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Texto: Renildo Franco

Ilustrações: Sérgio Melo

A revolta das letras

Fortaleza - Ceará -2012


Copyright © 2012 Renildo Franco
Ilustrador: Sérgio Melo

Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice-Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Coordenadora de Cooperação com os Municípios
Márcia Oliveira Cavalcante Campos
Orientadora da Célula de Programas e Projetos Estaduais
Lucidalva Pereira Bacelar

Coordenação Editorial Conselho Editorial


Kelsen Bravos Maria Fabiana Skeff de Paula Miranda
Leniza Romero Frota Quinderé
Preparação de Originais e Revisão
Marta Maria Braide Lima
Kelsen Bravos
Isabel Sofia Mascarenhas de Abreu Ponte
Túlio Monteiro
Sammya Santos Araújo
A. R. Sousa
Vânia Maria Chaves de Castro
Revisão de Prova Antônio Élder Monteiro de Sales
Marta Maria Braide Lima
Catalogação e Normalização
Kelsen Bravos
Gabriela Alves Gomes
Projeto e Coordenação Gráfica Maria do Carmo Andrade
Daniel Diaz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ceará. Secretaria da Educação.


A revolta das letras/ Renildo Franco; ilustrações de Sérgio Melo. – Fortaleza: SEDUC,
2012. (Coleção PAIC Prosa Poesia)
24p.; il.
ISBN: 978-85-8171-040-2
1.Literatura infanto-juvenil. I. Título.
A todos aqueles que direta ou indiretamente permeiam minha
CDD 028.5
CDU 37+028.1(813.1) inspiração e acreditam, junto comigo, que a leitura pode sim,
tornar o mundo um ambiente cada vez melhor.
Certo dia, todas as letras decidiram
fazer uma grande revolta. Não
queriam mais ser lidas, pois estavam
cansadas de sempre formar as mesmas
palavras.
— Eu não quero mais saber de
BOLA! – disse a letra B BEM BRAVA!
— Estou cansada de só estar em
CASA! – falou a letra C toda CALMA e
CONCENTRADA.
— Jamais voltarei a ver a ZEBRA!
– disse o Z ZANGADO com seu forte
ZUNIDO!

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Foram uma por uma, pulando das páginas
do pequeno livro e sumindo, sumindo,
sumindo.
A letra A virou AVIÃO e fugiu entre as
nuvens do céu.
A letra B virou BALÃO e levou o C de
CARROCEL.
A letra D virou um DEDO e pegou carona no
PÉ que, por correr tão rápido terminou fedendo
a chulé.

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A letra E virou ESCADA e desceu do livro sem
ninguém perceber.
A letra F de FACA cortou uma página inteira e
levou as letras G e H para quem as quisesse ver.

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Era tão triste ver as letras fugindo
do pequeno livro, deixando as páginas
em branco.
A letra J JAMAIS sonhou que
poderia partir dali sozinha.
Mas a letra L, pela primeira vez,
gritou de verdade:
— LIBERDADE!!!

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A letra M MONTOU no N e
NAVEGARAM pelas folhas em
branco, enquanto a letra O, fedendo
a OVO caiu no chão e quebrou-se
de nOVO.
A letra R saiu RINDO, sentada
no rabo em S da SERPENTE.
E o T escapou pelo buraco de
TATU ali em frente.

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A letra V VAIAVA todos depois de sair
VOANDO.
E o X, dentro da XÍCARA, ia logo se afastando,
deixando o Z de ZEBRA suas listras apagando.
Sem falar do K, do W e do Y que deram as
mãos e saíram dançando.

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Foi, então, que um menino, vendo aquela
fuga, disse bem afobado:
— Sem letras nos livros não se pode mais
formar palavras, palavrinhas ou palavrões
(ops!). Como será para contar histórias?
Voltem logo, pois sem vocês não se tem mais
ERA UMA VEZ!
As letras, numa correria, foram logo
respondendo:
— Só voltaremos se nos derem novas
palavras para formar. E tem que ser agora
UMA, DUAS, MEIA e já!

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O menino teve uma ideia, uma ideia genial.
Pegou tesoura e cola e o livro, depois disse às
letras uma frase sensacional:
— Voltem, vou colar todas vocês no livro
novamente e formar palavras como fala a
minha gente! São palavras novas. Quase
ninguém conhece, mas depois de aprender
“vixe Maria” a gente nunca mais esquece!

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E o menino foi colando as
letrinhas uma a uma. Todas iam
sorridentes. Davam as mãos
umas as outras, formando novas
palavras lado a lado, boca a
boca.
A letra A virou ATA, uma
fruta bem docinha.
A letra B virou BOLACHA, que
é feita com FARINHA.
A letra C virou COCADA
com COCO e RAPADURA e o D,
além de DEDO, virou DENGO e
DOÇURA.

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O M virou MANDIOCA plantada lá no roçado,
o Z, abestalhado, nunca mais ficou ZANGADO.
O F virou FOGUEIRA nos dias de São João.
O P virou PÉ DE MOLEQUE, mas sem chulé
no dedão.
Assim a tal revolta foi aos poucos desmanchada.
Cearino, muito esperto, resolveu essa parada, para a
magia da leitura nunca mais ser acabada.

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Renildo Franco
Eu nasci em Aracati-CE. Ainda vivo nessa
cidade maravilhosa, cheia de praias, muita
criatividade e arte. Sou ator, professor, diretor
cênico e artista plástico. De vez em quando
arrisco cantar, assim como fez Rosa Rosamélia
no outro livro que escrevi: “A Canção de
Rosamélia” também publicado pelo Projeto
PAIC – Prosa e Poesia, na edição de 2010. A
história “Revolta das Letras” surgiu assim: certa
noite as letrinhas invadiram minha cabeça
como se fossem formigas. Elas gritavam,
sorriam, cantavam, dançavam e piruetavam.
Eu acabei tendo de escrevê-las rapidamente em
pequenas folhas de papel. Essas letrinhas fazem
parte deste livrinho. Um delicioso passeio pela
leitura prazerosa. Ler, para mim, deve ser como
uma aventura!
Contato: francobellarte@hotmail.com

Sérgio Melo
Entre letras e sonhos, sobra o mundo da
imaginação, e nele reside toda uma sorte
de mundos. A princípio, impossíveis, mas
perfeitamente existentes junto as ideias de
pessoas que vão além. Esse também é o mundo
da arte, que dá conta do que a vida não pode
oferecer. Desse mundo veio esse texto e os
desenhos também. Sou Sérgio Melo, designer e
ilustrador, e desenhei este livro e tantos outros
vindos de lá pra cá. Que tal fazer um exercício
de ir buscar alguma coisa desse mundo?
Garanto que vai gostar! Me manda por e-mail
o que conseguiu semelo@gmail.com

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