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LITERATURA Profª Jhéssica N.

Ramalho de Araújo
HORA DO
BRAINSTORMING
O QUE É LITERATURA?
• “Arte literária é mimese(imitação); é a arte
que imita pela
palavra.” (Aristóteles,séc.IV a.C.)
• Assim:
• literatura como imitação da realidade;
• manifestação artística;
• a palavra como matéria-prima;
• manifestação da expressividade humana.
ROMANTISMO
GERAÇÃO
POÉTICA
Morte e Vida Severina
A hora da Estrela
A produção literária dos autores brasileiros
do Romantismo é subdividida em três
gerações.
São as chamadas gerações românticas no
Brasil.
A primeira geração é
denominada nacionalista ou indianista. A
segunda geração romântica foi batizada de
"geração do mal-do-século" e a terceira de
"geração condoreira".
PRIMEIRA GERAÇÃO
•Também chamada de geração nacionalista ou
indianista, foi marcada pela exaltação à natureza,
volta ao passado histórico, medievalismo, criação
do herói nacional na figura do índio.
•Essa alusão ao indígena deu origem ao nome
dessa fase da literatura brasileira.
•O sentimento e a religiosidade também são
características marcantes da produção literária
dos autores da primeira geração.
•Entre os principais poetas podemos
destacar Gonçalves Dias, Gonçalves de
Magalhães e Araújo Porto Alegre.
Contexto histórico

O Romantismo brasileiro teve como marco


inicial a publicação do livro Suspiros poéticos e
saudades, de Gonçalves de Magalhães.
Autolusitanismo do autor.
Especificamente para a primeira geração
romântica, os indianistas, um fato histórico tem
importância fundamental para a consolidação
do movimento:
a chegada da família real portuguesa ao Brasil
em 1808.
“Oh margens do Janeiro,
Eu me ausento de vós com mágoa e pranto!
Adeus, brilhante céu da terra minha!
Adeus, oh serras que vinguei difícil!
Adeus, sombrias várzeas,
Que vezes passeei meditabundo.”
Eis ali a montanha
Cujos pés beija o mar que em flor se esbarra.
Quantas vezes ali triste, sentado,
Minha alma no infinito se espraiava,
Os olhos vagueando
Sobre este mar, que deve hoje levar-me!
De acordo com Alfredo Bosi, em seu livro História Concisa da Literatura
Brasileira, nela o autor “promoveu de modo sistemático os seus ideais
românticos (nacionalismo mais religiosidade e o repúdio aos padrões
clássicos externos, no caso, ao emprego da mitologia pagã (...)”.
Ao analisar a obra como um todo, nota-se grandes diferenças,
principalmente na segunda parte da obra, em sua estrutura e conteúdo
ao confrontar-se com a poesia setecentista, visto que a forma como a
natureza é retratada em “Suspiros Poéticos e Saudades” se dá através
de personificações e ela interage com o “eu” lírico.
A transferência da corte imperial lusitana para o Brasil promoveu, em
terras tupiniquins, uma série de reformas, entre as quais vale ressaltar:
• Reclassificação do Brasil, que deixou de ser
uma colônia de exploração e passou a ser um reino unido a Portugal;
• Criação da imprensa nacional, antes proibida;
• Consolidação do Rio de Janeiro como sede administrativa da Corte
portuguesa;
• Fundação do Banco do Brasil, do Museu Nacional (incendiado em
2018), da Casa de Suplicação do Brasil (futuramente, transformada
em Supremo Tribunal Federal), etc.
I-Juca Pirama
IV
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
[...]
(Gonçalves Dias)
SEGUNDA
GERAÇÃO
O sofrimento, a angústia e a dor
existencial estão entre os principais
temas da literatura produzida
durante a segunda geração do
Romantismo brasileiro.
• A literatura indianista deu lugar à literatura soturna e melancólica dos
escritores ultrarromânticos.
• O sofrimento, a dor existencial, a angústia e o amor sensual e idealizado
foram os principais temas da literatura produzida durante a segunda fase do
Romantismo.
• A publicação do livro Poesias, de Álvares de Azevedo, em 1853, foi
considerada o marco inicial da poesia de inspiração gótica.
• Outros escritores também fizeram do ultrarromantismo seu projeto literário,
entre eles Fagundes Varela, Junqueira Freire e Casimiro de Abreu, fortemente
inspirados pelo inglês Lord Byron e Shelley, pelo italiano Giacomo Leopardi e
pelos franceses Alphonse de Lamartine e Alfred de Musset.
• https://www.youtube.com/watch?
v=Rk23--gHb7s
Último soneto
Já da noite o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito, embalde num macio encosto,


Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,


Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!


Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive! Alvares de Azevedo
3ª geração romântica
• Chamada de “Geração Condoreira”, a terceira geração romântica é
caracterizada pela poesia libertária e social.
• Com isso, o período está associado ao condor, águia da cordilheira
dos Andes, com o intuito de revelar sua mais importante
característica: a liberdade.
• Vale lembrar que essa geração sofreu muita influência do escritor
francês Victor-Marie Hugo (1802-1885), daí ser conhecida também
como geração “Hugoana”.
Victor Hugo
Autor de Os
miseráveris e
O cordunda
de Notre-
Dame
No Brasil, seus principais representantes foram:
Castro Alves

Sousândrade
Vanguardas
Européias
Modernismo
-Modernismo em Portugal
-Modernismo no Brasil
Vanguardas Europeias
•As Vanguardas Europeias representam um conjunto de
movimentos artísticos-culturais que ocorreram em
diversos locais da Europa a partir do início do século XX.
•As vanguardas artísticas europeias que se destacaram
foram:Expressionismo,Cubismo,Futurismo, Dadaísmo,
Surrealismo.
•No Brasil, elas influenciaram diretamente o movimento
modernista, que teve início com a Semana de Arte
Moderna de 1922.
Contexto Histórico das Vanguardas Europeias
Com o advento da Revolução Industrial no século XIX e da Primeira Guerra
Mundial no início do século XX, a sociedade passava por diversas
transformações.

Nesse sentido, a arte demostrou a necessidade de propor novas formas


estéticas e de fruição artística, pautadas na realidade vigente.
Dessa forma, os movimentos artísticos europeus surgidos no fervor dos ideais
da época foram diretamente contra os ideais da guerra.
Os artistas utilizavam da ironia e da capacidade de “chocar” o público, a fim
de despertar outras maneiras de apreciar e refletir sobre a vida.
Por outro lado, um deles exaltou os avanços tecnológicos e o progresso,
como é o caso do futurismo italiano.
CUBISMO (1907)
• Surgido na França, o Cubismo se caracteriza
pela fragmentação da realidade, flashes
cinematográficos, ilogismo e humor. Além
disso, há uma superposição de assuntos,
espaços e tempos diferentes e linguagem é
predominantemente nominal.
• Na pintura, destaca-se o espanhol Pablo
Picasso que buscou uma nova linguagem,
decompondo o mundo visível (objetos,
pessoas, paisagens) em componentes
geométricos para decompô-los de outra
maneira, sob diversos pontos de vista.

Les Demoiselles d'Avignon


No Brasil, a influência dessa vanguarda
aparece na obra de Oswald de Andrade
que mostra estranhas associações que
deslocam o olhar para diversos aspectos
da realidade, ao mesmo tempo. Por
exemplo:

HÍPICA
Saltos records / cavalos da Penha /
correm jóqueis de Higienópolis / os
magnatas / as meninas /E a orquestra
toca / Chá / na sala de cocktails.
Futurismo (1909)
• Fillippo Tommaso Marinetti propôs
uma revolução literária, após a
publicação do Manifesto Futurista,
que exaltava, entre outros
aspectos, “a ação agressiva, a
guerra, as ondas multicolores e
polifônicas da revolução nas
capitais modernas, a velocidade e
o voo elegante dos aviões cujas
hélices rascam aos ventos qual
estandartes e que parecem
levantar vivas qual uma multidão
entusiasmada.”
As propostas em relação à literatura são:
• destruição da sintaxe com substantivos dispostos ao acaso;
• emprego de verbos no infinitivo;
• abolição do adjetivo e do advérbio;
• uso de dois substantivos;
• abolição da pontuação (uso de sinais matemáticos);
• luta em favor do verso livre.
• “Então, com o vulto coberto pela boa lama das fábricas – empaste de escórias metálicas,
de suores inúteis, de fuligens celestes -, contundidos e enfaixados os braços, mas
impávidos, ditamos nossas primeiras vontades a todos os homens vivos da terra:
• Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.
• A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.
• Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos
exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e
o murro.
• Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da
velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de
hálito explosivo… um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo
que a Vitória de Samotrácia [escultura romana da Antiguidade Clássica, aprox. 190 a.C.].
• Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra,
lançada a toda velocidade no circuito de sua própria órbita.
• O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o entusiástico fervor dos elementos
primordiais.
• Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia
deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o homem.
• Estamos no promontório extremo dos séculos! …. Por que haveremos de olhar para trás, se queremos arrombar as
misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna
velocidade onipresente.
• Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos
anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.
• Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo tipo, e combater o moralismo, o feminismo e toda
vileza oportunista e utilitária.
• Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos a maré multicor
e polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros
incendiados por violentas luas elétricas: as estações insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas
suspensas das nuvens pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes que
transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios a vapor aventurosos que farejam o
horizonte, as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre os trilhos como enormes cavalos de aço refreados
por tubos e o voo deslizante dos aeroplanos, cujas hélices se agitam ao vento como bandeiras e parecem aplaudir
como uma multidão entusiasta.
• [...]”
• O momento em que surge a terceira geração
modernista no Brasil, é o período menos
conturbado em relação às outras duas gerações.
• Ou seja, é a fase de redemocratização do país,
Modernismo visto que em 1945 termina o Estado Novo
(1937-1945) que fora implementado pela
3ª Geração- ditadura de Getúlio Vargas.
• Em nível mundial, o ano de 1945 é também o
45 fim da segunda guerra mundial e do sistema
totalitário do Nazismo. Entretanto, tem início a
Guerra Fria (Estados Unidos e União Soviética) e
a Corrida Armamentista.
As principais características da terceira geração modernista são:
• Academicismo;
• Passadismo e retorno ao passado;
• Oposição à liberdade formal;

Característic
• Experimentações artísticas (ficção experimental);
• Realismo fantástico (contos fantásticos);

as • Retorno à forma poética (valorização da métrica e da rima);


• Influência do Parnasianismo e Simbolismo;
• Inovações linguísticas e metalinguagem;
• Regionalismo universal;
• Temática social e humana;
• Linguagem mais objetiva.
Prosa Urbana
• A principal caraterística da prosa urbana é sua ambientação nos espaços da cidade, em detrimento
do campo e do espaço agrário. Nesse estilo destaca-se a escritora Lygia Fagundes Telles.
Prosa Regionalista
• A prosa regionalista absorve, por outro lado, aspectos do campo, da vida agrária, da fala coloquial e
regionalista, por exemplo, na obra de Guimarães Rosa.
Prosa Intimista
• Por sua vez, a prosa intimista é determinada pela exploração de temas humanos e, portanto, é mais
íntima, psicológica e subjetiva. Esses aspectos são observados nas obras de Clarice Lispector e de
Lygia Fagundes Telles.
Ainda que a prosa tenha sido o tipo de texto mais
explorado na terceira geração modernista, a
poesia é apresentada mediante aspectos de
equilíbrio.
Poesia Por isso, os poetas dessa fase eram chamados de
“Neoparnasianos”, ao fazerem referência as
Modernista principais características da poesia parnasiana:
• preocupação com a estética;
• metrificação e versificação;
• busca da perfeição;
• culto à forma.
Os principais autores e obras dessa fase são:

• João Cabral de Melo Neto (1920-1999): conhecido como “poeta


engenheiro”, João se destacou na prosa e na poesia pelo rigor estético
apresentado em suas obras: "Pedra do Sono" (1942), "O Engenheiro"
(1945) e "Morte e Vida Severina" (1955).
• Clarice Lispector (1920-1977): se destacou na prosa e na poesia com um
caráter lírico e intimista: "Perto do Coração Selvagem" (1947), "A Cidade
Sitiada" (1949), "A Paixão Segundo GH" (1964), "A Hora da Estrela"
(1977).
• João Guimarães Rosa (1908-1967): foi um dos maiores poetas do Brasil,
sendo que a maioria de suas obras são ambientadas no sertão.
Destacam-se "Sagarana" (1946), "Corpo de Baile" (1956), "Grande
• Ariano Suassuna (1927-2014): Defensor da cultura popular brasileira,
Suassuna escreveu romances, peças de teatro e poesias dos quais se
destacam: "Os homens de barro" (1949), "Auto de João da Cruz" (1950),
"O Rico Avarento" (1954) e "O Auto da Compadecida" (1955).
• Lygia Fagundes Telles (1923-): escreveu romances, contos e poesias
sendo uma de suas marcas a exploração psicológica das personagens em
sua obra: "Ciranda de Pedra" (1954), "Verão no Aquário" (1964), "Antes
do Baile Verde" (1970), "As Meninas" (1973)
CLARICE
LISPECTOR
Clarice Lispector (1920-1977)
foi uma escritora e jornalista
brasileira, de origem judia, foi
reconhecida como uma das
mais importantes escritoras do
século XX.
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA DE CLARICE
LISPECTOR

• Os textos de Clarice possuem um tom autobiográfico.


• Linguagem regionalista.
• A literatura de Clarice tem caráter intimista e
psicológico, geralmente não há uma sequência linear,
escritora explora o mundo interior das personagens,
que geralmente são femininas e passam por um
processo conhecido como epifania.
EPIFANIA

O que é Epifania:
Epifania significa aparição ou manifestação de algo, normalmente
relacionado com o contexto espiritual e divino.
Do ponto de vista filosófico, a epifania significa uma sensação profunda
de realização, no sentido de compreender a essência das coisas. Ou seja,
a sensação de considerar algo como solucionado, esclarecido ou
completo.
Epifania também pode ser considerado como um “pensamento
iluminado”, tido como uma inspiração divinal que surge em momentos de
impasse e complexidade, solucionando as frustrações e dúvidas sobre
determinada angústia.
• A história é narrada por Rodrigo S.M. (narrador-personagem), um escritor à espera da morte. Ele é
uma das peças-chave do livro. Ao longo da obra ele reflete os seus sentimentos e os de Macabéa,
a protagonista da obra.
• Nordestina órfã de pai e mãe, e criada por uma tia que a maltratava muito, Macabéa é uma
alagoana pobre de 19 anos que possui um corpo franzino e só come cachorro quente. Além disso,
ela é feia, virgem, tímida, solitária, ignorante, alienada e de poucas palavras.
• Quando vai morar no Rio de Janeiro, consegue um emprego de datilógrafa na cidade. Chega a ser
despedida pelo patrão, seu Raimundo, que por fim, tem compaixão de Macabéa, deixando-a
permanecer com o trabalho.
• No Rio de Janeiro, Macabéa mora numa pensão e divide o quarto com três moças. Todas elas são
balconistas das Lojas Americanas e chamadas de “as três Marias”: Maria da Penha, Maria da Graça
e Maria José.
• Um de seus maiores prazeres nas horas vagas é ouvir seu rádio relógio, emprestado de uma das
Marias.
• Mesmo destituída de beleza, Macabéa (ou Maca, seu apelido) consegue encontrar um namorado,
o nordestino ambicioso e metalúrgico Olímpico de Jesus Moreira Chaves.

• Quando vai à Cartomante, uma impostora chamada Madame Carlota, Macabéa descobre por
meia das cartas sua “sorte”. No entanto, ao sair de lá, atravessa a rua muito contente pelas
palavras que acabara de ouvir...
• O desafio do narrador é escrever Macabéa e a si mesmo. O livro
discute a linguagem em nível filosófico, ao pôr em cheque a palavra
como meio de conhecimento; sociológico, ao representar conflitos de
classe, com destaque para a função do escritor e a inserção do
nordestino na sociedade brasileira; e estético, ao tratar do gesto
criador.
• Há, no texto, um tripé: a vida comum e sem graça de Macabea; a
história do narrador Rodrigo; e a reflexão dele sobre a escritura. A
habilidade de Clarice está em articular esses planos de uma maneira
que não dificulta a leitura ou deixa o texto empolado ou pernóstico
(previsível)
• "Esta história acontece em estado de
emergência e de calamidade pública. Trata-se
de livro inacabado porque lhe falta resposta.
Resposta esta que alguém no mundo ma dê.
Vós? É uma história em tecnicolor para ter
algum luxo, por Deus, que eu também preciso.
Amém para nós todos.”
• Assim, projetada na figura do narrador-personagem onisciente fictício,
Rodrigo S.M., Clarice termina sua obra expressando seu incômodo sobre
a morte:
“E agora — agora só me resta acender um cigarro e ir
para casa.
Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre.
Mas — mas eu também?!
Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.
Sim.”

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