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ARCADISMO Propunha-me dormir no teu regaço

1- Explique a expressão ‘‘ARCÁDIA’’. as quentes horas da comprida sesta,


2- Que estado era o centro de produção literária do escrever teus louvores nos olmeiros,
Arcadismo? toucar-te de papoilas na floresta.
3- Qual a contribuição dos escritores árcades à Julgou o justo Céu que não convinha
Inconfidência Mineira? que a tanto grau subisse a glória minha.
4- Leia o texto para responder às questões a seguir:
Ah! minha bela, se a fortuna volta,
Marília de Dirceu : Parte 1 - Lira XIV se o bem, que já perdi, alcanço e provo,
por essas brancas mãos, por essas faces
Minha bela Marília, tudo passa; te juro renascer um homem novo,
A sorte deste mundo é mal segura; romper a nuvem que os meus olhos cerra,
Se vem depois dos males a ventura, amar no céu a Jove e a ti na terra!
Vem depois dos prazeres a desgraça
Fiadas comprarei as ovelhinhas,
Ah! enquanto os Destinos impiedosos que pagarei dos poucos do meu ganho;
Não voltam contra nós a face irada, e dentro em pouco tempo nos veremos
Façamos, sim façamos, doce amada, senhores outra vez de um bom rebanho.
Os nossos breves dias mais ditosos. Para o contágio lhe não dar, sobeja
que as afague Marília, ou só que as veja.
Ornemos nossas testas com as flores.
E façamos de feno um brando leito, Se não tivermos lãs e peles finas,
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, podem mui bem cobrir as carnes nossas
Gozemos do prazer de sãos Amores. as peles dos cordeiros mal curtidas,
Sobre as nossas cabeças, e os panos feitos com as lãs mais grossas.
Sem que o possam deter, o tempo corre; Mas ao menos será o teu vestido
E para nós o tempo, que se passa, por mãos de amor, por minhas mãos cosido. (Tomás
Também, Marília, morre. Antônio Gonzaga)
a- Em que medida o texto da segunda parte contraria
Que havemos de esperar, Marília bela? os pressupostos do Arcadismo?
Que vão passando os florescentes dias? b- Existe uma contraposição entre o texto da
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias; segunda parte e o da primeira. Comparando-os,
E pode enfim mudar-se a nossa estrela. identifique oposições entre eles.
Ah! Não, minha Marília, c- Existe platonismo no texto?
Aproveite-se o tempo, antes que faça d- Qual é a diferença dos estados de espírito
O estrago de roubar ao corpo as forças manifestos no texto da primeira parte e no da
E ao semblante a graça. ” (Tomás Antônio Gonzaga) segunda?
a- Todo apelo amoroso contido no texto é baseado em
um clichê árcade. Qual? 6- Sobre as Cartas chilenas, responda:
b- Aponte no poema as passagens que justifiquem a a- Trace um perfil de Luís da Cunha Meneses e de
resposta à questão anterior. seu despotismo.
c- Como o enunciador vê a passagem do tempo? b- Sob quais condições ele mantinha seus
d- A abordagem amorosa é platônica ou carnal? prisioneiros?
Justifique. c- Descreva as condições do presídio mantido pelo
Fanfarrão Minésio.
5- Leia o texto para responder às questões a seguir:
LIRA XV 7- Leia o texto para responder às questões a seguir:
Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro, Soneto VII
fui honrado Pastor da tua Aldeia; Onde estou? Este sítio desconheço:
vestia finas lãs e tinha sempre Quem fez tão diferente aquele prado?
a minha choça do preciso cheia. Tudo outra natureza tem tomado;
Tiraram-me o casal e o manso gado, E em contemplá-lo tímido esmoreço.
nem tenho, a que me encoste, um só cajado.
Uma fonte aqui  houve; eu  não  me esqueço
Para ter que te dar, é que eu queria De estar a ela um dia reclinado:
de mor rebanho ainda ser o dono; Ali em vale um monte está mudado:
prezava o teu semblante, os teus cabelos Quando pode dos anos o progresso!
ainda muito mais que um grande Trono.
Agora que te oferte já não vejo, Árvores  aqui vi  tão  florescentes
além de um puro amor, de um são desejo. Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
(...)
Eu me  engano: a região esta  não era; Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Mas que venho a estranhar, se estão presentes Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Meus males, com que tudo degenera. Entre a ira e o temor. Enfim sacode
(COSTA, C.M. Poemas. Disponível O arco, e faz voar a aguda seta,
em  www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 7 jul  2012 Que toca o peito de Lindóia, e fere
a- Qual é o tema do soneto? A serpente na testa, e a boca, e os dentes
b- Qual contraste é estabelecido no texto? Deixou cravados no vizinho tronco.
c- Quais são as semelhanças entre o soneto lido e os de Açouta o campo co’a ligeira cauda
Camões? O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
8- Leia o texto para responder às questões a seguir: Em negro sangue o lívido veneno.
TEMEI, PENHAS (CLÁUDIO MANUEL DA COSTA) Leva nos braços a infeliz Lindóia
Destes penhascos fez a natureza O desgraçado irmão, que ao despertá-la
O berço em que nasci: oh! quem cuidara Conhece, com que dor! no frio rosto
Que entre penhas tão duras se criara Os sinais do veneno, e vê ferido
Uma alma terna, um peito sem dureza! Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Amor, que vence os tigres, por empresa Cheios de morte; e muda aquela língua,
Tomou logo render-me; ele declara Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes
Contra meu coração guerra tão rara Contou a larga história de seus males.
Que não me foi bastante a fortaleza. Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano Lendo na testa da fronteira gruta
A que dava ocasião minha brandura, De sua mão já trêmula gravado
Nunca pude fugir ao cego engano; O alheio crime, e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
Vós que ostentais a condição mais dura, O suspirado nome de Cacambo.
Temei, penhas, temei: que Amor tirano Inda conserva o pálido semblante
Onde há mais resistência mais se apura. Um não sei quê de magoado, e triste,
a- Identifique características árcades presentes no Que os corações mais duros enternece.
poema. Tanto era bela no seu rosto a morte!
b- Existe alguma semelhança entre o conceito de amor (Brasílio da Gama)
camoniano e o expresso pelo soneto lido? a- O episódio apresenta uma estrutura bem demarcada:
c- No poema, o que contrasta com as pedras? Por quê? introdução, desenvolvimento e conclusão. Releia o
d- Que características barrocas é possível identificar texto e assinale essas partes. Após isso, em qual das
nesse poema? partes se observa um momento de maior tensão?
b- A visão de Basílio da Gama tem do indígena já
9- Leia o texto para responder às questões a seguir: prenuncia o sentimento nativista que o Romantismo
O Uraguai (Trecho do Canto IV- A morte de Lindoia) tanto cultivou. Como são caracterizados os
personagens Lindoia e Caitutu? Esses personagens
Entram enfim na mais remota e interna estão mais próximos da realidade ou de figuras
Parte de antigo bosque, escuro e negro, idealizadas?
Onde ao pé de uma lapa cavernosa c- Em relação aos outros escritores do Arcadismo
Cobre uma rouca fonte, que murmura, brasileiro, Basílio da Gama apresenta as mesmas
Curva latada de jasmins e rosas. convenções árcades? Justifique a resposta a partir do
Este lugar delicioso, e triste, vocabulário e dos recursos de linguagem empregados.
Cansada de viver, tinha escolhido d- Quanto ao aspecto formal, o poema apresenta versos
Para morrer a mísera Lindóia. brancos, sem rimas; e quanto ao número de sílabas
Lá reclinada, como que dormia, poéticas, há alguma irregularidade?
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco 10- Leia o texto para responder às questões a seguir:
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto CANTO VI [É FAMA ENTÃO QUE A MULTIDÃO FORMOSA
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge XXXVI
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. É fama então que a multidão formosa
Fogem de a ver assim sobressaltados, Das damas, que Diogo pretendiam,
E param cheios de temor ao longe; Vendo avançar-se a nau na via undosa,
E nem se atrevem a chamá-la, e temem E que a esperança de o alcançar perdiam,
Que desperte assustada, e irrite o monstro, Entre as ondas com ânsia furiosa,
E fuja, e apresse no fugir a morte. Nadando, o esposo pelo mar seguiam,
Porém o destro Caitutu, que treme E nem tanta água que flutua vaga
Do perigo da irmã, sem mais demora
O ardor que o peito tem, banhando apaga.
12 -(ITA) Uma das afirmações abaixo é incorreta. Assinale-a:
a) O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia
XXXVII greco-romana, deuses e entidades pagãs. Mas esses mesmos
Copiosa multidão da nau francesa deuses convivem com outros seres do mundo cristão.
Corre a ver o espetáculo assombrada; b) A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se
E, ignorando a ocasião de estranha empresa, sobretudo de poesia, que pode ser lírico-amorosa, épica e
Pasma da turba feminil que nada. satírica.
Uma, que as mais precede em gentileza, c) O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas
Não vinha menos bela do que irada: construções da linguagem barroca, preferindo a clareza, a
Era Moema, que de inveja geme, ordem lógica na escrita.
E já vizinha à nau se apega ao leme. d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como
assunto o descobrimento da Bahia, levado a efeito por Diogo
XXXVIII Álvares Correia, misto de missionários e colonos português.
"Bárbaro (a bela diz), tigre e não homem... e) A morte de Moema,índia que se deixa picar por uma
Porém o tigre, por cruel que brame, serpente, como prova de fidelidade e amor ao índio Cacambo, é
Acha forças amor que enfim o domem; trecho mais conhecido da obra O Uruguai, de Basílio da Gama.
Só a ti não domou, por mais que eu te ame.
Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem, 13- (ITA) Dadas as afirmações:
Como não consumis aquele infame? I) O Uruguai, poema épico que antecipa em várias direções o
Mas apagar tanto amor com tédio e asco... Romantismo, é motivado por dois propósitos indisfarçáveis:
Ah que o corisco és tu... raio... penhasco? exaltação da política pombalina e antijesuitismo radical.
II) O (A) autor(a) do poema épico Vila Rica, no qual exalta os
(...) bandeirantes e narra a história da atual Ouro Preto, desde a sua
fundação, cultivou a poesia bucólica, pastoril, na qual menciona
XLII a natureza como refúgio.
Perde o lume dos olhos, pasma e treme, III) Em Marília de Dirceu, Marília é quase sempre um vocativo;
Pálida a cor, o aspecto moribundo, embora tenha a estrutura de um diálogo, a obra é um monólogo
Com mão já sem vigor, soltando o leme, – só Gonzaga fala, raciocina; constantemente cai em
Entre as salsas escumas desce ao fundo. contradição quanto à sua postura de Spastor e sua realidade de
Mas na onda do mar, que irado freme, burguês.
Tornando a aparecer desde o profundo:
"Ah Diogo cruel!" disse com mágoa, Está(ão) Correta(s):
E, sem mais vista ser, sorveu-se nágua. a) Apenas I
b) Apenas II
In: DURÃO, Santa Rita. Caramuru: poema épico do c) Apenas I e II
descobrimento da Bahia, composto por Fr. José de Santa Rita d) Apenas I e III
Durão, da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, natural da e) Todas
Cata Preta nas Minas Gerais. São Paulo: Cultura, 1945. p.148-
149. (Série brasileiro-portuguesa, 30) 14-(Santa Casa SP)
a- É esperado de uma indígena um discurso como o Texto I
que foi atribuído a Moema? Justifique. “É a vaidade, Fábio, nesta vida,
b- Qual foi a reação dos tripulantes diante do Rosa, que da manhã lisonjeada,
comportamento das mulheres indígenas quando Púrpuras mil, com ambição dourada,
Diogo partiu? Airosa rompe, arrasta presumida.”
c- Descreva o que ocorre com Moema e comente o
modo como esse episódio é narrado. Texto II
“Depois que nos ferir a mão da morte,
11- (UEL) ou seja neste monte, ou noutra serra,
Sou pastor; não te nego; os meus montados nossos corpos terão, terão a sorte
de consumir os dous a mesma terra.”
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, é
A doce companhia do meu gado. possível afirmar que os árcades optaram por uma expressão: 
a) impessoal e, portanto, diferenciada do sentimentalismo
Nos versos anteriores, de Cláudio Manuel da Costa,
barroco, em que o mundo exterior era projeção do caos interior
exemplifica-se o seguinte traço da lírica arcádica: do poeta. 
a) valorização das circunstâncias biográficas do poeta. b) despojada das ousadias sintáticas da estética anterior, com
b) imaginação delirante de paisagens exóticas. predomínio da ordem direta e de vocábulos de uso corrente. 
c) que aprofunda o naturalismo da expressão barroca, fazendo
c) valorização das classes humildes, opostas às aristocráticas. que o poeta assuma posição eminentemente impessoal. 
d) representação da natureza amena e do sentimento bucólico. d) em que predominam, diferentemente do Barroco, a antítese,
e) representação da natureza como espelho das fortes paixões. a hipérbole, a conotação poderosa. 
e) em que a quantidade de metáforas e de torneios de
linguagem supera a tendência denotativa do Barroco.

15- (ENEM) 

Torno a ver-vos, ó montes; o destino (verso 1)

Aqui me torna a pôr nestes outeiros, 


Onde um tempo os gabões deixei grosseiros 
Pelo traje da Corte, rico e fino. (verso 4)

Aqui estou entre Almendro, entre Corino, 


Os meus fiéis, meus doces companheiros, 
Vendo correr os míseros vaqueiros (verso 7)
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto, 


Que chega a ter mais preço, e mais valia (verso 10)
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

Aqui descanse a louca fantasia, 


E o que até agora se tornava em pranto (verso 13)
Se converta em afetos de alegria.

Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia


dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.

Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os


elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a
opção correta acerca da relação entre o poema e o 
momento histórico de sua produção.

a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe,


são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o
poeta se vestiu com traje “rico e fino”.
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do
poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido
entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade
da terra da Colônia.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento
estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta
árcade em realizar uma representação literária realista da vida
nacional.
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na
terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição
histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a
Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil
Colônia está representada esteticamente no poema pela
referência, na última estrofe, à transformação do pranto em
alegria.

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