de emulsão oleosa através da corrente de tratamento de água produzida ...... 20
7. Sequência de eventos......................................................................................................... 31
9. Recomendações ................................................................................................................. 40
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RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTE – FPU P-53 (Vazamento de Óleo com Toque na Costa)
1. Sumário Executivo
O evento acidental descrito foi um vazamento de óleo que ocorreu na plataforma P-53, do tipo
Floating and Production Unit (FPU). A unidade é operada pela Petrobras no campo de Marlim Leste, a
120 km da costa. O evento teve como consequência a chegada de óleo na região dos Lagos, sem dano à
vida humana.
O distúrbio de processo que deu origem ao vazamento de óleo na instalação iniciou na tarde do
dia 24/03/2019. As imagens de radar de abertura sintética (SAR – Synthetic Aperture Radar) da mancha
de óleo obtidas por meio dos satélites da constelação COSMO-SkyMed, o qual faz vigilância na Área
Geográfica da Bacia de Campos, indicam provável início de vazamento ao mar na madrugada do dia
25/03/2019. As imagens da mancha de 11,5 x 1,5 km foram registradas nas datas de 25/03/2019 e
26/03/2019 e enviadas pela Petrobras ao IBAMA. Inicialmente, foi estimado um volume de 1,7 m3 de
óleo vazado ao mar, com base na visualização por sobrevoo e no método do Acordo de Bonn (Bonn
Agreement, 1999). Posteriormente, o balanço de massa de óleo da instalação resultou no volume vazado
de 122 m3.
Após a identificação de provável inconformidade operacional nos dados SAR obtidos a partir
dos satélites da constelação COSMO-SkyMed, a Coordenação de Apoio à Resposta (CAR) da Petrobras
envia quatro embarcações com radar em seis ocasiões. Porém, a mancha é visualizada quando a
embarcação é acompanhada por helicóptero, cerca de 30 horas após o primeiro registro. Em seguida,
inicia-se o trabalho de dispersão do óleo por hidrojateamento. Não houve recolhimento de óleo, embora
barreiras de contenção tenham sido lançadas no mar.
Em 27/03/2019, a Petrobras comunica à ANP um “avistamento de mancha de origem
indeterminada” nas proximidades da P-40 na Bacia de Campos. Na mesma data, a sala CAR obteve
resultado de modelagens indicando possibilidade de toque de óleo na costa. O resultado das primeiras
amostras analisadas pelo CENPES/Petrobras já apontava a origem do óleo para blend dos óleos de P-
53, o que em análise posterior veio a ser confirmado. No dia 29/03/2019, a equipe da Petrobras com
representante da Marinha do Brasil faz sobrevoo, a mancha não é avistada e a Petrobras encerra as ações
de resposta no mar. No entanto, nos dias 03/04/2019 e 04/04/2019, manchas de óleo foram identificadas
nas proximidades das praias de Arraial do Cabo, Búzios e Cabo Frio. As prefeituras iniciaram ações de
limpeza, sendo posteriormente apoiadas pela Petrobras. As ações de limpeza nas áreas da costa foram
encerradas em 11/04/2019.
No dia 03/05/2019, a Petrobras concluiu o seu relatório de investigação sobre o acidente. Para
a Petrobras, o evento acidental foi um descontrole de processo na plataforma P-53, relacionado à
integridade do medidor de interface água/óleo, ao procedimento de monitoramento da qualidade da água
descartada, à gestão da mudança do controle operacional de interface e à identificação de riscos.
Em 26/04/2019, foi constituída equipe de investigação liderada pela ANP e com participação
do IBAMA, com objetivo de elucidar as causas do acidente. A fim de coletar evidências e aprofundar o
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2. Introdução
O presente relatório apresenta os resultados da investigação conduzida por equipe da ANP com
apoio do IBAMA a respeito do evento acidental de vazamento de óleo da plataforma P-53 operada pela
Petróleo Brasileira SA (Petrobras) e consequente toque de óleo em praias dos municípios de Arraial do
Cabo, Búzios e Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Esta foi a primeira unidade de produção instalada no
campo de Marlim Leste, na Bacia de Campos.
A P-53 está ancorada em local onde a profundidade d´água é de 1.080 m e a 120 km da costa.
No dia 25/03/2019, foi identificada uma feição suspeita nas proximidades da região localizada entre as
plataformas P-53 e P-40, por meio de imagens de satélite. Esta imagem foi compartilhada com o IBAMA
devido à obrigação de fornecimento de imagens do satélite COSMO-SkyMed, estabelecida em Termo de
Compromisso1 entre Petrobras e IBAMA. No mesmo dia, a operadora enviou duas embarcações para
inspeção visual e por radar na área, porém não identificaram a presença de óleo ou feições e foram então
desmobilizadas.
No dia seguinte, uma mancha de óleo na Bacia de Campos foi avistada a cerca de 40 milhas da
costa, tendo dimensões aproximadas de 1,5 km por 11 km e volume estimado em 1,7 m³ de óleo. A
origem da mancha havia sido considerada desconhecida à época, até que fossem realizadas as análises
laboratoriais para identificação da procedência do óleo, embora as imagens de satélite referentes aos
dias 25 e 26/03 indicassem suspeita de a origem ser a instalação P-53, conforme a Figura 1.
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Termo de Compromisso celebrado entre IBAMA e Petrobras em 23/02/2018, celebrado como necessidade de
ajustes no gerenciamento da água produzida descartada.
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Relatório SCAT: Shoreline Cleanup and Assessment Technique
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3. Descrição da instalação
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4. Aspectos operacionais
Na época do acidente, era prática operacional em P-53 alinhar os poços que contribuem com
óleos de maior grau API (mais leves) ao trem A enquanto os poços de óleo mais pesado eram alinhados
ao trem B. A razão é a diminuição da eficiência do tratador eletrostático, um dos equipamentos de
separação no trem A, sendo este sistema detalhado mais adiante. Na Tabela 1 é possível verificar o
alinhamento dos poços no período do acidente.
Para melhor entendimento da planta responsável por processar o óleo bruto separando o gás
associado e a água, a Figura 3 apresenta um desenho esquemático do processo de P-53. O objetivo final
é a obtenção de um óleo com BSW – quociente entre vazão de água e sedimentos e a vazão total de
líquidos e sedimentos – menor do que 0,5.
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Uma informação relevante é que o controle automático de nível de interface no separador estava
em by-pass, ou seja, vinha ocorrendo manualmente pelos operadores na sala de controle com base nos
dados do sistema supervisório.
Em P-53, foi verificado que no sistema de água produzida havia diversos medidores de vazão
em linha fora de operação, conforme pode ser visto na Figura 5:
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A indisponibilidade dos medidores de vazão de água produzida implica que esta vazão vinha
sendo estimada, tomando como base as vazões de óleo recebidas dos poços, aplicando-se o percentual
de BSW observado no último teste dos poços.
Em P-53, o hidrociclone H referente ao trem B não se encontrava operacional. A água que deixa
a bateria de hidrociclones com baixo teor de óleos e graxas segue para o flotador, cuja função é o
polimento final de tratamento da água produzida para posterior descarte.
Em P-53, a corrente de água produzida de ambos os trens, após passar pelas baterias de
hidrociclones, conforme o arranjo mostrado na Figura 3, estava sendo direcionada integralmente ao
flotador B, devido ao fato de o flotador A estar fora de operação. Ressalta-se que os hidrociclones e o
flotador não têm capacidade de tratar uma corrente de água com concentração de óleo superior àquela
prevista em seus projetos, determinando as limitações operacionais. Concentrações de óleo elevadas
resultam em água produzida com teor de óleos e graxas (TOG) acima do valor máximo permitido.
5. Hipóteses
Os relatos obtidos a bordo de P-53 em abril de 2019 foram unânimes em afirmar que a equipe
de bordo não identificou evento que pudesse ter causado o vazamento de óleo, e consequentemente, a
mancha que originou o toque de óleo na costa. Os relatos também dão conta de que a mancha de óleo
originada em P-53 não foi observada pela equipe de bordo. Então, as hipóteses iniciais da origem do
óleo foram: (i) poços (produtor ou em campanha de perfuração) ou sistemas submarinos da P-53; (ii)
perda de contenção no topside; e (iii) duto de exportação que interliga a unidade P-53 a PRA-1.
Em maio de 2019, as informações coletadas e analisadas em ações no escritório da operadora e
no CENPES/Petrobras não permitiram confirmar nenhuma destas hipóteses. Nessa época, a comissão
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de investigação da operadora afirmou que algumas evidências confirmavam uma quarta hipótese: a de
que o óleo teria se originado do descontrole da planta de processo, embora outras a refutassem.
O processo de investigação deste acidente foi dificultado pelo fato de a causa imediata não ser
conhecida e não haver nenhum relato que permitisse identificá-la.
A equipe de investigação verificou cinco hipóteses para a origem do óleo expostas na Figura 6,
a saber:
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A avaliação das hipóteses é realizada a seguir, sendo expostos os fatos e evidências que reforçam
ou enfraquecem cada uma.
No período do incidente ocorreu uma anomalia operacional relacionada a poços. Houve falta de
gás comprimido para o processo de elevação artificial (gas lift) dos poços. O processo de compressão
para finalidade de gas lift conta com três compressores, sendo 2 x 50% e o terceiro que fica em standby.
No período entre os dias 24 e 25/03/2019, o moto compressor A estava em manutenção programada e
posteriormente houve um trip do compressor C, reduzindo a vazão de gás disponível para gas lift.
Devido a esta impossibilidade de manter a vazão total de gas lift para os poços, uma série de manobras
de abertura e fechamento de poços foi procedida para se evitar que determinado poço permanecesse
fechado por um período prolongado, com consequente possibilidade de formação de hidratos. O padrão
operacional de prevenção de hidrato em paradas de poços de P-53 possui uma tabela indicando o tempo
de resfriamento – tempo máximo que cada poço pode permanecer fechado.
Em uma análise inicial das imagens de satélite que mostram a mancha de óleo, considerando a
correnteza e lâmina d'água, não há indicação de que a mancha tenha se originado em alguma cabeça de
poço, devido às distâncias que estes estão localizados em relação à plataforma. Além disto, por meio da
avaliação dos gráficos de pressão dos sensores na cabeça dos poços, não foram evidenciados indicativos
de falha grave de integridade de poço, nem anormalidade de operações relacionadas a poços com fluxo
de óleo.
Em relação aos poços produtores, durante o curso do acidente, a equipe de resposta à emergência
da Petrobras solicitou a realização de inspeções submarinas, de forma a identificar um possível
vazamento. Nenhuma evidência de vazamento foi identificada pelas inspeções nas Árvores de Natal
Molhadas (ANMs), conexões e válvulas e nos risers de poços produtores com trechos rígidos (MLL-
42, MLL-32 e MLL-30). O motivo alegado pela empresa de terem sido inspecionados apenas os trechos
rígidos dos risers dos poços produtores é que estes trechos estão submetidos a fadiga, por isso mais
sujeitos a falhas. Devido ao óleo de P-53 ter baixa contaminação por CO2, o trecho flexível estaria menos
sujeito à possibilidade de falhas.
Devido à falta de evidências que corroborassem a ideia de vazamento de óleo ser oriunda de
algum poço, então a hipótese foi descartada.
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poço MLL-74 à época do evento, poço produtor para o qual já havia uma linha de espera no turret de
P-53.
Assim, foi considerada a hipótese de o vazamento ter se originado do poço sendo perfurado,
caso esta atividade estivesse atravessando zona produtora. Entretanto, não foi relatada nenhuma
condição anormal ou visualização de feição oleosa proveniente da locação do poço. E após análise dos
boletins de operações da sonda, nos quais nenhuma anormalidade foi relatada, a hipótese de vazamento
oriundo de poço sendo perfurado foi descartada.
Adicionalmente, foram verificados os principais dados de operação dos sistemas que contêm
inventário significativo de óleo, de forma a identificar indícios de perda de contenção. Após verificação
das informações do sistema supervisório, tais como registros de alarmes de nível muito alto e muito
baixo, e após análise de registros das variáveis de pressão e nível dos vasos que contêm óleo, não foi
encontrado nenhum desvio significativo que indicasse uma possível causa para o evento. Os
equipamentos analisados foram os separadores trifásicos (SG-1223001A/B); os tratadores eletrostáticos
(TO-1223001A/B) e vaso de rejeitos oleosos ou vaso de slop (V-5336001).
O sistema de drenagem aberta recebe efluentes de áreas classificadas e não classificadas de cada
módulo, sendo estas direcionadas para tanques laterais da plataforma. Os tanques se localizam sobre o
mar, portanto qualquer falha ou perda de contenção naqueles que recebem uma carga maior de
hidrocarbonetos pode causar derrame de óleo diretamente sobre o mar. Após o armazenamento
temporário nestes tanques, a água oleosa é transferida para o vaso de slop, por meio de bombas
localizadas no topo dos tanques.
Assim, a hipótese na qual o óleo no mar fosse proveniente destes tanques depende de ter havido
uma perda de contenção de equipamento ou linha com volume significativo de óleo. Foram examinados
dados de nível dos tanques de drenagem, os quais não forneceram indício de ter havido perda de
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contenção. Este fato, aliado à falta de evidência de perda de contenção nos topsides, enfraquece a
hipótese de que o sistema de drenagem aberta possa ter dado origem ao volume de óleo vazado no mar.
O sistema de drenagem fechada direciona ao vaso de slop e sem contato com atmosfera o
conteúdo de equipamentos de grandes inventários, tais como vasos, permutadores ou tanques. Não
foram identificadas evidências de falhas neste sistema. Adicionalmente, não foram percebidas mudanças
significativas em relação ao nível ao vaso de slop nos dados do sistema supervisório, no período do
acidente.
De tal modo, a avaliação da planta e dos dados, além da inexistência de relatos de perda de
contenção observada, resultaram na rejeição da hipótese de perda de contenção de óleo em linha ou
equipamento de topside, incluindo os sistemas de drenagem.
Dessa forma, além das cabeças de poço e risers, as inspeções submarinas por ROV (remotely
operated vehicle) também contemplaram os trechos rígidos do duto de exportação de óleo, incluindo o
terminal final do duto (PLET – pipe line end terminal), o módulo de conexão vertical (MCV) e o trecho
“inline T” que permite a conexão do oleoduto de P-53 com o duto de P-51. Também foram
inspecionados o casco de P-53 e do FSO (floating storage and offloading) Cidade de Macaé, instalação
que recebe o óleo de PRA-1.
A justificativa para terem sido inspecionados apenas os trechos rígidos do duto P-53/PRA-1 é
análoga à apresentada para os risers de poços. Adicionalmente, foi afirmado que o trecho flexível está
junto à plataforma e caso houvesse vazamento neste trecho, seria provavelmente visualizado da unidade.
Porém, esta é uma afirmativa controversa, haja vista a imagem de satélite, conforme Figura 1, a qual
mostra que a feição oleosa estava junto ao costado de P-53 e não foi observada pela tripulação,
provavelmente devido ao horário noturno.
Em entrevistas, foi apontado que a decisão de focar nos trechos rígidos do duto foi consensual
entre o grupo de resposta e equipe da unidade operacional. A equipe subsea acrescentou que, caso o
vazamento fosse no duto, o fluxo não teria cessado, pois o escoamento no duto de exportação não foi
paralisado em momento algum desde o evento.
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A interpretação dos dados monitorados por esse sistema na data do evento indicava não ter
ocorrido anormalidade nas vazões de entrada/saída do trecho do duto que interliga P-51 e P-53 a PRA-
1. De forma complementar, Comunicação Técnica que traz os resultados do teste do Sistema de
Detecção de Vazamento (LDS) na qual foi realizada a verificação do desempenho e uma comparação
com a verificação anterior realizada em 2017 indica que “testes realizados mostraram que o desempenho
no tempo de detecção se manteve praticamente constante”.
Este teste de desempenho foi realizado na Unidade de Detecção de Vazamentos que monitora
os oleodutos entre as unidades produtoras P-51 e P-53 até a unidade de recebimento PRA-1.
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Na sala de controle foram observados dados dos gráficos do sistema supervisório para os
principais equipamentos: SG-1223001A/B (separadores trifásicos); os TO-1223001A/B (tratadores
eletrostáticos) e V-5336001 (vaso de rejeitos oleosos ou vaso de slop).
Para o separador, o nível de interface é medido em relação a antepara existente nele, vide o
desenho da Figura 4. Durante a auditoria foi constatado na sala de controle que o nível de água no
separador A (controle), a qual mostra a interface água/emulsão óleo, apresentou como o valor mais baixo
dentro do período acidental 62,71%, às 17h18 do dia 24/03/2019, situando-se dentro da faixa
operacional. Este valor não indica uma possível perda de emulsão oleosa na saída correspondente a linha
de água produzida.
Este parecer foi resultado da Operação Ouro Negro ocorrida de 10 a 12/04/2019 e emitido em
23/04/2019, até esta data o IBAMA não possuía informações sobre os motivos do vazamento ocorrido
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A decisão da realização da Operação na P-53 foi anterior ao fato do vazamento, motivada pelos
indicadores ruins da plataforma, especificamente o histórico de imagens de satélite, além de denúncia
de que a plataforma estaria descartando óleo no mar.
Uma das obrigações que consta no parecer é resultado de avaliação da planta de tratamento na
linha do óleo, indicando que existem problemas com o tratador eletrostático (TO) e os medidores de
interface dos separadores de produção A/B, LC-1223002/008, os quais não funcionam adequadamente,
devendo ser substituídos, vide item 3.4. Seguem abaixo os trechos do referido parecer que constituem
tais obrigações:
(...)
3.4.13. Para ambas os TOs, o prazo para execução é futuro. Contudo dados os eventos de
manchas de óleo excessivamente extensas de óleo no mar, e que é comunicada parada de manutenção
da unidade em julho próximo, é necessário avaliar a possibilidade de antecipação/priorização dos
reparos.
(ii) GERENCIAMENTO DE ÁGUA PRODUZIDA - dados os eventos de manchas de óleo
excessivamente longas de óleo no mar, e que é comunicada parada de manutenção da unidade em
julho/2019 próximo, é necessário avaliar a possibilidade de antecipação/priorização dos reparos
previstos no TC.
(...)
3.4.18. Foi relatado que houve avaliação geral sobre os medidores de interface, e que essa
avaliação é constante da Comunicação Técnica, sendo por isso não aberta ordem para a referida
substituição.
3.4.19. A referida Comunicação Técnica possui data de 31/01/2019, desta forma é necessário
iniciar as referidas tratativas para substituição. Não foi evidenciado andamento até a data de
12/04/2019;
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voltada contrária ao fluxo - construção com fluxo isocinético PRAZO PRÓXIMA PARADA DE
MANUTENÇÃO - JULHO 2019.
(...)
3.6.1. Além da situação de vazamento evidenciada neste parecer, são relacionados alguns
eventos de atenção: I - Denúncia de descarte de "muito óleo no mar": Fonte: Linha Verde IBAMA: "A
plataforma de petróleo P-53 está descartando muito óleo no mar [...] quando vão passar por alguma
inspeção do IBAMA, eles param de descartar no mar, e depois que acaba a inspeção eles voltam a
descartar óleo no mar. O vazamento e em alguns dias é possível ver golfinhos e peixes nadando no
óleo." II - Aeromonitoramento noturno na P-53 (4h58 às 05h37) realizado pelo IBAMA em 04/04/2019
- identificando-se mancha de óleo com extensão de 28km na direção 204;
(...)
3.6.3. Conforme se observam algumas ações de adequação expostas em 3.4 deste parecer, os
sistemas de tratamento de água produzida não se encontram funcionais conforme o projeto da planta,
e a plataforma encontra-se em período de transição para adequação em relação ao descarte de água
produzida, estabelecido através da assinatura do Termo de Compromisso 17770323.
3.6.3.1. Considerando que não foi relatado vazamento de óleo para o período, entende-se que
há como fonte de óleo, neste momento, o descarte contínuo de água de produção com carga oleosa.
3.6.4. Dessa forma, dado os eventos de manchas de óleo, reafirma-se a exigência (ii), além da
necessidade de correção dos vazamentos constatados.
À época do acidente, somado ao funcionamento não adequado dos medidores de interface dos
separadores, a eficiência de separação água/óleo da planta de processamento de P-53 estava
comprometida em relação ao desempenho esperado, devido a uma série de indisponibilidades, a saber:
3
Termo de Compromisso celebrado entre IBAMA e Petrobras, no qual esta última se compromete com ajustes no
gerenciamento da água produzida descartada para óleo e graxas, em plataformas das Unidades Operacionais de
Campos, Rio, Santos, Espírito Santos e Rio Grande do Norte – Ceará, celebrado em 23/02/2018.
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hidrociclone H (trem B) fora de operação, tratador eletrostático TO-A (trem A) operando sem carga
elétrica em suas placas; flotador do trem A fora de operação; diversos medidores de vazão fora de
operação, sendo a vazão de água produzida inferida e não medida.
Tabela 2 – Vazões do óleo tratado e água produzida (Fonte: Boletim diário de operação - BDO)
Data Vazão de óleo tratado (m3/dia) Vazão de água produzida (m3/dia)
24/03/2019 6.997 13.989
25/03/2019 6.280 11.012
Tabela 3 – Vazões do óleo tratado por trem (Fonte: Boletim diário de operação - BDO)
Data Vazão de óleo tratado (m3/dia) Trem A Vazão de óleo tratado (m3/dia) Trem B
23/03/2019 4.488,26 2.725,84
24/03/2019 4.369,40 2.628,29
25/03/2019 4.039,66 2.240,88
De forma a verificar a hipótese de descontrole operacional com descarga de óleo pela corrente
de água produzida, foram analisados os valores de TOG (teor de óleo e graxas) a partir do analisador
online e da análise de laboratório, cujas metodologias são diferentes. A análise de laboratório é realizada
a bordo de P-53, a partir de amostras de água produzida coletadas a cada duas horas.
Observando-se o histórico dos resultados das análises laboratoriais, entre os dias 24/03/2019 e
25/03/2019 o maior valor de óleo na água produzida foi de 27 mg/L (ou 27 ppm), dia 25/03/2019 às
02h, conforme destacado na Tabela 4. Portanto, a análise de TOG laboratorial não evidenciou valores
que possam ser correlacionados ao acidente, uma vez que seria necessário um conteúdo de óleo na água
muito superior ao verificado para ter causado a feição oleosa. Também merece destaque o fato de o
intervalo entre as amostras não ter sido regular de duas em duas horas, conforme estabelecia o
procedimento.
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No período apresentado na Figura 8, observa-se que houve variações do valor do TOG, sendo
que o maior valor medido no período foi de 41,79 ppm, às 22h59 do dia 24/03/2019.
Com relação ao analisador de TOG online, já era conhecido pelo IBAMA o fato de que se trata
de equipamento que apresenta comumente um desvio entre o valor medido e o valor real. Na visão do
IBAMA, apesar de não apresentar valores fidedignos, se adequadamente instalado e operado, este tipo
de instrumento é capaz de apontar tendências de desvios significativos como o aumento da concentração
de óleo na corrente de água produzida.
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O analisador de TOG online, por sua vez, pela própria concepção de projeto, não pode ser
calibrado dessa maneira, uma vez que fica dependente da concentração de óleo em água observada no
momento da calibração. Assim, sua faixa de confiabilidade é maior na faixa típica de operação da planta,
que em P-53 estava ajustada entre 5 a 20 ppm.
Dessa maneira, embora o sensor de TOG online seja capaz de realizar leituras de até 1000 ppm,
conforme manual do fabricante, o instrumento não está, de fato, calibrado para realizar leituras em toda
a faixa com precisão. Assim, é possível ocorrer resultados inesperados fora de sua faixa de calibração.
Se considerarmos que esse sensor era calibrado para convergir com o método laboratorial a bordo, que
se encontrava na faixa de 0 a 50 ppm, é possível que leituras próximas a 50 ppm signifiquem que o
sensor atingiu o seu topo de escala.
Além disso, esta calibração constatada é na verdade mais um ajuste operacional (mais grosseiro)
do que uma calibração propriamente dita, dado que não há rigor de estabelecimento de amostra
padrão/referência, aliado ao fato de que a amostra utilizada como de referência é diversa do que aquela
que passou pela câmara de amostragem do equipamento, considerando-se também as variabilidades
naturais do processo produtivo.
No período do incidente, verificou-se que tanto o sensor de TOG online como as medições
laboratoriais apresentaram medições da ordem de 42 ppm, o que corrobora a hipótese de que haveria,
na realidade, uma interpretação inadequada da informação provida pelo sensor de TOG online.
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processo de investigação do operador, permitindo uma otimização dos recursos dos órgãos e uso da
expertise do operador. A simulação do processo conduzida pela Petrobras realizou um balanço de massa
entre o volume estimado de óleo proveniente dos poços em produção no dia do evento e o óleo produzido
por P-53. Os resultados demonstram uma diferença entre o volume estimado de óleo proveniente dos
poços e o valor medido na medição fiscal da unidade da ordem de 122 m3, reforçando a hipótese de
descarte de óleo pela linha de água produzida como a mais provável.
É importante ressaltar que este volume se trata de uma estimativa feita com base nos valores
dos testes dos poços, uma vez que não há medição de vazão na entrada dos separadores de produção.
Adicionalmente, existem incertezas nos valores utilizados devido ao fato de os testes dos poços não
serem realizados há algum tempo (não é especificado quanto tempo) e devido a instabilidades dos poços
no período avaliado (operação em modo transiente devido a abertura e fechamento) e condições
diferentes das vigentes no momento dos testes. Além da simulação, foi constatado pela equipe da
Petrobras que realizou a análise da planta de processo que os medidores de interface de controle de
processo e de intertravamento apresentaram discrepâncias nas medições, o que corrobora a hipótese de
falha de controle na planta, mais especificamente no sistema de água produzida. Após a realização de
drenagem, limpeza e aferição dos medidores de interface após o evento, foi constatada variação
significativa do valor medido, o que indica que os medidores anteriormente apresentavam medições
pouco confiáveis.
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Figura 9 – Cronologia com a identificação de possibilidade de chegada de óleo na costa, retirada do relatório de
investigação Petrobras
A chegada deste mesmo óleo ao litoral da região dos Lagos, mostrada na Figura 10 e na Figura
11, ocorreu efetivamente no dia 03/04/2019, 8 (oito) dias após identificação da possibilidade de toque
de óleo na costa por meio da modelagem fornecida à CAR. Em entrevistas, foi identificado que a
operadora tem a percepção de que os resultados da modelagem possuem baixa confiabilidade, com base
no fato de que a simulação utiliza apenas como variáveis reais a corrente oceânica medida pela
embarcação e os dados de vento do modelo.
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Se o óleo de P-53 de fato emulsionou, não se pode ter certeza sobre a estabilidade desta
emulsão com os resultados atualmente disponíveis. A sedimentação seria mais provável
próximo à costa, onde o material em suspensão é mais abundante. Em ambientes offshore é
incomum a ocorrência deste processo.”
7. Sequência de eventos
Com base no exposto, é possível organizar uma sequência de eventos confirmados para o
acidente de descarga maior de óleo com toque na costa, que pode ser visualizada na Tabela 5. Observa-
se que a cronologia de eventos apresentada no relatório de investigação da operadora restringe-se aos
eventos posteriores à descarga de óleo na água, conforme Figura 9, que neste relatório não foi
apresentada por completo. A cronologia do acidente apresentada no relatório Petrobras se inicia em
25/03/2019 às 5h19 com a “aquisição da imagem COSMO-SkyMed”.
Tabela 5 – Principais eventos da descarga maior de óleo em P-53 na data de 24/03, 25/03, 29/03 e 03/04/2019
Data Horário Evento
09:35 Parada programada do Compressor A
14:10 Poço MLL-32 fechado para evitar queima de gás
Trip do Compressor C por falha em componente
15:29 2 dos 3 compressores de P-53 ficam indisponíveis
Redução da capacidade de gas lift
Fechamento alternado dos poços produtores MLL-28, MLL-40, MLL-42,
MLL-44, MLL-48 e MLL-69(*)
15:40 Diminuição considerável de vazão de óleo bruto nos separadores primários(*)
24/03/2019 Falha de controle de nível de interface do separador primário do trem B (SG-
122301-B)
Gráfico de nível de interface do separador primário do trem B no
supervisório mostra valores incorretos
Controle automático do nível de interface no separador em by-pass (controle
manual)
Óleo bruto é carreado pela corrente de água produzida do trem B, passando
pelos hidrociclones e flotador
22:59 Analisador de TOG online indica 41,8 mg/L, maior valor medido no período
Descarte de óleo bruto ao mar pela linha de água produzida
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8.1. Petrobras
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Figura 12 – Árvore de falhas do acidente de descarga de óleo com toque na costa da região dos Lagos RJ - Petrobras
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8.2. ANP
De forma a complementar a árvore de falhas apresentada na investigação da Petrobras, foi
elaborada árvore de falhas pela equipe da ANP, incluindo fator causal não incluído pela empresa,
relacionado às ações de resposta, com suas respectivas causas raiz e causas raiz relacionadas a fatores
causais já apontados. Estas últimas causas raiz dizem respeito a equipamentos diretamente envolvidos
no acidente e que apresentavam problemas em suas performances, já conhecidos das equipes
operacionais: o separador trifásico (SG) e o analisador do teor de óleos e graxas (TOG) on line.
A árvore de falhas com a inclusão do fator causal e causas raiz relativos à resposta à emergência
e causas raiz relativas aos equipamentos da planta relacionados a separação do óleo e monitoramento
online do TOG encontra-se na Figura 13.
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Figura 13 – Árvore de falhas do acidente de descarga de óleo com toque na costa da Região dos Lagos/RJ - complemento por ANP e IBAMA
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Com base nos documentos e evidências obtidas nas auditorias ANP realizadas posteriormente
ao acidente temos um Fator Causal adicional, representado em cinza, ( ), e Causas Raiz adicionais
representadas em azul, ( ) associadas aos Fatores Causais, sendo que dois destes haviam sido
estabelecidos pela própria Operadora.
As causas raiz ANP estabelecidas pelo método da árvore de falhas, utilizam como base para
enquadramento o Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional
(SGSO) da ANP.
Discorrendo sobre as evidências, a equipe de investigação entende que o Fator Causal “Falha
no Monitoramento da Qualidade da Água Descartada - TOG on line” não se restringe apenas: (i) ao
Procedimento de Produção – Tratamento de Água Produzida assim como a Falha na Medição de
Interface Água/Óleo do Separador não se restringe apenas: (i) problema pontual de falha no medidor de
nível; (ii) gestão de riscos do HAZOP que não apresentava como consequência a perda de emulsão
oleosa pela linha da água produzida, tal como o ocorrido.
Será abaixo apresentado o Fator Causal já apresentado com as causas raiz complementares.
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Guidelines for investigation Chemical Process Incidents, 2nd Edition, NY: AIChe, 2003.
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Fatos relevantes são deficiências ou falhas que não esteja diretamente relacionada à sequência de eventos
descoberta durante o curso da investigação. Fonte: American Bureau of Shipping (ABS) – Guidance Notes on the
Investigation of Marine Incidents, June 2005 (updated February 2014).
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A unidade P-53 é um FPU, que – por projeto – não dispõe dos mesmos recursos de um FPSO,
o qual possui tanques de grande volume que podem armazenar óleo e água produzida. Logo, é esperada
uma atenção mais cuidadosa na gestão da integridade deste sistema de tratamento de água para garantir
um bom desempenho operacional, o que não ocorria na plataforma. Tais evidencias são mostradas com
maior detalhamento no item 4.3.
9. Recomendações
A comissão de investigação da Petrobras determinou cinco causas raiz (chamadas causas básicas
pela terminologia da Operadora) relacionadas a procedimentos, equipamentos e sistemas
administrativos (gestão de riscos), conforme a Tabela 6.
Para cada uma das causas básicas a comissão de investigação da operadora determinou
recomendações corretivas e preventivas.
Os prazos e responsáveis pela implementação das recomendações levantadas foram informados
no relatório detalhado de investigação (RDI) enviado à ANP.
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Para cada uma das Causas Básicas foram apontadas recomendações que se desdobraram em
ações, acompanhadas em Relatório de Tratamento de Anomalia (RTA) – Corretivo, com data final para
todas as ações em 30/05/2021.
Estas recomendações, aqui descritas de forma geral, são relativas a troca de equipamentos, como
os medidores de interface por outros de tecnologia mais moderna, revisão da análise de risco do tipo
Hazard and Operability Study (HAZOP) da planta de processo, melhorias em procedimentos
relacionados ao controle da água produzida e treinamento aos operadores nestes novos procedimentos.
A implementação tanto das recomendações corretivas quanto aquelas consideradas preventivas,
as quais estão descritas abaixo, itens a) até l) foi realizada em auditoria pela equipe de investigação de
12 a 16/08/2019.
Para as quinze recomendações corretivas, o nível de implementação por ocasião desta auditoria
foi de 66,7%, enquanto para as recomendações preventivas ligadas às ações de resposta ao vazamento
no mar, letras d) a l), tiveram um nível de implementação de apenas 11% até o fim da auditoria.
Quanto às oportunidades de melhorias referentes às ações de resposta, foram propostas
recomendações consideradas preventivas, porém sem identificação de prazos e responsáveis no relatório
de investigação do Operador, o que reforça a menor criticidade atribuída a estas ações devido ao fato de
não estarem relacionadas às causas raiz apontadas na investigação própria. Foram elas:
a) Realizar inspeção nos tanques de costado da unidade P-53 verificando as condições de
integridade de todos seus componentes;
b) Realizar a instalação de lacres nas válvulas dos tanques de costado da P-53, nas situações
em que estas válvulas se acionadas possam direcionar alguma descarga para overboard (mar);
c) Realizar inspeção no sistema de drenagem aberta verificando todos os pontos de coleta com
o objetivo de identificar possibilidade de obstrução de redes e possibilidade de direcionamento de
líquidos diretamente para a descarga overboard;
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Para a CB-01, vide Tabela 6, esta causa foi enquadrada como ´1.1.1. Falha em equipamento ou
componente´ conforme a ontologia de causas utilizadas pela PETROBRAS. Quanto a esse aspecto,
observa-se desvio em relação ao preconizado pela ANP: uma falha em componente ou equipamento não
se enquadra como uma causa raiz, uma vez que tal falha não esclarece em qual quesito do sistema de
gestão do Operador houve ausência, negligência ou deficiência. A falha no equipamento pode ser
apontada como um sintoma por meio do qual a falha latente no sistema de gestão se manifestou. Esta
situação poderá resultar em causas raiz apontadas não relacionadas ao sistema de gestão e
consequentemente levando à elaboração de recomendações de pouca abrangência, que se configuram
mais como ações corretivas do que ações de prevenção de acidentes.
Para a CB-02, a revisão ao HAZOP limita-se ao cenário ‘15 – processo separador de produção’,
para refinar sua consequência, o que é considerado insuficiente, haja vista, por exemplo, no HAZOP,
para o desvio do tipo ‘fluxo menor’ no sistema de água produzida, são identificadas como causas
permutador obstruído ou vazamento, inexistindo causa relativa a fechamento de poço(s). Importante
citar que, no estudo, o desvio ‘nível menor’ causa é apontado como ‘não aplicável’. A inexistência deste
cenário e relação desvio/causa no HAZOP prejudica o pleno entendimento de suas consequências pela
equipe de controle, prejudicando as ações mitigadoras, sejam elas em modo automático ou manual.
Portanto, considera-se necessária uma revisão do estudo que não se restrinja apenas ao cenário citado
na CB-02.
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11. Conclusão
No ano de 2019 o volume de óleo vazado ao mar oriundo de instalações de produção offshore
cresceu significativamente em relação aos anos anteriores. O evento de P-53 contribui com 122 m3 do
total de óleo vazado de mais de 400 m3, conforme pode ser observado na Figura 14.
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embarcações, aeronaves pilotadas ou não, uso de drones e satélite, conforme pode ser visualizado na
Figura 15.
Figura 15 – Proposta de melhoria para uso coordenado de sensores para monitoramento de óleo em áreas
marítimas.
6
Synthetic Aperture Radar
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12. Referências
Bonn Agreement, 1999. Bonn Agreement Counter Pollution Manual. Vol. 1, Chapter 4, Annex 1.
Available from http://www.bonnagreement.org/.
Wang, Z. e Stout, S.A., 2007. Oil Spill Environmental Forensics. Fingerprint and Source Identification.
Academic Press, Waltham.
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