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- 1ª LISTA DE EXERCÍCIOS -

CURSO: PISM II CONTEÚDO: LITERATURA


PROFESSORA: WALDILENE S. MIRANDA

UFJF - PISM II -Triênio 2007-2009


Leia o fragmento abaixo do poema “I-juca pirama”, de Gonçalves Dias, para responder
às QUESTÕES 1 e 2.

“Tu choraste em presença da morte?


Em presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.

Possas tu, isolado na terra,


Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!”

1) O trecho do poema “I-juca pirama” refere-se ao momento em que o filho guerreiro volta para a
sua tribo e se encontra com seu pai após ter pedido ao líder da tribo inimiga, pela qual havia
sido capturado, que o poupasse da morte para que pudesse cuidar de seu pai amado, muito
velho, até este morrer. Pensando nos valores defendidos pelo Indianismo romântico no
Brasil, pode-se dizer que a reação do pai ocorre porque o filho:

a) considerou-o um velho incapaz, evidenciando que não o amava de forma digna.


b) demonstrou fraqueza diante da morte, o que representava falta de dignidade.
c) usou-o como desculpa para escapar da morte, ou seja, não possuía nobreza de sentimento.
d) havia sido capturado pelos inimigos, tornando-se incapaz de continuar a ser um guerreiro.
e) era, na verdade, descendente de outra tribo, o que o tornava impuro para conviver entre eles.

2) Pode-se afirmar que noções como “fraqueza”, “não dignidade”, “falta de nobreza”,
“impureza” são renegadas na poética romântica indianista no Brasil. Isso ocorreu devido:

a) à necessidade de se desenvolver e moldar o sentimento de nacionalismo no Brasil da época,


que acabava de se tornar independente.

b) à tentativa de compensar os índios mortos pelos primeiros colonizadores europeus,


resgatando seus valores primitivos.

c) ao fato de os escritores da época se oporem à corrente do “mal do século”, com seu


sofrimento amoroso e culto à idealização.

d) ao desejo de se igualar as principais raças do Brasil da época: portugueses (nobreza), negros


(força) e índios (dignidade guerreira).

e) ao esforço de se criar um movimento literário forte, que anulasse os escritores árcades, com
suas tentativas fracassadas de independência.

3) Do ponto de vista do gênero literário, é correto afirmar que tanto o poema "I-juca pirama",
de Gonçalves Dias, quanto "Navio negreiro", de Castro Alves, representam o gênero:
a) cômico
b) lírico
c) dramático
d) romanesco
e) trágico

4) Os dois poemas ("I-juca pirama" e "Navio negreiro") apresentam em comum:

a) a valorização de elementos étnicos discriminados na formação da identidade nacional


brasileira.
b) o fato de serem exemplos da poesia romântica indianista e recriarem as raízes da cultura
nativa americana.
c) a forma, pois os poetas recorrem ao decassílabo heroico e à oitava real em toda a extensão
dos poemas.
d) o inconformismo revolucionário e a grandiloquência libertária que marcou a poesia romântica
brasileira.
e) o ultra romantismo e o mal do século, que sempre estiveram presente nas obras dos autores.

UFJF – MÓDULO I DO PISM (triênio 2006-2008)


Leia, com atenção, o trecho do poema Ideias Íntimas de Álvares de Azevedo, para
responder às questões 5 e 6:
I:
Ossian – o bardo é triste como a sombra (1)
Que seus cantos povoa. O Lamartine (2)
É monótono e belo como a noite,
Como a lua no mar e o som das ondas...
Mas pranteia uma eterna monodia,
Tem na lira do gênio uma só corda,
- Fibra de amor e Deus que um sopro agita!
Se desmaia de amor... a Deus se volta
Se pranteia por Deus... de amor suspira.
Basta de Shakespeare. Vem tu agora, (3)
Fantástico alemão, poeta ardente (4)
Que ilumina o clarão das gotas pálidas
Do nobre Johannisberg! Nos teus romances (5)
Meu coração deleita-se... Contudo,
Parece-me que vou perdendo o gosto,
Vou ficando blasé: passeio os dias (6)
Pelo meu corredor, sem companheiro,
Sem ler, nem poetar... Vivo fumando,
Minha casa não tem menores névoas
Que as deste céu d’inverno... Solitário
(...)
(Os melhores poemas de Álvares de Azevedo. Seleção de Antonio Candido.
São Paulo: Global, 1994, p. 53)

1: figura mítica, cujos poemas circulavam como se fossem reais no período do


Romantismo.
2. poeta francês do início do século XIX.
3. poeta e dramaturgo inglês do século XVI.
4. referência ao poeta alemão Goethe (final do século XVIII).
5. nome de vinho famoso.
6. entediado, descontente.

5) É POSSÍVEL afirmar que o poema de Álvares de Azevedo é:


a) lírico, em primeira pessoa do singular.
b) épico, em terceira pessoa do singular.
c) satírico, em primeira pessoa do singular.
d) dramático, em terceira pessoa do singular.
e) descritivo, em primeira pessoa do singular.

6) A leitura do poema como um todo, especialmente, a leitura da 2ª estrofe, revela que o


estado de espírito do eu lírico é de:
a) alegria.
b) tédio.
c) raiva.
d) entusiasmo.
e) calma.

PISM II - TRIÊNIO 2009-2011


7) Todo o poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves, é construído para expressar sua profunda
crítica e aversão ao sistema da escravidão negra no Brasil. Assinale a alternativa em que
essa crítica se dirige mais diretamente à nova nação:

a) “Tu que, da liberdade após a guerra,


Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...”

b) “Por que foges assim, barco ligeiro?


Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!”

c) “Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!


É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!”

d) “Diz do fumo entre os densos nevoeiros:


‘Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...’”
e) “Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...”

Leia o texto abaixo para responder às questões 8 e 9.

Adormecida
Uma noite eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava, ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas!
"Virgem! tu és a flor da minha vida!..."
ALVES, Castro. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

8) No poema de Castro Alves, a representação da mulher é feita através de um jogo de


aproximação e afastamento dos elementos da natureza. A passagem que melhor indica a
identidade entre a mulher e a natureza é:

a) Uma noite eu me lembro... Ela dormia


Numa rede encostada molemente...

b) 'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste


Exalavam as silvas da campina...

c) Era um quadro celeste!... A cada afago


Mesmo em sonhos a moça estremecia...

d) De um jasmineiro os galhos encurvados,


Indiscretos entravam pela sala,

e) Dir-se-ia que naquele doce instante


Brincavam duas cândidas crianças...

9) No verso “naquela noite lânguida e sentida”, percebe-se:

a) A projeção dos estados de alma românticos na natureza, típica do Romantismo.


b) A noite como espaço que acentua a lucidez do poeta romântico.
c) A caracterização de um espaço inadaptado à virgem adormecida.
d) A proximidade da mulher amada marcada pelo demonstrativo “naquela”.
e) A contradição entre a languidez da jovem adormecida e o sentimento do poeta.

10) UFJF – CONCURSO VESTIBULAR 2012-2


Leia o texto abaixo para responder às questões “A” e “B”.
O chefe pitiguara vibrou o arco; a seta rápida atravessou um goiamum que
discorria pelasmargens do lago; só parou onde a pluma não a deixou mais entrar.
Fincou o guerreiro no chão a flecha, com a presa atravessada, e tornou para
Coatiabo:
— Podes partir. Iracema seguirá teu rasto; chegando aqui, verá tua seta, e
obedecerá à tua vontade.
Martim sorriu; e quebrando um ramo do maracujá, a flor da lembrança, o
entrelaçou na haste da seta, e partiu enfim seguido por Poti.
Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores. O calor do sol já tinha
secado seus passos na beira do lago. Iracema inquieta veio pela várzea, seguindo o
rasto do esposo até o tabuleiro. As sombras doces vestiam os campos quando ela
chegou à beira do lago.
Seus olhos viram a seta do esposo fincada no chão, o goiamum trespassado, o
ramo partido, e encheram-se de pranto.
— Ele manda que Iracema ande para trás, como o goiamum, e guarde sua
lembrança, como o maracujá guarda sua flor todo o tempo até morrer.
A filha dos tabajaras retraiu os passos lentamente, sem volver o corpo, nem tirar
os olhos da seta de seu esposo; depois tornou à cabana. Aí sentada à soleira, com a
fronte nos joelhos esperou, até que o sono acalentou a dor em seu peito.
Apenas alvorou o dia, ela moveu o passo rápido para a lagoa, e chegou à margem.
A flecha lá estava como na véspera: o esposo não tinha voltado.
Desde então à hora do banho, em vez de buscar a lagoa da beleza, onde outrora
tanto gostara de nadar, caminhava para aquela, que vira seu esposo abandoná-la.
Sentava-se junto à flecha, até que descia a noite; então recolhia à cabana.
Tão rápida partia de manhã, como lenta voltava à tarde. Os mesmos guerreiros
que a tinham visto alegre nas águas da Porangaba, agora encontrando-a triste e só,
como a garça viúva, na margem do rio, chamavam aquele sítio da Mecejana, que
significa a abandonada.
Uma vez que a formosa filha de Araquém se lamentava à beira da lagoa da
Mecejana, uma voz estridente gritou seu nome do alto da carnaúba:
— Iracema! Iracema!...
Ergueu ela os olhos e viu entre as folhas da palmeira sua linda jandaia, que batia
as asas, e arrufava as penas com o prazer de vê-la.
A lembrança da pátria, apagada pelo amor, ressurgiu em seu pensamento. Viu os
formosos campos do Ipu, as encostas da serra onde nascera, a cabana de Araquém, e
teve saudades; mas naquele instante, ainda não se arrependeu de os ter abandonado.
Seu lábio gazeou um canto. A jandaia abrindo as asas, esvoaçou-Ihe em torno e
pousou no ombro. Alongando fagueira o colo, com o negro bico alisou-lhe os cabelos e
beliscou a boca mimosa e vermelha como a pitanga.
Iracema lembrou-se que tinha sido ingrata para a jandaia, esquecendo-a no tempo
da felicidade; mas a jandaia vinha para a consolar agora no tempo da desventura.
Essa tarde não voltou só à cabana. Durante o dia seus dedos ágeis teceram o
formoso uru de palha, que forrou da felpa macia da monguba, para agasalhar sua
companheira e amiga.
Na seguinte alvorada foi a voz da jandaia que a despertou. A linda ave não deixou
mais sua senhora; ou porque depois da longa ausência não se fartasse de a ver, ou
porque adivinhasse que ela tinha necessidade de quem a acompanhasse em sua triste
solidão.
ALENCAR, José de. Iracema. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, pp. 1105-1106.

O romance Iracema, de José de Alencar (1865), conta a história de uma índia, filha de
Araquém, Pajé da tribo dos Tabajara, que se apaixona por Martim, colonizador português, por
quem abandona sua tribo.
Releia o parágrafo abaixo
“A lembrança da pátria, apagada pelo amor, ressurgiu em seu pensamento. Viu os
formosos campos do Ipu, as encostas da serra onde nascera, a cabana de Araquém,
e teve saudades; mas naquele instante, ainda não se arrependeu de os ter
abandonado.”

A) Identifique os sentimentos contraditórios da protagonista evidenciados no fragmento.


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B) O evidencia aspectos da identidade nacional brasileira, valorizados pelos autores românticos.
Identifique um desses aspectos e o exemplifique com um trecho do texto.
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GABARITO

1) B
2) A
3) B
4) A
5) A
6) B
7) A
8) E
9) A
10) DISCURSIVAS:

A) A personagem oscila entre o amor e a saudade da terra natal e o amor por Martim, ainda
que este a tenha deixado só.

B) Os aspectos fundamentais são a valorização da natureza e a idealização do índio.

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