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(1792)
Tomás A. Gonzaga
•Revolução Industrial
⊛Problemas urbanos ➡ vida pastoril
Características gerais
•”Inutilia truncat (“cortar o inútil”)
⊛Rejeição ao exagero barroco
•Fugere Urbem (“fuga da cidade”)
⊛Desprezo pelo ambiente urbano-industrial
•Locus amoenus (“lugar ameno”)
⊛Valorização do contato com a natureza
•Aurea mediocritas (“vida mediana”)
⊛Ideal de uma vida equilibrada (materialmente)
Características gerais
•Carpe diem (“aproveita o dia”) e Tempus fugit (“o tempo foge”)
⊛Convite amoroso, com tom suave e tranquilo, diante da inevitabilidade da
passagem do tempo
•Pastoralismo e Bucolismo
⊛Exaltação da vida campesina
•Convencionalismo
⊛Fingimento poético: poetas pastores (pseudônimos ➡ Marília)
•Retomada das regras clássicas (mitologia)
ARCADISMO NO BRASIL
•Datas limítrofes
⊛1768: Obras Poéticas – Cláudio M. da Costa (Glauceste)
⊛1836: início do Romantismo
•Contexto Histórico
⊛Séc XVIII: exploração do ouro em MG
✔Aumento da carga tributária – Inconfidência Mineira
Tomás Antônio Gonzaga
(1744-1810)
Dados biográficos:
- Direito em Coimbra
- Ouvidor de Vila Rica
- Maria Doroteia de Seixas: amor serôdio
- *Marília de Dirceu
- Inconfidência Mineira: prisão
- 1792: Moçambique – morte em 1810
Poesia Lírica: Marília de Dirceu (1792) –
versos regulares polimétricos (LIRAS)
•Primeira parte (Árcade)
a) Pastoralismo – Bucolismo
c)Clareza da expressão
Poesia Lírica: Marília de Dirceu (1792) –
versos regulares polimétricos (LIRAS)
•Segunda parte (Pré-Romântica)
a) Escrita na prisão
Se alguém me perguntar onde eu te vejo, Isto escrevia, quando, ó Céus, que vejo!
Responderei: No peito, que uns Amores Descubro a ler-me os versos o Deus louro:
De casto desejo Ah! dá-lhes um beijo,
Aqui te pintaram, E diz-me que valem
E são bons Pintores. Mais que letras de ouro.
Marília de Dirceu (1792) – Parte II
Lira II (...)
Esprema a vil calúnia muito embora Porém se os justos Céus, por fins ocultos,
Em tão tirano mal me não socorrem;
Entre as mãos denegridas e insolentes, Verás então, que os sábios,
Os venenos das plantas, Bem como vivem, morrem.
E das bravas serpentes;
Eu tenho um coração maior que o mundo!
Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Chovam raios e raios, no meu rosto Um coração, e basta,
Onde tu mesma cabes.
Não hás de ver, Marília, o medo escrito,
O medo perturbador,
Que infunde o vil delito.
Marília de Dirceu (1792) – Parte II
Lira VI
De que te queixas,
Língua importuna?
De que a Fortuna
Roubar-te queira
O que te deu?
Este foi sempre
O gênio seu.
(...)
Marília de Dirceu (1792) – Parte II – Lira XV
Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia; Fiadas comprarei as ovelhinhas
Vestia finas lãs, e tinha sempre Que pagarei dos poucos do meu ganho;
E dentro em pouco tempo nos veremos
A minha choça do preciso cheia.
Senhores outra vez de um bom rebanho.
Tiraram-me o casal, e o manso gado, Para o contágio lhe não dar, sobeja
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado. Que as afague Marília, ou só que as veja.
“O problema consiste em avaliar até que ponto Marília de Dirceu é um poema de lirismo amoroso
tecido à volta duma experiência concreta – a paixão, o noivado, a separação de Dirceu (Gonzaga) e
Marília (Maria Doroteia Joaquina de Seixas) – ou o roteiro de uma personalidade que se analisa e se
expõe, a pretexto da referida experiência. É certo que os dois aspectos não se apartam, nem se
apresentam como alternativas.” (A. Candido)
“Dorotéia se desindividualizou para ser absorvida na convenção arcádica; é a pastora Marília, objeto
ideal de poesia, sem existência concreta. Por isso mesmo, ora é loura, ora morena; ora compassiva,
ora cruel: em qualquer caso, sem nervo nem sangue.” (A. Candido)