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Abandono escolar dos jovens em Portugal

Discente: Ania Rodrigues

Unidade curricular: Oficina da Sociologia I: Pesquisa de informação

Docente: Ana Rita Teixeira

Curso: Sociologia 1º ano

Estabelecimento de ensino: Universidade do Algarve

Ano: 2021/2022
Introdução:

O conceito de abandono escolar é variado, consoante o interesse que os


investigadores têm em estudar este fenómeno (Lourenço, 2013). O facto de um jovem
interromper o seu percurso escolar, irá condiciona-lo na procura de um bom emprego
(Sen, 1999 citado por Estevão, Álvares, 2013). Os fatores que levam os jovens a deixar
de frequentar as instituições de ensino, são diversas, deste a sua origem familiar ás
condições económica da família (Machado, 2011 citado por Ferreira at. al. (2014) e
McNeal, 1999) citado por Simões at. al., 2008). Desta forma, o estudo deste problema
deve ter a sua devida importância, de forma a encontrar soluções eficazes para diminuir
as taxas de abandono escolar.

O que é o abandono escolar precoce e quem são esses jovens?

Fala se de abandono escolar, quando uma criança ou jovem, abandona o sistema


de ensino, sem concluir a escolaridade, dita obrigatória (Estevão, Álvares, 2013). Esse
abandono, condicionará o individuo, a nível pessoal e profissional, limitando o seu
leque de oportunidades de emprego e levando a Ciclos de pobreza (Sen, 1999 citado por
Estevão, Álvares, 2013 ). O fracasso escolar levará a uma procura de empregos menos
qualificados, que não exijam experiencia na área, caracterizados por: baixas
remunerações, dificuldade ou impossibilidade de aumento de cargo, elevado risco de
precariedade e, possivelmente, desemprego (Sen, 1999 citado por Estevão, Álvares,
2013). O abandono escolar precoce corresponde a indivíduos com idade entendida entre
os 18 e os 24 anos que não completou o ensino secundário, em prol de obter
qualificações académicas e um diploma (Estevão, Álvares, 2013).

Machado (2011) citado por Ferreira at. al. (2014) e McNeal (1999) citado por
Simões at. al. (2008) referem que jovens oriundos de famílias com poder económico e
nível cultural mais fraco, apresentam valores mais altos de virem a ter insucesso escolar
e consequentemente demonstrarem interessem em abandonar a escola e os estudos
precocemente. Deste modo, e devido ás dificuldades económicas das quais a sua família
sofre, apresentam necessidade de ingressar no mercado de trabalho, com o objetivo de a
auxiliar (Mendes, 2009).
No século XX, o sistema educativo português sofreu avanções e
desenvolvimentos, onde o número de estudantes aumentou, bem como o seu tempo de
permanência nas escola e o acesso e oportunidade de educação ás classes mais baixas
como citam Pinto, Costa, Coelho, Maciel, Reigadinha, e Theodoro (2018). Através da
tabela 1, é possível verificar a diminuição das percentagens de abandono escolar durante
os fins do seculo XX, até á data e a sua diferença de valores entre sexo.

Tabela 1- Taxa de abandono precoce de educação e formação: total e por sexo

Sexo
Anos
Total Masculino Feminino
1995 41,4 47,1 35,5
2000 43,6 50,7 36,4
2005 38,3 46,2 30,2
2010 28,3 32,4 24,0
2015 13,7 16,4 11,0
2020 8,9 12,6 5,1
Fonte dos dados: INE, PORDATA

A taxa de abandono escolar média em Portugal no ano de 2020 é de 8,9%, em


comparação com o ano de 2010, média era de 28,3%, e em 2005, 38,3%, dados
fornecidos pelo site da pordata (2021), onde se conclui que a percentagem de indivíduos
que abandona os estabelecimentos de ensino e a sua educação tem vindo a diminuir.
Assim, o abandono escolar, revela ser um fenómeno que ocorre com mais frequência
em homens do que em mulheres. Uma noticia publicada pela Gov (2021) refere se que
“Entre 2015 e 2020, a taxa de abandono escolar apresentou um decréscimo de 35% em
Portugal, enquanto a União Europeia (UE), no seu conjunto, a quebra registada foi de
apenas 8%”

Quais os fatores que levam aos alunos a terem insucesso académico e


abandonarem os estudos?

Engita (2011), Benavente, Capiche, Seabra & Sebastião (1994); Ferrão, 2001)
citados por Estevão e Álvares (2013) referem que independente da sociedade em que se
viva, os fatores de abandono escolar são diversos, de caráter individual, exterior ao
individuo (como origem familiar e social), as condições da instituição de ensino, o
sistema educativo, situação do mercado de trabalho, entre outros. Desta forma, é
possível também referir o insucesso escolar como uma condição condicionante de
decisão do aluno abandonar os seus estudos. Onde o insucesso é referente á
continuidade mais longa de um aluno no sistema de ensino, após o mesmo ter atingido a
idade definida pela legislação (em Portugal, são 18 anos).

Assim, Benavente at. al. (1994); Ferrão, 2001) citados por Estevão e Álvares (2013),
referem que o insucesso que consequentemente condiciona a decisão de abandonar a
escola, tem inicio na própria instituição. Roldão (2004) citado por Estevão e Álvares
(2013) refere que a acessibilidade e um ensino gratuito, seriam condições necessárias de
um sistema de ensino que obrigasse os alunos a estudar ou a manter se nas escolas, até á
idade definida por lei. Estevão e Alvares cita (2013) “Grátis implica um sistema de
ação social escolar que garanta condições materiais para a frequência escolar e um
mínimo de estabilidade económica e social no ambiente do sistema”. Assim, a
acessibilidade aos alunos é proporcionada devido criação de redes de transporte que
possibilitem os jovens a chegada ás instituições de ensino, vagas suficientes nas escolas,
entre outros (Estevão & Álvares, 2013).

Caetano (2005) refere o desenvolvimento social e económico como fator que


possibilita a modernização de uma sociedade, onde o desenvolvimento económico
depende da gestão e organização de instituições (publicas ou privadas) e por outro lado,
o ramo social também se demonstra ser influenciador económico e importante para o
recurso territorial. Devido ao aumento do desemprego e estreitamento económico, estes
fatores revelam se obstáculos ás famílias mais desfavorecidas de obterem condições que
lhes permitam a sua continuidade e sucesso escolar, bem como dos seus membros
Estevão & Álvares (2013).

Medidas de prevenção do abandono escolar e ações de promoção do ensino:

A Eurostat utiliza uma indicador que possibilita a avaliação do abandono escolar,


e desta forma, revela se eficaz, pois permite a vigilância do sistema educativo, onde este
coloca culpabiliza a instituição e não o jovem pela sua decisão de abandonar a
instituição e os estudos (Estevão & Álvares, 2013). Desta forma, a responsabilidade de
não atingir determinado grau de qualificação, não tem como responsável o jovem, onde
se questiona os fatores desse fenómeno, no entanto, conclui se que é devido ao
desempenho escolar do jovem e devido ao funcionamento do sistema de educação/
formação (Estevão, Álvares, 2013). Deduz se que todos os indivíduos possuem
capacidades de concluir a sua formação escolar, e devido a isso, é necessário ensinar e
fornecer bases e formação aos alunos para que estes terminem atinjam o grau de
qualificações mínimo necessário, onde os seus indicadores de desempenham não
atingem valores baixos. (Estevão, Álvares, 2013).

Espera se assim que esses sistemas criem estratégias e mecanismos de


identificação e prevenção no combate a este problema através de medidas que têm como
objetivo recuperar alunos que tenham decido abandonar os estudos (Estevão, Álvares,
2013). O objetivo da criação destas medidas é a diminuição das percentagens de
abandono escolar precoce (AEP) e o regresso de jovens adultos aos estabelecimentos de
ensino (Estevão, Álvares, 2013).

Um projeto criado de modo a combater o abandono escolar é o “Too young to


fail” como cita Silva & Pinto (2016). Este projeto tem como objetivo e fase inicial, a
análise de práticas, utilizadas em diferentes estabelecimentos de ensino, de modo a criar
estruturas que previnam e intervenham no âmbito de diminuir os valores de abandono
escolar. De seguida, o estudo e decisão sobre a utilização dessas mesmas praticas, onde
estas poderiam ser eliminadas, alteradas, ou poderiam ser utilizadas do mesmo modo, e
aplica-las em outras instituições. Este projeto delimitou uma faixa etária, entre os 10 e
os 15 anos, onde o insucesso e abandono escolar são mais fortes. Esta medida criada, é
utilizada em alguns países e diferentes projetos, no entanto, em Portugal trabalha com
os TEIP — Territórios Educativos de Intervenção Prioritária Silva, C. G & Pinto, J.
(2016).

Conclusão:

Em suma, conclui se que os fatores que levam ao insucesso e abandono escolar


dos jovens, são diversificados. Assim, a solução para este problema tem que ter
estruturas diversificadas, de modo a atingir o máximo de jovens possível. Apesar de
existir uma legislação que obriga a que os jovens permaneçam nas instituições de ensino
até determinada idade e a escolaridade ser gratuita, não se revelam ser condições
suficientes para que os alunos queiram apostar no seu futuro escolar Estevão e Alvares
cita (2013). Ao longo dos anos, as taxas de abandono escolar, foram diminuindo
progressivamente, o que é um fator positivo. Apesar de existirem medidas de combate a
este fenómeno, o caminho para a resolução deste problema ainda é longo e trabalhoso,
do que necessita especial atenção. Espera se que com a criação de planos e estratégias,
as taxas de abandono escolar diminuam cada vez mais.

Referencias Bibliográficas:

Caetano, L. (2005) Abandono escolar: repercussões sócio- económicas na região


Centro: Algumas reflexões. Finisterra, 40(79)
Enguita, Mariano F. (2011), “Del desapego al desenganche y de èste al fracaso”,
RASE, 4(3), pp. 255- 269.
Estanque, E. (2005) Classes, precariedade e ressentimento: mudanças no mundo
laboral e novas desigualdades sociais, Coimbra, Oficina do CES. 238 

Estevão P. & Álvares M. (2013) A medição e intervenção do abandono escolar


precoce: desafios na investigação de um objeto esquivo, lisboa, CIES e-Working Paper
N.º 157

Lourenço A. R. M. (2013) Motivações na origem do Abandono Escolar –


Estudo de Caso com Jovens Sinalizados na CPCJ de Castelo Branco, dissertação de
mestrado não publicada, Instituto Politécnico de Castelo Branco

Pereira I. (2019) Compreender melhor o abandono escolar: por que motivos é


um problema?, e-konomista, https://www.e-konomista.pt/abandono-escolar/ (acedido a
8/11/2021)

Pinto, P. C., Costa, D., Coelho, B., Maciel, D., Reigadinha, T. & Theodoro, E.
(2018) Igualdade de género ao longo da vida: Portugal no contexto europeu, in
Resumos da Fundação, Torres, A. (coord.), Fundação Francisco Manuel dos Santos

PORDATA (2021) Taxa de abandono precoce de educação e formação: total e


por sexo na Europa, Eurostat | Institutos Nacionais de Estatística, PORDATA

PORDATA (2021) Taxa de abandono precoce de educação e formação: total e


por sexo em Portugal, INE, PORDATA

Roldão, M. C. (2004) Escolaridade obrigatória, insucesso e abandono escolar:


obrigatoriedade porquê? E insucesso de quem?, (dir.) Miguéns I. M.; org. Conselho
Nacional de Educação, in As bases da educação, Seminário Lei de Bases da educação,
Seminário e colóquios
Sen, Amartya (1999) Development as Freedom, Oxford, Oxford University
Press.

Silva, C. G & Pinto, J. (2016) Insucesso e abandono escolar precoce: algumas


perspetivas para a prevenção, in M. G. Alves, L. L. Torres, B. Dionísio & P. Abrantes
(Orgs.), A educação na Europa do Sul: constrangimentos e desafios em tempos incertos,
1ª Conferência Ibérica de Sociologia da Educação, 599-614, Lisboa, Universidade Nova

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