Você está na página 1de 15

LITERATURA

BRASILEIRA
CURSINHO UNIOESTE 2022
Arcadismo

Essa escola literária vem com a proposta de conectar o homem à


natureza através da arte. Sua essência é baseada no resgate da antiguidade
clássica, que não separava a arte da técnica. O processo não estaria ligado
diretamente a habilidade, mas sim ao saber fazer, e isso difundia-se.
Era a época do Iluminismo na Europa, da Revolução Francesa, da
Independência das Treze Colônias na América do Norte e essas ideias de
"liberdade", "igualdade" e "fraternidade" que nasceram na Filosofia Francesa
chegaram ao Brasil, inspirando a Inconfidência Mineira.
O Brasil era colônia de Portugal e o desejo de liberdade e de
independência ficava cada vez mais intenso por aqui. Porém, escrever sobre
isso era perigoso e, por conta disso, os escritores do período costumavam
usar pseudônimos.
Características:

● Crítica da vida nas cidades ("fugere urbem" ou "fuga da cidade");


● Valorização da vida no campo (vida bucólica);
● Vida mais simples e natural, uso de apelidos, linguagem mais
simples;
● Pastoralismo (vida pastoril no campo);
● Sentimentos mais espontâneos;
● Pureza dos nativos (mito do "bom selvagem", de Rousseau).
Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu)

Nasceu em Portugal, estudou Direito em Coimbra e retornou para o Brasil


em 1782. Nesse período, Gonzaga apaixona-se pela jovem Marília Doroteia a
quem dedica suas primeiras 33 liras para conquistá-la e tê-la como esposa. O
autor foi discriminado pela família da jovem, pois era bem mais velho e pobre.
Foi preso em 1789 por ter se envolvido na Inconfidência Mineira e
consequentemente ficou separado de sua amada para sempre.
Lira I:

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,


Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dos anos inda não está cortado:
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Os pastores, que habitam este monte,
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
Respeitam o poder do meu cajado.
E mais as finas lãs, de que me visto.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Graças, Marília bela,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Graças à minha Estrela!
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha,
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Lira I:

Mas tendo tantos dotes da ventura,


Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
Depois que teu afeto me segura,
Que queres do que tenho ser senhora.
Os teus olhos espalham luz divina,
É bom, minha Marília, é bom ser dono
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
De um rebanho, que cubra monte, e prado;
Papoila, ou rosa delicada, e fina,
Porém, gentil Pastora, o teu agrado
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Graças, Marília bela,
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Graças à minha Estrela!
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Lira I:

Leve-me a sementeira muito embora


O rio sobre os campos levantado:
Acabe, acabe a peste matadora,
Irás a divertir-te na floresta,
Sem deixar uma rês, o nédio gado.
Sustentada, Marília, no meu braço;
Já destes bens, Marília, não preciso:
Ali descansarei a quente sesta,
Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;
Dormindo um leve sono em teu regaço:
Para viver feliz, Marília, basta
Enquanto a luta jogam os Pastores,
Que os olhos movas, e me dês um riso.
E emparelhados correm nas campinas,
Graças, Marília bela,
Toucarei teus cabelos de boninas,
Graças à minha Estrela!
Nos troncos gravarei os teus louvores.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Lira I:

Depois de nos ferir a mão da morte,


Ou seja neste monte, ou noutra serra,
Nossos corpos terão, terão a sorte
De consumir os dois a mesma terra.
Na campa, rodeada de ciprestes,
Lerão estas palavras os Pastores:
“Quem quiser ser feliz nos seus amores,
Siga os exemplos, que nos deram estes.”
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu &
Cartas Chilenas. São Paulo: Ática, 1997.
Características do arcadismo na Lira I:

As primeiras características do Arcadismo notáveis na Lira I são a simplicidade


nas palavras, vocabulário acessível direto e sem exagero. Dirceu identifica a si e a
sua amada como pastores. Nota-se que ele vive em plena harmonia com a natureza.
O bucolismo está bastante evidente nessa lira e a maior parte do vocabulário
apresenta termos ligados à vida no campo. Nos versos “Graças, Marília bela,/
Graças à minha estrela!”, o poeta manifesta-se satisfeito com o próprio destino e
afirma que possui sorte graças à sua amada, esse é um termo evidente do
narcisismo, pois ele está se autovalorizando.
Diferentemente de outros poetas barrocos, o autor recusa usar termos
complicados, preferindo a clareza e a ordem lógica na escrita.
ROMANTISMO NO BRASIL

O Romantismo (seculo XIX) é o período literário que veio depois do Arcadismo


(século XVIII) e é dividido em três fases: Primeira Geração (Indianismo), Segunda
Geração (Ultrarromantismo) e Terceira Geração (Condoreirismo).

De modo geral, o Romantismo é caracterizado pela subjetividade, pela emoção,


pelo sentimentalismo e pelo lirismo (à grosso modo, tudo isso é a mesma coisa). Ou
seja: os escritores românticos escreviam de modo mais emotivo e sentimental,
explorando as emoções e o drama humano.
ROMANTISMO NO BRASIL

● A primeira fase (Indianismo) dá destaque ao nacionalismo e ao índio


(símbolo brasileiro);
● A segunda fase (Ultrarromantismo) explora o drama humano,
investigando o próprio "eu" (é uma fase mais dramática e
depressiva) e;
● A terceira fase (Condoreirismo) explora a temática social.
Características do Romantismo:
O Romantismo é o movimento artístico que representa a burguesia do século XVIII
e XIX, ou seja, o movimento é o de uma produção da nova elite da sociedade, que havia
superado os regimes absolutistas em diversos países. Por conta disso, os ideais dessa
burguesia são aqueles presentes nas obras românticas. Alguns deles são:

● egocentrismo (culto ao “eu”; o indivíduo como centro da existência);

● nacionalismo;

● exaltação da natureza enquanto cúmplice do sujeito;

● idealização do herói, do amor e da mulher;

● fuga da realidade por meio da morte, do sonho, da loucura ou da arte.

Para além dessas características gerais, vale ressaltar que as manifestações da


poesia e da prosa, dentro do Romantismo, tiveram, cada uma, suas particularidades".
ROMANTISMO NO BRASIL
Se eu morresse amanhã
Álvares de Azevedo

Se eu morresse amanhã, viria ao menos Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Fechar meus olhos minha triste irmã; Acorda a natureza mais louçã!
Minha mãe de saudades morreria Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã! Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro! Mas essa dor da vida que devora
Que aurora de porvir e que manhã! A ânsia de glória, o dolorido afã…
Eu perdera chorando essas coroas A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã! Se eu morresse amanhã!
ROMANTISMO NO BRASIL

Álvares de Azevedo é um poeta da segunda geração romântica. Ele


nasceu em 12 de setembro de 1831 e faleceu em 25 de abril de 1852. Era
um poeta romântico típico, pois se entregou à melancolia, ao isolamento e
ao tédio, enquanto vivia e escrevia suas obras. Morreu jovem
(tuberculose), com 20 anos de idade, e deixou poesias, uma peça de teatro
(Macário) e uma novela (Noite na taverna), entre outros textos, publicados
após a sua morte.
ROMANTISMO NO BRASIL

Gonçalves Dias foi um dos maiores poetas da primeira geração


romântica do Brasil. Foi patrono da cadeira 15 na Academia Brasileira de
Letras (ABL).
Lembrado como poeta indianista, ele escreveu sobre temas relacionados
à figura do índio. Além de poeta, ele foi jornalista, advogado e etnólogo.

Obra para ser estudada:

“O canto do guerreiro”

Você também pode gostar