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home () Antologia (https://www.intro.pt/literatura/antologia/), LITERATURA (https://www.intro.pt/literatura/) Elegias de
Duíno e Os Sonetos a Orfeu – Rainer Maria Rilke (Quetzal, 2017)
Nestas elegias observa-se igualmente uma mudança dos temas e dos motivos escolhidos por
Rilke, quando comparados com a sua poesia neo-romântica anterior. A sua tradicional escolha de
temas melodramáticos como amantes traídos foi substituída pela representação privilegiada de
Lguras de anjos,testemunhas privilegiadas da fragilidade humana, e da dialética entre a salvação
e a danação dos homens.
Rilke apela a um êxtase pleno de todos os sentidos, normalmente presente numa perfeita
comunhão com a natureza que produz a mais intensa expressão poética.
Apesar do seu tom celebratório, nos Sonetos a Orfeu demonstra-se igualmente a ambiguidade
do papel do poeta moderno em que Rilke se revia. Parte do caráter moderno destes poemas é o
reconhecimento de que poesia está limitada ao que as palavras tentam, mas não conseguem
alcançar. A poesia de Rilke pode antecipar o que se chamará “poética do insuLciente”, o
reconhecimento de que os poetas, desencantados com o mundo, com as limitações da natureza
humana e com as limitações da própria arte, reconhecem que a sua tarefa é interminável e que a
linguagem que empregam é insuLciente.
Da mesma forma, apesar de as canções permitirem Orfeu encontrar a sua amada Eurídice no
submundo, Orfeu eventualmente perde Eurídice de forma deLnitiva, e o cantar de Orfeu
reconhece essa a perda. Para Rilke, Orfeu não passou completamente para o mundo dos mortos,
mas ao enfrentar e interrogar a sua mortalidade, isso ajudou-o a criar a sua canção:
O espaço órLco é o mundo a que todo o poeta tenta aceder, a inevitável origem da obra da arte,
sendo que o trabalho poético resulta na consagração desse mundo. Tal como Martin Heidegger
descreve em a Origem da Obra de Arte: “A obra de arte é na verdade, abrir um mundo, e a tarefa
de um artista é consagrar um mundo, mas o seu trabalho não pertence ao mundo que ele
consagra. O trabalho pertence à terra, e constitui algo como o horizonte absoluto do mundo, um
limite que determina a historicidade e Lnitude do mundo”. Esta consagração é celebrada no
décimo segundo soneto a Orfeu:
Por defeito proHssional, Jorge Ferreirinha escreve de acordo com o novo desacordo ortográHco.
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