Você está na página 1de 33

Parnasianismo

O que foi
• O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na
França, na metade do século XIX e se desenvolveu na
literatura europeia, chegando ao Brasil. Essa escola literária
foi uma oposição ao Romantismo, pois representou a
valorização da ciência e do positivismo.

• O nome “Parnasianismo” surgiu na França e deriva do termo


"Parnaso" que, na mitologia grega, era o monte do deus
Apolo e das musas da poesia. Na França, os poetas
parnasianos que mais se destacaram foram: Théophile
Gautier, Leconte de Lisle, Théodore de Banville e José Maria
de Heredia.
Contexto histórico
• O Parnasianismo foi considerado, por alguns
autores, a poesia Realista. O contexto histórico
em que se desenvolve é o mesmo do
Realismo. (Segunda metade do século XIX).
• França, Alemanha e Inglaterra eram os
grandes centros culturais e econômicos do
mundo.
• Nesse período há uma constante busca pelo
luxo: a belle époque europeia.
O Parnasianismo nos diferentes campos
das artes

• Música – destaca-se Richard Wagner (Tristão e Isolda).


• Artes plásticas – Gustave Courbet.
• Acontece a “Exposição Universal” em Paris. Nesse
encontro, várias nações estiveram reunidas para
demonstrar a tecnologia que possuíam. A Europa
queria mostrar-se superior aos outros continentes. A
famosa “torre Eiffel” foi construída para esse evento. A
exposição era uma demonstração do poder intelectual
de construir um monumento capaz de ser atemporal
além de ser uma grande obra de engenharia.
TORRE EIFFEL - Paris – França - Após um concurso da
construção de uma torre, para comemorar o
Centenário da Revolução Francesa, em 1889, o
engenheiro Gustave Eiffel, que também era um
construtor de pontes, foi escolhido.
A torre que Gustave Eiffel construiu, tinha 300 metros
de altura, apoiada em quatro pés. A tal Torre foi
construída em estrutura metálica na base de rebites,
tinha um peso no início de 7 700 toneladas de ferro, e
hoje tem mais de 10 000 t. devido o aumento do peso
por conta do acréscimo de um restaurante e de um
museu.
A Torre Eiffel foi construída no centro de Paris no
campo de Marte. O governo francês queria desmontá-
la após o final de uma feira de exposição.
O Parnasianismo no Brasil
• 1882 – Obra “Fanfarras”, de Teófilo Dias
inaugura o movimento. (Pouca relevância –
questão cronológica).
• Essa obra e muitas outras dos escritores
parnasianos foram inspiradas em uma
coletânea francesa chamada “Parnasse
Contemporain” – mostrando um desejo de
imitação, por parte dos escritores brasileiros
da poesia francesa.
• O desejo de imitação dos poetas brasileiros não
era restrito à poesia. Os escritores de nosso
país queriam imitar a vida de luxo francesa – o
que no Brasil foi um falso luxo.
• Os escritores parnasianos fecham os olhos para
os problemas brasileiros e tentam construir
uma vida de requinte que, na verdade, não
existia.
• Foi uma tentativa de criar uma “belle époque”
no Brasil, esquecendo-se do mundo em que se
vive e criando uma poesia que ficou fora da
realidade.
Características do Parnasianismo
• 1 – Arte pela arte
• Busca do culto à forma. Conteúdo não tem
tanta importância. A maioria dos poemas
parnasianos ocupam-se de descrições (de
objetos; do corpo da mulher e até de um
muro). A arte tem um fim em si mesma. Não
há preocupação externa.
• 2 – Esteticismo
• Principais técnicas aplicadas nos poemas parnasianos:
• A) Rima rica – Rimar palavras de diferentes classes
gramaticais.
• B) Métrica perfeita – A maioria dos poemas
parnasianos era escrita em versos decassílabos (10
sílabas poéticas) ou em versos alexandrinos (12 sílabas
poéticas)
• C) Uso do soneto com chave de ouro – Poema escrito
em dois quartetos e dois tercetos contendo um último
verso (chave de ouro) que encerra perfeitamente o
significado geral do poema.
• 3 – Racionalismo
• Assim como no Realismo, buscava-se a
objetividade, a impassibilidade e a imparcialidade
na escrita.
• 4 – Cultura greco-latina
• Mitologia + harmonia e
• equilíbrio.
• 5 – Universalismo
• O poeta parnasiano busca
• valores estéticos e morais que alcancem o eterno e
o absoluto. Visa criar uma obra de caráter
atemporal.
• 6 – Desvinculação da crítica social
• Poesia liberta de finalidade utilitária. Fecha os
olhos para o mundo e busca a forma perfeita.
O momento histórico que marca a transição do séc. XIX para o
séc. XX e a definição de um novo ordenamento mundial é
extremamente complexo e se prolonga até a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918) e as agitações sociais da Rússia (1917-1921).
O processo burguês industrial evoluía a passos largos, gerando
a luta das grandes potências pelos mercados consumidores de
matéria-prima. A unificação da Alemanha (1870) e da Itália (1871)
alavanca o processo de industrialização desses países os coloca na
disputa de novos mercados. Por esses motivos , fragmenta-se a África
e ampliam-se as influências sobre os territórios asiáticos; desenvolve-
se assim, a política do neocolonialismo (na África) e do imperialismo
(na Ásia).
Em consequência temos duas tendências distintas:
De um lado, um clima de euforia motivado pelo progresso
industrial e pela expansão do capitalismo , pelo aumento do consumo,
pela moderna urbanização. (Paris torna-se símbolo desse novo
mundo).
• Era a vitória definitiva do pensamento do pensamento
científico, que sustentava o avanço tecnológico (essa
agitação eufórica da sociedade burguesa seria batizada, no
início do século, como belle époque);
• De outro lado, um clima de insatisfação, insegurança e
pessimismo motivado pelo conflitos sociais; o mesmo
progresso industrial que levava ao consumismo criava
massas de excluídos; o movimento operário se organizava,
eclodem greves. Uma parte da intelectualidade começa a
questionar o “paraíso” prometido pela Revolução Industrial
e a crença de que a Razão e a Ciência teriam resposta para
tudo.
• Refletindo essa ambiguidade, a literatura, e
particularmente a poesia, percorre diferentes caminhos.
(movimentos: parnasianos e simbolistas).
• A tríade parnasiana é a forma como ficou conhecido
o grupo de três poetas parnasianos brasileiros de
maior destaque: Alberto Oliveira, Raimundo
Correia e Olavo Bilac.
Autores e obras
• Alberto Oliveira
• O mais ortodoxo dos poetas
• parnasianos. Poesias voltadas
• à descrição de objetos (obras de arte, natureza,
figura feminina).
• Pouca variabilidade temática. Destacam-se os
poemas “O muro”, “Vaso chinês”, “Vaso grego”.
• Perfeccionismo na forma.
• Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
• Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
• Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?… de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
• Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
• O poema Vaso chinês é um soneto construído
em decassílabos rimados, portanto, é um
poema que se vale de metrificação e de rima.
• O poema Vaso chinês vale-se das rimas que
chamamos alternadas, cruzadas ou entrelaça
das em suas quadras, conforme o
esquema abab baba. Já os tercetos se
apresentam conforme o esquema aba cbc.
• culto à perfeição, percebemos que o próprio
sentido do poema é a exaltação de uma obra
de arte
• Raimundo Correia

» Filosofa acerca dos seus conflitos e


desilusões. Postura pessimista diante da
existência.
» Principais poemas “Mal secreto”; “As
pombas” – metáfora dos sonhos
humanos.
» Poeta da melancolia meditativa.
• Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada


Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam


Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
• O tema do soneto é inicialmente o revoar das
pombas que acaba por estabelecer uma comparação
com as fases da vida humana.
• A pomba, animal escolhido por Raimundo Correia
para protagonizar seu soneto, é símbolo da pureza,
da paz e da elevação espiritual.
• Assim como todos os pássaros, a pomba pode ser
lida como sinônimo de liberdade e de conexão do
céu e da terra, visto que frequenta os dois ambientes.
• As pombas, nos versos parnasianos acima, trazem
também a tona a efemeridade da vida e o
sentimento de transitoriedade do tempo.
• Nos seis últimos versos, o autor faz uma
associação com o desabrochar do ser humano
e o movimento de ida e vinda das pombas.
• O soneto carrega uma forte preocupação
existencial, e demonstra versos compostos a
partir de uma profundidade psicológica. O
viés da escrita é, sem sombra de
dúvida, pessimista (enquanto as pombas
efetivamente voltam para os pombais, os
corações humanos parecem não retornar ao
local de origem).
• O simbolismo da pomba
• A pomba é um animal caro ao cristianismo porque
simboliza a Virgem Maria. Na arte cristã, a pomba é
muitas vezes a representação do Espírito Santo.
• Na Bíblia também há passagens que dão protagonismo as
pombas. Após o dilúvio, Noé libertou três pombas. Uma
dessas três retornou para Noé trazendo o ramo de um
oliveira, que era um sinal de reconciliação com Deus. Por
esse motivo, a pomba tornou-se símbolo da paz.
• Mas o Cristianismo não foi o primeiro a eleger a pomba
como um pássaro especial. Na Ásia Menor, ela estava
associada a deusa da fertilidade Ichtar e na Fenícia com o
culto de Astarte. Na Grécia, a pomba era consagrada a
Afrodite. O islamismo vê nela uma ave sagrada porque
supostamente protegeu Maomé durante a sua fuga.
• Olavo Bilac
• Joga o sentimento na poesia
• parnasiana.
• Amor platônico ou espiritual X
• amor sensual.
• Poesias eróticas (mulheres nuas). “Via láctea”
– só quem ama tem a possibilida
• de de falar com as estrelas.
• Invejo o ourives quando imagem,
escrevo: A idéia veste:
Imito o amor Cinge-lhe ao corpo a ampla
Com que ele, em ouro, o roupagem
alto relevo Azul-celeste.
Faz de uma flor. • Torce, aprimora, alteia, lima
• Imito-o. E, pois, nem de A frase; e, enfim,
Carrara No verso de ouro engasta a
A pedra firo: rima,
O alvo cristal, a pedra rara, Como um rubim.
O ônix prefiro. • Quero que a estrofe
• Por isso, corre, por servir- cristalina,
me, Dobrada ao jeito
Sobre o papel Do ourives, saia da oficina
A pena, como em prata Sem um defeito:
firme
Corre o cinzel.
• Corre; desenha, enfeita a
• "Profissão de fé", é um exercício de
metalinguagem, no qual Bilac descreve o ofício de
um poeta em sua busca pela forma perfeita,
demonstrando uma preocupação exacerbada com
a estrutura dos versos em detrimento do
conteúdo.
• A aspiração do eu-lírico é imitar ao ourives, e a
invocação é o entalhe “de uma flor” – flor que é,
sempre, símbolo da beleza natural, referência de
perfeição, metáfora da própria poesia. O poema,
assim, conduz os signos culturais que evoca desde
o início à cristalização no arquétipo polissêmico
“flor”, de fundas ressonâncias.
• Soneto XIII
• “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
• E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
• Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
• E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
• Olavo Bilac – Via Láctea
• Diz-se que o tema do amor, mote inspirador dos versos de
Bilac, foi fruto da paixão que o poeta teve pela poetisa Amélia
de Oliveira (1868-1945), irmã de Alberto de Oliveira (1857-1937).
• Os versos apaixonados transparecem o afeto de um recém
apaixonado que dialoga com as estrelas. Quem o ouve acusa o
eu-lírico de devaneio: Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste
o senso!”
• O eu-lírico não liga para a acusação e ainda sublinha a sua
necessidade de conversar com as estrelas deixando, inclusive,
as janelas abertas para melhor ouvi-las. A conversa com os
astros é longa, se estende noite adentro
• Ao mesmo tempo que fala de um sentimento particular - o
encantamento provocado pela amada, o sentimento de
enamoramento - o poema é construído de modo universal, de
forma a alcançar os ouvidos de qualquer pessoa que já tenha
se sentido em tal estado.
• Trata-se, por isso, de versos eternos, que não perdem a
validade, porque retratam sentimentos tipicamente humanos e
genuínos, independentes de qualquer tempo e lugar.
• “LÍNGUA PORTUGUESA” – Olavo Bilac

Vocabulário:
• Última flor do Lácio, inculta e bela, Lácio - Lácio é uma região na
• És, a um tempo, esplendor e sepultura: Itália central onde se falava
• Ouro nativo, que na ganga impura Latim
• A bruta mina entre os cascalhos vela… Ganga – Impureza contida nos
minérios
• Amo-te assim, desconhecida e obscura, Canglor – Som estridente de
• Tuba de alto clangor, lira singela, trombetas
Trom - Som de canhão
• Que tens o trom e o silvo da procela
Procela – Tormenta no mar,
• E o arrolo da saudade e da ternura! tempestade
Arrolo – Canto de adormecer
• Amo o teu viço agreste e o teu aroma crianças
• De virgens selvas e de oceano largo! Viço – Força e exuberância
• Amo-te, ó rude e doloroso idioma, vegetativa

• Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”


• E em que Camões chorou, no exílio amargo,
• O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Úl ti ma flor do lá cio in cul ta e be la
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
És a um tem po es plen dor e se pul tu ra
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ou ro na ti vo que na gan ga im pu ra
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A bru ta mi na en tre os cas ca lhos ve la
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A mo -te as sim des co nhe ci Da e o bscu ra
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tu ba De al to glan gor li ra sin ge la
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Que tens o trom eo sil vo da pro ce la
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E o ar ro lo da sau da De e da ter nu ra
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A mo o teu vi co a gres te e o teu a ro ma
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
De vir gens sel vas e de o cea no lar go
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A mo -te ó ru de e do lo ro so i dio ma
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Em que da voz ma ter na ou vi meu fi lho
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E em que Ca mões cho rou no e xí lio a mar go
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
O gê nio sem ven tu ra e o a mor sem bri lho
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Estrutura do poema
• O poema está estruturado em quatorze versos decassílabos, também
chamados de Heroicos, com dez sílabas métricas cada um. Possui
quatro estrofes , agrupadas em dois quartetos (quatro versos) e dois
tercetos (três versos), podendo portanto, ser classificado como um
Soneto, que é marcado por essa forma fixa (Dois quartetos e dois
tercetos com versos decassílabos e de conteúdo lírico)

• As rimas do poema são interpoladas ou opostas, do tipo ABBA. São


perfeitas ou soantes quanto à coincidência sonora, pois há
correspondência completa de sons, como no caso: BELA/VELA;
SEPULTURA/IMPURA.

• Quanto à Morfologia, há a ocorrência de rimas ricas, pois a maioria


pertence a classes gramaticais diferentes, como em: bela (adjetivo),
vela (verbo), sepultura (substantivo), impura (adjetivo).
• autor, Olavo Bilac, foi personagem marcante na vida
política do país, um verdadeiro nacionalista
comprometido com a luta por uma identidade nacional.
Por isso é possível afirmar que ao discorrer sobre a
Língua Portuguesa, o poema será um hino de
enaltecimento à Língua Pátria.

• Somando-se a isso o contexto histórico em que o poema


foi escrito, marcado por grandes conquistas políticas,
como a mudança de regime do Imperialismo para a
República, é coerente perceber que os versos trazem a
marca dessa afirmação cívica, em que a Língua
representa, segundo o autor, a maior prova de
cidadania.
• No campo semântico, é possível notar logo no primeiro verso a comparação
que o autor faz da língua com uma flor. “Última flor do Lácio, inculta e bela”.
Historicamente a língua portuguesa foi a última a ser formada do Latim
Vulgar, falado na região do Lácio, na Itália. Para isso, o autor se utilizou da
Metáfora como figura de linguagem. Língua é igual a flor.

• Outro recurso de linguagem utilizado pelo autor é o paradoxo, que consiste


em uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição
lógica, como no verso: “És a um tempo , esplendor e sepultura”. Esse
recurso permite ao autor relacionar o esplendor de uma língua que estava
nascendo com uma outra que vai morrendo, no caso, o Latim, que com a
ascensão da nova língua, vai entrando em desuso.

• O poeta exalta a língua, mesmo com o fato de ainda não estar bem
elaborada como as outras que anteriormente também derivaram do Latim.
Isso é percebido nos seguintes versos: “ Ouro nativo que na ganga impura/ a
bruta mina entre os cascalhos vela”, ou seja, mesmo ainda com impurezas,
existe uma mina preciosa que espera para ser lapidada.
• O poema segue enaltecendo a beleza da língua, comparando-a com canções, orações,
sons de instrumentos musicais. Para isso, o autor faz uso da sinestesia, que é um
recurso de linguagem em que se estabelece uma relação de planos sensoriais
diferentes, como em: clangor (som), aroma (olfato) , oceano largo (visão). Além disso
a menção das florestas brasileiras são uma menção também ao idioma recém criado,
como as selvas ainda não exploradas pelo homem branco. Ao citar os oceanos,
percebe-se também uma referência à forma como a língua chegou ao Brasil, por meio
das caravelas.

• Certamente a forma em que o autor deixa mais claro seu amor pela língua é quando
faz uso do vocativo repetidas vezes: “Amo-te, ó rude e doloroso idioma” Rude, pois
ainda precisava ser aprimorado e doloroso pois não seria tarefa fácil implantá-lo em
solo brasileiro, pois implicaria antes de tudo, na destruição de outras culturas, como
aconteceu com o Latim.

• O último terceto, o autor finaliza enfatizando as sensações que a língua pode trazer.
Tanto na doce voz de uma mãe que chama por seu filho, como no choro daqueles que
sentem a tristeza de não poder estar na pátria amada, como no caso de Camões,
citado pelo autor, que exilado escreveu “Os Lusíadas”, uma epopeia escrita em
Português, contando os feitos grandiosos de Portugal durantes as grandes conquistas
no mar.

Você também pode gostar