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Universidade do Algarve
Sociologia
Educação, Sociedade e Culturas
Trabalho
O insucesso e abandono escolar em Portugal
Introdução
Em relação aos números da retenção em Portugal nos vários ciclos de estudos, pode-
se observar que, apesar de uma diminuição progressiva das taxas de retenção até 2010, estes
índices tendem a agravar-se a partir desse ano, com destaque para os acontecimentos no 2.º
ciclo de escolaridade. De acordo com Viegas (2022) “A retenção em Portugal é persistente e
estrutural mostrando até que ponto houve uma cristalização nas rotinas e no funcionamento
da escola sem que se perceba realmente a bondade pedagógica da retenção ou dos exames
enunciados como dispositivo ao serviço da qualidade educativa”. Segundo dados estatísticos
do PORDATA (2012), em 2014 Portugal é o quarto país da EU com maior taxa de abandono
escolar precoce (faixa etária entre 18-22 anos) com 14,7%. Viegas (2022) afirma que, apesar
da enorme redução verificada ente 1992 e 2014, o país ainda precisa resolver o problema de
repensar o modo de manter os alunos no sistema educativo garantindo a qualidade das
aprendizagens e a equidade desse mesmo sistema. No debate científico, o principal
paradigma sociológico do sistema educativo português é, de quais formas o Estado pode
providenciar um ambiente equitativo para a população escolar, a qual é muita diversa tanto
social e culturalmente, como economicamente. O caminho da escola burocrática centrado
numa organização e num trabalho pedagógico igual para todos leva a uma ampliação das
desigualdades (Viegas, 2022) (PORDATA, 2022) (Gráfico 1 e 2).
Portugal registou no ano de 2021 uma taxa de abandono escolar de 5,9%, valor que
foi revelado pelo PORDATA e que o Governo português assinala como o mínimo histórico.
Os dados revelados no final do último ano apontam para uma redução desta taxa para menos
de metade no período dos últimos seis anos: em 2016, o valor era de 14%, tendo vindo a
baixar nos anos seguintes, segundo os dados disponibilizados pela PORDATA. Em 2020, o
valor desta taxa foi de para 8,9%, cujo é abaixo da média europeia, que foi de 9,9% segundo
os dados do INE (2022). A taxa de abandono escolar tem sido considerada o principal
indicador do desempenho dos sistemas educativos, uma vez que permite identificar a
percentagem de jovens que não concluiu o ensino secundário, nem se encontra a frequentar
qualquer modalidade de educação e formação. Citando Viegas (2022), “Existe um esforço em
garantir a escolaridade a todas as crianças e jovens, tornando a escola mais flexível, mais
integradora e mais inclusiva” (PORDATA, 2022) (INE, 2022) (Viegas, 2022) (Gráfico 3 e 5).
A partir de 2003 iniciou-se um ciclo que se estendeu até 2010, com a aprovação da
Lei n.º 85/2009 de 27 de agosto, que assenta a extensão da escolaridade obrigatória até aos 18
anos. A definição de metas europeias relativas à obtenção de qualificações de nível
secundário, e a publicação de relatórios comparativos internacionais que desfavoreciam o
país, contribui para transformar em prioridade de política educativa o combate ao abandono
escolar precoce. A promoção de escolarizações de nível secundário tornou-se um objetivo
central da política educativa e uma boa parte das medidas implementadas no ensino básico
procuram cumprir as metas e sustentar a diversificação curricular no sistema educativo, para
a mudança de percurso de educação-formação e a frequência escolar no secundário (Alves &
Calado, 2014).
A primeira década do século XXI foi uma época de forte investimento em políticas de
promoção do sucesso escolar, representando uma clara aposta na melhoria da qualidade da
aprendizagem. A primeira metade consistiu em grande parte num conjunto de políticas
concebidas durante o XV governo constitucional, que foram posteriormente implementadas,
ampliadas, aprimoradas e/ou alteradas durante a segunda metade. A orientação das políticas
de combate ao insucesso e abandono precoce neste período seguiu a ideia do ensino
secundário como estatuto de referência para intervenções no sistema educativo, e a
introdução crescente de planos de avaliação do processo de implementação de medidas,
voltando-se para a base de decisão política tecnológica, não só refletida no desenho e na
procura de consenso, mas sobretudo na implementação de medidas de monitorização,
monitorização de resultados e avaliação de resultados (Alves & Calado, 2014).
Conclusão
Referências Bibliográficas
Gomes, C. & Pinto, J. (2016) Insucesso e abandono escolar precoce, Universidade Nova de
Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
PORDATA (2021) Taxa de retenção e desistência no ensino básico: total e por ano de
escolaridade, Disponível em:
https://www.pordata.pt/portugal/taxa+de+retencao+e+desistencia+no+ensino+basico+total+e
+por+ano+de+escolaridade-3507 (Acedido em 22/11/2022).
PORDATA (2021) Taxa de abandono precoce de educação e formação: total e por sexo,
Disponível em: https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+abandono+precoce+de+educa
%C3%A7%C3%A3o+e+forma%C3%A7%C3%A3o+total+e+por+sexo-433 (Acedido em
22/11/2022).
(Gráfico 1) (Gráfico 2)
(Gráfico 3)
(Gráfico 4)
(Gráfico 5)