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TAREFA COMPLEMENTAR

Luana Oliveira

Texto Gerador 1: Poesia no Romantismo

Navio Negreiro

Quem são estes desgraçados A vontade por poder...


Que não encontram em vós Hoje... cúm'lo de maldade,
Mais que o rir calmo da turba Nem são livres p'ra morrer. .
Que excita a fúria do algoz? Prende-os a mesma corrente
Quem são? Se a estrela se cala, — Férrea, lúgubre serpente —
Se a vaga à pressa resvala Nas roscas da escravidão.
Como um cúmplice fugaz, E assim zombando da morte,
Perante a noite confusa... Dança a lúgubre coorte
Dize-o tu, severa Musa, Ao som do açoute... Irrisão!...
Musa libérrima, audaz!...
Senhor Deus dos desgraçados!
São os filhos do deserto, Dizei-me vós, Senhor Deus,
Onde a terra esposa a luz. Se eu deliro... ou se é verdade
Onde vive em campo aberto Tanto horror perante os céus?!...
A tribo dos homens nus... Ó mar, por que não apagas
São os guerreiros ousados Co'a esponja de tuas vagas
Que com os tigres mosqueados Do teu manto este borrão?
Combatem na solidão. Astros! noites! tempestades!
Ontem simples, fortes, bravos. Rolai das imensidades!
Hoje míseros escravos, Varrei os mares, tufão! ...
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
(...)
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm... Das palmeiras no país,
Trazendo com tíbios passos, Nasceram crianças lindas,
Filhos e algemas nos braços, Viveram moças gentis...
N'alma — lágrimas e fel... Passa um dia a caravana,
Como Agar sofrendo tanto, Quando a virgem na cabana
Que nem o leite de pranto Cisma da noite nos véus ...
Têm que dar para Ismael. ... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
Lá nas areias infindas, ... Adeus, amores... adeus!...
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado Castro Alves
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar... (In:
http://www.culturabrasil.pro.br/navionegr
Ontem plena liberdade, eiro.htm. Acesso em: 25/01/2013)
QUESTÃO I

Os adjetivos são palavras que estão ligadas às qualidades sensoriais (cor, qualidades, beleza,
tamanho, som, tacto) ou às qualidades morais (bondade, maldade, pureza, generosidade,
mesquinhez, coragem, timidez, ousadia). Eles podem ter cunho descritivo ou valorativo. Os
primeiros apenas dizem objetivamente como é a coisa que descrevem; já os valorativos
atribuem juízos de valor, são subjetivos.

“São mulheres desgraçadas,


Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel... “

No trecho destaque Castro Alves utiliza vários adjetivos. Podemos dizer que a maioria deles é
descritivo ou valorativo? Justifique sua resposta.

Resposta comentada: Os alunos devem perceber que os adjetivos presentes nesse trecho tem
emitem juízo de valor do autor com relação as mulheres descritas e que com isso ele pretende
enfatizar a descrição de sofrimento.

Habilidade: Empregar adjetivos valorativos e advérbios como mecanismo de introdução do


juízo de valor e recurso modalizador.

Texto Gerador 2: Romance no Romantismo

IRACEMA

O pajé vibrou o maracá, e saiu da cabana, porém o estrangeiro não ficou só.
Iracema voltara com as mulheres chamadas para servir o hóspede de Araquém, e os
guerreiros vindos para obedecer-lhe.
— Guerreiro branco, disse a virgem, o prazer embale tua rede durante a noite; e o
Sol traga luz a teus olhos, alegria à tua alma.
E assim dizendo, Iracema tinha o lábio trêmulo, e úmida a pálpebra.
— Tu me deixas? perguntou Martim.
— As mais belas mulheres da grande taba contigo ficam.
— Para elas a filha de Araquém não devia ter conduzido o hóspede à cabana do
pajé.
— Estrangeiro, Iracema não pode ser tua serva. É ela que guarda o segredo da
jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o pajé a bebida de Tupã.
O guerreiro cristão atravessou a cabana e sumiu-se na treva.
A grande taba erguia-se no fundo do vale, iluminada pelos fachos da alegria. Rugia
o maracá; ao quebro lento do canto selvagem, batia a dança em trono a rude cadência. O
pajé inspirado conduzia o sagrado tripúdio e dizia ao povo crente os segredos de Tupã.
O maior chefe da nação tabajara, Irapuã, descera do alto da serra Ibiapaba, para
levar as tribos do sertão contra o inimigo pitiguara. Os guerreiros do vale festejam a
vinda do chefe, e o próximo combate.
O mancebo cristão viu longe o clarão da festa, e passou além, e olhou o céu azul
sem nuvens. A estrela morta, que então brilhava sobre a cúpula da floresta, guiou seu
passo firme para as frescas margens do Acaraú.
Quando ele transmontou o vale e ia penetrar na mata, o vulto de Iracema surgiu. A
virgem seguira o estrangeiro como a brisa sutil que resvala sem murmurejar por entre a
ramagem.
— Por que, disse ela, o estrangeiro abandona a cabana hospedeira sem levar o
presente da volta? Quem fez mal ao guerreiro branco na terra dos tabajaras?
O cristão sentiu quanto era justa a queixa; e achou-se ingrato.
— Ninguém fez mal ao teu hóspede, filha de Araquém. Era o desejo de ver seus
amigos que o afastava dos campos dos tabajaras. Não levava o presente da volta; mas
leva em sua alma a lembrança de Iracema.
— Se a lembrança de Iracema estivesse n’alma do estrangeiro, ela não o deixaria
partir. O vento não leva a areia da várzea, quando a areia bebe a água da chuva...

José de Alencar
(ALENCAR, José de. Iracema. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000014.pdf. Acesso em: 25/01/2013)

QUESTÃO II
O movimento Romântico no Brasil pode ser divido em três blocos:
A primeira geração:
(Nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao
medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de
geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes.
A segunda geração:
Também conhecida como Byroniana e Ultra-Romantismo, recebeu a denominação de mal do
século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e
a escuridão.
A terceira geração:
Conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma
construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou
Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e
influenciador dessa geração.

O texto acima pertence a que geração da fase Romântica?

Que característica abaixo confirma sua resposta:

A- Idealização representada e pela postura dos índios


B- Nacionalismo representado pela descrição do ambiente
C- Evasão da realidade caracterizada pelas atitudes de Iracema
D- Crítica social compreendida pelo sentido geral do texto
E- Religiosidade expressa na figura do pajé

Habilidade: Relacionar os modos de organização da linguagem às escolhas do autor, à


tradição literária e ao contexto sociocultural de cada época.

Resposta comentada: Os alunos devem perceber que o texto de José de Alencar faz
parte da primeira fase do movimento Romântico no Brasil e que a descrição e atitudes
das personagens indígenas mostra a visão idealizada muito difundida neste período.
QUESTÃO III

A maior parte dos verbos presentes no texto de José de Alencar encontra-se no modo
indicativo, porém no período final temos a seguinte construção:
“— Se a lembrança de Iracema estivesse n’alma do estrangeiro, ela não o deixaria
partir. O vento não leva a areia da várzea, quando a areia bebe a água da chuva... “

Por que neste trecho os verbos foram grafados no modo subjuntivo?

Resposta Comentada:
Os alunos devem perceber que durante todo o trecho o autor narra fatos e acontecimentos
( fictícios) e no período final , em destaque ele fala de uma suposição O modo subjuntivo se
caracteriza por um conceito semântico, é considerado o modo verbal que ao invés de
expressar uma certeza expressará uma ideia de dúvida, exprime uma ação irreal, hipotética,
por isso sua utilização na construção final.
Habilidade: • Reconhecer e utilizar diversas marcas modais nos verbos.

Texto Gerador 3: Resenha dos

Aurélia: uma consagração da imagem da mulher

Publicada em 1875, Senhora é uma das últimas obras da carreira de José de


Alencar. Ao tematizar o casamento como forma de ascensão social, o autor abre
discussão sobre certos valores e comportamentos da sociedade carioca, resultantes de um
capitalismo emergente em meados do século XIX no Brasil. Sob o argumento de que a
literatura constitui uma forma especial de expressar e transmitir uma mensagem,
caracterizando-se pela plurifuncionalidade que o discurso poético atinge ao veicular as
informações e ideologias, expressas pela organização de elementos específicos que regem
a narratividade, pode-se dizer que são esses elementos esquematizados que determinam
as concretizações específicas do leitor. Assim, há em Senhora uma análise em
profundidade de certos temas delicados do contexto social daquela época, em que são
abordados os temas do casamento por interesse, da ascensão social a qualquer preço e
principalmente a independência feminina.
Apresentando severas críticas à hipocrisia de seu tempo, pois questiona o uso do
dote que regia os casamentos da época e o papel a que a mulher era submetida, sendo
preterida em seu amor dependendo das condições financeiras, Senhora é considerado um
romance brasileiro precursor de discurso feminista. Porém, embora identifique um perfil
feminino que se rebela contra a hegemonia dominante masculina, Aurélia configura-se
como uma mulher altiva, forte e capaz de suplantar o domínio masculino por possuir
aquilo que a sociedade impunha (o dinheiro) ao mesmo tempo em que é uma frágil
romântica cuja aparente força advinda da vingança e do dinheiro não é suficiente para
configurá-la como marco de identidade feminina. É o que ocorre quando Alencar insere o
narrador na história, procurando entender as motivações e as angústias da alma de
Aurélia, mas ciente das limitações e do alcance da obra literária, “limita-se a referir o que
sabe, deixando à sagacidade de cada um atinar com a verdadeira causa de impulsos tão
encontrados”.
Aurélia, ao longo do romance, adota uma postura masculina, pois escolhe seu
marido, praticamente o compra com seu dote, é autônoma de seus atos, rege liderança
sobre seus bens, família e sobre toda a casa. Como senhora adquiriu uma posição
masculinizada, pois o tratamento de “senhor“ era atribuído aos homens. Alencar
argumenta que “a natureza dotara Aurélia com a inteligência viva e brilhante da mulher
de talento, que não se atinge ao vigoroso raciocínio do homem”, ou seja, foge dos
preceitos de que a “última palavra” é a do homem, pois possui o “dom” da persuasão. O
mito de mulher “pura/impura” está impregnado em nossa sociedade, desde os textos
bíblicos, as tragédias gregas, as bruxas, as prostitutas, na qual enfatiza que o feminino se
personifica no anjo ou demônio. Essas imagens geralmente aparecem na literatura de
forma dualista, ora idealizada, ora demoníaca que oscila entre a adoração e a condenação.
Podemos perceber que Aurélia durante toda a narrativa, assume uma postura
diferenciada das mulheres burguesas do século XIX, burlando as regras sociais,
autoritária e sedutora, mas consagra-se no final do romance à imagem e semelhança de
Maria, redentora, boa esposa. Como relata Rodrigues e Silva,
“O romance romântico dirigia-se a um público mais restrito do que o
atual; eram moços e moças provindos das classes altas e médias, assim,
esses leitores tinham algumas exigências como reencontrar, muitas
vezes a própria e convencional realidade e projetar-se como herói ou
heroína em peripécias, com o que não se depara a média dos mortais.
Assim, muitas leitoras de folhetins sonhavam e se imaginavam no lugar
e na posição de Aurélia, e até mesmo de Lúcia”. (p.1)
Entretanto, é devido à recepção que a obra literária alcança que podemos dizer que
não ocorre a configuração da identidade feminina na personagem Aurélia, pois a
vingança que a move não lhe atribui nada que a destaque se comparada ao universo
masculino, ao contrário, representa-a como uma pessoa revoltada que não conseguiu
superar uma humilhação, ou seja, ela se inferioriza pelos seus atos, o que não seria bem
aceito pelo público de então. Ao se dispor a comprar Seixas, Aurélia nada lucrou, pois no
dia de suas núpcias tinha plena consciência de que o amava, de forma que a revelação de
seu amor ao marido na conciliação quando este devolveu o dinheiro, não significa que
houve amadurecimento e crescimento de sua parte, mas apenas a comprovação de que ela
sofreu onze meses por motivo torpe, que só diminui a pessoa; pelo contrário, cedeu
espaço para que Seixas se destacasse, se redimisse e conquistasse mais motivos para que
fosse amado por ela, confirmando a hegemonia masculina da época.
“Senhora” pode ser um marco a identificar um perfil feminino que se rebelou contra
as imposições morais e sociais vigentes, servindo como elemento de denúncia, mas está
aquém de configurar a identidade feminina na literatura brasileira no campo da
emancipação da mulher do domínio masculino. Coelho historicamente conceitua o
Romantismo como:
“Fase em que a sublimação heróica da paixão é assimilada pela
Sociedade como valor básico do comportamento ético-amoroso.
[Consagração da imagem dual da mulher – pura/impura-, escolha
dependente de uma de vontade consciente (heroínas românticas) ou por
imposições feita à mulher por circunstâncias sociais injustas e adversas
- as decaídas.” (2000, p.93)
Concluímos que nossa heroína enquanto se reveste da postura masculina, sendo
senhora, impregna-se de impureza e para sua purificação foi designada a se redimir e
pedir perdão, postulando a “sublimação heróica da paixão” do século XIX, que
funcionava como uma ideologia de regulamentação de comportamento social.

QUESTÃO IV

Texto complementar
Resenha é uma produção textual, por meio da qual o autor faz uma breve apreciação, e uma
descrição a respeito de acontecimentos culturais (como uma feira de livros, por exemplo) ou
de obras (cinematográficas, musicais, teatrais ou literárias), com o objetivo de apresentar o
objeto (acontecimento ou obras), de forma sintetizada, apontando, guiando e convidando
o leitor (ou espectador) a conhecer tal objeto na integra, ou não.
Uma resenha deve conter uma análise e um julgamento (de verdade ou de valor).

Uma resenha pode ser:

* Descritiva – É o caso dos resumos de livros técnicos, também chamada de resenha técnica ou
cientifica. A apreciação, ou o julgamento em uma resenha descritiva julga as ideias do autor, a
consistência e a pertinência de suas colocações, ao longo da descrição da obra, ou seja, trata-
se de um julgamento de verdade.

* Crítica ou opinativa – Nesse tipo de resenha o conteúdo apresentado é um pouco mais


detalhado do que na resenha descritiva, pois os critérios de julgamento são de valor,
de beleza da forma, estilo do objeto (acontecimento ou obra). A exploração um pouco maior
dos detalhes ocorre devido à necessidade de que o autor da resenha fundamente suas críticas,
sejam elas positivas ou negativas, utilizando outros autores que trabalharam o mesmo tema.

(http://www.infoescola.com/redacao/resenha/)

Após a leitura como você classificaria a resenha “Aurélia: uma consagração da imagem da
mulher”?

Justifique sua resposta utilizando trechos do texto.

Resposta comentada: O aluno deve reconhecer o texto como uma resenha crítica, uma vez
que o autor vai além da simples descrição . Ele expõe sua opinião a todo o momento
revelando seu posicionamento a respeito do romance. O texto está impregnado de adjetivos
valorativos e trechos que deixam clara a visão do resenhista.

Habilidade: Reconhecer na resenha a finalidade de expor criticamente um ponto de vista


sobre manifestações artísticas.

QUESTÃO V
Após a leitura dos textos acima ( resenha e textos sobre resenhas) Pesquise o poema Navio
Negreiro , de castro Alves na Íntegra e escreva uma resenha sobre ele. Lembre-se de utilizar os
conceitos e características do período literário que já estudamos ao longo do bimestre.

Habilidade: Produzir resenhas dos romances estudados, relacionando-os à discussão de


paradigmas e temas da atualidade.

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