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APOSTILA DE
OBRAS LITERÁRIAS
UFPR @medisinapse
e d i ç ã o 2 0 2 3 - 2 0 2 4
UFPR
+250 exercícios
Simulado
Principais aspectos das obras
Vídeos recomendados
Checklist
Revisão de Véspera
Bônus: material de efemérides
UFPR
OBRAS LITERÁRIAS
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@medisinapse
EDIÇÃO 2023/2024 - @MEDISINAPSE
I. INTRODUÇÃO
Capa 1
Índice 3
Vídeos Recomendados 4
III. FIXAÇÃO
Exercícios de fixação das obras 136
IV. SIMULADO
Simulado com 45 questões misturadas 138
VI. BÔNUS
176
Resumo sobre as principais efemérides
de 2023 com questões para você praticar
A FALÊNCIA
https://www.youtube.com/watch?v=JVTohHJVmkM
https://www.youtube.com/watch?v=V6VzW_95z9E
VÍDEOS RECOMENDADOS
NOITE NA TAVERNA
https://www.youtube.com/watch?v=r670JyH8xRc (parte 1)
https://www.youtube.com/watch?v=cDZtofcwSSQ (parte 2)
QUARTO DE DESPEJO
https://www.youtube.com/watch?v=3OR87DYtD0o
https://www.youtube.com/watch?v=Cv-7AH2wTQQ
https://www.youtube.com/watch?v=3QxtDZuctrE
NOVE NOITES
https://www.youtube.com/watch?v=ttlGErknlXk
https://www.youtube.com/watch?v=kjALHH7kD80
https://www.youtube.com/watch?v=3l75NlPBXtQ
https://www.youtube.com/watch?v=fiazaWVFxcU
https://www.youtube.com/watch?v=2tQRfHHMb2s
SAGARANA
https://www.youtube.com/watch?v=nlJ0nVeVYlM
https://www.youtube.com/watch?v=TL87baclrH4
https://www.youtube.com/watch?v=HxRbaUNZz8g
https://www.youtube.com/watch?v=Jfxx0UbCQk8
@MEDISINAPSE
EDIÇÃO 2023/2024 - @MEDISINAPSE
TEMAS:
A AUTORA: Júlia Lopes de Almeida nasceu em 24 de presidente do Brasil. Seu governo teve fim no final de
setembro de 1862, no Rio de Janeiro. No entanto, foi 1891, e seu vice-presidente, outro militar, subiu ao poder.
criada em Campinas. Mais tarde, quando demonstrou Seu nome era Floriano Peixoto (1839-1895).
interesse pela literatura, recebeu o apoio do pai, um Esse presidente, apesar de ditador, conquistou o apoio dos
português rico e culto. Em 1886, ela foi morar na cidade civis a favor da república e empreendeu uma luta contra o
de Lisboa, em Portugal, onde publicou, em coautoria com movimento monarquista, que ainda tinha esperanças na
a irmã, o livro Contos infantis. volta do antigo regime. Além disso, durante seu governo,
que durou até 1894, Floriano Peixoto teve que resistir
Nesse país, ela se casou com o poeta português Filinto de à Revolta da Armada (1893-1894) e à Revolução
novamente em Portugal, de 1913 a 1918, além de viver em DETERMINISMO, TRAÇOS DE ZOOMORFIZAÇÃO, TRAÇOS
Rio de Janeiro.
DESFECHO:
ESTRUTURA DA OBRA
Uso do refrão e versos brancos
Predomínio de ordem direta das orações
DIVISÃO DA OBRA
É dividida em três partes, com um total de 80 liras e 13
sonetos.
Nascido em agosto de 1744, na cidade do Porto, o autor (Marília) com teor otimista e com aspectos árcades
apaixonou-se quando tinha apenas quinze anos. • forte preocupação formal com o poema;
Maria Dorotéia ficou órfã de mãe aos sete anos, quando • linguagem simples e coloquial;
passou a ser criada pela família. Tradicionalmente o seu • profunda louvação do amor e da amada;
sobrenome era associado à coroa portuguesa, esse teria • presença de um forte grau de racionalismo.
sido um dos fatores que dificultaram a sua relação com A origem do Arcadismo
Tomás António Gonzaga (que participou ativamente da O movimento surgiu na Europa, durante o século XVIII.Os
Inconfidência Mineira). poetas árcades faziam uso de pseudônimos e escreviam
A pastora Marília representa uma típica pastora do sob métrica perfeita, seus versos exaltavam a natureza e
movimento árcade, uma jovem bela, altamente idealizada as musas inspiradoras eram figuras pastoris. O Arcadismo
e cheia de dotes, que vive no campo e é cortejada por um original mencionava inúmeros deuses e figuras gregas e
talentoso pastor. latinas da literatura clássica.
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REVISÃO DA ESTRUTURA DO POEMA Nos ares espalham
A primeira parte do poema celebra a pastora Marília como Suspiros ardentes”
musa e reúne textos escritos antes da prisão. Já a segunda
parte, que continua a louvar a pastora Marília, condensa E, por fim, na terceira parte, o tom de melancolia,
os poemas escritos durante a prisão. A terceira parte pessimismo e solidão é notório.
contém poemas que possuem Marília como musa ao lado Exilado na África, o eu lírico revela a saudade que sente de
de outras pastoras também igualmente louvadas. Essa sua amada:
reunião contempla poemas que Gonzaga escreveu antes
de conhecer a sua paixão, quando ele apenas começava a Parte III, Lira IX
ser um árcade treinando as convenções da escrita do “Chegou-se o dia mais triste
movimento. que o dia da morte feia;
PRINCIPAIS LIRAS: caí do trono, Dircéia,
Parte I, Lira I do trono dos braços teus,
“Os teus olhos espalham luz divina, Ah! não posso, não, não posso
A quem a luz do Sol em vão se atreve: dizer-te, meu bem, adeus!
Papoula, ou rosa delicada, e fina, Ímpio Fado, que não pôde
Te cobre as faces, que são cor de neve. os doces laços quebrar-me,
Os teus cabelos são uns fios d’ouro; por vingança quer levar-me
Teu lindo corpo bálsamos vapora. distante dos olhos teus.
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora, Ah! não posso, não, não posso
Para glória de Amor igual tesouro. dizer-te, meu bem, adeus!”
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!”
LIRA XXX
Para Dirceu, a Marília é confundida com uma deusa
(Vênus).
SOBRE O LIVRO:
TÍTULO:
“Ainda é tarde
para saber
Ainda há facas
cruas demais para o corte
Ainda há música
ESTRUTURA DA OBRA
ESTILO DE ÉPOCA: 2ª GERAÇÃO ROMÂNTICA obra As Mil e Uma Noites, de diversos autores.
TEMPO DA OBRA: TRÊS TEMPOS DIFERENTES (presente, narrativa, a presença física (na roda dos moços) de
O AUTOR:
Álvares de Azevedo (Manuel Antônio Álvares de Azevedo) Noite na Taverna é uma narrativa (novela ou conto)
nasceu em 12 de setembro de 1831, em São Paulo. Ele construída em sete partes, contendo epígrafes e os nomes
estudou no colégio interno Pedro II, no Rio de Janeiro, e de cada personagem, como subtítulos, antecedendo as
narrativas, contadas em uma taverna. Há, na última parte,
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o entrelaçamento da história de Johann e de alguns suas batalhas. Contudo, não existe data ou localização
personagens. Mais do que pelos elementos romanescos e precisa para se caracterizar o tempo e espaço dessa obra.
satânicos que a condimentam (violentação, corrupção,
incesto, adultério, necrofilia, traição, antropofagia, Em relação ao tempo da narrativa, pode-se destacar que a
assassinatos por vingança ou amor), a obra impõe-se pela relação de tempo dos fatos narrados se caracteriza através
estrutura. Noite na Taverna, obra escrita em tom bastante do tempo cronológico impreciso – o tempo em que os
emotivo, antecipa em vários aspectos a narração da prosa jovens estão na taverna contando suas histórias que,
moderna: a liberdade cênica, a dupla narração e suas como já dissemos, é impossível de se caracterizar – e o
confluências, a mistura do real ao fantástico conferem tempo psicológico, retratado através da memória e dos
atualidade à obra. flashbacks.
O espaço principal, por sua vez, é caracterizado pela
taverna, onde os jovens se encontram para conversar e
Tempo e Espaço da obra
começam a contar suas histórias medonhas. Sendo assim,
o espaço físico principal é a caverna.
Noite na Taverna apresenta-se em três tempos narrativos
diferentes, eles são:
Contudo, em relação ao espaço psicológico, os espaços se
tornam múltiplos, pois cada história é narrada em um
• A conversa entre os jovens na taverna, que acontece
espaço diferente. Os espaços das histórias dentro da obra,
no tempo presente do passado da narrativa de todos
são: Waterloo, Bélgica, taverna em Portugal, túmulo de
os capítulos (do 1 ao 7);
Dante na Itália, Inglaterra, Grécia e muitos outros não
• Contudo, as histórias narradas nos capítulos 2, 3, 4, 5 e
especificados.
6, variam entre o presente da narrativa, que já está
sendo contado no passado, mas com voltas ao
Nesse sentido, podemos afirmar que o tempo e o espaço
tempo por meio de flashbacks, que se caracterizam em
retratados em "Noite da Taverna" são moldados pelas
passado dentro do presente do passado.
questões sociais, econômicas, psicológicas e morais das
• O terceiro tempo se caracteriza por meio dos diálogos,
próprias personagens que estão narrando as histórias. É
que se caracterizam no presente da narrativa, sendo
por meio das experiências e perspectivas desses
falados pelas personagens no momento em que
personagens que o contexto temporal e espacial se
conversam entre uma história e outra, ou seja, no
desenvolve. Os elementos sociais, econômicos,
tempo presente em que tudo acontece, mesmo sendo
psicológicos e morais desempenham um papel
uma história narrada no passado.
fundamental na construção do ambiente e das situações
em que as histórias se desenrolam, influenciando a
Pode parecer confuso, então, para simplificar, pode-se
maneira como o tempo é vivenciado e o espaço é
caracterizar como presente, presente do passado e
explorado dentro da obra.
passado.
Johann, Bertram, Archibald, Solfieri, o adormecido, Arnold Solfieri coloca sua capa sobre a moça e foge com ela.
e outros companheiros estão na taverna, dialogando Encontra com o coveiro e depois com a patrulha, que o
sobre loucuras noturnas, enquanto as mulheres dormem considera um ladrão de cadáveres. Justifica-se,
ébrias sobre as mesas. Falam das noites passadas em apresentando a esposa desfalecida. Ao chegar em casa, a
embriaguez e pura orgia. Solfieri os questiona a respeito moça grita, ri e estremece, morrendo 2 dias depois. Solfieri
da imortalidade da alma, sendo mais velho, parece não levanta o piso do quarto para dar lugar ao túmulo,
crer nela, por isso, Archibald o censura pelo materialismo. suborna, antes, um escultor que lhe faz em cera a estátua
Solfieri acredita na libertinagem, na bebida e na mulher da virgem. Aguarda um ano para estátua definitiva ficar
sobre o colo do amado. Os homens só se voltam para Deus pronta.
quando estão próximos da morte, Deus é, pois, a “utopia Volta-se para Bertram, recordando-lhe a visita deste em
do bem absoluto”. sua casa e de a ter visto por entre véus, sendo a ela
apresentado como “uma virgem que dormia”. Os amigos
surpresos com a história desejam saber se se trata de um
Segunda parte – Solfieri e a Necrofilia
conto, mas ele jura por todo mal existente que não. Como
Solfieri toma a decisão de compartilhar sua história, como prova, mostra sob a camisa a grinalda de flores mirradas,
Pede ao rapaz para jogar-se precipício abaixo. Gennaro Ergue-a do leito e foge com ela numa carruagem,
assim o faz, mas, após uma noite de delírios, acorda salvo chegando, ao meio-dia, a uma estalagem. Mais tarde, a
por camponeses, em uma cabana. Decide retornar à casa duquesa desperta e surpresa por não estar em seu palácio,
de Walsh e pedir-lhe perdão, entretanto encontra pelo grita por socorro, desespera-se, ameaçando jogar-se pela
caminho o punhal do pintor. Decide vingar-se, mas janela. O rapaz lhe declara profundo amor e lhe descreve
encontra Nauza e Godofredo envenenados e apodrecidos, o rapto, dando-lhe duas horas para pensar se fica ou não
talvez, com o veneno obtido com a mulher da cabana. com ele. Inconformada a princípio, decide aceitar o amor
oferecido, pois a família e amigos, certamente, não a
Quinta parte – Claudius Hermann e a Paixão de Morte
aceitariam mais.
história, onde narra suas loucuras e orgias e de como seus versos. Interrompe a narrativa, retira um papel do
desperdiçou uma fortuna no turfe, em Londres, onde vê bolso, mostrando o verso aos colegas. Conta que Eleonora
uma bela amazonas, a duquesa Eleonora, esposa do duque lhe respondeu que ficava, mas caiu desmaiada.Dito isso, o
Maffio. Antes de prosseguir com a história, Bertram rapaz tomba por sobre a mesa, calando-se. Archibald o
indaga sobre a poesia, descrita como um punhado de sons sacode, implora para que desperte. Solfieri e os
e palavras vãs, enquanto Claudius a considera um prazer companheiros desejam saber sobre a duquesa, mas o
extremado, o que há de belo na natureza. Os colegas os rapaz está confuso, não se recorda de mais nada.Ouvem a
interrompem, pedindo ao narrador que retome a história. gargalhada do louro Arnold que despertando, dá
continuidade ao relato, dizendo que um dia Claudius
No dia em que avista a bela duquesa, Hermann dobra sua entrou em casa e encontrou sobre a cama ensopada de
fortuna e, à noite, no teatro, a vê, mais uma vez. Ao longo sangue dois cadáveres; o Duque de Maffio matou Eleonora
de 6 meses, encontra a senhora em bailes e teatros até e enlouquecido, suicidou-se em seguida. Arnold estende a
que decide comprar de um criado a chave do castelo. capa no chão e volta a dormir.
João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife, Pernambuco, dentre eles, Inglaterra, Senegal, Paraguai, Equador,
em 9 de janeiro de 1920. Nos primeiros anos da infância, Honduras, mas foi na Espanha que João Cabral de Melo
viveu João Cabral em engenhos de cana nos arredores da Neto inspirou-se (palavra esta que não fazia parte do seu
cidade de Moreno. De volta à capital, estudou no colégio dicionário) para a construção de seus melhores poemas,
dos Irmãos Maristas até a conclusão do 2º grau. Ainda em principalmente aqueles referentes a Sevilha
pintor Vicente do Rego Monteiro (que, em 1922, havia teu andar faz novas sevilhas
participado da semana de arte moderna), citado em seu das itaperunas que houver.
poema morte e vida severina, conforme trecho a seguir: Faz sem limites o pequeno,
Faz, na medida curta e certa
que pouco tenho o que dar: Faz a alma de quem vai à festa.
de ir à festa: é como melhor
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Posso definir a alma armada sido acolhida pelo grande público como algo embaraçoso
de ambas, que viveis para a festa e pedante. A partir daí, deixou de existir a divisão
Que virá do horizonte da alma ideológica entre o artista popular e o hermético (aquele
que faz um trabalho de difícil compreensão), porque
Com a morte de sua mulher em 1986, após 40 anos de entende- se agora
união, contraiu segundas núpcias com a poeta Marly de que todos fazem uma crítica sobre o material que
Oliveira, autora da obra retrato. Em 1990, já com fama de examinam, desmitificando tal material. Assim, tanto
maior poeta vivo da literatura nacional, aposentou-se de fazem um trabalho crítico os poetas concretistas, (Augusto
suas funções diplomáticas, passando a residir no Rio de e Haroldo de Campos), como Guimarães Rosa, Clarice
Janeiro. João Cabral de Melo Neto morreu em 1999, aos Lispector e os compositores de canções populares.
79 anos de idade, cercado de glórias, tendo sido enterrado Pode-se dizer que, entre 1945 e 1964, o Brasil começa a
no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, entidade ser percebido como componente de uma realidade global,
da qual era membro desde 1969. não obstante seus problemas internos, como
analfabetismo em massa e injustiças sociais. Procura-se
CONTEXTO SOCIAL E HISTÓRICO pensar o país não como uma nação isolada, mas como
O ano de 1945 marca o fim da Segunda Guerra Mundial e parte de um processo geral, analisando-se as relações
mostra o mundo que sobreviveu a Hitler e aos campos de entre o local e o global, entre o atraso e o progresso, no
concentração, à bomba atômica de Hiroshima e a todos os intuito de se chegar a uma interpretação capaz de
demais horrores da guerra. proporcionar solução realista para os nossos problemas.
No Brasil, esse ano marca o fim do Estado Novo de Getúlio “Morte e Vida Severina” é um poema regionalista que
Vargas e o início de certa experiência democrática que narra a trajetória e o sofrimento de Severino, um retirante
terminará bruscamente em 1º de abril de 1964. Nesse em busca de melhores condições de vida. Publicado em
meio tempo, entre 1945 e 1964, o Brasil terá a 1955, pelo escritor João Cabral de Melo Neto, a obra faz
Constituição de 1946, o retorno de Getúlio Vargas entre parte da terceira fase do Modernismo.
1950 e 1954, as eleições de 1955, a presidência de A história de Severino durante seu processo de migração
Juscelino Kubitschek entre 1956 a 1960, a criação de está dividida em 18 partes, que apresentam dois
Brasília e a sua inauguração como capital do Brasil em 21 momentos da trajetória do personagem, antes de chegar
de abril de 1960, e a renúncia de Jânio Quadros em agosto em Recife e depois.
de 1961, que acabou por levar à presidência João Goulart,
deposto pelo golpe militar de 1964. ESTILO LITERÁRIO DA ÉPOCA
De 1945 a 1964, o tema do desenvolvimento e A terceira fase do Modernismo, também chamada de
subdesenvolvimento do país ocupa boa parte do trabalho Neomodernismo, preocupa-se, na prosa, com a invenção
dos intelectuais brasileiros. O Primeiro Congresso linguística, enquanto na poesia há clara rejeição à geração
Brasileiro de Escritores, ocorrido em São Paulo no ano de de 22. Pertencem a esse período Guimarães Rosa, Clarice
1945, avaliou os aspectos positivos e negativos do Lispector e João Cabral de Melo Neto (poesia).
movimento modernista. O próprio Mário de Andrade, uma Dentro dessa nova concepção, Clarice Lispector busca uma
semana antes de morrer, classificou o movimento como literatura intimista, de sondagem introspectiva e, por isso,
“verdadeira legitimação da dignidade pela inteligência voltada para a análise do interior das personagens. Ao
brasileira”, lamentando, entretanto, que a poesia tivesse mesmo tempo, com Guimarães Rosa, os temas
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regionalistas, analisados mais profundamente, adquirem 1985 – agrestes
uma nova dimensão que busca o universalismo nas 1987 – Crime na calle relator
questões que envolvem os sertanejos do Brasil central. 1989 – andando sevilha
Também destaca-se, nesse momento, a preocupação com 1994 – sevilha andando
o uso da linguagem – traço comum Guimarães Rosa e
Clarice Lispector. QUANTO A CONCEPÇÃO
Ambos, por esse motivo, são chamados de No início da década de 50, João Cabral de Melo Neto foi
instrumentalistas. Na poesia, os poetas de 45 têm sua denunciado por subversão e acusado de ser comunista, o
estreia marcada pela publicação da Revista Orfeu (1947), que lhe valeu perder, temporariamente, a condição de
no Rio de Janeiro. A poesia dessa fase defende um estilo diplomata, passando, então, a residir em Recife. Por essa
mais rigoroso e equilibrado que rejeita as revoluções época, encontrou a teatróloga Maria Clara Machado, que,
artísticas dos modernistas da geração de 22, ou seja, a juntamente com o seu pai, o contista Aníbal Machado,
liberdade formal, as ironias, as sátiras, o poema-piada etc. havia fundado o famoso Teatro Tablado. Neste encontro,
Segue um modelo mais formal e uma linguagem mais Maria Clara Machado encomendou a João Cabral um auto
precisa e exata. Os modelos voltam a ser os parnasianos e de Natal para que ela dirigisse a sua montagem e
simbolistas. Dentre os grandes nomes que representam supervisão. Assim nascia Morte E Vida Severina (ou auto
essa geração (Ledo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, de natal pernambucano), um texto sob encomenda.
Geir de Campos e Darcy Damasceno), destaca-se, no fim Surpreendentemente, a peça foi devolvida, não
dos anos 40, João Cabral de Melo Neto, considerado um interessando à diretora. Como João Cabral estava em vias
dos grandes nomes da literatura no Brasil. de publicar a sua antologia poética, um tanto fina ainda,
resolveu tirar todas as marcações comuns numa peça de
CRONOLOGIA DAS OBRAS: teatro, deixando somente o poema, utilizando-o, dessa
maneira, para engrossar o futuro livro. Numa entrevista
1942 – Pedra do sono concedida a Antônio Carlos Secchin, João Cabral de Melo
1943 – os três mal-amados Neto confessou:
1945 – o engenheiro
1947 – Psicologia da composição “Esse texto não poderia ser mais denso. Era obra para
1950 – o cão sem plumas teatro, encomendada por Maria Clara Machado. Foi a
1956 – duas águas (contendo os livros anteriores e coisa mais relaxada que escrevi. Pesquisei num livro o
morte e vida severina; Paisagens com figuras e Uma faca folclore pernambucano, publicado no início do século,
só lâmina) de autoria de Pereira da Costa. Eu era consciente de que
1960 – Quaderna não tinha tendência para teatro, não sabia criar diálogos
1961 – dois parlamentos no sentido de polêmica. Meus diálogos vão sempre na
1961 – terceira feira mesma direção, são paralelos. Observe o episódio das
1962 – serial pessoas defronte do cadáver: todos trazem uma imagem
1966 – a educação pela pedra para a mesma coisa. A cena do nascimento, com outras
1976 – museu de tudo palavras, está em Pereira da Costa, “Compadre, que na
1981 – a escola das facas relva está deitado” é a transposição desse folclorista, pois
1984 – auto do frade no Capibaribe há lama, e não grama. “todo céu e a terra
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lhe cantam louvor” também é literal do antigo pastoril Machado, veio com a encenação de outras companhias,
pernambucano. O louvor das belezas do recém-nascido e algumas amadoras, outras profissionais, como, por
os presentes que ganha existem no pastoril. As duas exemplo, a da atriz Cacilda Becker. O certo é que Morte e
ciganas estão em Pereira da Costa, mas uma era otimista Vida Severina ganhou não só os palcos brasileiros, mas
e a outra pessimista. Eu só alterei as belezas e os também os do exterior. Quanto à linguagem, João Cabral
presentes, e pus as duas ciganas pessimistas. Com Morte e adotou a coloquial, de fácil compreensão, condizente com
Vida Severina, quis prestar uma homenagem a todas as as personagens da peça.
literaturas ibéricas. Os monólogos do retirante provêm do
romance castelhano. A cena do enterro na rede é do QUANTO AOS TEMAS
folclore catalão. O encontro com os cantadores de A seca (e consequentemente a retirada)
incelenças é típico do nordeste. Não me lembro se a mulher O coronelismo
da janela é de origem galega ou se está em Pereira A decadência dos engenhos (e consequentemente o
da Costa. A conversa com severino antes de o menino surgimento das usinas)
nascer obedece ao modelo da tenção galega”. O duelo entre a vida e a morte
A metáfora do nascimento de Cristo
QUANTO À INFLUÊNCIA RECEBIDA
Seguindo, portanto, a tradição medieval (ou ibérica), João PERSONAGENS
Cabral construiu seu auto tendo, principalmente, como Severino: narrados e personagem principal, um migrante
modelo o primeiro teatrólogo da língua portuguesa: Gil sertanejo em busca de uma vida melhor na capital
Vicente. Foram três os grandes autores que, na literatura pernambucana.
brasileira, destacaram-se nesse estilo: Padre José de José: mestre carpina, salva a vida de Severino que
Anchieta, que, no distante Século XVI, procurava pretendia se suicidar no rio.
catequizar os índios encenando peças religiosas, tendo Mulher na janela: moradora da região atingida pela seca,
como tema o duelo entre o bem e o mal, como podemos explica a Severino que não há trabalho para lavrador,
verificar em seu auto na festa de são Lourenço; Ariano apenas ofícios ligados a morte.
Suassuna, autor da magnífica peça Auto da Compadecida,
que nos faz recordar os bons momentos de Gil Vicente TEMPO E ESPAÇO
com sua trilogia das barcas, principalmente, e o impagável
auto da barca do inferno; e, claro, João Cabral de Melo Em Morte E Vida Severina, pode-se considerar o tempo
Neto, com seu Auto de Natal Pernambucano ou Morte e como atual, já que, como disse o próprio poeta, nada
Vida Severina. mudou no Nordeste com relação à seca.Com relação ao
espaço, isto é, o local (ou os locais) onde se passa a
QUANTO À FORMA EMPREGADA história, têm-se:
Adotando, quase sempre, a medida velha (também uma
tradição medieval), dando preferência aos versos Caatinga: região formada por pequenas árvores
redondilhos maiores (heptassílabos) e às rimas pares (por espinhosas que perdem as folhas durante a seca.
vezes toantes, por vezes consoantes), já que raros são os Agreste: campo não cultivado, rude, rústico, áspero,
versos livres na obra, o autor facilitou aos atores tosco, severo, hirsuto.
decorarem as falas. Se o sucesso não veio com Maria Clara
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Zona da mata: região fértil, propícia para o plantio da magra e ossuda em que eu vivia.
cana-de-açúcar. somos muitos severinos
Recife: em especial o mangue, região em que predomina iguais em tudo na vida:
o lamaçal e se pratica a pesca de camarão, siri e na mesma cabeça grande
caranguejo Que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
ENREDO: Sobre as mesma pernas finas...
A obra está estruturada em 18 cenas, distribuídas em
monólogos e diálogos. Da primeira à décima quarta cena, Não demora muito para Severino se deparar com a
os monólogos e os diálogos se alternam. A partir da presença da morte ao encontrar dois homens, carregando,
décima quinta até a décima sétima cena, em que Severino em uma rede, um defunto para ser enterrado no cemitério
não participa, só há diálogos. Na décima oitava cena, de Toritama. Este defunto era um lavrador, proprietário de
acontece o monólogo de seu José mestre carpina, um pedaço de chão, assassinado, possivelmente, numa
finalizando a obra. emboscada idealizada por algum latifundiário que
Na 1ª cena (primeiro monólogo), Severino se apresenta ao pretendia esticar ainda mais as suas terras.
leitor antes de começar a sua retirada com destino à
cidade de Recife, isto é, da seca para o mar. Em sua fala, Usando a metáfora “ave-bala” (pássara), João Cabral
podemos perceber uma tentativa (frustrada) de se denuncia os coronéis zacarias, muitos deles criminosos
identificar. Severino sem sobrenome, filho de uma Maria, impunes, que enriquecem explorando, roubando e
como tantas outras, seduzida por um coronel* de fazenda: assassinando sertanejos, assunto este já tratado por
– o meu nome é severino, autores como José Lins do Rego e Jorge Amado. Assim, o
não tenho outro de pia. erro deste Severino-defunto foi ter uns hectares de terra,
Como há muitos severinos, mesmo de terra pouco produtiva.
que é santo de romaria,
deram então de me chamar Trata-se da 2ª cena
severino de maria;
como há muitos severinos (primeiro monólogo).
com mães chamadas maria, – e o que havia ele feito
fiquei sendo o da Maria irmãos das almas
do finado Zacarias. e que havia ele feito
contra tal pássara?
Importante ressaltar que João Cabral toca no tema do – ter uns hectares de terra,
coronelismo. Como todo Severino, este é magro, irmãos das almas,
subnutrido e tem a cabeça grande, o ventre crescido e as de pedra e areia lavada
pernas finas. É interessante ressaltar que a região em que que cultivava.
vive (a serra da Costela) tem a mesma constituição de (...)
Severino: – e agora o que passará,
irmãos das almas,
(...) vivendo na mesma serra o que é que acontecerá
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contra a espingarda? ou uma dança não seria?
– mais campo tem para soltar,
irmãos das almas, Ao se aproximar do local, Severino percebe que a cantoria,
tem mais onde fazer voar na verdade, são excelências (ladainhas, cantigas de
as filhas-bala velório) cantadas por mulheres enquanto velam o corpo
de mais um Severino. O interessante nesta 4ª cena
Mesmo levando uma vida miserável, a solidariedade se faz (segundo diálogo) é que, enquanto as mulheres cantam
sempre presente, por isso Severino se oferece para ajudar suas excelências, um homem, usando perspicácia e ironia,
a levar o defunto para o cemitério. Já sozinho, na 3ª cena parodia a cantilena, ressaltando a condição severina
(segundo monólogo), Severino faz do rio Capibaribe a sua (fome, sede, privação) que o Severino levou em vida:
“estrela-guia”. Entretanto, tem medo de se perder, pois o
rio secou. É bom lembrar que o rio Capibaribe é – Finado severino,
intermitente corta (quando a seca chega) desde a sua quando passares em Jordão
nascente até a cidade pernambucana de Limoeiro. De lá e os demônios te atalharem
ao Recife, o Capibaribe é perene não corta (seca) jamais. perguntando o que é que levas...
– dize que levas cera,
(...) Pensei que seguindo o rio capuz e cordão
eu jamais me perderia: mais a virgem da Conceição.
ele é o caminho mais certo, Finado severino, etc...
de todos o melhor guia. – dize que levas somente
mas como segui-lo agora coisas de não:
que interrompeu a descida? fome, sede, privação.
vejo que o Capibaribe,
como os rios lá de cima, Severino e a mulher na janela travam interessante diálogo.
é tão pobre que nem sempre Ela é uma rezadora da região (melhor que essa profissão
pode cumprir sua sina na região não há), portanto só trabalha com a morte.
e no verão também corta,
com pernas que não caminham. Como Severino não é rezador (sabia apenas acompanhar
algumas cantigas) nem coveiro, tampouco enfermeiro e
A uma certa distância, ouve uma cantoria. Em sua médico (profissionais que lidam diretamente com a morte
inocência, Severino chega a acreditar que ali pode estar e, como bem disse a mulher: retirantes às avessas, que
acontecendo uma festa. É a presença da esperança do sobem do mar para cá), não há trabalho algum para ele
sertanejo, mesmo que fugaz. naquele lugar. Desta 6ª cena (terceiro diálogo), retiramos
o seguinte trecho:
(...) ouço somente a distância
o que parece cantoria. e se pela última vez
será novena de santo, me permite perguntar:
será algum mês de maria; não existe outro trabalho
quem sabe até se uma festa para mim neste lugar?
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Como aqui a morte é tanta, vida em morte, severina;
só é possível trabalhar e aquele cemitério ali,
nessas profissões que fazem branco na verde colina,
da morte ofício ou bazar. decerto pouco funciona
imagine que outra gente e poucas covas aninha
de profissão similar,
farmacêuticos, coveiros, Como sabemos, toda esperança de Severino é efêmera,
doutor de anel no anular, surgindo logo uma cruel realidade para dissipá-la. As
remando contra a corrente pessoas não estão na labuta diária porque prestam uma
da gente que baixa ao mar, última homenagem a um trabalhador de eito que está
retirantes às avessas, sendo enterrado. Nesta 8ª cena (quarto diálogo) temos
sobem do mar para cá. uma triste e dura constatação: a terra tanto sonhada pelo
só os roçados da morte lavrador em vida finalmente é conquistada por ele, na
compensam aqui cultivar, hora da sua morte: a cova é a terra que foi dividida,
e cultivá-los é fácil: cabendo a ele o seu quinhão. Este trecho foi,
simples questão de plantar; magnificamente, musicado por Chico Buarque em Funeral
não se precisa de limpa, do lavrador.
de adubar nem de regar;
as estiagens e as pragas – essa cova em que estás,
fazem-nos mais prosperar; com palmos medida,
e dão lucro imediato; é a conta menor
nem é preciso esperar que tiraste em vida.
pela colheita: recebe-se – É de bom tamanho,
na hora mesma de semear. nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
Severino novamente se decepciona, pois, não encontrou deste latifúndio.
trabalho. Ao chegar à Zona da Mata, região canavieira, a – não é cova grande,
sua esperança renasce mais uma vez. E mais uma vez é cova medida,
pensa em interromper a sua viagem, já que numa região é a terra que querias
tão verde e tão fértil (daí chamá-la de feminina), trabalho ver dividida.
não há de faltar para um lavrador. A sua esperança é tal (...)
que, por não encontrar ninguém, pensa ser feriado e os – viverás, e para sempre
lavradores estão, merecidamente, descansando. na terra que aqui aforas:
é a 7ª cena (quarto monólogo): e terá enfim tua roça.
– Aí ficarás para sempre,
(...) livre do sol e da chuva,
decerto a gente daqui criando tuas saúvas.
jamais envelhece aos trinta – agora trabalharás
nem sabe da morte em vida, só para ti, não a meias,
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como antes em terra alheia. que vem também lá de cima,
– trabalharás uma terra que me faça aquele enterro
da qual, além de senhor, que o coveiro descrevia:
serás homem de eito e trator. caixão macio de lama,
– trabalhando nessa terra, mortalha macia e líquida,
tu sozinho tudo empreitas: coroas de baronesa
será semente, adubo, colheita junto com flores de aninga,
e aquele acompanhamento
Parece ser esse o pior momento de Severino: numa terra de água que sempre desfila
onde tudo é verde e os rios correm com sua água vitalícia, (que o rio, aqui no recife,
a morte se apresenta tão viva quanto na caatinga. Resolve, não seca, vai toda a vida).
então, apressar a sua viagem e chegar o mais rapidamente
a seu destino, a cidade do Recife. Finalmente Severino Uma das mais comoventes cenas da obra Morte e Vida
chega ao Recife. Para descansar, encosta-se no muro de Severina é a 12ª cena. Nessa cena, o diálogo é travado
um cemitério e escuta o que falam dois coveiros. Após entre Severino e um dos moradores do mangue, temos um
comentarem a própria profissão, os coveiros passam a prenúncio de que a vida se sobreporá à morte. Interessado
falar dos retirantes que chegam em grande quantidade, em saber a profundidade do rio Capibaribe, Severino deixa
sonhando encontrar trabalho e só encontram miséria e transparecer o seu trágico intento: o suicídio. Entretanto,
cemitérios esperando por eles (consequentemente seu José, mestre carpina, nascido em Nazaré da Mata (aí
aumentando, e muito, o trabalho de coveiros dos uma nítida alusão a José carpinteiro, pai de Jesus), vai
cemitérios pobres, enquanto os coveiros dos cemitérios respondendo de forma sábia suas perguntas, tentando
ricos pouco trabalham e muitas são as gorjetas). demovê-lo da triste ideia.
No final, a conclusão melancólica de um dos coveiros: os
retirantes vinham seguindo o próprio enterro. Severino, Nesta obra, com a chegada de uma mulher, anunciando o
desolado, chega a um dos cais do Recife. Novamente nascimento do filho de seu José, mestre carpina, temos o
justifica aos leitores, a sua retirada. A dura conclusão do início da montagem de um presépio. Com exceção da 13ª
coveiro faz com que pense em se matar, deixando-se cena, as demais são diálogos baseados em uma obra
afogar nas águas do Capibaribe. folclórica de Pereira da Costa, Folclore pernambucano
(...) e chegando, aprendo que, subsídios para a história da poesia popular em
nessa viagem que eu fazia, Pernambuco. É importante relacionar a pergunta de
sem saber desde o sertão, Severino (se a melhor saída não seria pular, numa noite,
meu próprio enterro eu seguia. fora da ponte e da vida) com a fala da mulher, ao dizer que
só que devo ter chegado o filho de seu José havia pulado para dentro da vida. Aí
adiantado de uns dias; está a antítese nascer/morrer.
o enterro espera na porta:
o morto ainda está com vida. – Compadre José, compadre
a solução é apressar que na relva estais deitado:
a morte a que se decida conversais e não sabeis
e pedir a este rio, que vosso filho é chegado?
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estais aí conversando parentes celebram o recém-nascido. Mesmo sendo uma
em vossa prosa entretida: criança enclenque (frágil) e setemesinha (nascida de sete
não sabeis que vosso filho meses), é bela porque simboliza a renovação da vida. Na
saltou para dentro da vida? 17ª cena (décimo diálogo), João Cabral de Melo Neto
saltou para dentro da vida constrói, na última estrofe, um inusitado jogo de palavras,
ao dar seu primeiro grito; dando valores positivos a termos negativos (corromper,
e estais aí conversando; infeccionar, contagiar).
pois sabei que ele é nascido
Finda a montagem do presépio, seu José, mestre carpina,
Na 14ª cena (sétimo diálogo), temos, na voz dos volta-se para Severino, que se manteve à margem de toda
moradores dos mocambos, a transformação mágica do a celebração, para tentar responder-lhe a pergunta que
cenário com o nascimento da criança: tudo o que enfeia ficou suspensa durante todo esse tempo: a melhor saída
ou lembra a pobreza do mangue dá lugar a um ambiente não seria o suicídio? Na 18ª cena (oitavo monólogo) temos
digno de se viver. a justificativa do título dado à obra, Morte e Vida Severina,
isto é, vida, mesmo sendo mais uma vida severina, é de
Na 15ª cena (oitavo diálogo), moradores do mangue, tal qualquer forma vida e vale a pena ser vivida:
como os três reis magos, ofertam presentes aos pais e ao
recém-nascido. Num gesto de solidariedade, vêm – severino retirante,
trazendo, cada qual com sua pobreza, as mais diferentes deixe agora que lhe diga:
oferendas: caranguejos, leite materno, papel de jornal, eu não sei bem a resposta
água de bica, canário-da-terra, bolacha-d’água, cachaça da pergunta que fazia,
etc. se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
Na 16ª cena, duas ciganas preveem o futuro do recém- nem conheço essa resposta,
nascido. Há sempre uma discussão em torno da fala da se quer mesmo que lhe diga;
segunda cigana, que, não sendo propriamente otimista é difícil defender,
(vimos no depoimento do poeta que ele colocou as duas só com palavras, a vida,
pessimistas), acaba, de certa forma, contradizendo o que ainda mais quando ela é,
a primeira cigana havia preconizado: uma vida miserável esta que vê, severina;
como a de todos os que vivem no mangue. Quando a mas se responder não pude
primeira, por exemplo, diz que o menino, já crescido, à pergunta que fazia,
viverá sempre enlameado de pescar camarão, a segunda ela, a vida, a respondeu
diz que ele está sujo, mas é de graxa de uma máquina, com sua presença viva.
portanto não será um pescador, mas um operário. e não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
Entretanto, não há nenhuma diferença entre viver num vê-la desfiar seu fio,
mocambo nos mangues do Capibaribe, como frisa a que também se chama vida,
primeira cigana, e viver num mocambo nos mangues do ver a fábrica que ela mesma,
Beberibe. Após a leitura das ciganas, vizinhos, amigos e teimosamente, se fabrica,
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vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina
FILME EM ANIMAÇÃO
Como todo clássico da literatura, “Morte e Vida Severina”
já foi adaptado para o teatro, cinema e TV. Uma das
últimas criações embasada na obra se trata de um
desenho animado em 3D.
Adaptada para os quadrinhos pelo cartunista Miguel
Falcão, a produção em preto e branco preserva o texto
original ao narra a dura caminhada de Severino.
TÍTULO DA OBRA
Quanto ao título do livro, é mais um dos neologismos
criados por Guimarães Rosa. A junção de saga (narrativa
épica) e do sufixo rana (que em tupi significa “à maneira
de”) deu origem à Sagarana. Portanto, os nove contos são
narrados à maneira de epopeias, associando-as com o
regional com uma dimensão universal.
BIOGRAFIA DO AUTOR
PUBLICAÇÃO: 1946
João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas
Gerais, no dia 27 de junho de 1908. Desde pequeno, Rosa
ESCOLA: Geração de 1945
estudou línguas (francês, alemão, holandês, inglês,
espanhol, italiano, esperanto, russo, latim e grego). Por
DIVISÃO DA OBRA: 9 contos ambientados no sertão de
conseguinte, cursou os estudos secundários num colégio
Minas Gerais.
alemão em Belo Horizonte Pouco antes de entrar para a
Universidade, em 1929, Guimarães já anuncia sua
CARACTERÍSTICAS DA OBRA: universalidade, natureza,
maestria com as letras, onde começa a escrever seus
religiosidade
primeiros contos.
Em 1930, com apenas 22 anos, formou-se pela Faculdade
TÍTULO: O TÍTULO DO LIVRO
de Medicina da Universidade de Minas Gerais, ano que
Utiliza-se de dois radicais de origem diferentes:
casa-se com Lígia Cabral Penna, com quem teve duas
• SAGA- radical germânico, significa “canto heróico”
filhas. Foi Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria,
• RANA- radical tupi, que significa “à maneira de”
quando em 1934, ingressa para a carreira diplomática, no
Itamaraty. Guimarães Rosa foi Patrono da cadeira nº 2 na
ESTRUTURA DE SAGARANA
Academia Brasileira de Letras, tomando posse três dias
Os contos da obra geralmente trazem epígrafes que se
antes de morrer, no dia 16 de novembro de 1967.
relacionam ao texto. Esse recurso tem a intenção de
No seu discurso de posse, curiosamente, suas palavras
descobrir o mundo regional e os costumes do interior das
destacam o tema da morte:
Gerais.
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As narrativas em Sagarana são marcadas por um tempo Ao contrário da geração de 1930 do modernismo
indeterminado. Mas o espaço é delimitado, descrito como brasileiro, cujas obras possuem caráter ideológico de
o interior de Minas Gerais, informando inclusive nomes de oposição e crítica ao governo, o livro de Guimarães Rosa
povoados, vilarejos e fazendas. Vale lembrar que São distancia-se desse tipo de enredo dinâmico e panfletário
Paulo e Goiás são mencionados de forma circunstancial. ao buscar uma narrativa mais condizente com o plano de
O foco narrativo predominante nos contos é a terceira se fazer uma literatura de caráter universal.
pessoa, apenas Minha Gente e São Marcos estão em
primeira pessoa. Já no conto Corpo fechado, a narrativa é RESUMO DOS CONTOS
construída pelo médico que acompanha a história de
Manuel Fulô. O burrinho pedrês
O velho Sete-de-Ouros é um burrinho pedrês “miúdo e
CONTEXTO HISTÓRICO resignado”. Quando novo, foi “comprado, dado, trocado e
As décadas de 1930 e 1940 no Brasil foram de revendido”. Acabou, por fim, na Fazenda da Tampa, de
forte turbulência política. Com a crise de 1929, o preço do propriedade do major Saulo. Ali, em sossego, sábio e
café, principal produto de exportação da economia cauteloso devido à idade, o animal espera a morte. Porém,
brasileira, sofreu forte queda. No ano seguinte, o Brasil o major dá ordem a João Manico de montar o burrinho e,
assistiu ao início da Era Vargas, quando, por um golpe de com outros vaqueiros, conduz a boiada. No decorrer da
Estado, o presidente Washington Luís (1869-1957) foi história, o major tem a notícia de que Silvino pretende
deposto, durante a Revolução de 1930. Dois anos depois, matar Badú. A possibilidade do assassinato gera uma
os produtores de café de São Paulo e os pecuaristas de tensão na narrativa, que é entremeada de histórias e
Minas Gerais, não satisfeitos com o fim da política do café reflexões dos personagens.
com leite, foram os mentores da Revolução O ponto culminante do conto ocorre quando os vaqueiros
Constitucionalista de 1932, mas não saíram vitoriosos. precisam atravessar o “riacho ralo de ontem, que da
Com a promulgação da nova Constituição, em 1934, manhã à noite muita água ajuntara, subindo e se abrindo
Vargas, que assumira a presidência provisoriamente, ao mais”. E Sete-de-Ouros atravessa a enchente da Fome
manteve-se no poder. Isso provocou a resistência da com Badú no lombo. Assim, o burrinho pedrês, alvo de
esquerda brasileira, que, no entanto, não teve forças para zombaria e de vergonha para os vaqueiros, sobrevive, e,
derrubar o governo de Getúlio Vargas, o qual conseguiu com ele, também Badú.
aprovar a Lei de Segurança Nacional em 1935, o que lhe
permitiu empreender uma perseguição aos comunistas e, Traços biográficos de Lalino Salãthiel ou A volta do
assim, enfraquecer a oposição. Dessa forma, em 1937, marido pródigo
Vargas instituiu o Estado Novo, regime totalitário que Lalino trabalha em uma obra na construção de uma
durou até 1945. estrada. Chega ao trabalho atrasado, “vem bamboleando,
Nesse contexto, Guimarães Rosa escreveu as narrativas de sorridente. Blusa cáqui, com bolsinhos, lenço vermelho no
seu livro Sagarana. Devemos lembrar que, em 1938, uma pescoço, chapelão, polainas, e, no peito, um distintivo,
primeira versão dessa obra (inicialmente não se sabe bem de quê”. É bem-humorado, falante, cheio
intitulada Contos) concorreu ao Prêmio Humberto de de histórias, tem lábia, inventa uma mentira e não é
Campos. Só em 1946 a sua versão definitiva foi publicada descontado. Mas, no dia seguinte, acorda tarde de novo e
pelo autor. não vai trabalhar, fica pensativo.
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Pede um empréstimo ao seu Ramiro e vai para a capital do Santana, um inspetor escolar e fã de xadrez. Vão
país. Maria Rita, sua esposa, chora o abandono, mas, três acompanhados por José Malvino, um homem sem
meses depois, decide morar com Ramiro, o espanhol. instrução, encarregado de levar o narrador até a fazenda.
Enquanto isso, Lalino vive aventuras no Rio de Janeiro e O narrador, um homem racional, discorda das opiniões de
perde as ilusões. Seu dinheiro acaba. Decide voltar ao José Malvino, em razão das superstições e achismos.
arraial e encontra a esposa com Ramiro, que lhe perdoa a Ao chegar à fazenda, o narrador encontra o tio Emílio
dívida. E seu Oscar convida Lalino a trabalhar na eleição do envolvido com política e Maria Irma, sua prima, apesar de
pai, o major Anacleto, devido à sua habilidade com as bonita, ainda solteira. Ele conhece Bento Porfirio, que tem
palavras. A história se complica quando Oscar fica um caso com uma mulher casada e, por isso, acaba sendo
interessado em Maria Rita. assassinado pelo marido traído, o Alexandre: “Daí, a foice,
na mão do Alexandre... O Alexandre, primeiro de cara
Sarapalha fechada, depois com um ar de palerma... A foice, com
A maioria do povo abandona um arraial, infestado pela sangue, ficou no chão”. Por fim, o narrador se apaixona
malária. Mas “aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma pela prima, mas parece não ser correspondido. A violência
fazenda, denegrida e desmantelada”, onde primo Ribeiro está presente em Sagarana.
e primo Argemiro, doentes, estão à espera da morte.
Enquanto ela não vem, eles conversam. Até que primo São Marcos
Argemiro resolve pedir perdão por ter gostado da esposa Esse conto também é narrado em primeira pessoa. De
de primo Ribeiro. Os dois foram abandonados quando ela novo, um narrador racional que zomba das crendices. A
fugiu com um boiadeiro. Como consequência da confissão, história se passa em Calango-Frito. Em conversa com
primo Ribeiro, ofendido, expulsa o outro de sua fazenda. Aurísio Manquitola, o narrador fala sobre a reza de São
Marcos. Mais tarde, sozinho, no meio da mata, ele fica
Duelo cego: “E, pois, foi aí que a coisa se deu, e foi de repente:
Turíbio Todo descobre que sua esposa tem outro homem como uma pancada preta, vertiginosa, mas batendo de
— Cassiano Gomes, um ex-anspeçada, um ex-militar. grau em grau — um ponto, um grão, um besouro, um anu,
Assim, “veio encontrá-la em pleno (com perdão da um urubu, um golpe de noite... E escureceu tudo”. Seu
palavra, mas é verídica a narrativa) em pleno adultério, no único recurso é se valer da reza de São Marcos. Por fim,
mais doce, dado e descuidoso, dos idílios fraudulentos”. chega à casa do feiticeiro João Mangolô e descobre que
Então, planeja uma vingança e, de tocaia, atira no amante ele é o responsável por sua cegueira.
da mulher. Mas a bala acerta e mata o irmão de Cassiano,
o qual promete vingança. Começa então a fuga de Turíbio, Corpo fechado
perseguido por Cassiano. Essa situação perdura por Manuel Fulô fala dos valentões que impuseram o medo no
meses. Porém, doente do coração, Cassiano vem a falecer. arraial de Laginha. Quando um morria, outro tomava o
Ao saber da morte do outro, Turíbio decide voltar, mas lugar dele. O atual é o Targino, de quem Manuel Fulô não
encontra uma surpresa no caminho. gosta: “— Não é raiva, não seu doutor: é gastura... Esse-
Minha gente um é maligno e está até excomungado... Ele é de uma
O conto é narrado em primeira pessoa. Assim, começa turma de gente sem-que-fazer, [...]”. Então, Targino
com a viagem do narrador-personagem rumo à casa de expressa o desejo de ficar com a noiva de Manuel, a das
seu tio Emílio. Ao descer do trem, ele reencontra o Dor, antes do casamento. Ou Manuel aceita ou morre.
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Beija-Fulô é uma “besta ruana, de cruz preta no dorso, lisa, vingar, de forma cruel, a morte de um do bando. Chega
vistosa e lustrosa, sábia e mansa — mas só para o dono”. então a hora e vez de Augusto Matraga.
O curandeiro, Antonico das Pedras ou Antonico das Águas,
sabe fazer um feitiço para fechar o corpo, isto é, proteger ANÁLISE DA OBRA SAGARANA
Manuel Fulô das balas do inimigo. Em troca, quer a mula O regionalismo está associado às características locais do
Beija-Fulô. Trato feito, Manuel se prepara para enfrentar sertão mineiro, isto é, elementos geográficos e culturais
o seu rival. que são responsáveis pela identidade das pessoas que ali
Conversa de bois vivem. É a partir desse material humano que Guimarães
Manuel Timborna afirma que bois falam e conta uma Rosa cria a sua ficção. Daquilo que poderia ser apenas de
história, “um caso acontecido que se deu”. Os interesse local e de entendimento restrito àqueles que
personagens do “caso acontecido” são oito bois, o menino vivem em território brasileiro, o autor consegue extrair
Tiãozinho e o carreiro Agenor Soronho, que tem um caso temas universais. A universalidade reside naquilo que
com a mãe do menino e está feliz com a morte do seu rival, extrapola o local e o particular, algo que pode ser
o defunto que está sendo levado no carro de boi: “Com os entendido em outras nações e em outros tempos.
balanços, ele havia rolado para fora do esquife, e estava
espichado, horrendo”. Mas os bois se mostram solidários Esse é o caso da luta entre o bem e o mal do personagem
com o menino, que deseja a morte de Agenor. Augusto Matraga do conto “A hora e vez de Augusto
Matraga”. O bem e o mal são temáticas universais, assim
A hora e vez de Augusto Matraga como o conflito gerado por essas duas potências, pois, em
Augusto Matraga é um homem “duro, doido e sem qualquer parte do globo, e ainda por muito tempo, a
detença, como um bicho grande do mato”. Sua esposa, humanidade experimentará tal embate. Outra
Dionóra, decide viver com outro homem e leva sua filha característica do autor presente na obra é o caráter
junto. Então, Augusto Matraga manda chamar seus coloquial que permeia a fala de seus personagens, o que
capangas para se vingar, mas eles o abandonaram, foram dá um tom poético na recriação da vida do sertanejo. Esse
trabalhar com o Major Consilva. Matraga vai tirar trabalho com a linguagem traz à tona a capacidade
satisfações com o Major Consilva, mas é espancado por imaginativa e criativa do povo do sertão, senhor da própria
seus capangas, cai de um precipício e é dado como morto. língua, que transforma a linguagem coloquial em
No entanto, sobrevive e vai viver em outro povoado. elemento lírico-identitário.
O homem escolhe se regenerar e vive à espera do
cumprimento de seu destino, a sua hora e vez, o momento
que dará um sentido à sua existência. Anda sempre
desarmado, não fuma, não bebe, não procura mulheres e
não briga. Busca combater o mal que existe dentro de si e
fazer o bem. Mas quando o bando de Joãozinho Bem-Bem
aparece no povoado, Augusto fica amigo do chefe e
tentado a fazer parte do bando. Porém, resiste. Mais
tarde, ele resolve partir, porque entende que sua hora e
vez estão em outro lugar. Acaba encontrando o bando de
Joãozinho Bem-Bem. Mas discorda do chefe, que quer
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QUARTO DE DESPEJO Em meio a toda essa difícil realidade, havia os livros.
Carolina Maria de Jesus era apaixonada pela leitura. A
(CAROLINA MARIA DE JESUS)
escrita literária, portanto, foi uma consequência. Assim,
em 1950, publicou um poema em homenagem a Getúlio
Vargas, no jornal O Defensor. Em 1958, o jornalista Audálio
Dantas (1929-2018) conheceu a autora e descobriu que ela
possuía diversos cadernos (diários) em que dava seu
testemunho sobre a realidade da favela.
REAÇÕES À OBRA
ANÁLISE DO NOME DA OBRA Uma das discussões levantadas na época do lançamento
Contém uma chave essencial para seu entendimento. do livro, na década de 60, foi a literalidade da obra de
Carolina Maria afirma, em várias partes do texto, que falar Carolina Maria de Jesus. Para muitos críticos, a obra
sobre a favela é falar sobre um “quarto de despejo” da produzida pela autora não deveria ser entendida como
“sala de estar”, que a autora entende como o centro da literatura, porque apresentava uma série de incorreções
cidade e os bairros habitados pelo que podemos entender contra a norma culta.
como classes privilegiadas. É na sala de estar que Tal discussão fala muito sobre como se constrói a cultura
trabalham aqueles que moram no quarto de despejo: a em nosso País. De forma geral, há uma valorização da
periferia. O nome é retirado de um trecho da obra, cultura oficializada e legitimada pelos mais ricos, que se
apresentado a seguir, em que Carolina Maria diz que a sentem inegavelmente ameaçados quando uma pessoa
favela, seu lugar de vida, é o quarto de despejo da cidade. excluída desse círculo tão importante ousa fazer arte e,
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mais que isso, arte de grande peso, como a feita nessa
obra.
Notem que essa discussão sempre aparece quando
apresentamos a obra em sala ou quando temos a
indicação, como agora, como leitura obrigatória de um
vestibular. É possível dizer que o debate levantado pela
publicação de Quarto de Despejo mostra a necessidade
que temos de apresentar uma “resistência” ao modo
elitista de olhar para a cultura e para sua produção. Tal
discussão serve para mostrar que a cultura precisa descer
o morro e adentrar os locais acadêmicos, mostrando a
força e a capacidade daquele que vive à margem,
guardado no “quarto de despejo.
APOSTILA DE EXERCÍCIOS
02.(FAMECA)
” Preparei a refeição matinal. Cada filho prefere uma coisa. A Vera, mingau de farinha de trigo torrada. O João José, café
puro. O José Carlos, leite branco. E eu, mingau de aveia. Já que não posso dar aos meus filhos uma casa decente para residir,
procuro lhe dar uma refeição condigna.Terminaram a refeição. Lavei os utensilios. Depois fui lavar roupas. Eu não tenho
homem em casa. É só eu e meus filhos. Mas eu não pretendo relaxar. O meu sonho era andar bem limpinha, usar roupas de
alto preço, residir numa casa confortavel, mas não é possível. Eu não estou descontente com a profissão que exerço. Já
habituei-me andar suja. Já faz oito anos que cato papel. O desgosto que tenho é residir em favela. Fui no rio lavar as roupas
e encontrei D. Mariana. Uma mulher agradavel e decente. Tem 9 filhos e um lar modelo.Ela e o esposo tratam-se com
iducação. Visam apenas viverem paz. E criar filhos. Ela tambem ia lavar roupas. Ela disse--me que o Binidito da D. Geralda
todos os dias ia preso. Que a Radio Patrulha cançou de vir buscá-lo. Arranjou serviço para ele na cadeia. Achei graça. Dei
risada!... Estendi as roupas rapidamente e fui catar papel. Que suplicio catar papel atualmente! Tenho que levar a minha filha
Vera Eunice. Ela está com dois anos, e não gosta de ficar em casa. Eu ponho o saco na cabeça e levo-a nos braços. Suporto o
peso do saco na cabeça e suporto o peso da Vera Eunice nos braços. Tem hora que revolto-me. Depois domino-me. Ela não
tem culpa de estar no mundo.
Refleti: preciso ser tolerante com os meus filhos. Eles não tem ninguem no mundo a não ser eu. Como é pungente a condição
de mulher sozinha sem um homem no lar.”
(Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo: diário de uma favelada, 1993. Adaptado.)
a) Uma análise, na qual o narrador questiona a sua condição de vida, mostrando que, apesar de sonhar com privilégios,
prefere viver de forma simples.
b) Um comparativo, no qual o narrador reconhece que vive bem, ressaltando as vantagens de vestir-se com roupas caras e
de morar em uma casa confortável.
c) Uma narrativa poética, na qual o narrador expõe seu sofrimento, deixando claro que ele decorre do fato de ter vários
filhos para cuidar.
d) Um relato, no qual o narrador apresenta situações do seu cotidiano, evidenciando as dificuldades que enfrenta para
sobreviver como catadora de papel.
e) Um resumo, no qual o narrador desmerece sua família e sua comunidade, as quais lhe representam empecilhos para uma
vida melhor e com mais conforto.
03. (UFRGS) Instrução: A questão refere-se à obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Um tema em Quarto de
despejo é encontrado também no poema “O bicho”, de Manuel Bandeira, transcrito a seguir.
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Assinale a alternativa que identifica esse tema recorrente nas duas obras.
04. (UFRGS) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) A história, estruturada em forma de diário, abarca cinco anos da vida de Carolina, que, segundo a narradora, suporta sua
rotina de fome e violência através da escrita.
( ) A autora produz uma narrativa de grande potência, apesar dos desvios gramaticais presentes no texto.
( ) A narradora reflete sobre desigualdade social e racismo. A força do texto está no depoimento de quem sente essas mazelas
no corpo e ainda assim se apresenta como voz vigorosa e propositiva.
( ) O livro, relato atípico na tradição literária brasileira, nunca obteve sucesso editorial, permanecendo esquecido até os dias
de hoje.
a) F – V – F – F.
b) V – F – V – V.
c) V – F – F – V.
d) V – V – V – F.
e) F – V – V – V.
Quarto de despejo
Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o
cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor
pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na
comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos Ao ler este relato — verdadeiro best-seller no Brasil e no exterior
— você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem amanhã. E vai perceber com tristeza que, mesmo tendo sido escrito
na década de 1950, este livro jamais perdeu a sua atualidade.
JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2007.
Identifica-se como objetivo do fragmento extraído da quarta capa do livro Quarto de despejo
06. (ACAFE) Sobre a obra Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, todas as alternativas estão corretas, EXCETO a:
a) Mesclando a oralidade da gíria com o português formal, os 13 capítulos da obra empolgam pela linguagem ágil e narrativa
naturalmente realista. Não por acaso, o livro despertou o interesse de produtores de cinema e de editores estrangeiros,
interessados em explorar aspectos sociais inerentes à vida nas favelas.
b) A protagonista relata seu “desgosto por ser mulher”, e diante das rivalidades e disputas entre as mulheres da favela
(incluindo a narradora), ela afirma que gostaria de ter nascido homem e que isso tornaria sua vida mais fácil.
c) Os textos que deram origem ao livro foram escritos entre 1955 e 1960 por uma moradora da favela que se expandia às
margens do rio Tietê, no bairro do Canindé, e selecionados pelo repórter Audálio Dantas.
d) Carolina em seu diário contrasta a ideologia desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, então presidente da república,
com sua condição de vida na favela, o que a impede de nutrir simpatias por: “[...] o que o senhor Juscelino tem de
aproveitável é a voz. Parece um sabiá [...] residindo na gaiola de ouro que é o Catete. Cuidado sabiá, para não perder esta
gaiola, porque os gatos, quando estão com fome, contemplam as aves nas gaiolas. E os favelados são os gatos. Têm fome.”
07. (UEL) Leia o trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, e responda a questão:
15 de maio
Tem noite que eles improvisam uma batucada e não deixa ninguém dormir. Os visinhos de alvenaria já tentaram com abaixo
assinado retirar os favelados. Mas não conseguiram. Os visinhos das casas de tijolos diz:
– Os políticos protegem os favelados.
Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas 3éssim eleitoraes. O senhor Cantidio Sampaio
quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão 3éssimos3. Tomava nosso café, bebia nas
nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões por aqui e
quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um projeto para beneficiar o favelado.
Não nos visitou mais.
... Eu classifico São Paulo assim: o Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é
o quintal onde jogam os lixos.
(JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2014. P.32.)
Assinale a alternativa que estabelece a exata correlação entre Quarto de despejo e os romances Casa de pensão, de Aluísio
Azevedo, e Clara dos Anjos, de Lima Barreto
a) A miséria dos favelados de Quarto de despejo é experimentada também pelos moradores da pensão e pelos parentes do
protagonista no romance Casa de pensão.
b) As dificuldades enfrentadas pelas personagens de Quarto de despejo numa cidade grande como São Paulo têm pontos
de contato com o individualismo que cerca as personagens de Casa de pensão.
c) A distância do acesso ao poder representada em Quarto de despejo é equivalente ao caráter desprotegido que atinge o
protagonista de Casa de pensão e as personagens que com ele convivem.
d) A associação da favela ao lixo em Quarto de despejo é uma retomada das condições de moradia de personagens como
Clara dos Anjos e Cassi Jones na narrativa de Lima Barreto.
e) O descaso dos políticos focalizado em Quarto de despejo é o comportamento que conduz a protagonista Clara ao
desespero quando ela se vê abandonada por Cassi Jones e pelas autoridades.
08. (IFSulDeMinas) Considerando os livros “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, e “O Cortiço” de Aluísio de
Azevedo, é correto afirmar que:
a) O segundo apresenta perspectiva naturalista e determinista para seus personagens enquanto que o primeiro apresenta
aposta na mudança de realidade por meio da escrita em um diário.
b) Bertoleza, personagem de “O Cortiço”, assemelha-se à Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo, pois ambas
são dependentes e falta-lhes proatividade.
c) Os dois livros em questão reforçam a imagem de sexo frágil para a mulher.
d) A metáfora do quarto de despejo não estabelece qualquer relação com o contexto do cortiço descrito no romance de
Aluísio de Azevedo.
09. (Unimontes) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas abaixo estão corretas,
EXCETO:
a) A autora – mulher, negra, mãe solteira – assinala a sua escrita com a consciência do que é estar no “quarto de despejo”
da grande cidade de São Paulo.
b) O ato cotidiano de recolher resíduos da sociedade paulistana é uma evasão de uma mulher que se sente marginalizada
c) O diário Quarto de despejo é constituído de fragmentos de vida reunidos em cadernos encontrados nas ruas.
d) Os relatos diários são marcados por um olhar de denúncias e pela descrição da rotina marginal de sua autora.
10. (Unimontes)
1 DE JULHO... Eu percebo que se este Diário for publicado vai maguar muita gente. Tem pessoa que quando me ver passar
saem da janela ou fecham as portas. Estes gestos não me ofendem. Eu até gosto porque não preciso parar para conversar.
(...) Quando passei perto da fabrica vi 4éssim tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta
que pega. Quando carregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a
humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar. (JESUS, 1997, p. 69.)
Sobre o excerto acima e sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, a única afirmativa INCORRETA é:
a) Para a autora, os papéis colhidos nas ruas são sua fonte de sobrevivência e, mais tarde, a matéria-prima para a escrita
dos seus diários.
b) Os diários, além de uma forma de extravasamento da raiva e de fazer-se conhecer, eram, para a autora, um registro da
memória.
c) A dimensão social e humanística do romance é perceptível por meio da confissão diarística da narradora.
d) A linguagem de norma culta e singular da escritora do povo legitima o lugar social de sua autora.
11. (Unimontes) A narrativa “Quarto de despejo (24 de dezembro de 1958)”, da escritora Carolina Maria de Jesus, texto
que integra a coletânea Nós e os outros, de Marisa Lajolo, apresenta todas as características abaixo, EXCETO:
12. UFRGS 2019 – Leia este trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
3 DE MAIO... Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito,
porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que comer.
6 DE MAIO [...] ...O que eu aviso aos pretendentes a politica, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para
saber descrevê-la.
9 DE MAIO... Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que eu estou sonhando.
10 DE MAIO... [...] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso,
que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se 5éss a 5éssim e ao país. Pensei: Se ele sabe disto, porque
não faz um 5éssimos5 e envia para os 5éssimos5? O senhor Janio Quadros, o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros? Agora
falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades. ... O Brasil precisa ser dirigido por
uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no 5éssimo, e nas
crianças.
16 DE MAIO Eu amanheci nervosa. Porque eu queria ficar em casa, mas eu não tinha nada para comer.
... Eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? Um leito em
Campos do Jordão. Eu quando estou com fome quero matar o Janio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As
dificuldades corta o afeto do povo pelos 5éssimos5.
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983, p. 25-29.
(fragmento).
Assinale a alternativa CORRETA. No fragmento de Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus apresenta um olhar:
a) submisso ao discurso dos homens da lei sobre a propensão para o crime, das pessoas da favela.
b) crítico com relação à problemática da fome e à falta de atenção dos políticos para com a população pobre.
c) otimista quanto à possibilidade de mudança de sua vida e de sua família.
d) culpado por não conseguir comida suficiente para si e seus filhos.
14.(UNICAMP 2019) ...Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros deputados. Alguns
nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas
eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.” (Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo.
São Paulo: Ática, 2014, p. 43.)
O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina
Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição
da autora sobre a lógica política das eleições.
a) Por meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no exercício do poder.
b) Os políticos se aproximam do povo e, depois das eleições, se esquecem dos compromissos assumidos.
c) Os políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de sua persistência.
d) Graças ao desinteresse do povo, os políticos se apropriam do Estado, contrariando a própria democracia.
15. (UNICENTRO 2019) Sobre a obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, é INCORRETO afirmar que:
a) a obra é constituída por relatos de vida, análises de contexto, predominantemente como denúncia social e, também, por
passagens líricas.
b) a linguagem é concisa e direta, em sintonia com a rudeza da vida da própria escritora, que manifesta consciência do
processo de escrita.
c) a autora reivindica uma vida melhor para si e para a comunidade onde vive, por meio de um discurso de resistência, em
face do sistema que oprime os habitantes da periferia.
d) não obstante o reconhecimento atual do seu valor, mais pelo conteúdo do que pela forma, a obra não integrou o cânone
literário quando de sua publicação.
e) a obra consagrou-se como representante da literatura pós-moderna, ao fazer do gênero diário uma forma de
desconstrução da subjetividade do eu-lírico.
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16. UNDEP (2019) Ao discutir um texto literário em sala de aula, o(a) professor(a) tem elementos para “refletir e discutir
sobre questões sociais e culturais brasileiras e sobre a forma como as histórias foram construídas e contadas”, como
sugerem Machado e Corrêa (2010, p. 121), ao falarem do ensino de literatura no Ensino Fundamental. Nas alternativas a
seguir, estão colocados trechos do diário Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), uma das primeiras
escritoras negras reconhecidas do Brasil, moradora da favela do Canindé (SP).
Assinale a alternativa em que a crítica social apresentada no trecho está corretamente indicada entre parênteses.
a) “Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os 6éssimos6 só aparecem aqui nas 6éssim eleitoraes. O senhor Cantidio
Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão 6éssimos6. Tomava nosso café,
bebia nas nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões
por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um projeto para beneficiar
os favelados. Não nos visitou mais.” (JESUS, 2014, p.32) (A falta de organização na política brasileira.)
b) “Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de
6éssimo, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou objeto fora de uso, digno de estar num
quarto de despejo.” (JESUS, 2014, p.37) (O planejamento urbano deficiente da cidade.)
c) “Quando passei perto da fábrica vi 6éssim tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta
que pega. Quando descarregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a
humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar.” (JESUS, 2014, p.78) (A falta de
empatia entre pessoas de diferentes classes sociais.)
d) “Quando vou na cidade tenho a impressão que estou no paraizo. Acho sublime ver aquelas mulheres e crianças tão bem
vestidas. Tão diferentes da favela. As casas com seus vasos de flores e cores variadas. Aquelas paisagens há de encantar
os olhos dos visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais afamada da América do Sul está enferma. Com as
suas úlceras. As favelas.” (JESUS, 2014, p.90) (A violência nos grandes centros urbanos.)
17. UNICERP 2020 – No trecho “Eu durmi. E tive um sonho maravilhoso. Sonhei que era um anjo. Meu 6éssimo era amplo.
Mangas longas cor de rosa”, do livro Quarto de Despejo, da autora Carolina Maria de Jesus (1960), observa-se que existe:
18. (UNICERP 2020) No fragmento do livro de Carolina Maria de Jesus (1960), Quarto de Despejo, “As vezes mudam
algumas famílias para a favela, com crianças. No início são educadas, amáveis. Dias depois usam o calão são soezes e
repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na sala de visitas e
foram para o quarto de despejo. (JESUS, p. 39), percebe-se a presença:
a) da escrita que evidencia a rotina dos moradores marginalizados que sofriam com a miséria urbana
b) da alusão metafórica que a autora utiliza para conquistar espaço na sociedade
c) da manifestação de euforia em relação às mudanças na esfera política e da prosperidade social
d) de situações que permeiam o poder público para que alcancem as conquistas sociais e públicas
19. (UENP 2019) A obra Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus é escrita na forma de diário, que se inicia em 15 de
julho de 1955 e termina em 1º de janeiro de 1960. Sobre essa forma, assinale a alternativa correta.
20. (UENP 2019) Leia o trecho a seguir. Eu classifico São Paulo assim: O Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de
jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos. (JESUS, C. M. Quarto de Despejo: diário de uma
favelada. São Paulo: Ática, 1997.).
I. Nesta descrição de São Paulo, é perceptível a visão crítica da narradora a respeito dos políticos e da desigualdade social.
II. A aproximação entre a favela e o quintal caracteriza o modo como a narradora se vê na sociedade.
III. Nota-se, neste fragmento, o desejo da narradora em se tornar escritora.
IV. Percebe-se a preocupação da narradora em apresentar uma descrição objetiva das mudanças pelas quais passou o espaço
urbano.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas
21. (UEMA 2015) Na obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus retrata, em uma lógica
literária, suas impressões sobre o cotidiano dos moradores de uma favela. Para responder à questão, leia a seguir dois
excertos, transcritos integralmente, da referida obra.
Texto I
20 DE MAIO
(...)
Quando cheguei do 7éssimo que é a cidade os meus filhos vieram dizer-me que havia encontrado macarrão no lixo. E a comida
era pouca, eu fiz um pouco do macarrão com feijão. E o meu filho João José disse-me:
– Pois é. A senhora disse-me que não ia mais comer as coisas do lixo.
Foi a primeira vez que vi a minha palavra falhar.
(...)
Texto II
30 DE MAIO
(...)
Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se pensasse na sua
desdita por residir num lugar sem atração. Um lugar que não se pode plantar uma flor para aspirar o seu perfume, para ouvir
o zumbido das abelhas ou o colibri acariciando-a com seu frágil biquinho. O único perfume que exala na favela é a lama podre,
os excrementos e a pinga.
(…)
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. Ed. São Paulo: Ática, 2007.
TEXTO
16 DE JULHO Levantei. Obedecia a Vera Eunice. Fui buscar agua. Fiz café. Avisei as crianças que não tinha pão. Que tomassem
café simples e comesse carne com farinha. Eu estava indisposta, resolvi benzer-me. Abria a boca duas vezes, certifiquei-me
que estava com mau olhado. A indisposição desapareceu sai e fui ao seu Manoel levar umas latas para vender. Tudo quanto
eu encontro no lixo eu cato para vender. Deu 13 cruzeiros. Fiquei pensando que precisava comprar pão, sabão e leite para a
Vera Eunice. E os 13 cruzeiros não dava! Cheguei em casa, aliás no meu barracão, nervosa e exausta. Pensei na vida atribulada
que eu levo. Cato papel, lavo roupa para dois jovens, permaneço na rua o dia todo. E estou sempre em falta. A Vera não tem
sapatos. E ela não gosta de andar descalça. Faz uns dois anos, que eu pretendo comprar uma maquina de moer carne. E uma
maquina de costura.
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Cheguei em casa, fiz o almoço para os dois meninos. Arroz, feijão e carne. E vou sair para catar papel. Deixei as crianças.
Recomendei-lhes para brincar no quintal e não sair na rua, porque os 8éssimos vizinhos que eu tenho não dão socego aos
meus filhos. Saí indisposta, com vontade de deitar. Mas, o pobre não repousa. Não tem o privilegio de gosar descanço. Eu
estava nervosa interiormente, ia maldizendo a sorte (...) Catei dois sacos de papel. Depois retornei, catei uns ferros, uma
latas, e lenha. Vinha pensando. Quando eu chegar na favela vou encontrar novidades. Talvez a D. Rosa ou a indolente Maria
dos Anjos brigaram com meus filhos. Encontrei a Vera Eunice dormindo e os meninos brincando na rua. Pensei: são duas
horas. Creio que vou passar o dia sem novidade! O João José veio avisar-me que a perua que dava dinheiro estava chamando
para dar mantimentos. Peguei a sacola e fui. Era o dono do Centro Espirita da rua Vargueiro 103. Ganhei dois quilos de arroz,
idem de feijão e dois quilos de macarrão. Fiquei contente. A perua foi-se embora. O nervoso interior que eu sentia ausentou-
se. Aproveitei a minha calma interior para eu ler. Peguei uma revista e sentei no capim, recebendo os raios solar para
aquecer-me. Li um conto. Quando iniciei outro surgiu os filhos pedindo pão. Escrevi um bilhete e dei ao meu filho João José
para ir ao Arnaldo comprar sabão, dois melhoraes e o resto pão. Puis agua no fogão para fazer café. O João retornou-se.
Disse que havia perdido os melhoraes. Voltei com ele para procurar. Não encontramos.
Quando eu vinha chegando no portão encontrei uma multidão. Crianças e mulheres, que vinha reclamar que o José Carlos
havia apedrejado suas casas. Para eu repreendê-lo.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.9 ed. 6 imp. São Paulo: Ática, 2007.
Em se tratando do gênero textual do trecho retirado da obra Quarto de despejo: diário de uma favela, aponte a afirmativa
correta:
a) A linguagem textual é elaborada a partir de elementos comuns à poética, tendo em vista a sensibilidade com que o
cotidiano é exposto.
b) Os versos acentuam a pobreza comum à realidade humana em uma linguagem de exposição impessoal.
c) A estruturação linguística do texto deixa evidente o caráter pessoal da descrição da vivência do cotidiano.
d) Não é comum observar, na Literatura Brasileira, a escrita de textos utilizando o gênero diário.
e) Por conta da captação da realidade na presente escrita de Carolina Maria de Jesus, podemos classificar o texto como
crônica de comentário.
23. Com base na leitura de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, é INCORRETO afirmar que a obra
24. (AFA-SP–2016) O título do livro Quarto de Despejo pode sugerir algumas inferências. Assinale aquela que não pode ser
comprovada pelo relato.
25. (AFA-SP–2016) Diário é um gênero textual no qual são registrados acontecimentos cotidianos com base em uma
perspectiva pessoal. A partir dessa definição, é correto afirmar que, no texto,
26. (Unimontes-MG–2014) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas a seguir estão
corretas, exceto
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a) A autora – mulher, negra, mãe solteira – assinala a sua escrita com a consciência do que é estar no “quarto de despejo”
da grande cidade de São Paulo.
b) O ato cotidiano de recolher resíduos da sociedade paulistana é uma evasão de uma mulher que se sente marginalizada.
c) O diário Quarto de despejo é constituído de fragmentos de vida reunidos em cadernos encontrados nas ruas.
d) Os relatos diários são marcados por um olhar de denúncias e pela descrição da rotina marginal de sua autora.
a) Descreve a chegada de novos moradores na favela do Canindé e a situação de precariedade social que os aguardava
naquela vida, já conhecida pela escritora.
b) As metáforas referem-se aos desempregados que vão morar longe da cidade.
c) A estética “marginal” criada pela escritora confere à pobreza um tom lírico e alienado.
d) O lugar descrito pela autora, ou seja, o “quarto de despejo”, abriga os elementos indesejáveis que não se quer visíveis na
cidade.
Ao fazer uma reflexão sobre o momento presente, a autora volta-se para o passado histórico, marcado pela escravidão e,
de uma forma crítica, confere à abolição uma nova roupagem: os negros que antes se encontravam presos às amarras do
sistema escravocrata, hoje se encontram presos aos grilhões da miséria e do descaso social.
a) “(...) eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rustico. Eu até acho o cabelo de negro mais iducado do que o cabelo
de branco”.
b) “Nunca vi uma preta gostar tanto de livro como você”.
c) “E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!”
d) “O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professor.
... As vezes mudam algumas famílias para a favela, com crianças. No inicio são iducadas, amaveis. Dias depois usam o
calão,são soezes e repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na
sala de visita e foram para o quarto de despejo.
(JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 38.)
A respeito de Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, considere as seguintes afirmativas:
1. Carolina acredita que a vida na favela é perniciosa para a formação das crianças, porém, como ali não chegam informações
relevantes sobre a vida pública, ela é incapaz de emitir opiniões políticas ou de se revoltar.
2. João, José Carlos e Vera tendem a se “transformar em chumbo” porque, ao priorizar a escrita e divulgação de seu diário,
Carolina muitas vezes descuida das atividades domésticas e da atenção aos próprios filhos.
3. A metáfora “quarto de despejo” é repetida em várias passagens do diário para significar a exclusão, o não pertencimento
a espaços em que a dignidade da vida humana estivesse garantida.
4. Palavras escritas sem obediência à norma padrão aparecem com frequência, porém os raciocínios que a autora elabora
são complexos e o cotidiano é muitas vezes descrito com lirismo.
1. C
2. D
3. B
4. D
5. E
6. A
7. B
8. A
9. B
10. D
11. A
12. E
13. B
14. B
15. E
16. C
17. C
18. A
19. A
20. A
21. B
22. A
23. D
24. D
25. C
26. B
27. A
28. C
29. C
a) O nascimento de uma criança, no final do poema, relativiza a ideia de que, no Nordeste, a morte sempre se sobrepõe
à vida.
b) Escrito na década de 50, o poema tem sido adaptado frequentemente para o teatro e a televisão, o que contribuiu
grandemente para sua popularização.
c) Trata-se de um poema dramático que tem como subtítulo “Auto de Natal pernambucano”.
d) O contraste entre vida e morte ganha contornos paradoxais quando, chegando ao Recife, Severino, em vez de se
encantar com o rio que “não seca, vai toda vida”, pensa em suicidar-se em suas águas.
e) No poema, o único espaço social em que ricos e pobres se igualam é o cemitério.
a) A alternância das falas de ricos e de pobres, em contraste, imprime à dinâmica geral do poema o ritmo da luta de
classes.
b) A visão do mar aberto, quando Severino finalmente chega ao Recife, representa para o retirante a primeira afirmação
da vida contra a morte.
c) O caráter de afirmação da vida, apesar de toda a miséria, comprova-se pela ausência da ideia de suicídio.
d) As falas finais do retirante, após o nascimento de seu filho, configuram o “momento afirmativo”, por excelência, do
poema.
e) A viagem do retirante, que atravessa ambientes menos e mais hostis, mostra-lhe que a miséria é a mesma, apesar
dessas variações do meio físico.
3. (FUVEST) Em MORTE E VIDA SEVERINA, no diálogo entre o retirante e a mulher na janela (a “rezadora titular”),
indicam-se vários motivos pelos quais Severino não encontrará emprego no local a que chegara. Um desses motivos, de
fato presente na obra citada, encontra-se em:
a) Ao homem rústico falta competência para enfrentar o meio agreste e desenvolver técnicas necessárias para fazê-lo.
b) Os interesses da modernização financeira e industrial tornam ainda mais difícil para o homem rústico a obtenção de
emprego.
c) Por ser desprovido de cultura religiosa e de vínculos com o Catolicismo, o sertanejo marginaliza-se ao chegar à Zona
da Mata.
d) A grande fragilidade física a que chegou o retirante torna-o inapto para o trabalho pesado exigido na região.
e) Tendo experiência apenas na criação de gado, o sertanejo encontra-se deslocado em meio à cultura da cana-de-
açúcar.
a) O auto utiliza-se de uma linguagem grandiosa, de tom eufórico, para exaltar a capacidade de resistência do
nordestino que a todas as privações resiste sem sucumbir. O nordestino é visto aqui sobretudo como um forte e é justamente
esta sua qualidade que o texto de João Cabral celebra.
b) Severino retirante, em sua viagem, encontra sempre à morte, até que, já em Recife, chega-lhe a notícia do nascimento
de um menino, signo de que ainda resiste à constante negação da existência “severina”.
c) Os versos breves e concisos de Morte e vida Severina acentuam o que tematicamente o poema enfoca: o
sufocamento das “vidas severinas”, confinadas no horizonte estreito da vivência nordestina.
d) O auto realiza uma personalização dramática de um sujeito coletivo: os “severinos” que a seca escorraça do sertão e
que o latifúndio escorraça da terra.
e) Pela fala final do mestre carpina, Seu José, o auto parece sugerir que a “severinidade” não é condição, mas estado,
não é permanente nem intrínseca ao sujeito e, portanto, pode ser transformada.
5. (UFU) Assiste ao enterro de um trabalhador de eito e ouve o que dizem do morto os amigos que o levaram ao
cemitério:
— Essa cova em que estás, com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida.
— É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio.
— Não é cova grande, é cova medida, é a terra que querias ver dividida.
— É uma cova grande para teu pouco defunto, mas estarás mais ancho que estavas no mundo.
— É uma cova grande para teu defunto parco, porém mais que no mundo te sentirás largo.
— É uma cova grande para tua carne pouca, mas a terra dada não se abre a boca.
MELO NETO, João Cabral de. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p.159-160.
A partir do trecho acima, de Morte e vida Severina, e de seu conhecimento sobre a obra, assinale a alternativa correta.
a) Como grande parte dos poetas do Modernismo, João Cabral de Melo Neto abdica totalmente da rima em seu texto.
b) Conhecido como o “poeta-engenheiro”, João Cabral de Melo Neto arquiteta todo o seu poema em redondilhas
maiores, ou seja, com sete sílabas poéticas.
c) O trecho aborda, a partir dos comentários dos amigos do trabalhador morto, temas sociais amplos, como a
desigualdade na distribuição de terras e a fome.
d) No trecho, ambientado no enterro do personagem-narrador Severino, questiona-se a falência da reforma agrária no
nordeste, na época marcada pela presença dos latifúndios.
6. (UEL) Em Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, a palavra “severino(a)” apresenta-se como
substantivo próprio, substantivo comum e adjetivo. Tal fato ocorre porque, nessa obra, a palavra “severino(a)”:
a) Designa aquele que fala, além de outras personagens que, em virtude das dificuldades impostas pela vida,
caracterizam-se por assumir a disciplina como norma de conduta. O termo qualifica a existência como permanente cuidado
de não se expor a repreensões e censuras.
b) Designa a individualidade austera do protagonista e a individualidade flexível de outros homens e mulheres
escorraçados do sertão pela seca. O termo qualifica a existência como busca constante de superação das dificuldades.
c) Designa o protagonista como ser inflexível, bem como outros retirantes que também se caracterizam pela rigidez
diante da vida. O termo qualifica a existência como possibilidade de impor condições com rigor.
d) Designa aquele que fala, além de outros homens e mulheres que se caracterizam pelo rigor consigo mesmos e com
os outros. O termo qualifica a existência humana como marcada pela austeridade nas opiniões.
e) Designa aquele que fala, o protagonista do auto, bem como os retirantes que, como ele, foram escorraçados do
sertão pela seca e da terra pelo latifúndio. O termo qualifica a existência como realidade dura, áspera.
7. (UFPR)
Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à cidade do
Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele:
– Nunca esperei muita coisa, digo a Vossas Senhorias. O que me fez retirar não foi a grande cobiça; o que apenas busquei foi
defender minha vida da tal velhice que chega antes de se inteirar trinta; se na serra vivi vinte, se alcancei lá tal medida, o que
pensei, retirando, foi estendê-la um pouco ainda. Mas não senti diferença entre o Agreste e a Caatinga, e entre a Caatinga e
aqui a Mata a diferença é a mais mínima. Está apenas em que a terra é por aqui mais macia; está apenas no pavio, ou melhor,
na lamparina: pois é igual o querosene que em toda parte ilumina, e quer nesta terra gorda quer na serra, de caliça, a vida
arde sempre com a mesma chama mortiça. […] Sim, o melhor é apressar o fim dessa ladainha, fim do rosário de nomes que a
linha do rio enfia; é chegar logo ao Recife, derradeira ave-maria do rosário, derradeira invocação da ladainha, Recife, onde o
rio some e esta minha viagem se finda.
(MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 186-
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187.)
Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa correta.
a) O auto de João Cabral foi concluído em 1955, tempo em que ainda se iluminavam as casas com lamparinas, e, nessa
situação, a percepção que Severino tem dos lugares que conhece é prejudicada pelas limitações da época e por sua própria
ignorância.
b) A comparação de Recife com a “derradeira ave-maria/ do rosário”, assim como as várias rezas que Severino
testemunha ao longo da viagem, mostra a presença constante da religiosidade como um fator de atraso na vida dos
nordestinos.
c) Ao final, fica claro para o leitor que a vida no Recife também seria semelhante à das regiões menos desenvolvidas da
Caatinga, do Agreste e da Zona da Mata, porque a pobreza não é causada pelas condições naturais, mas por uma estrutura
social excludente.
d) O empenho social de João Cabral de Melo Neto é o de sugerir aos retirantes que não saiam de sua terra, visto que,
sem preparo, eles enfrentam dificuldades enormes no Recife, valendo mais a pena procurar desenvolver sua própria região.
e) Ao chegar ao Recife, Severino ouve uma longa conversa entre dois coveiros e, percebendo que sua viagem havia sido
inútil, entende a conversa como uma sugestão e se suicida, atirando-se no rio Capibaribe.
8. (UEL-PR) Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, identifica-se como:
a) uma obra que, refletindo inovações e experimentações linguísticas do autor, torna tênues as barreiras entre a prosa
e poesia.
b) um auto que explora a temática do nascimento como signo do ressurgir da esperança.
c) um auto de Natal que rememora a visita dos reis Magos e pastores ao Deus Menino.
d) um poema que encerra uma síntese das propostas vanguardistas contidas na obra geral do autor.
e) um conto cujo interesse se centraliza na preocupação do autor como problema da seca no Nordeste.
9. Sobre MORTE E VIDA SEVERINA, de João Cabral de Melo Neto, é correto afirmar que:
a) narra as agruras por que passa uma família nordestina composta por um vaqueiro despossuído, sua mulher e dois
meninos, acompanhados por uma cadela.
b) expõe as dificuldades por que passa o nordestino despossuído que migra do árido sertão, passa pelo agreste e chega
aos alagados de Recife.
c) expõe a miséria e a insalubridade da vida nos morros de Salvador ao narrar a experiência de um sertanejo que se
adapta com dificuldades ao hostil ambiente urbano.
d) narra a experiência de um nordestino que, para sobreviver no sertão dominado pelo coronelismo e pela
arbitrariedade, se converte em romeiro e pregador da palavra divina.
e) expõe os dilemas do nordestino pobre que, oprimido pelo chefe político do povoado, oscila entre tornar-se
cangaceiro ou migrar para a cidade grande.
I. O nascimento do filho do compadre José é antagônico em relação aos outros fatos apresentados na obra, já que esses
são marcados pela morte.
II. Podemos dizer que o conteúdo é completamente pessimista, considerando-se que a jornada é marcada pela tragédia
da seca, o que leva Severino à tentativa de suicídio.
III. Mais do que a seca, as desigualdades sociais do Nordeste são o tema da obra. Assinale a alternativa correta sobre as
afirmações:
– O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de
me chamar Severino de Maria;
como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias lá da Serra da Costela, limites da Paraíba,
Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros
tantos, já finados, Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre
crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta.
NETO. João Cabral de Melo. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
Nesse primeiro quadro de Morte e vida severina, depreende-se, por meio de seu contexto, que:
a) ‘na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra’ apresentam-se aspectos físicos e psicológicos.
b) ‘um coronel que se chamou Zacarias’ faz alusão aos defensores de uma igualdade social.
c) ‘o sangue que usamos tem pouca tinta’ indica uma estrutura corporal sem contaminações.
d) ‘O meu nome é Severino, não tenho outro de pia’ é verso que faz referência ao universo religioso.
12. (UFOP) A partir da leitura de Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, é correto afirmar que:
a) trata-se de um texto exclusivamente narrativo, uma vez que traz o relato dos episódios de uma viagem da
personagem Severino do sertão até o mar.
b) trata-se de um texto exclusivamente dramático, uma vez que é composto de falas das personagens, além de
comportar rubricas com marcações cênicas bastante nítidas.
c) trata-se de um texto exclusivamente lírico, uma vez que apresenta o discurso individual de Severino, que fala de si
todo o tempo.
d) trata-se de um texto cuja classificação é de tragédia pura e simples.
e) trata-se de um texto cujo gênero é múltiplo, por não se prender exclusivamente a nenhum.
13. (UFPR) Tanto “MORTE E VIDA SEVERINA,” de João Cabral de Melo Neto, como “A MORATÓRIA”, de Jorge Andrade,
são textos teatrais.
Sobre eles, é correto afirmar:
(01) MORTE E VIDA SEVERINA pertence a um tipo tradicional e popular de teatro, o auto, enquanto A MORATÓRIA não se
filia a formas teatrais tradicionais.
(02) O fato de A MORATÓRIA ter sido escrita em versos torna esta obra formalmente próxima a MORTE E VIDA SEVERINA,
embora Jorge Andrade utilize versos longos, ao invés das redondilhas utilizadas por João Cabral.
(04) Ambos os textos fazem referências a fenômenos sociais do Brasil moderno: a migração de massas empobrecidas para os
grandes centros, no texto de João Cabral, e a decadência da elite rural, no de Jorge Andrade.
(08) O protagonista de A MORATÓRIA, embora paulista, assemelha-se a um coronel nordestino, o que o aproxima do
protagonista de MORTE E VIDA SEVERINA.
(16) Os valores familiares são destacados nos dois textos, já que em A MORATÓRIA é a união da família que permite a Joaquim
superar a perda da fazenda, enquanto em MORTE E VIDA SEVERINA é o nascimento de um novo filho que faz renascer as
esperanças de Severino.
14. (UEMS) Em Morte e Vida Severina, a obra mais popular da produção de João Cabral de Melo Neto, o autor compõe
um Auto de Natal Pernambucano. Considerando a leitura dessa obra, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(01) Em Morte e Vida Severina, enfatizam-se a decadência histórica dos engenhos, substituídos pelas usinas, e a consequente
expulsão dos trabalhadores da zona rural para a cidade.
(02) O adjetivo “severina”, que acompanha o itinerário de vida e morte do sertanejo, é resultado da coisificação do nome
próprio Severino, passando a representar todos os retirantes que morrem “de velhice antes dos trinta, / de emboscada antes
dos vinte, / de fome um pouco por dia.”
(04) O clímax do drama de Severino é atingido quando o personagem, já sem esperanças, decide suicidar-se no rio Capibaribe.
Há um aprofundamento desse clímax quando Severino dialoga com seu José, morador de um dos mocambos entre o cais e a
água do rio, e o diálogo é interrompido por uma mulher que anuncia: “Compadre José, compadre, / que na relva estais
deitado: / conversais e não sabeis / que vosso filho é chegado?”.
(08) A criança que nasce no mangue não é uma criança qualquer, ela levará uma existência diferente daquela vivida por seu
pai, sem sofrimento, e que ultrapassará sua origem “severina”. Isto é o que afirma uma das ciganas: “trago papel de jornal /
para lhe servir de cobertor; / cobrindo-se assim de letras / vai um dia ser doutor.”.
15. Com relação à obra Morte e vida severina, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Quanto ao número de sílabas poéticas, o poeta deu preferência aos versos redondilhos maiores.
b) Quanto à estrutura, a obra é formada por monólogos e diálogos, à maneira dos romanceiros medievais.
c) João Cabral optou por uma linguagem coloquial, já que os personagens são gente humilde e sem escolaridade.
d) João Cabral sofreu influência dos autos pastoris de Juan Del Encina, teatrólogo espanhol que sucedeu Gil Vicente.
e) O personagem Severino, ao se despersonalizar, passa a representar o coletivo, isto é, os sertanejos desvalidos.
— O meu nome é Severino não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me
chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco: há muito na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela, limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros
tantos, já finados, Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre
crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte
severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).
17. (UFPE)
a) Escrito em versos, é um auto de Natal nordestino e tem como personagem principal, Severino, um favelado recifense,
que quer saltar “fora da ponte e da vida”.
b) Os versos transcritos representam a voz de outro personagem (seu José, o mestre Carpina), que dá a Severino alguma
esperança.
c) “A vida a respondeu com sua presença viva” é alusão ao filho recém-nascido de seu José.
d) A expressão severina (formada por derivação imprópria) significa aqui, anônimo, igual aos demais, e realça a
linguagem despojada do texto.
e) A poesia de Cabral é engajada com o seu meio, embora contida, chegando a demonstrar desprezo pela confissão
sentimental.
18. (FUVEST) É correto afirmar que no poema dramático Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto:
a) A sucessão de frustrações vividas por Severino faz dele um exemplo típico de herói moderno, cuja tragicidade se
expressa na rejeição à cultura a que pertence.
b) A cena inicial e a final dialogam de modo a indicar que, no retorno à terra de origem, o retirante estará munido das
convicções religiosas que adquiriu com o mestre carpina.
c) O destino que as ciganas preveem para o recém-nascido é o mesmo que Severino já cumprira ao longo de sua vida,
marcada pela seca, pela falta de trabalho e pela retirada.
d) O poeta buscou exprimir um aspecto da vida nordestina no estilo dos autos medievais, valendo-se da retórica e da
moralidade religiosa que os caracterizam.
e) O “auto de natal” acaba por definir-se não exatamente num sentido religioso, mas enquanto reconhecimento da
força afirmativa e renovadora que está na própria natureza.
19. (UNIOESTE) Em relação à peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, todas as afirmativas abaixo
são válidas, EXCETO:
a) O fato em Morte e Vida Severina que comprova o subtítulo “auto de Natal” do poema-peça é o nascimento de um
menino.
b) Em Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto apresenta uma atitude de resignação e conformismo ante as
desgraças e desesperos dos muitos Severinos.
c) O êxodo do sertão em busca do litoral não é uma solução para o retirante, pois na cidade grande encontra sempre a
mesma morte severina, como revelam os dois coveiros.
d) Na cidade grande, quando não encontra uma morte severina, tem que levar uma vida severina, vivendo no meio da
lama, comendo os siris que apanha em mocambos infectos.
E) A problemática apresentada em Morte e Vida Severina é basicamente de caráter social e envolve a caótica e degradante
situação do homem nordestino, vitimado pelas secas, pela fome e pela miséria.
20. (PUC-SP)
Antes de sair de casa aprendi a ladainha
das vilas que vou passar na minha longa descida.
Sei que há muitas vilas grandes, cidades que elas são ditas;
sei que há simples arruados, sei que há vilas pequeninas,
todas formando um rosário cujas contas fossem vilas,
todas formando um rosário de que a estrada fosse a linha.
Devo rezar tal rosário até o mar onde termina,
saltando de conta em conta, passando de vila em vila.
Vejo agora: não é fácil seguir essa ladainha;
entre uma conta e outra conta, entre uma e outra ave-maria,
há certas paragens brancas, de planta e bicho vazias,
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(Melo Neto, J. Cabral de. MORTE E VIDA SEVERINA. R. Janeiro: Ed. Sabiá, 1967.)
Do trecho em questão, que integra o poema MORTE E VIDA SEVERINA, de João Cabral de Melo Neto, pode-se afirmar que:
a) revela convicção religiosa, justificada pela presença das palavras ladainha, rosário, ave-maria.
b) utiliza a palavra rosário como metáfora para representar a sequência de lugares por onde o retirante deve passar em
sua caminhada.
c) expressa-se em linguagem figurada, o que dificulta ao leitor o entendimento do texto.
d) indica que o retirante se perdeu no emaranhado dos caminhos porque abandonou deliberadamente o curso do rio,
seu guia natural.
e) apresenta linguagem simples dominada pela objetividade da informação e desprovida de características poéticas.
21. (FUVEST) Em Vidas secas e em Morte e vida severina, os retirantes Fabiano e Severino:
a) são quase desprovidos de expressão verbal, o que lhes dificulta a comunicação até mesmo com os mais próximos.
b) encontram na relação carinhosa com os filhos sua única fonte permanente de ternura em um meio hostil.
c) surgem como flagelados, que fogem das regiões secas, mas se decepcionam quando chegam ao Recife.
d) são homens rústicos e incultos, que não possuem habilidades técnicas ou ofícios que lhes permitam trabalhar.
e) aparecem como oprimidos tanto pelo meio agreste quanto pelas estruturas sociais.
22. (POLI) O trecho abaixo é um fragmento de Morte e vida severina, poema escrito por João Cabral de Melo Neto. O
poema conta a história de Severino, um retirante que foge da seca, saindo dos confins da Paraíba para chegar ao litoral de
Pernambuco (Recife). Lá, o retirante acredita que irá encontrar melhores condições de vida. Este excerto (trecho) conta o
momento em que, no final de sua caminhada, Severino chega ao litoral. Mas, mesmo ali, encontra apenas sinais de morte,
como quando estava no sertão. Completamente desacreditado, sugere a um morador da região que pretende o suicídio.
Então, inicia com ele uma discussão. Acompanhe:
Se acabamos naufragados
num braço do mar da miséria?”
a) o de que o rio, tendo fundura suficiente, será o melhor meio, naquela situação, para conseguir seu intento.
b) o de que não é possível lutar com as mãos, já que as mãos não podem conter a água que se alastra.
c) o de que não é possível conter o mar daquela conversa, dada sua extensão e volume.
d) o de que a miséria, entendida como mar, irá naufragar mesmo a todos, independentemente do que se faça.
e) o de que abandonando as mãos para trás será mais fácil afogar-se, já que não poderá nadar.
23. (FUVEST)
Finado Severino,
quando passares em Jordão
e os demônios te atacarem
perguntando o que é que levas…
– Dize que levas somente coisas de não:
fome, sede, privação.
24. (IBMEC) Utilize o texto abaixo, fragmento de Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, para responder
o teste.
Assinale a alternativa INCORRETA com relação ao texto de João Cabral de Melo Neto:
a) A expressão “pia” (segundo verso) refere-se à pia batismal e traz o sentido de que o personagem não tem outro nome
de batismo.
b) A filiação paterna, a partir do nome Zacarias, não constitui ponto de referência para o personagem.
c) O personagem não foi batizado por ser santo de romaria e ter a paternidade desconhecida.
d) A expressão “senhor desta sesmaria” refere-se a posse de terras.
e) Fazendo uso do pronome de tratamento “Vossas Senhorias”, o personagem coloca o interlocutor numa posição
hierarquicamente superior.
25. (UEPG) “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto, é um auto de Natal pernambucano. Acerca dessa
obra, assinale o que for correto.
01) Ela conta a história de Severino, homem do agreste que, em busca do litoral, defronta-se a cada parada com a morte.
02) Nela, João Cabral de Melo Neto pratica um lirismo confessional por intermédio de uma linguagem grandiloquente,
característica bastante comum de sua poética.
04) O título aponta para os movimentos que sustentam sua linha narrativa: morte e vida.
08) Severino, personagem-protagonista, representa o retirante nordestino.
16) O autor procura mostrar como, apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar tudo.
26. (PUCCAMP) A leitura integral de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, permite a correta
compreensão do título desse “auto de natal pernambucano”:
a) Tal como nos Evangelhos, o nascimento do filho de Seu José anuncia um novo tempo, no qual a experiência do
sacrifício representa a graça da vida eterna para tantos “severinos”.
b) Invertendo a ordem dos dois fatos capitais da vida humana, mostra-nos o poeta que, na condição “severina”, a morte
é a única e verdadeira libertação.
c) O poeta dramatiza a trajetória de Severino, usando o seu nome como adjetivo para qualificar a sublimação religiosa
que consola os migrantes nordestinos.
d) Severino, em sua migração, penitencia-se de suas faltas, e encontra o sentido da vida na confissão final que faz a Seu
José, mestre capina.
e) O poema narra as muitas experiências da morte, testemunhadas pelo migrantes, mas culmina com a cena de um
nascimento, signo resistente da vida nas mais ingratas condições.
27. (UFMG) Sobre o adjetivo severina, da expressão Morte e vida Severina que intitula a peça de João Cabral de Melo
Neto, todas as alternativas estão certas, exceto:
a) Refere-se aos migrantes nordestinos que, revoltados, lutam contra o sistema latifundiário que oprime o camponês.
b) Pode ser sinônimo de vida árida, estéril, carente de bens materiais e de afetividade.
c) Designa a vida e a morte dos retirantes que a seca escorraça do sertão e o latifúndio escorraça da terra.
d) Qualifica a existência negada, a vida daqueles seres marginalizados determinada pela morte.
e) Dá nome à vida de homens anônimos, que se repetem física e espiritualmente, sem condições concretas de mudança.
28. (FUVEST)
“Decerto a gente daqui jamais envelhece aos trinta nem sabe da morte em vida, vida em morte, severina”
NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina.
Neste excerto, a personagem do “retirante” exprime uma concepção da “morte e vida severina”, ideia central da obra,
que aparece em seu próprio título. Tal como foi expressa no excerto, essa concepção só não encontra correspondência
em:
a) “morre gente que nem vivia”.
b) “meu próprio enterro eu seguia”.
c) “o enterro espera na porta: o morto ainda está com vida”.
d) “vêm é seguindo seu próprio enterro”.
e) “essa foi morte morrida ou foi matada?”.
29. (UFBA)
(01) As falas dos coveiros são marcadas por um tom crítico, bem como por um realismo impiedoso, mas involuntário.
(02) O diálogo entre os dois personagens individualiza-os, distanciando-os do caráter simbólico de outros personagens da
obra.
(04) O cemitério é o lugar em que o protagonista toma conhecimento da existência da morte hierarquizada.
(08) O encontro de Severino com a morte, tema recorrente em todo o poema, ilustra bem o descompasso entre o esperado
e o acontecido.
(16) O personagem-símbolo — Severino — é mostrado, no desenrolar de toda a ação, sempre na condição de observador
distanciado, ouvindo diálogos e solilóquios de outros personagens, exceto na fala inicial, quando ele se apresenta.
(32) Severino, ao chegar ao cemitério, descobre o verdadeiro sentido da morte, e sua vida toma um novo rumo: o retorno ao
ponto de origem.
(64) O poema trabalha no sentido de valorizar positivamente a morte como o fim desejável para uma vida de desafios
insuperados.
(___)
30. (UEL) A recorrência temática verificada nos textos e nas imagens destaca mazelas presentes no cenário social brasileiro.
Sobre o tema, considere as afirmativas a seguir.
I. No poema Morte e Vida Severina, a descrição do biótipo próprio aos “Severinos” remete para uma outra forma de
morte: a negação da existência pela privação das condições materiais, a morte Severina.
II. Na pintura “Os Retirantes”, Portinari aborda a miséria a partir de um foco diferenciado, que situa os indivíduos como
sujeitos ativos de suas histórias.
III. Em Graciliano Ramos, o abraço dos esfarrapados revela a inquietação dos que ousam superar o pavor e temem
retornar ao estado de prostração anterior.
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IV. A fotografia de Sebastião Salgado contextualiza as mudanças observadas na paisagem nordestina, decisivas para
conter o fluxo migratório.
31. (UFPR) Assinale as alternativas corretas a respeito de “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto.
(01) Ao contrário de Jesus Cristo que, ao nascer, recebeu incenso, ouro e mirra, presentes valiosos, o filho de Severino recebe
presentes insignificantes, destituídos de valor simbólico no contexto do poema.
(02) A conversa entre Severino e seu José, o mestre carpina, revela o otimismo ingênuo do segundo, pois ele tenta convencer
o retirante de que a felicidade é um bem natural, independentemente das dificuldades, bastando estar vivo para ser feliz.
(04) “É tão belo como um sim/ numa sala negativa” são versos que, somados à cena final, permitem compreender o poema
como uma afirmação da vida possível em meio a uma atmosfera desesperançada, preenchida por “coisas de não”.
(08) Duas ciganas visitam o recém-nascido e, embora uma delas preveja para a criança uma vida igual à que seus pais tiveram,
e a outra enxergue uma mudança de destino, ambas anunciam um futuro cheio de dificuldades para o menino.
(16) No início do texto, Severino fracassa ao tentar individualizar-se em relação a outros Severinos; dessa maneira,
estabelece-se o sentido da palavra “severina”, adjetivo criado a partir do nome próprio que designa a dificuldade da vida no
Nordeste, partilhada por todos os pobres.
(32) Os momentos de alegria do retirante estão relacionados a sua esperança de que existam lugares onde a luta pela
sobrevivência seja menos árdua do que no lugar de onde ele emigrou.
32. (UFRN) Os versos seguintes pertencem ao poema Morte e Vida Severina (1954), de João Cabral de Melo Neto.
MELO NETO, J.C. de. Morte e vida severina e outros poemas para vozes.
4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. p. 73-74.
a) A esperança que surge com o nascimento do filho do mestre carpina, após a trajetória frustrante do retirante em
direção ao Recife.
b) A esperança que surge com o nascimento do filho de Severino, após a perda dos seus parentes no caminho do sertão
para o litoral.
c) O louvor da natureza em homenagem à chegada do retirante à cidade grande, com previsão de um futuro promissor.
d) O louvor da natureza em homenagem à chegada do retirante, apesar da certeza de que a morte o espera no Recife.
a) O caráter de afirmação da vida, apesar de toda a miséria, comprova-se pela ausência da ideia de suicídio.
b) A viagem do retirante, que atravessa ambientes menos e mais hostis, mostra-lhe que a miséria é a mesma, apesar
dessas variações do meio físico.
c) As falas finais do retirante, após o nascimento de seu filho, configuram o “momento afirmativo”, por excelência, do
poema.
d) A visão do mar aberto, quando Severino finalmente chega ao Recife, representa para o retirante a primeira
afirmação da vida contra a morte.
e) A alternância das falas de ricos e de pobres, em contraste, imprime à dinâmica geral do poema o ritmo da luta de
classes.
35. (UFU) Em entrevista aos “Cadernos de Literatura Brasileira”, João Cabral de Melo Neto afirmou:
“Eu acho que a queda do comunismo deixou feridas na alma de alguns indivíduos (…) Quando o Muro de Berlim caiu, meu
mundo ideológico veio abaixo.” Sobre “Morte e vida Severina”, marque a afirmativa que NÃO expressa, de modo estrito, as
crenças ideológicas do autor.
a) A linguagem poética de “Morte e vida Severina” se enriquece na medida em que valoriza a oralidade; vários
elementos cruzam-se no texto: elementos das literaturas ibéricas, do folclore pernambucano, da tradição judaico-cristã.
b) Cabral toma a poesia como instrumento de conhecimento da realidade brasileira. Em “Morte e vida severina”, o
autor não só dá voz ao oprimido, mas faz dele o principal elemento do texto.
c) Na segunda cena do auto, surgem os irmãos das almas que carregam um defunto também chamado Severino, o que
aponta para o destino dos muitos severinos da realidade miserável nordestina.
d) Na quarta cena, os versos “Dize que levas somente/ coisas de não:/ fome, sede, privação” encerram profundas
implicações humanas e políticas, pois trata-se daquilo que poderia ser garantido com ações capazes de diminuir a privação
das populações rurais.
36. (UFRN) Mesmo sob perspectivas diversas, muitas produções literárias brasileiras dialogam com a tradição que
particulariza os valores de culturas originadas fora dos grandes centros urbanos. Encontram-se registros dessa tradição
nas seguintes obras:
a) “Várias Histórias” (Machado de Assis), “Auto da Compadecida” (Ariano Suassuna) e “Iracema” (José de Alencar).
b) “Auto da Compadecida” (Ariano Suassuna), “Morte e Vida Severina” (João Cabral de Melo Neto) e “Lendas Brasileiras”
(Câmara Cascudo).
c) “Morte e Vida Severina” (João Cabral de Melo Neto), “Iracema” (José de Alencar) e “Memórias de um Sargento de
Milícias” (Manuel Antônio de Almeida).
d) “Memórias de um Sargento de Milícias” (Manuel Antônio de Almeida), “Lendas Brasileiras” (Câmara Cascudo) e
“Várias Histórias” (Machado de Assis).
37. (F. PEQUENO PRÍNCIPE) Leia com atenção o seguinte trecho de Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo
Neto:
[…] desde já posso ver na vida desse menino acabado de nascer: aprenderá a engatinhar por aí, com aratus, aprenderá a
caminhar na lama, com goiamuns, e a correr o ensinarão os anfíbios caranguejos, pelo que será anfíbio como a gente daqui
mesmo.
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. 4.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000,
p. 76.
A partir desse excerto, e com base na totalidade de obra, assinale a alternativa CORRETA.
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a) Depois de chegar ao Recife, Severino consulta uma mãe de santo sobre o futuro de seu filho: aqui está a resposta
dela.
b) Essa passagem é a profecia que um beato faz ao retirante no seu caminho rumo ao Recife; depois se descobrirá que
se trata de uma falsa profecia, pois Severino trabalhará como operário numa fábrica.
c) Aqui se trata da predição da primeira cigana, após o nascimento do filho de Seu José, mestre carpina.
d) Depois de batizado o pequeno Severino, seus pais ouvem esse augúrio da parte de uma das rezadeiras que se
aproximara debaixo de um véu negro.
e) Essas são palavras da segunda cigana, prevendo para a criança recém-nascida uma vida de agruras numa vila operária.
38. (PUC-PR) Trecho do poema “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto:
Aponte a alternativa que contém os versos que expressam a síntese da ideia principal do poema “Morte e vida severina”:
39. (UFU) A respeito da questão do gênero em “Morte e vida severina”, podemos afirmar que:
a) apresenta o típico drama pastoril, com sentido religioso e sobrenatural de uma mensagem natalina, escrito em
redondilhas e oitavas.
b) é um auto com influências de Gil Vicente, pois apresenta justaposição de cenas, temática social, personagens
alegóricos e uso de redondilhas.
c) apresenta-se como um auto por incorporar elementos biográficos do autor e por desenvolver-se em uma única cena.
d) sendo um texto escrito exclusivamente para a apresentação teatral, não permite trechos narrativos ou líricos.
a) Apesar das dificuldades que se anunciam para o filho do Seu José, a perspectiva do final do poema é positiva em
relação à vida.
b) Existe no poema um grande contraste causado pelo nascimento do filho do Seu José em relação à figura da morte,
presente em toda a obra.
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c) O adjetivo Severina, do título, tanto se refere ao nome do personagem central como às condições severas em que
ele, como tantos outros, vive.
d) A indicação auto de natal não se refere somente ao sentido de religiosidade, mas também à aceitação do poder de
renovação que existe na própria natureza.
e) Como em muitas outras obras de tendência regionalista, o tema central do poema é a seca nordestina e a miséria
por ela criada.
41. (UFOP) A respeito de Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, é incorreto dizer que:
a) a mudança de categoria gramatical (substantivo / adjetivo) do nome Severino / Severina corresponde certamente a
uma mudança na categoria social do protagonista.
b) Morte e vida severina poderia intitular-se Vida e morte severina pelo desenvolvimento da narrativa.
c) o texto adquire dimensões universais, por ampliar significativamente o drama dos desvalidos, apesar de apresentar
um tema eminentemente regional.
d) uma sensível diferença existe no ritmo da narrativa: o da viagem, lento e arrastado, correspondendo à morte, e o do
auto natalino, mais leve e ágil, correspondendo à vida.
e) as formas discursivas presentes no texto são diversas, notadamente os monólogos, diálogos, lamentos e elogios.
42. (FUVEST)
Só os roçados da morte compensam aqui cultivar, e cultivá-los é fácil:
simples questão de plantar; não se precisa de limpa,
de adubar nem de regar; as estiagens e as pragas fazem-nos mais prosperar; e dão lucro imediato;
nem é preciso esperar pela colheita: recebe-se
na hora mesma de semear. (João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)
Nos versos acima, a personagem da “rezadora” fala das vantagens de sua profissão e de outras semelhantes. A sequência
de imagens neles presente tem como pressuposto imediato a ideia de:
43. (UEL-PR) No poema Morte e vida severina, podem-se reconhecer as seguintes características da poesia de João
Cabral de Melo Neto:
44. (UEL)
45. (ENEM)
Morte e vida Severina
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (fragmento).
Nesse fragmento, parte de um auto de Natal, o poeta retrata uma situação marcada pela:
46. Assinale a alternativa correta a respeito de Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto.
a) Severino constata a presença reiterada da morte em seu percurso e afirma: “só a morte deparei / e às vezes até festiva”;
a festa a que ele se refere comemorava o Dia de Finados, também conhecido como Dia dos Mortos.
b) Chegando à Zona da Mata, Severino se anima ao perceber que os rios que correm naquela região não se interrompem, o
que torna a terra mais fértil, porém em seguida ele se depara com mais um enterro.
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c) Após escutar uma conversa entre dois coveiros que trabalham em cemitérios de Recife, Severino compreende que só a
morte pode igualar as pessoas, pois, a partir do momento em que os corpos são enterrados, as diferenças sociais deixam de
existir.
d) O auto se encerra com uma fala em que, antevendo que seu filho recém-nascido teria uma vida tão difícil quanto a do
retirante que ele conhecera um pouco antes, Seu José pergunta se não seria melhor para Severino desistir de viver.
e) As referências ao tamanho pequeno das covas nos cemitérios do interior, como por exemplo em “Esta cova em que estás
/ com palmos medida”, relacionam-se ao tamanho dos próprios versos de Morte e vida severina, que têm sempre a mesma
medida.
1. E
2. E
3. B
4. A
5. C
6. E
7. C
8. B
9. B
10. B
11. D
12. E
13. SOMA 05
14. SOMA 06
15. D
16. A
17. A
18. E
19. B
20. B
21. E
22. D
23. D
24. C
25. SOMA 13
26. E
27. A
28. E
29. SOMA 13
30. A
31. SOMA 60
32. A
33. B
34. C
35. A
36. B
37. C
38. E
39. B
40. E
41. B
42. A
43. D
44. E
45. C
46. B
a) “Conversa de Bois”, que relata a viagem de uma comitiva em que os bois falam entre si, tramam o destino dos
humanos, e e acompanhada por uma irara, curiosa dos acontecimentos da jornada.
b) “O Burrinho Pedrez” que conta um episodio de catástrofes em que, em sua maioria, boiada e vaqueiros se afogam
nas aguas tempestuosas de um rio, ao tentarem fazer a sua travessia.
c) “A Hora e a vez de Augusto Matraga”, que narra as vicissitudes de um fazendeiro valentão, vitima de um atentado
que, apos, marcado com ferro em brasa, e lançado num despenhadeiro.
d) “Duelo”, cuja narrativa revela a perseguição mutua de dois homens com intenção assassina para a vingança de um
crime passional.
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as
folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a
mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete
à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!… É o mato, todo
enfeitado, tremendo também com a sezão. (GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar,
1994. p. 295.)
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente
em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada.
a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta
de Deus.
b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza.
c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para
fortalecer a feição pitoresca da região.
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível
quanto a condição humana.
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da
valentia.
3. (PUC-PR) Na visão de mundo de Guimarães Rosa, o bem e o mal aparecem relativizados, e o maniqueísmo não
prevalece na constituição de suas personagens. Identifique, nos exemplos fornecidos, aquele que é FALSO em relação à
constituição das personagens de “Sagarana”:
a) Em “Duelo”, o enfoque dos encontros e desencontros entre Cassiano Gomes e Turíbio Todo faz questionar a
possibilidade de identificar vítimas ou culpados, heróis ou vilões.
b) Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, as transformações sucessivas do protagonista, de facínora a devoto, resultam
no equilíbrio final, revelado plenamente na hora de sua morte.
c) Em “São Marcos”, a cegueira do narrador pode ser interpretada como reação do feiticeiro Mangolô a suas
provocações atrevidas e preconceituosas.
d) Em “Conversa de bois”, há consenso entre os bois, que consideram os seres humanos como seres superiores a eles,
por reunirem em suas personalidades características contraditórias.
e) Em “Sarapalha”, a desavença final entre os primos Argemiro e Ribeiro resulta de um desejo reprimido por um deles
durante muitos anos; Primo Argemiro acreditava merecer o perdão, mas Primo Ribeiro não o perdoou.
4. (UNEMAT) Considerando o enredo do conto “Conversa de bois” do livro Sagarana, é pode-se afirmar.
a) Tiãozinho, o guia mirim dos animais, é o único que compreende a conversa entre os bois.
b) Não há poesia, a linguagem narrativa é objetiva e direta e o trabalho de construção das personagens é feito dentro
da concepção do Realismo.
c) Os bois fazem justiça, puxando um carro numa viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e
termina com três defuntos.
d) Ao longo da viagem, nada de interessante acontece que mude a trajetória da narrativa.
e) O defunto é tio da mãe de Tiãozinho e não seu pai como se acreditava.
5. (PUC-SP) Do conto “A Volta do Marido Pródigo”, que integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, não é
correto afirmar que:
a) há, no protagonista, uma espécie de heroísmo gaiato, correlacionado às espertezas das histórias de sapos utilizadas
na narrativa.
b) a personagem principal é Lalino Salãtiel, mulatinho descarado, malandro, enganador, mas simpático. Sabe como
poucos contar uma boa história e age na vida como se estivesse em contínua representação.
c) traz no nome uma alusão bíblica que se concretiza nas ações de abandonar a família, gastar o pouco que tem com
bandalheiras, retornar para casa fragilizado e ser de novo aceito.
d) mostra total alheamento quanto a situações políticas e de disputas de poder, uma vez que os personagens, que
atuam na história, são gente do povo e operários da construção de estradas.
“Tapera do Arraial. Ali, na beira do rio Pará, deixaram largado um povoado inteiro: casas, sobradinho, capela; três vendinhas,
o chalé e o cemitério; e a rua, sozinha e comprida, que agora não é mais uma estrada, de tanto que o mato entupiu. Ao redor,
bons pastos, boa gente, terra boa para o arroz.
E o lugar já esteve nos mapas, muito antes da malária chegar. Ela veio de longe, do São Francisco. Um dia, tomou caminho,
entrou pela boca aberta do Pará, e pegou a subir. Cada ano avançava um punhado de léguas, mais perto, pertinho, fazendo
medo no povo, porque era sezão [febre] da brava da “tremedeira que não desamontava” – matando muita gente.
– Talvez que até aqui ela não chegue… Deus há-de… Mas chegou; nem dilatou para vir. E foi um ano de tristezas.
I – O título foi escolhido para definir o caráter épico de algumas histórias (O BURRINHO PEDRÊS, A VOLTA DO MARIDO
PRÓDIGO, DUELO E A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA), bem como o caráter de narrativas que descrevem aventuras
interiores (SÃO MARCOS E SARAPALHA).
II – O principal obstáculo e, ao mesmo tempo, a maior riqueza dessa obra é a linguagem, porque adota a oralidade do
sertanejo e a literariedade do Romance de 30, regionalizando o vocabulário.
III – As descrições são numerosas nos contos de SAGARANA e demonstram o conhecimento e a segurança do escritor
ao falar da região sertaneja de Minas Gerais.
IV – Quanto ao tempo das narrativas, há dois grupos predominantes no livro: as histórias que transcorrem no espaço
máximo de um dia ( BURRINHO PEDRÊS, SARAPALHA, CONVERSA DE BOIS) e as que apresentam um tempo distendido (A
HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA, A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO, MINHA GENTE E DUELO).
A alternativa correta é:
8. (UFPR) “E não é sem assim que as palavras têm canto e plumagem. E que o capiauzinho analfabeto Matutino
Solferino Roberto da Silva existe, e, quando chega na bitácula, impõe: – ‘Me dá dez ‘tões de biscoito de talxóts!’ – porque
deseja mercadoria fina e pensa que ‘caixote’ pelo jeitão plebeu deve ser termo deturpado. E que a gíria pede sempre roupa
nova e escova. E que o meu parceiro Josué Cornetas conseguiu ampliar um tanto os limites mentais de um sujeito só bi-
dimensional, por meio de ensinar-lhe estes nomes: intimismo, paralaxe, palimpsesto, sinclinal, palingenesia, prosopopese,
amnemosínia, subliminal…” (João Guimarães Rosa, fragmento do conto “São Marcos”, de SAGARANA.)
Considerando a visão de mundo e a linguagem de autores representativos da ficção brasileira do século XX, escolha as
alternativas corretas:
(01) A obra de Guimarães Rosa enfatiza a separação entre a cultura popular, que tende a conservar a língua, e a cultura
erudita, entendida como principal fonte da renovação constante do vocabulário.
(02) Os enredos secundários e a citação de versos populares, que aparecem com frequência nos contos de SAGARANA, têm
função ilustrativa, criando apenas uma espécie de pano de fundo para a estória narrada, e poderiam ser suprimidos sem
qualquer prejuízo para a compreensão.
(04) A ênfase na experimentação linguística e na metalinguagem leva Guimarães Rosa a dispensar pouca atenção ao enredo,
especialmente nos contos de SAGARANA, que praticamente não narram história alguma.
(08) A obra de Guimarães Rosa realiza em grande medida algumas reivindicações de autores significativos do Movimento
Modernista, que propuseram o direito permanente à pesquisa estética e a estabilização de uma consciência criadora
nacional.
(16) Como acontece em SAGARANA, outras obras da primeira metade do século realizaram a aproximação entre linguagem
oral e linguagem escrita. São exemplos SÃO BERNARDO, ANGÚSTIA e VIDAS SECAS, de Graciliano Ramos.
9. (UNEMAT) Nos nove contos que compõem o livro Sagarana, Guimarães Rosa realiza um inventário linguístico do
sertão e da língua portuguesa, recriando a linguagem, modificando e inventando palavras. Os elementos da natureza e o
tratamento da linguagem são recursos estéticos importantes por contribuírem para a formulação das personagens, de
modo a adequá-las aos ambientes onde vivem.
Considerando o conto “Sarapalha”, assinale a alternativa CORRETA a respeito da coincidência entre a descrição da
natureza e a crise de febre de Primo Argemiro.
a) “… A primeira vez que Argemiro dos Anjos viu Luisinha, foi numa manhã de dia-defesta-de-santo, quando o arraial
se adornava com arcos de bambú e bandeirolas …”(p.137).
b) “Primo Argemiro olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o voo de uma garça,
em direção à mata. Também, Primo Argemiro não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que
doem e choram, por si sós, longo tempo “(p.120).
c) “Primo Argemiro reúne suas forças. E anda. Transpõe o curral, por entre os pés de milho. Os passopretos, ao verem
um espantalho caminhando, debandam, bulhentos” (p.135).
d) “Olha, Primo, se a gente um dia puder sarar, eu ainda hei de plantar uma roça, no lançante que trepa para o espigão”
(p.122).
e) “As palmas do coqueiro estão agora paradas de todo. As galinhas foram pastar as folhas baixas do melão- de-são-
caetano. Nem resto de brumas na baixada. O sol caminhou muito” (p.130).
10. (PUC-SP) O sol cresce, amadurece. Mas eles estão esperando é a febre, mais o tremor. Primo Ribeiro parece um
defunto – sarro de amarelo na cara chupada, olhos sujos, desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo o equilíbrio,
sempre a escorar dos lados a bambeza do corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo quanto ele queira pegar.
Baba, baba, cospe, cospe, vai fincando o queixo no peito; e trouxe cá para fora a caixinha de remédio, a cornicha de pó e
mais o cobertor.
O trecho acima integra o conto Sarapalha e faz parte da obra Sagarana de João Guimarães Rosa.
a) apresenta duas narrativas, uma em tempo presente e outra, em tempo passado, a qual assume dimensão mítica na
cabeça delirante de Primo Ribeiro.
b) usa predominantemente discurso indireto livre, que faz aflorar o pensamento íntimo da personagem e despreza o
diálogo objetivo e direto por sua incapacidade de interlocução.
c) enfoca a solidão, o abandono e a decadência de duas personagens acometidas de maleita e que passam os dias em
diálogo sobre suas condições físicas e sentimentais.
d) gera um conflito entre dois primos, quando um deles revela ter gostado muito de Luísa, mulher do outro, que o
abandonara por um boiadeiro.
O trecho acima faz parte do conto “Duelo”, uma das narrativas de Sagarana, de João Guimarães Rosa. Essa narrativa, como
um todo, apresenta:
a) duas histórias de vingança que se entrelaçam, ou seja, um marido buscando o amante da esposa e um homem
buscando o assassino do irmão.
b) uma trama protagonizada por uma mulher de olhos bonitos, sempre grandes, de cabra tonta, que se envolve com
um pistoleiro que acaba sendo morto por ela.
c) as peripécias vividas por um capiau que se torna o agente de um crime contra seu compadre e amigo, Cassiano
Gomes, por desavenças de traição amorosa.
d) cenas de adultério praticadas por dona Silivânia, no mais doce, dado e descuidoso dos idílios fraudulentos, com o
amante Turíbio Todo, o que provoca tragédia entre seus pretendentes.
I. Tal como ocorre nos demais contos de SAGARANA, João Guimarães Rosa centraliza neste a prática popular da fé
cristã, encarnada aqui num Augusto Matraga renascido, que viverá o resto de sua vida no trabalho humilde e penitente, para
além do heroísmo e da violência.
II. Neste conto, como em todos de SAGARANA, a linguagem do autor promove uma autêntica fusão entre o que é
abstrato e o que é concreto, tal como aqui ocorre na fala do padre, em que os valores religiosos se enraízam no cotidiano
sertanejo.
III. A “hora e vez” de que fala o padre vai-se concretizar, neste conto, num ato de fé e de bravura do protagonista contra
um inimigo poderoso, o que lembra o clímax de dois outros contos do livro: “São Marcos” e “Corpo fechado”.
a) apenas II é verdadeira.
b) apenas III é verdadeira.
c) apenas I e III são verdadeiras.
d) apenas II e III são verdadeiras.
e) I, II e III são verdadeiras.
13. (FUVEST) João Guimarães Rosa, em Sagarana, permite ao leitor observar que:
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14. (PUC) Além do coloquialismo, comum ao diálogo, a linguagem de Quim e de Nhô Augusto caracteriza também os
habitantes da região onde transcorre a história, conferindo-lhe veracidade. Suponha que a situação do Recadeiro seja
outra: ele vive na cidade e é um homem letrado. Aponte a alternativa caracterizadora da modalidade de língua que seria
utilizada pela personagem nas condições acima propostas:
a) Levanta e veste a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho um novidade meia ruim, para lhe contar.
b) Levante e veste a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
c) Levante e vista a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
d) Levante e vista a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe contar.
e) Levanta e veste a roupa, meu patrão Senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe contar.
15. (FAAP) A autora do texto nasceu na Ucrânia. Vem para o Brasil no mesmo ano de nascimento, fixando residência
no Rio de Janeiro. Escreveu todos os romances das alternativas a seguir, exceto:
16. (PUC-SP) A obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, foi publicada em 1946. Dela é correto afirmar que:
a) se intitula Sagarana porque reúne novelas que se desenvolvem à maneira de gestas guerreiras e lendas e apresentam
um tema comum que abarca a vida simples dos sertanejos da região baiana do São Francisco.
b) compõe-se de nove novelas, entre as quais se sobressai “Corpo Fechado”, história de valentões e espertos, de
violência e de mágica, protagonizada por Manuel Fulô.
c) estrutura-se em doze narrativas, de sentido moral e embasadas na tradição mineira, entre as quais se destacam
“Questões de família”, história meio autobiográfica, e “Uma história de amor”, expressivo drama passional.
d) apresenta narrativas apenas de teor místico religioso como a que se engendra em “A hora e a vez de Augusto
Matraga”, cujo estilo destoa do conjunto das outras que compõem o livro.
a) A volta do marido pródigo demonstra, no comportamento do protagonista, o poder criador da palavra, dimensão da
linguagem tão apreciada por Guimarães Rosa.
b) Tanto em Corpo fechado quanto em Minha gente o espaço é variado, deslocando-se a ação de um lugar para outro.
c) Em Duelo e Sarapalha figuram personagens femininas cujos traços não aparecem nas mulheres de outros contos.
d) O burrinho pedrês, Conversa de bois e São Marcos trabalham com a mudança de narradores.
e) A hora e a vez de Augusto Matraga, não apresenta a inserção de casos ou narrativas secundárias.
18. (PUC-SP) O conto “São Marcos”, que integra a obra “Sagarana”, de João Guimarães Rosa, apresenta linguagem
marcadamente sinestésica, isto é, que ativa os órgãos sensoriais como meios de conhecimento da realidade, em suas
diferentes situações narrativas. No ponto culminante da narrativa, o narrador é afetado em sua capacidade sensorial,
particularmente ligada:
a) ao olfato, que lhe permite perceber o “cheiro de musgo. Cheiro de húmus. Cheiro de água podre”, bem como o “odor
maciço, doce ardido, do pau d’alho”.
b) à visão, que lhe permite contemplar as plantas, as aves, os insetos, as cores e os brilhos da natureza, como em
“debaixo do angelim verde, de vagens verdes, um boi branco, de cauda branca”.
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c) ao tato, que se ativa “com o vento soprando do sudoeste, mas que mudará daqui a um nadinha, sem explicar a
razão”, além de lhe permitir sentir o “horror estranho que riçava-me a pele e os pelos”.
d) ao paladar, ativado na mastigação “de uma folha cheirã da erva-cidreira, que sobe em tufos na beira da estrada”, e
usada segundo a personagem, para “desinfetar”.
e) à audição, que lhe faculta “distinguir o guincho do paturi do coincho do ariri, e até dissociar as corridas das preás dos
pulos das cotias, todas brincando nas folhas secas”.
20. (FUVEST) “Sim, que, à parte o sentido prisco, valia o ileso gume do vocábulo pouco visto e menos ainda ouvido,
raramente usado, melhor fora se jamais usado. Porque, diante de um gravatá, selva moldada em jarro jônico, dizer-se
apenas drimirim ou amormeuzinho é justo; e, ao descobrir, no meio da mata, um angelim que atira para cima cinqüenta
metros de tronco e fronde, quem não terá ímpeto de criar um vocativo absurdo e bradá-lo — Ó colossalidade! — na direção
da altura?” João Guimarães Rosa, “São Marcos”, in Sagarana.
Neste excerto, o narrador do conto “São Marcos” expõe alguns traços de estilo que correspondem a características mais
gerais dos textos do próprio autor, Guimarães Rosa. Entre tais características só NÃO se encontra
21. (PUC-SP) Assinale, nas alternativas a seguir, todas extraídas do conto “Sagarana”, o trecho que indica a presença
de uma gradação.
a) “E as flores rubras, vermelhíssimas, ofuscantes, queimando os olhos, escaldantes de vermelhas, cor de guelras de
traíra, de sangue de ave, de boca e bâton.”
b) “E, nas ilhas, penínsulas, istmos e cabos, multicrescem taboqueiras, tabuas, taquaris, taquaras, taquariúbas,
taquaratingas e taquarassus.”
c) “E, pois, foi aí que a coisa se deu, e foi de repente, […] um ponto, um grão, um besouro, um anu, um urubu, um golpe
de noite… E escureceu tudo.”
d) “Vou. Pé por pé, pé por si… Peporpé, peporsi… Pepp or pepp, epp or see … Pêpe orpepe, heppe Orc …”
e) “Debaixo do angelim verde, de vagens verdes, um boi branco, de cauda branca. E, ao longe, nas prateleiras dos
morros cavalgavam-se três qualidades de azul.”
22. (UEL/PR) O trabalho com a linguagem por meio da recriação de palavras e a descrição minuciosa da natureza, em
especial da fauna e da flora, são uma constante na obra de João Guimarães Rosa. Esses elementos são recursos estéticos
importantes que contribuem para integrar as personagens aos ambientes onde vivem, estabelecendo relações entre
natureza e cultura. Em Sarapalha, conto inserido no livro Sagarana, de 1946, referências do mundo natural são usadas
para representar o estado febril de Primo Argemiro.
Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da natureza mostra o efeito da maleita sobre a
personagem Argemiro.
a) “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de pedra seca, do tempo
de escravos; um rego murcho, um moinho parado; um cedro alto, na frente da casa; e, lá dentro uma negra, já velha, que
capina e cozinha o feijão.”
b) “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o voo de uma garça, em direção à
mata. Também, não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que doem e choram, por si sós,
longo tempo.”
c) “É de-tardinha, quando as mutucas convidam as muriçocas de volta para casa, e quando o carapana mais o
mossorongo cinzento se recolhem, que ele aparece, o pernilongo pampa, de pés de prata e asas de xadrez.”
d) “Estava olhando assim esquecido, para os olhos… olhos grandes escuros e meio de-quina, como os de uma
suaçuapara… para a boquinha vermelha, como flor de suinã….”
e) “O cachorro está desatinado. Para. Vai, volta, olha, desolha… Não entende. Mas sabe que está acontecendo alguma
coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando.”
I. Assim como Jacinto, de “A cidade e as serras”, passa por uma verdadeira “ressurreição” ao mergulhar na vida rural,
também Augusto Matraga, de “Sagarana”, experimenta um “ressurgimento” associado a uma renovação da natureza.
II. Também Fabiano, de “Vidas secas”, em geral pouco falante, experimenta uma transformação ligada à natureza: a
chegada das chuvas e a possibilidade de renovação da vida tornam-no loquaz e desejoso de expressar-se.
III. Já Iracema, quando debilitada pelo afastamento de Martim, não encontra na natureza forças capazes de salvar-
lhe a vida.
a) I, somente.
b) II, somente.
c) I e III, somente.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.
24. (UFMS) Sagarana, de João Guimarães Rosa, é uma coletânea composta por nove narrativas. Dentre as
considerações abaixo a propósito dessa obra, assinale a(s) correta(s).
(01) É um livro com um sopro de renovação, que reinventa a linguagem usada na região da caatinga mineira por vaqueiros
e sertanejos.
(02) Lalino Salathiel, do conto “O burrinho pedrês”, é um personagem ladino, conhecido por ser mulherengo.
(04) O conto “Duelo” transpõe para o interior de Minas os confrontos entre pistoleiros que caracterizam os filmes de
faroeste da indústria cultural hollywoodiana.
(08) A expressão “ileso gume das palavras”, do conto “São Marcos”, indica que o narrador defende uma literatura que
procure a força expressiva original da linguagem.
(16) Riobaldo e Diadorim, personagens de um dos contos mais conhecidos do livro, mantêm um romance em meio a
conflitos de jagunços com as forças policiais.
a) antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve
como epígrafe.
b) assemelha‐se ao caráter existencial da disputa entre Brilhante, Dansador e Rodapião na novela “Conversa de Bois”.
c) reúne as três figurações do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, assim denominados: Augusto
Estêves, Nhô Augusto e Augusto Matraga.
d) representa o misticismo e a atmosfera de feitiçaria que envolve o preto velho João Mangalô e sua desavença com o
narrador‐personagem José, em “São Marcos”.
e) constitui uma das cantigas de “O burrinho Pedrês”, em que a sagacidade da boiada se sobressai à ignorância do
burrinho.
26. (UEL) Em 1937, João Guimarães Rosa participou de concurso de contos promovido pela Editora José Olympio. A
obra entregue intitulava-se “Contos”. Coube-lhe o segundo lugar. Em dezembro do mesmo ano, o autor cuidou de
encaderná-la, intitulando-a “Sezão”, conforme originais presentes no Arquivo Guimarães Rosa, do Instituto de Estudos
Brasileiros. Em 1945, reviu-a e atribuiu-lhe o nome definitivo: “Sagarana”. Sabendo-se que “sezão” significa “febre
intermitente ou cíclica”, conclui-se que, em 1937, o nome da obra esteve diretamente vinculado ao seguinte conto:
a) “A hora e a vez de Augusto Matraga”, pois o protagonista, depois da surra que leva dos empregados do Major
Consilva, é acometido pela malária.
b) “O burrinho pedrês”, posto que Sete-de-Ouros, depois da travessia do Córrego da Fome, foi acometido pela malária.
c) “Sarapalha”, visto que aí se depara o leitor com dois primos acometidos pela malária a ajustarem velhas contas.
d) “O burrinho pedrês”, porque Sete-de-Ouros vive numa fazenda na qual a malária acometeu os moradores.
e) “Sarapalha”, uma vez que aí se estabelece o diálogo de dois primos a rememorarem Luísa, morta em decorrência da
malária.
27. (FUVEST) Ao dizer: “(…) promessa é questão de grande dívida de honra”, Olímpico junta, em uma só afirmação, a
obrigação religiosa e o dever de honra. A personagem de “Sagarana” que, em suas ações finais, opera uma junção
semelhante é:
28. (FUVEST) Dentre os contos de “Sagarana” existe um em que o narrador sustenta um duelo literário com outro
poeta, chamado Quem Será, e no qual se fazem várias considerações sobre a natureza da poesia. Numa metáfora do
condicionamento do homem, resistente à aceitação do novo e diferente, o autor leva a personagem a passar por um
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período de cegueira. A partir daí a personagem descobre a mutilação dos sentidos, que agora se abrem a outras vertentes
da realidade. Em qual dos contos a seguir se discute essa questão?
(01) Nos contos “Conversa de Bois” e “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, a violência eclode como elemento que põe fim
às situações de tensão narradas.
(02) A obra de Guimarães Rosa partilha com o regionalismo romântico do século XIX a intenção programática de construir
uma identidade nacional a partir da literatura.
(04) Em vários dos contos de “Sagarana”, o autor denuncia a ignorância e a superstição do povo, males a que ele atribui a
culpa pelo atraso em que vive o sertanejo no interior do país.
(08) A fala dos personagens é escrita num registro linguístico que se mantém nos limites da norma culta, o que aproxima
“Sagarana” a “Contos Novos”, de Mário de Andrade.
(16) Neste livro de estreia de Guimarães Rosa, a viagem deixa de ser apenas um acontecimento a mais do enredo para
representar um rito de iniciação, um estágio vital cumprido, simbologia também presente em obras posteriores do autor.
30. (PUC-PR) Considere a maneira como alguns autores brasileiros abordam em suas obras assuntos relacionados à
religiosidade, à fé e às crenças populares e assinale a alternativa verdadeira:
a) Machado de Assis, em “Dom Casmurro”, relata a súbita mudança de opinião religiosa da mãe de Bentinho, que a fez
abrir mão da promessa de encaminhar o menino à vida religiosa.
b) Em “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto, as personagens que se apresentam como ciganas do Egito
preveem um futuro tranquilo para o recém-nascido.
c) Em “Sagarana”, de Guimarães Rosa, várias personagens acreditam na força de entidades mágicas; são exemplos as
experiências dos protagonistas de “São Marcos” e de “Corpo fechado”.
d) A maneira distante com que Adélia Prado observa a tradição católica resulta em uma visão impessoal em relação aos
personagens e assuntos religiosos.
e) Em “Quase memória”, de Carlos Heitor Cony, o narrador guarda somente más lembranças dos padres com quem
conviveu quando estudava no Seminário.
31. (UFOP) Sobre a A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa incorreta:
a) Em A hora e a vez de Augusto Matraga, a natureza funciona como simples cenário onde se desenrolam as ações ou
como instrumento da celebração ufanista das grandezas do Brasil.
b) O conto narra a trajetória de um homem que trilha o penoso caminho da santidade, só atingida, de forma
surpreendente, na hora de sua morte.
c) Os sofrimentos por que passa Nhô Augusto após a surra dos capangas do Major Consilva, são considerados pelo
protagonista uma amostra do inferno e uma oportunidade dada por Deus para que ele se dedique à salvação de sua alma.
d) A alegria do protagonista no duelo final com Seu Joãozinho Bem-Bem resulta da realização do “martírio segundo sua
índole”, ou seja, do auto sacrifício na forma de luta armada.
e) Nenhuma das alternativas.
32. (PUC-SP) A respeito do conto “Sagarana” de João Guimarães Rosa, é INCORRETO afirmar que
a) é um conto de linguagem marcadamente sinestésica, isto é, que ativa os órgãos sensoriais como meios de
conhecimento da realidade, em suas diferentes situações narrativas.
b) refere as ações domingueiras do personagem narrador Izé, que se embrenha no mato, carregando uma espingarda
a tiracolo com o firme propósito de caçar irerês, narcejas, jaburus e frangos-d’água.
c) desenvolve um tenebroso caso de ação sobrenatural, por obra de um feiticeiro, que produz cegueira temporária no
protagonista e da qual ele se safa por meio de uma reza brava, sesga, milagrosa e proibida.
d) vem introduzido por uma epígrafe, extraída da cultura popular, das cantigas do sertão e que condensa e dá,
sugestivamente, o tom da narrativa.
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e) caracteriza o espaço dos bambus, lugar onde se encontram gravados os nomes dos reis leoninos e onde se trava
floral desafio entre o narrador e quem será.
33. (UEPG) “A hora e vez de Augusto Matraga” é o texto que encerra “Sagarana” de Guimarães Rosa. Em sua estrutura
narrativa destaca-se a insistência com que aparece o número três – símbolo que remete à plenitude, à mediação e à
evolução. Fazem parte das várias situações que configuram a presença deste elemento:
01) Matraga vive três momentos distintos: em arraial do Murici, Tombador e arraial do Rala-Coco.
02) Matraga recebe em seu corpo a marca de gado do Major Consilva: um triângulo inscrito em uma circunferência.
04) No duelo entre Matraga e Joãozinho Bem-Bem, três jagunços morrem, ou quase, ou fingem, e outros três correm.
08) Dionóra ama Nhô Augusto por três anos.
16) na primeira parte da trama, nhô augusto vive com dionóra e a filha. na segunda, com um casal de negros (quitéria e
serapião).
34. (PUC-SP) Segundo Antonio Candido, referindo-se à obra de Guimarães Rosa, ser jagunço, torna- se, além de uma
condição normal no mundo-sertão, uma opção de comportamento, definindo um certo modo de ser naquele espaço. Daí
a violência produzir resultados diferentes dos que esperamos na dimensão documentária e sociológica, — tornando-se,
por exemplo, instrumento de redenção. — Assim sendo, o ato de violência que em A hora e vez de Augusto Matraga
justifica tal afirmação é:
a) seguir a personagem uma trajetória de vida desregrada, junto às mulheres, ao jogo de truque e às caçadas.
b) ser ferido e marcado a ferro, após ter sido abandonado pela mulher e por seus capangas.
c) cumprir penitência através da reza, do trabalho e do auxílio aos outros para redenção de seus pecados.
d) integrar o bando de Joãozinho-Bem-Bem e vingar-se dos inimigos, principalmente do Major Consilva.
e) reencontrar-se, em suas andanças, com Joãozinho-Bem-Bem, matá-lo e ser morto por ele.
35. (PUC-SP) O conto “Conversa de bois” integra a obra SAGARANA, de João Guimarães Rosa. De seu enredo como um
todo, pode afirmar-se que:
a) os animais justiceiros, puxando um carro, fazem uma viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura
e um defunto e termina com dois.
b) a viagem é tranquila e nenhum incidente ocorre ao longo da jornada, nem com os bois nem com os carreiros.
c) os bois conversam entre si e são compreendidos apenas por Tiãozinho, guia mirim dos animais e que se torna
cúmplice do episódio final da narrativa.
d) a presença do mítico-lendário se dá na figura da irara, “tão séria e moça e graciosa, que se fosse mulher só se
chamaria Risoleta” e que acompanha a viagem, escondida, até à cidade.
e) a linguagem narrativa é objetiva e direta e, no limite, desprovida de poesia e de sensações sonoras e coloridas.
36. Leia os excertos do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, da obra Sagarana, de Guimarães Rosa.
I. “E também no setor sul estalara, pouco antes, um mal entendido, de um sujeito com a correia desafivelada – lept!…
lept!… -, com um outro pedindo espaço, para poder fazer sarilho com o pau.” (p.321)
II. “– Eu vou p’ra o céu, e vou mesmo, por bem ou por mal!… – E a minha vez há de chegar… P’ra o céu eu vou, nem que
seja a porrete!…” (p.337)
III. “Um vento frio, no fim do calor do dia… Na orilha do atoleiro, a saracura fêmea gritou, pedindo três potes, três potes,
três potes para apanhar água” (p.343)
IV. “Todos tinham muita pressa: os únicos que interromperam, por momentos, a viagem, foram os alegres tuins, os
minúsculos tuins de cabeçinhas amarelas, que não levam nada a sério, e que choveram nos pés de mamão e fizeram recreio,
aos pares, sem sustar o alarido – rrrl-rrril! Rrrl-rrril!…” (p.352-3)
V. “Uma tarde cruzou, em pleno chapadão, com um bode amarelo e preto, preso por uma corda e puxando, na ponta
da corda, um cego, esguio e meio maluco.” (p.356)
Assinale a alternativa correta que contempla os fragmentos em que o autor faz uso da figura de linguagem denominada
onomatopeia.
37. (PUC-SP) João Guimarães Rosa escreveu “Sagarana” em 1946, obra composta de nove contos, entre os quais se
destaca “O Burrinho Pedrês”. Leia o trecho que segue.
Galhudos, gaiolos, estrelos, espácios, combucos, cubetos, lobunos, lompardos, caldeiros, cambraias, chamurros, churriados,
corombos, cornetos, bocalvos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros, silveiros… E os tocos da testa do mocho macheado,
e as armas antigas do boi cornalão…
Deste trecho é correto afirmar que é marcadamente ritmado e sonoro. Esses efeitos se alcançam por causa:
a) de uma possível métrica presente no trecho, caracterizada como redondilha menor, e da presença de aliterações.
b) da diversidade de tipos de bois e do jogo contrastivo de termos que designam essa diversidade.
c) das medidas dos diferentes segmentos frásicos e pela dominante presença da redondilha maior.
d) da enumeração caótica estabelecida no jogo adjetivo dos termos e pela rima interna na constituição dos pares
vocabulares.
e) do jogo sonoro provocado pela dominância de vogais fechadas e pela presença de cadência de sons apenas longos e
átonos.
38. (UFU) Sobre o conto “Duelo”, de Guimarães Rosa, é correto afirmar que:
a) O autor mescla em sua narrativa a narração de 3ª pessoa, o discurso direto e o indireto. No discurso direto, o autor
emprega a linguagem da gente sertaneja, como nesse exemplo: “Não é à toa, porém, que um cavalheiro, excluído das armas
por causa de más válvulas e maus orifícios cardíacos, se extenua em ‘raids’ tão penosos, na trilha da guerra sem perdão”.
b) o autor é portador de um grande poder de fabulação, um contador de casos que prende a atenção do leitor,
sobretudo pelo recurso da oralidade de que lança mão em suas narrativas. Em “Duelo”, paralelamente à estória narrada, ele
insere o caso do homem que fez pacto com o diabo para vencer o inimigo.
c) o autor, ao nomear lugares e personagens, vale-se de apelidos, corruptelas, distorções, cuja intenção é a de
acompanhar a linguagem regionalista e/ou de alargar a caracterização dessas referências no imaginário do leitor, como se
pode verificar nos nomes “Mosquito”, “Timpim”, “Turíbio Todo”, “Silivana”.
d) o autor conserva em seu estilo boas doses de ironia, conduzindo a narrativa para desfechos inesperados, como é o
caso de Dona Silivana que, apesar de ter “grandes olhos bonitos, de cabra tonta”, arrependida da traição, salva o marido
Turíbio Todo da tocaia de Cassiano Gomes.
39. (UFES – ES) “Alguém que ainda pelejava, já na penúltima ânsia e farto de beber água sem copo, pôde alcançar um
objeto encordoado que se movia. E aquele um aconteceu ser Francolim Ferreira, e a coisa movente era o rabo do burrinho
pedrês. E Sete-de-Ouros, sem susto a mais, sem hora marcada, soube que ali era o ponto de se entregar, confiado, ao
querer da correnteza. Pouco fazia que esta o levasse de viagem, muito para baixo do lugar da travessia. Deixou-se,
tomando tragos de ar. Não resistia.” Guimarães Rosa – O burrinho pedrês
40. (UPF) Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata, principalmente, o imaginário e a cultura:
a) da elite nacional
b) dos proletários urbanos
c) dos povos indígenas
d) dos malandros de subúrbio
e) da gente rústica do interior
41. (UNEMAT) Relacione os excertos da primeira coluna aos títulos dos contos da segunda, do livro Sagarana, de Guimarães
Rosa.
Coluna I
1. José Boi caiu de um barranco de vinte metros; ficou com a cabeleira enterrada no chão e quebrou o pescoço. Mas,
meio minuto antes, estava completamente bêbado e também no apogeu da carreira: era o ‘espanta-praças’, porque tinha
escaramuçado, uma vez, um cabo e dois soldados, que não puderam reagir, por serem apenas três. (p. 253)
2. Que já houve um tempo em que eles conversavam, entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois que bem
comprovado nos livros das fadas carochas. (p. 283)
3. Naquele tempo, eu morava no Calango- Frito e não acreditava em feiticeiros. (p.221)
4. Turíbio Todo, nascido à beira do Borrachudo, era seleiro de profissão, tinha pelos compridos nas narinas, e chorava
sem fazer caretas; palavra por palavra: papudo, vagabundo, vingativo e mau. Mas no começo dessa história ele estava com
arazão. (p. 139)
5. Tapera de arraial. Ali, na beira do rio Pará, deixaram largado um povoado inteiro: casas, sobradinho, capela; três
vendinhas, o chalé e o cemitério; e a rua, sozinha e comprida, que agora nem mais é uma estrada, de tanto que o mato a
entupiu. (p.117)
Coluna II
( ) São Marcos
( ) Duelo
( ) Conversa de bois
( ) Sarapalha
( ) Corpo fechado
a)1, 3, 4, 5, 2.
b) 3, 4, 2, 5, 1.
c) 4, 5, 1, 3, 2.
d) 3, 5, 4, 2, 1.
e) 1, 2, 3, 4, 5.
42. (PUC-SP) Em carta escrita a João Condé, revelando os segredos de “Sagarana”, João Guimarães Rosa elenca as doze
histórias que comporiam a obra. De uma delas afirma: “Peça não-profana, mas sugerida por um acontecimento real,
passado em minha terra, há muitos anos: o afogamento de um grupo de vaqueiros, num córrego cheio”. Tal afirmação
refere-se ao conto
a) “O burrinho pedrês”, cujo personagem Francolim desempenha um papel relativamente importante na história.
b) “Conversa de bois”, cujo enredo envolve, também, a morte de um carreiro, provocada pelos bois e pelo menino-
guia.
c) “A hora e vez de Augusto Matraga”, cujo personagem principal é marcado a ferro com um triângulo inscrito numa
circunferência, como se fosse gado do Major.
c) “Sarapalha”, que também narra a partida da esposa de Ribeiro que o abandonou por um vaqueiro ou foi raptada pelo
diabo.
e) “Minha gente”, cuja ação e trama ocorrem no local chamado Todo-Fim-É-Bom.
43. (FUVEST)
“Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai…
Não cantes fora de hora, ai, ai, ai…
A barra do dia aí vem, ai, ai, ai…
Coitado de quem namora!…”
Esta quadrinha é a epígrafe do conto Sarapalha. Ela aponta para o clímax da estória que se dá por ocasião:
44. (MACK) Sobre o personagem principal de “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) No decorrer da narrativa, aparece como Nhô Augusto, Augusto Estêves e Augusto Matraga.
b) No início, surge como um fazendeiro pacato, averso a brigas e totalmente dedicado à família.
c) Por ordem de seu maior inimigo, é surrado, marcado a ferro e deixado praticamente morto.
d) Convidado por Joãozinho Bem-Bom a integrar seu grupo de jagunços, recusa tal oferta …
e) No duelo final, morre em consequência dos ferimentos recebidos, assim como seu opositor.
Era um burrinho________________, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no
sertão. (p. 3)
É aqui, perto do vau da________________: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de pedra- seca, do
tempo de escravos. (p. 118)
Cassiano escolhera mal o lugar onde se derrear: no ______________era tudo gente miúda, amarelenta ou amaleitada,
esmolambada, escabreada, que não conhecia o trem-de-ferro, mui pacata e sem ação. (p. 158)
Uma barbaridade! Até os meninos faziam feitiço, no __________________. O mestre dava muito coque, e batia de régua,
também. (p. 225)
E começou o caso, na encruzilhada da _________________ , logo após a cava do Mata-quatro, onde com a palhada do milho
e o algodoal de pompons frouxos, se truncam as derradeiras roças da Fazenda dos Caetanos e o mato de terra ruim começa
dos dois lados. (p. 283)
46 .A respeito da temática da violência nos contos de Sagarana, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa correta.
a) Em “Minha gente”, o narrador vai visitar o tio numa região rural e acaba testemunhando um assassinato a foice que tem
motivação política, ligado ao envolvimento da família com a disputa eleitoral que está em curso na região.
b) Em “Duelo”, a violência é um círculo vicioso, já que a mulher de Turíbio comete adultério com Cassiano, o que leva o
marido a matar por engano o irmão do amante; a partir daí, Turíbio e Cassiano passam a se perseguir longamente e os dois
acabam morrendo.
c) Em “O burrinho pedrês”, um dos vaqueiros que saem de manhã para conduzir a boiada do fazendeiro Major Saulo até a
cidade para embarcar no trem de carga planeja a morte de um companheiro por ciúme de uma moça, mas só executa o
crime à noite, na volta para a fazenda.
d) Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, o protagonista é um homem violento que acaba ele próprio sendo vítima de uma
tentativa de homicídio à qual sobrevive; esse acontecimento o leva a uma mudança radical e ele abre mão definitivamente
de seu comportamento violento.
e) Em “Corpo fechado”, citam-se casos de vários valentões de uma pequena cidade, mas o tom é de humor e a violência não
é diretamente encenada, já que o personagem principal é um rapaz que não tem medo dos valentões, porque desde pequeno
tem o corpo fechado por um feiticeiro.
Agora, o Manuel Fulô, este, sim! Um sujeitinho pingadinho, quase menino – “pepino que encorujou desde pequeno” – cara
de bobo da fazenda, do segundo tipo –; porque toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote baixote, de barba rara no
queixo, ou um eterno rapazola, meio surdo, gago, glabro e alvar. Mas gostava de fechar a cara e roncar voz, todo
enfarruscado, para mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de
caburé insalubre, amigavam-se as marcas do sangue aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que boi lambeu;
dentes de fio em meia-lua; malares pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia; olhinhos de viés e nariz peba,
mongol.
Era de uma apócrifa e abundante família Veiga, de uma veiguíssima veigaria molambo-mazelenta, tribo trapeiros
fracassados, que se mexiam daqui p’r’ali, se queixando da lida e da vida: – “Um maltírio”... –; uns homens que trotavam
léguas a bordo de uma égua magra, empilhados – um na garupa, um na sela, mais um meninote no arção – para virem vender
no arraial um cacho de banana-ouro, meio saco de polvilho pubo, ou uma pele de raposão. Mas com o Manuel Veiga – vulgo
Manuel Flor, melhormente Manuel Fulô, às vezes Mané das Moças, ou ainda, quando xingado, Mané-minha-égua, – outros
eram os acontecimentos e definitiva a ojeriza: não trabalhava mesmo, de jeito nenhum, e gostaria de saber quem foi que
inventou o trabalho, para poder tirar vingança. Por isso, ou por qualquer outro motivo, acostumei me a tratá-lo de Manuel
Fulô, que não deixava de ser uma boa variante.
(ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d., pp. 277-278.)
Com base na obra e no excerto apresentado, é correto afirmar que a personagem Manuel Fulô é caracterizada como Um:
a) filho bastardo de um grande fazendeiro, do ramo pobre dos Veigas, cujas principais ocupações são contar mentiras e
intimidar a população por ser o valentão da cidade.
b) rapaz, caboclo e desocupado, cuja principal característica é fingir braveza para os que estão a sua volta de modo a mostrar
uma suposta valentia.
c) homem, administrador do único hotel de Laginha, cuja principal marca é a braveza – braveza esta que, aliás, é o estopim
do conflito do enredo: o duelo com Targino.
d) membro da família Veiga, reconhecida por sua tropa de animais de montaria, cuja principal ocupação é vender bananas e
namorar as moças da cidade.
e) moço cafuzo, filho bastardo da família Veiga, cujas principais características são um temperamento pacato e a afeição ao
trabalho sistemático.
Excerto 1
Aí a beldroega, em carreirinha indiscreta – ora-pro-nobis! ora-pro-nobis! – apontou caules ruivos no baixo das cercas das
hortas, e, talo a talo, avançou. Mas o cabeça-de-boi e o capim-mulambo, já donos da rua, tangeram-na de volta; e nem pôde
recuar, a coitadinha rasteira, porque no quintal os joás estavam brigando com o espinho-agulha e com o gervão em flor. E,
atrás da maria-preta e da vassourinha, vinham urgente, do campo – ôi-ái! – o amor-de-negro, com os tridentes das folhas, e
fileiras completas, colunas espertas, do rijo assa-peixe. Os passarinhos espalhavam sementes novas. A gameleira, fazedora
de ruínas, brotou com o raizame nas paredes desbarrancadas. Morcegos das lapas se domesticaram na noite sem fim dos
quartos, como artistas de trapézio, pendentes dos caibros. E aí, então, taperização consumada, quando o fedegoso em touças
e a bucha em latadas puderam retomar seu velhíssimo colóquio, o povoado fechou-se em seus restos, que nem o coscorão
cinzento de uma tribo de marimbondos estéreis.
Excerto 2
Ir para onde?... Não importa, para a frente é que a gente vai!... Mas, depois. Agora é sentar nas folhas secas e aguentar. O
começo do acesso é bom, é gostoso: é a única coisa boa que a vida ainda tem. Pára, para tremer. E para pensar. Também
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Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as
folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as suas estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha.
Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um cassununga, brilhando em verde-azul. A pitangueira se abala,
do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
(ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d., p. 134, 153 e 154.)
Com base nessa obra e nos excertos, é correto afirmar que a natureza, em “Sarapalha”, representa:
a) um espaço de acolhimento, pois é o último refúgio dos primos Argemiro e Ribeiro para tratar, com eficácia, da sezão, que
surge e se desenvolve nos povoados e vilas do interior.
b) um obstáculo para o progresso material, pois, além do amor, as belezas naturais funcionam como elementos de distração
para os primos durante os seus afazeres na fazenda.
c) um lugar a ser preservado e celebrado, pois é de onde se podem extrair os recursos necessários para a cura dos males que
assolam as populações mais pobres do interior.
d) uma ameaça aos homens, pois, além das forças naturais avançarem sobre as conquistas materiais, é nesse espaço que se
podem contrair doenças sem auxílio médico adequado.
e) um modo de ver e sentir o Brasil, pois as belezas naturais, preservadas pelos primos Argemiro e Ribeiro, são símbolos da
força e das possibilidades de progresso da agricultura nacional.
[...]
Rezei, de verdade, para que pudesse esquecer-me, por completo, de que algum dia já tivessem existido septos, limitações,
tabiques, preconceitos, a respeito de normas, modas, tendências, escolas literárias, doutrinas, conceitos, atualidades e
tradições – no tempo e no espaço. Isso, porque: na panela do pobre, tudo é tempêro. E, conforme aquêle sábio salmão grego
de André Maurois: um rio sem margens é o ideal do peixe.
Aí, experimentei o meu estilo, como é que estaria. Me agradou. De certo que eu amava a língua. Apenas, não a amo como a
mãe severa, mas como a bela amante e companheira. O que eu gostaria de poder fazer (não o que fiz, João Condé!) seria
aplicar, no caso, a minha interpretação de uns versos de Paul Eluard: ... “o peixe avança nágua, como um dedo numa luva”
... Um ideal: precisão, micromilimétrica.
E riqueza, oh! riqueza... Pelo menos, impiedoso, horror ao lugar-comum; que as chapas são pedaços de carne corrompida,
são pecados contra o Espírito Santo, são taperas no território do idioma. Mas, ainda haveria mais, se possível (sonhar é fácil,
João Condé, realizar é que são elas...): além dos estados líquidos e sólidos, porque não tentar trabalhar a língua também em
estado gasoso?! Àquela altura, porém, eu tinha de escolher o terreno onde localizar as minhas histórias. Podia ser Barbacena,
Belo Horizonte, o Rio, a China, o arquipélago de Neo-Baratária, o espaço astral, ou, mesmo, o pedaço de Minas Gerais que
era mais meu. E foi o que preferi. Porque tinha muitas saudades de lá. Porque conhecia um pouco melhor a terra, a gente,
bichos, árvores. Porque o povo do interior – sem convenções, “pôses” – dá melhores personagens [...].
Com base no excerto e na leitura integral de Sagarana, é correto afirmar que a linguagem empregada por Guimarães Rosa
obedece primordialmente a:
a) um propósito documental de registrar, por meio da literatura, a linguagem mineira da primeira metade do século XX.
b) um esforço de opor a linguagem culta às variantes linguísticas como forma de valorização da cultura letrada como padrão
literário.
c) um projeto estético de criação de uma linguagem literária que se pauta por um experimentalismo linguístico sofisticado.
d) uma lógica de registro etnográfico de uma linguagem regional que estaria em vias de desaparecimento nos anos de 1940.
e) uma recuperação fidedigna de uma norma culta arcaica que ainda sobrevive em sua pureza nas regiões mais isoladas do
país.
1. O narrador assume, como pressuposto da narrativa, a veracidade da história, contada por Manuel Timborna, vaqueiro
humilde, sobre a capacidade dos bois de conversarem entre si.
2. O enredo se organiza em dois grandes planos que se misturam: o sofrimento e a revolta de Tiãozinho durante o transporte
do corpo de seu pai recém-falecido e a conversa que os bois desenvolvem entre si ao longo da viagem rumo ao cemitério.
3. O tema principal da conversa entre os bois é a situação humilhante em que vivia o pai de Tiãozinho: paralítico, ele precisou
suportar, como o filho, a relação adúltera de sua esposa com Agenor Soronho, o dono do carro de bois.
4. Uma das estratégias do narrador onisciente é adotar, por exemplo, a perspectiva dos bois ou de Tiãozinho para contar a
história, fazendo com que os pensamentos e os sentimentos dessas personagens ganhem expressão no plano da narração.
51. Leia o seguinte trecho, retirado da narrativa “Minha gente”, de Guimarães Rosa.
Quando vim, nessa viagem, ficar uns tempos na fazenda do meu tio Emílio, não era a primeira vez. Já sabia que das
moitas de beira de estrada trafegam para a roupa da gente umas bolas de centenas de carrapatinhos, de dispersão rápida,
picadas milmalditas e difícil catação; que a fruta mal madura da cagaiteira, comida com sol quente, tonteia como cachaça;
que não valia a pena pedir e nem querer tomar beijos às primas; que uma cilha bem apertada poupa o dissabor na caminhada;
que parar à sombra da aroeirinha é ficar com o corpo empipocado de coceira vermelha; que, quando um cavalo começa a
parecer comprido, é que o arreio está saindo para trás, com o respectivo cavaleiro; e, assim, longe outras coisas. Mas muito
mais outras eu ainda tinha que aprender.
Por aí, logo ao descer do trem, no arraial, vi que me esquecera de prever e incluir o encontro com Santana. E tinha a
obrigação de haver previsto, já que Santana – que era também inspetor escolar, itinerante, com uma lista de dez ou doze
municípios a percorrer – era o meu sempre-encontrável, o meu “até-as-pedras-encontram” – espécie esta de pessoa que
todos em sua vida têm
(ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d., p. 191.)
Com base na leitura do excerto, e levando em conta a narrativa completa, é correto afirmar que a feição social do narrador
corresponde à de um:
a) vaqueiro que, empregando uma linguagem próxima da cultura interiorana, está familiarizado com aspectos do mundo
rural
(“a fruta mal madura da cagaiteira, comida com sol quente, tonteia como cachaça”) e possui conhecimentos profundos sobre
montaria (“quando um cavalo começa a parecer comprido, é que o arreio está saindo para trás, com o respectivo cavaleiro”).
b) rapaz instruído que, empregando uma linguagem com marcas de oralidade, está ligado a uma família de grandes
proprietários de terras (“vim, nessa viagem, ficar uns tempos na fazenda do meu tio Emílio”) e não revela muito
conhecimento sobre o mundo rural (“Mas muito mais outras eu ainda tinha que aprender”).
c) trabalhador rural que, empregando uma linguagem regionalista, revela muito conhecimento sobre a natureza (“parar à
sombra da aroeirinha é ficar com o corpo empipocado de coceira vermelha”) e domina os códigos sociais do mundo rural
(“não valia a pena pedir e nem querer tomar beijos às primas”).
d) jagunço que, empregando uma linguagem tipicamente do sertão, está ligado a um fazendeiro (“vim, nessa viagem, ficar
uns tempos na fazenda do meu tio Emílio”) e revela um conhecimento profundo sobre o mundo rural (“das moitas de beira
de estrada trafegam para a roupa da gente umas bolas de centenas de carrapatinhos”).
e) fazendeiro que, empregando uma linguagem interiorana de alguém com pouco estudo, presa pelo conforto (“uma cilha
bem apertada poupa o dissabor na caminhada”) e tem uma visão ampla e profunda do que ele sabe e não sabe sobre seus
domínios (“Mas muito mais outras eu ainda tinha que aprender”).
52 - Considere, a seguir, dois trechos de Sagarana, de João Guimarães Rosa, extraídos de “Corpo fechado” e “A hora e vez
de Augusto Matraga”, respectivamente.
E, quando espiei outra vez, vi exato: Targino, fixo, como um manequim, e Manuel Fulô pulando nele e o esfaqueando, pela
altura do peito – tudo com rara elegância e suma precisão. Targino girou na perna esquerda ceifando o ar com a direita;
capotou; e desviveu, num átimo. Seu rosto guardou um ar de temor salutar.
– Conheceu, diabo, o que é raça de Peixoto?!
(ROSA, João Guimarães. Corpo fechado. In: ______. Sagarana. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 400. v. 1.)
– Perguntem quem é que aí algum dia ouviu falar no nome de Nhô Augusto Esteves, das Pindaíbas?
– Virgem Santa! Eu logo vi que só podia ser você, meu primo Nhô Augusto...
Era o João Lomba, conhecido velho e meio parente. Nhô Augusto riu:
– E hein, hein João?!
– P’ ra ver...
Então Augusto Matraga fechou um pouco os olhos, com sorriso intenso nos lábios lambuzados de sangue, e de seu rosto
subia um sério contentamento.
Daí mais, olhou, procurando João Lomba, e disse, agora sussurrando, sumido:
– Põe a benção na minha filha...seja lá onde for que ela esteja...E, Dionora...Fala com a Dionora que está tudo em ordem!
Depois morreu.
(ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In: ______. Sagarana. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 462. v. 1.)
Com base nas informações apresentadas e na obra completa, assinale a alternativa correta.
a) Jureminho mata Matraga motivado pela disputa interna que travavam para conquistar a liderança do bando de jagunços,
após a morte do antigo chefe, Seu Joãozinho Bem-Bem.
b) O fazendeiro Joãozinho Bem-Bem contratou Manuel Fulô, famoso jagunço da localidade, para assassinar Targino, por
causa de uma disputa de terras que havia entre os dois.
c) Matraga repete o seu lema “todo mundo tem sua hora e sua vez”, fazendo alusão ao dia em que faria seu acerto de contas
com João Lomba, que lhe havia roubado a mulher, Dona Dionora.
d) Targino, mesmo com o corpo fechado por seu grupo de ciganos, não consegue se livrar da morte no duelo com Manuel
Fulô, provocado pela disputa da égua Beija-Fulô.
e) A morte de Matraga é o desfecho de um combate que resulta em morte dupla, sinalizando a redenção que Nhô Augusto
prenuncia quando diz “P’ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!...”.
53. (CAMPO REAL) Considere o excerto a seguir retirado de “São Marcos”, narrativa publicada em Sagarana (1946), de
Guimarães Rosa.
Naquele tempo eu morava no Calando-Frito e não acreditava em feiticeiros. E o contra-senso mais avultava, porque, já então
– e excluída quanta coisa-e-sousa de nós todos lá, e outras cismas corriqueiras tais: sal derramado; padre viajando com a
gente no trem; não falar em raio: quando muito, e se o tempo está bom, “faísca”; nem dizer lepra; só o “mal”; passo de
entrada com o pé esquerdo; ave do pescoço pelado; risada renga de suindara; cachorro, bode e galo, prestos; e, no principal,
mulher feiosa, encontro sobre todos fatídico; – porque, já então, como ia dizendo, eu poderia confessar, num recenseio
aproximado: doze tabus de não-uso próprio; oito regrinhas ortodoxas preventivas; vinte péssimos presságios; dezesseis casos
de batida obrigatória na madeira; dez outros exigindo a figa digital napolitana, mas da legítima, ocultando bem a cabeça do
polegar; e cinco ou seis indicações de ritual mais complicado; total: setenta e dois – noves fora, nada.
Além do falado, trazia comigo uma fórmula gráfica: treze consoantes alternadas com treze pontos, traslado feito em meia-
noite de sexta-feira da Paixão, que garantia invulnerabilidade a picadas de ofídios: mesmo de uma cascavel em jejum, pisada
na ladeira da antecauda, ou de uma jararaca-papuda, a correr mato em caça urgente. Dou de sério que não mandara
confeccionarcom o papelucho o escapulário em baeta vermelha, porque isso seria humilhante; usava-o dobrado, na carteira.
Sem ele, porém, não me aventuraria jamais sob os cipós ou entre as moitas. [...] Mas, feiticeiros, não. E me ria dessa gente
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toda do mau milagre: de Nhá Tolentina, que estava ficando rica de vender no arraial pastéis de carne mexida com ossos de
mão de anjinho [...]; e do João Mangalô velho-de-guerra, voluntário do mato nos tempos do Paraguai, remanescente do “ano
da fumaça”, liturgista ilegal e orixá-pai de todos os metapsíquicos por-perto, da serra e da grota, e mestre em artes de
despacho, atraso, telequinese, vidro moído, vuduísmo, amarramento e desamarração.
ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, s. d., p. 241-242.
Com base no excerto acima, é correto afirmar que o narrador João/José, interessado em observar a natureza, acredita:
a) nas premissas da prática científica (“setenta e dois – noves fora, nada”) e nega, energicamente, o poder de feiticeiros,
como João Mangalô (“liturgista ilegal e orixá-pai de todos os metapsiquícos por-perto”); o que demonstra que a rejeição do
narrador tem por base uma discussão científico-positivista sólida.
b) nas premissas do catolicismo (“trazia comigo uma fórmula gráfica”) e nega, discretamente, acreditar no poder de
feiticeiros como Nhá Tolentina, que ofende os ritos cristãos (“pastéis de carne mexida com ossos de mão de anjinho”); o que
demostra que a rejeição do narrador aos feiticeiros tem origem em sua formação católica.
c) em feitiçaria (“Dou de sério que não mandara confeccionar com o papelucho o escapulário em baeta vermelha”) e nega,
explicitamente, acreditar em feiticeiros por vergonha (“pois isso seria humilhante”); o que demonstra que a rejeição do
narrador é uma hipocrisia de fundo moral e cristão.
d) em certa sabedoria popular (“risada renga de suindara”) por sua confirmação prática, mesmo não atestada pela ciência, e
nega, de forma sutil, o poder dos feiticeiros, por ser uma prática de má-fé (“Nhá Tolentina, que estava ficando rica”); o que
demonstra que a rejeição do narrador tem fundamento moral-científico.
e) em uma série de superstições (“cismas corriqueiras tais”) e nega, taxativamente, acreditar no poder de feiticeiros (“gente
toda do mau milagre”), em especial João Mangalô; o que demonstra que a rejeição do narrador à feitiçaria tem um propósito
de desqualificação racista e não propriamente de contestação científica.
54. (CAMPO REAL) Leia os excertos retirados, respectivamente, das narrativas “O burrinho pedrês” e “Conversa de bois”,
ambas publicadas no livro Sagarana (1946), de Guimarães Rosa.
Excerto 1
Mas Sete-de-Ouros detesta conflitos. Não espera que o garanhão murzelo volva a garupa para despejar-lhe duplo coice
mergulhante, com vigorosa simetria. Que também, do outro lado, se assoma o poldro pampa, espalhando a crina e
arreganhando os beiços, doido para morder. Sete-de-Ouros se faz pequeno. Escoa-se entre as duas feras. Desliza. E pega o
passo pelo pátio, a meio trote e em linha reta, possivelmente pensando: – Quanto exagero que há!...
ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, s.d., p. 22.
Excerto 2
ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, s.d., p. 309.
a) No excerto 1, a narração está focalizada na perspectiva de Sete-de-Ouros a partir do esforço do narrador em traduzir, em
palavras, as percepções do burrinho; ao passo que, no excerto 2, centrado na cena da viagem, o narrador em terceira pessoa
concede voz tanto aos homens como aos bois.
b) No excerto 1, a narração, construída por meio da onisciência neutra do narrador, concede voz a Sete-de-Ouros por meio
do discurso direto e indireto; ao passo que, no excerto 2, o narrador, posicionado na perspectiva dos bois, constrói a narrativa
por meio das percepções e falas dos animais.
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c) No excerto 1, o narrador em terceira pessoa concede voz ao burrinho pedrês, como também às personagens humanas,
por meio do discurso direto; ao passo que, no excerto 2, a narração, por estar focada na perspectiva dos bois, faz uso do
discurso indireto livre para que os animais possam falar.
d) No excerto 1, quando o burrinho é apresentado ao leitor, o narrador concede voz a Sete-de-Ouros da mesma forma que
concede voz às personagens humanas; ao passo que, no excerto 2, a narração está focalizada na perspectiva dos bois a partir
do esforço do narrador, uma irara, em construir uma história da carochinha.
e) No excerto 1, o narrador concede voz ao burrinho Sete-de-Ouros por meio de um recurso técnico denominado discurso
indireto livre; ao passo que, no excerto 2, o narrador, que possui uma onisciência neutra, faz uso do discurso direto para que
os bois possam ter voz como as personagens humanas.
GABARITO – SAGARANA
1. A
2. D
3. D
4. A
5. D
6. E
7. B
8. SOMA 24
9. B
10. B
11. A
12. D
13. B
14. D
15. E
16. B
17. C
18. B
19. A
20. E
21. A
22. B
23. E
24. SOMA 09
25. A
26. C
27. E
28. D
29. SOMA 17
30. C
31. A
32. B
33. SOMA 31
34. E
35. A
36. C
37. A
38. C
39. D
40. E
41. B
42. A
43. D
44. B
45. E
46. B
47. B
48. D
49. C
50. C
51. B
52. E
53. E
54. A
a) O suicídio de Buell Quain trata-se do ponto de partida dessa narrativa: um caso trágico, perdido nos anos e na
memória.
b) O autor insere fotos e personagens da década de 30 na história, como pessoas reais e de um fato real e registrado.
c) Buell Quain é personagem do mundo real, etnólogo reconhecido que deixou estudos antropológicos e documentação
importante sobre a língua Krahô, falada por indígenas brasileiros.
d) Buell Quain conviveu com os mais ilustres antropólogos que lhe foram contemporâneos, como o Professor Castro
Faria e Lévi-Strauss.
2. O romance Nove Noites (2002), de Bernardo Carvalho, apresenta um narrador em primeira pessoa que é uma espécie
de investigador – o seu objetivo inicial é o de desvendar o mistério em torno da morte do antropólogo Buell Quain. Em
determinado momento, em relação à leitura, o narrador revela: “Cada um lê os poemas como pode e neles entende o que
quer, aplica o sentido dos versos a sua própria experiência acumulada até o momento em que os lê”. A visão do narrador-
personagem relativa ao ato de ler assemelha-se à própria investigação por ele empreendida. No romance, essa busca:
a) O relato do narrador-jornalista desdobra-se em três tempos diferentes articulados pelo enigma da morte de Buell
Quain.
b) O narrador-epistolar apresenta uma escrita fi- dedigna com relação aos depoimentos do antropólogo americano.
c) O engenheiro sertanejo escreve em meados dos anos 40, quando pressente a iminência da própria morte e relembra
as “nove noites” em que estivera com o etnólogo.
d) O jornalista que escreve em 2002 não é o único a ocupar a posição de narrador.
4. Sobre a obra literária Nove noites, de Bernardo Carvalho, assinale a afirmativa correta.
a) A obra narra uma falsa investigação sobre um crime fictício ocorrido em uma aldeia indígena localizada no interior
do Brasil.
b) A obra narra uma investigação real sobre a morte fictícia de um antropólogo norte-americano que trabalhava no
Brasil.
c) A obra narra uma investigação sobre a morte trágica e misteriosa de um antropólogo norte-americano ocorrida no
interior do Brasil.
d) A obra narra, em um relato jornalístico e ficcional, uma investigação sobre o assassinato de um antropólogo norte-
americano.
a) Virtualmente, o “você” a quem a carta se dirige inclui não apenas o esperado amante de Quain, como também
qualquer um que esteja em posição de lê-la.
b) Nessa narrativa tudo é ou se torna suspeito; todas as personagens aparentam saber mais do que dizem e toda a
investigação parece estar fadada a não descobrir e sim e encobrir.
c) O narrador-jornalista é o único personagem que apresenta um discurso verossímil, isento de suspeitas e de motivos
secretos.
d) Esse romance retrata a morte violenta e inexplicável que se impôs o jovem antropólogo Buell Quain.
a) Os três tempos do relato do narrador-jornalista não absorvem aspectos que marcam a vida do antropólogo
americano.
b) Em seu primeiro parágrafo uma advertência ao leitor ou ao pesquisador que decidiu investigar as razões do suicídio
do antropólogo: trata-se de um território do indiferenciado, em que falso e verdadeiro combinam.
c) O narrador-repórter, em busca de respostas sobre a morte de Quain, entrevistou parentes e antropólogo, pesquisou
documentos e concluiu que imigrar do jornalismo para a ficção era uma saída honrosa.
d) Ao procurar traços da identidade de Quain, o narrador-jornalista expõe a própria intimidade e os mecanismos da
criação literária.
7. O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth
Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de representar
aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos, desde a poesia de
Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de
um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934:
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta
romântica ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos
quais a cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso.
Mas não é por meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá
curar-se de suas moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às
vezes tanto pode ser no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e
antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)
Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a alternativa
em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo romântico”,
ou, segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.
a) “Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma burrice incrível, se
não um masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”.
b) “São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um mundo que eles
tentam entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi o meu caso. Não sou antropólogo e não
tenho uma boa alma. Fiquei cheio”.
c) “Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que começaram a cair doentes,
um depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o tempo descobriram a causa do envenenamento do rio
Vermelho. Um hospital, construído rio acima, [...] estava despejando o lixo hospitalar naquelas águas”.
d) “Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não obtêm o que desejam
e nunca mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O clima é anárquico e nada agradável”.
e) “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou
entre esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua irmã,
seu primo, sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino
antropólogo”.
8. Todas as alternativas retratam questões abordadas pela obra Nove noites, de Bernardo Carvalho, EXCETO:
a) Choque cultural.
b) Memorialismo.
c) Nacionalismo xenófobo.
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d) Verdade e mentira.
a) Embora esse romance seja construído, em grande parte, com base em fontes factuais, a alternância entre os dois
grandes planos narrativos – a longa carta de Manoel Perna e a pesquisa do narrador-investigador – não permite que se
chegue às verdadeiras razões que levaram Buell Quain ao suicídio, mas sim a conjecturas possíveis, pois os elementos
“memória” e “ficção” são partes constitutivas do processo de construção da narrativa.
b) Retomando certa corrente da tradição literária brasileira, o romance-reportagem, tradição esta que remete à década
de 1970, esse romance apresenta o que se pode denominar como uma versão realista sobre o suicídio de Buell Quain, pois
a narrativa se constrói com base em uma série de fontes factuais (depoimentos, fotos, cartas, reportagens etc.) que, ao final
do livro, acabam por borrar as fronteiras entre romance e jornalismo.
c) Construído a partir da alternância entre dois grandes planos narrativos – a longa carta de Manoel Perna e a pesquisa
do narrador- investigador –, os reais motivos que levaram Buell Quain ao suicídio são revelados ao final do romance, graças
à carta deixada por Manoel Perna, testemunha ocular, que informa o narrador-investigador sobre a doença degenerativa
que o antropólogo havia contraído ao chegar no Brasil.
d) Embora construído a partir da alternância entre dois grandes planos narrativos – a longa carta de Manoel Perna e a
pesquisa do narrador-investigador –, o mistério sobre a morte do antropólogo é solucionado a partir do encontro ao acaso
do narrador com um velho senhor americano, em 2001, que, em seu leito de morte no hospital, ouvia as histórias lidas por
um jovem rapaz; rapaz este que revela a identidade do doente: Buell Quain.
e) Retomando certa corrente da tradição literária brasileira, o romance-reportagem, que se inicia na década de 1970,
esse romance apresenta o que se pode denominar como uma versão realista-naturalista sobre o suicídio de Buell Quain, pois
recorre a um expediente típico dos discursos que buscam a verdade dos fatos: a carta de uma testemunha ocular, Manoel
Perna, que narra detalhadamente os acontecimentos que envolveram Buell Quain nos seus últimos dias de vida.
10. Com base na leitura de Nove noites, de Bernardo Carvalho, é INCORRETO afirmar que, nessa obra, a linguagem:
11. Todas as alternativas apresentam uma relação corretamente estabelecida entre as personagens de Nove noites e
suas características principais, EXCETO:
a) Buell Quain – achava que estava sendo perseguido ou vigiado onde quer que estivesse e era marcado por uma
inquietação existencial.
b) Manoel Perna – o silêncio do sertanejo era a prova de sua amizade que ia conquistando Quain.
c) Ruth Landes – jovem geógrafa que estava no Brasil com o objetivo de estudar os rios e florestas da região norte.
d) Professor Pessoa – traduziu uma das cartas, em inglês, deixada por Buel e acalmou os índios, garantindo que eles
não tinham nenhuma responsabilidade na tragédia.
12. Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre a história de Buell Quain, EXCETO:
13. Todas as passagens, do romance Nove noites, evidenciam uma combinação entre memória e imaginação, EXCETO:
a) “O que agora lhe conto é a combinação do que ele me contou e da minha imaginação ao longo de nove noites.”
b) “Mas a ideia de uma relação ambígua com a irmã, embora imaginária, nunca mais me saiu da cabeça, como uma
assombração cuja verdade nunca poderei saber.”
c) “Assim como o que tento lhe reproduzir agora, e você terá que perdoar a precariedade das imagens de um humilde
sertanejo que não conhece o mundo e nunca viu a neve e já não pode dissociar a sua própria imaginação do eu ouviu.”
d) “Meu pai morreu há mais de onze anos, às vésperas da guerra que antecedeu a atual e que de certa forma a anunciou.
Hoje, as guerras são permanentes.”
14. Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em 1952) e Bernardo Carvalho (nascido em 1960) já
garantiram seu lugar no panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea. Relato de um certo oriente,
publicado em 1989, marcou a estreia de Milton Hatoum na literatura. Nove noites, publicado em 2002, é o sétimo livro
lançado por Bernardo Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o livro de contos Aberração.
A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove noites, considere as seguintes afirmativas:
1) Milton Hatoum consegue trazer para a sua ficção o espaço amazonense sem cair no exagero do exotismo; Bernardo
Carvalho, por sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na ficção, de fatos e personagens históricos, autobiografia e
experiências pessoais.
2) Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam compreender o passado, conscientes da obrigação
histórica de recuperá-lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória trágica de uma família que viveu
em Manaus; Nove noites investiga a morte de um antropólogo no sul do Maranhão, para entregar ao leitor a solução de um
mistério até então não resolvido.
3) A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os passos/O rosto e o ponto do encontro” (em tradução
de Sandra Stroparo e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton Hatoum. O título do romance de
Bernardo Carvalho se refere às nove noites que o antropólogo Buell Quain passou na companhia de Manoel Perna, durante
a sua estada entre os índios Krahô.
4) O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode ser verificado na humilhação e nos abusos
sofridos pelas caboclas e índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos dois “inomináveis”. Em
Nove noites, a narração do jornalista volta a momentos centrais da história do Brasil no século XX – Estado Novo, Ditadura
Militar e Período Democrático –, marcando a situação de vulnerabilidade permanente dos índios num mundo de brancos.
5) Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e seus filhos, com a curiosidade natural do
imigrante, atravessam constantemente o rio que separa a cidade da floresta. Da mesma forma, o narrador jornalista de Nove
noites visita inúmeras vezes os índios Krahô, em busca de informações sobre o suicídio de Buell Quain.
15. Sobre o enredo de Nove noites, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
a) O antropólogo se cortou e se enforcou, sem explicações aparentes. Diante do horror e do sangue, os dois índios que
o acompanhavam na sua última jornada de volta da aldeia para Carolina fugiram apavorados.
b) Na bagagem pessoal de Quain, o narrador encontrou roupas, sapatos, livros de música e uma Bíblia. Havia, também,
um envelope com fotografias, com retratos dos negros do Pacífico Sul e dos Trumais do alto Xingu.
c) Quain, antes do suicídio, alegou ter recebido más notícias de casa e comunicou aos índios a sua decisão de não mais
ficar na aldeia.
d) Quain, em momentos de maior distração e melancolia, falava muito sobre a sua mulher e seus filhos.
a) Ao procurar traços da identidade de Buell Quain, o Autor embarca numa expedição paranoica, expondo a própria
intimidade e os mecanismos da criação do próprio romance.
b) Em busca de respostas, o Autor entrevistou antropólogos e a própria família do suicida, pesquisou documentos e
arquivos, participando, inclusive, de uma expedição à aldeia dos índios Krahô.
c) Paralelamente ao relato do narrador, o romance apresenta uma espécie de carta deixada por um engenheiro, Manoel
Perna, cujo destinatário, supostamente, estaria a par dos motivos do suicídio de Quain.
17. As personagens, na maioria das vezes, aparentam saber mais do que dizem; toda a investigação parece estar fadada
a não descobrir, mas determinada a deliberadamente encobrir. Há momentos, em Nove noites, em que o narrador (Autor)
tece comentários sobre o tipo ou o gênero de sua própria narrativa, como exemplificam todas as passagens abaixo,
EXCETO:
a) “Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de
ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na realidade.”
b) “As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditavam
em deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente aos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não
sabia se o idiota era ele ou eu.”
c) “Duas vezes entrevistei Lévi-Strauss em Paris, muito antes de me passar pela cabeça que um dia viria a me interessar
pela vida e pela morte de um antropólogo americano que ele conhecera em sua breve passagem por Cuiabá, em 1938.”
d) “Tomei o avião para Nova York com pelo me- nos uma certeza: a de que, não encontrando mais nada, poderia por
fim começar a escrever o romance. No estado de curiosidade mórbida em que eu tinha me enfiado, acreditava que a figura
do filho do fotógrafo podia por fim me desencantar.”
18. Em todas as alternativas, o medo e o clima de terror referidos ajuntam-se a uma mesma época histórica, EXCETO:
a) “Numa carta de março de 1939 a Ruth Benedict, Landes diz que vive num estado de absoluta soli- dão emocional de
duas semanas de horror. Menciona uma carta anterior em que teria relatado à orientadora a história de espionagem na
Bahia. Se você não as recebeu, ela deve ter se extraviado, mais ou menos deliberadamente.”
b) “E por uma infeliz coincidência, toda essa cor- respondência chegou aos destinatários justamente no momento em
que os Estados Unidos entraram em pânico por causa das remessas de antraz em cartas anônimas enviadas pelo correio a
personalidades da mídia e da política americana até mesmo a pacatos cidadãos.
c) “A vésperas da guerra, havia também um forte sentimento antiamericanista no ar, e os jovens antropólogos de
Columbia, já muito mais acuados, desamparados e solitários”.
d) “A situação dos estrangeiros no Brasil do Estado Novo era delicada. A impressão era que estavam vigilância
permanente.”
19. Em todas as passagens, extraídas de Nove noites, os termos em destaque são de procedência indígena, EXCETO em:
a) “Seu rosto lembrava o dos índios sul-amercianos mal-encarados das aventuras do Timtim”.
b) “...não me lembrei de ligar o gravador quando o velho Diniz respondeu: Cãmtwyon”
c) “Me chamavam de branco: Cupen, cupen”.
d) “...apareceu com uma bola besuntada de uru- cum nas mãos...”
20. A leitura de Nove noites, só NÃO permite depreender que Buell Quain era um sujeito:
a) Arredio.
b) Desprendido.
c) Introspectivo.
d) Ganancioso.
a) Recorrência do flashback.
b) Uso de termos chulos e coloquialismos.
c) Utilização do discurso direto.
d) Linearidade narrativa.
22. Assinale a alternativa que apresenta um comentário INCORRETO sobre a narrativa de Bernardo Carvalho:
a) Em Nove noites, as ameaças de uma guerra prestes a acontecer, o arbítrio do governo de Vargas e, finalmente, a
intranquilidade dos tempos em que a narrativa é construída dão um tom de medo e opressão a circular o relato.
b) Na construção desse relato ficcional de histórias reais, aparece toda uma série de reflexões sobre temores e culpas,
sobre os mistérios da vida e da morte, sobre as razões que tornam o viver muito perigoso.
c) No decorrer da narrativa, feita a partir de dois pontos de vista, os fragmentos de um e de outro relato vão se
configurando e se ajustando até que, ao final, uma espécie de quebra-cabeça é completado pelo leitor.
d) A narrativa, sinuosa e repleta de ambiguidades, propõe múltiplos graus de compreensão, oferecendo ao leitor várias
camadas de leitura, convidando-o a completar o texto com o seu próprio repertório.
23. Em todas as alternativas, há elementos relevantes na narrativa de Nove noites, EXCETO em:
a) Conflitos conjugais.
b) Repressão política.
c) Questionamento existencial.
d) Diversidades culturais.
24. No decorrer da narrativa de Nove noites, são aventadas várias hipóteses sobre a(s) causa(s) do suicídio de Buell
Quain, EXCETO:
25. Assinale a alternativa que apresenta um comentário inadequado sobre Nove noites:
a) A narrativa apresenta-se como um misto de romance-reportagem e de romance policial, selada pela obsessão
investigativa e pelo suspense do andamento das descobertas, que é, em parte, sus- tentado pelo minucioso balizamento das
datas e das circunstâncias da investigação.
b) O romance é muitas vezes marcado pela ótica introspectiva: o narrador revela o protagonista em meio às suas
fragilidades, aos seus dramas interiores, vivenciando situações limite, de abandono, de profunda angústia e depressão, com
intensa carga sentimentalista.
c) O relato do jornalista, embora caracterizado pela circunspecção, apresenta momentos marcados pelo humor e pela
ironia, particularmente nos episódios em que rememora a sua infância com o pai aventureiro e naqueles passados junto ao
Krahô.
d) A narrativa estrutura-se, basicamente, em torno de frases simples e objetivas, sem artificialismos: à linguagem é
dado um tratamento informal, ausente, portanto, de experimentações e preciosismos.
Antes de sair da aldeia, diante da minha recusa em ser batizado, Gersila se aproximou de mim, entre ofendida e irônica, e me
jogou na cara que eu era como todos os brancos, que os abandonaria, nunca mais voltaria à aldeia, nunca mais pensaria
neles. Jurei que não. Estava apavorado com o que pudessem fazer comigo (nada além de me cobrir de penas e me dar um
nome e uma família da qual nunca mais poderia me desvencilhar). O meu medo era visível. Fiz um papel pífio. E eles riram da
minha covardia. Jurei que não me esqueceria deles. E os abandonei, como todos os brancos.
(CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 98.)
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Com base no fragmento acima transcrito e na leitura integral de Nove noites, assinale a alternativa correta.
a) O fragmento transcrito é parte da narração do antropólogo Buell Quain, cujo suicídio, ocorrido em 1939, é o fato que
motiva a investigação do narrador principal e que conduz toda a narrativa.
b) O fragmento destoa da visão positiva sobre os resultados dos encontros entre diferentes culturas que predomina em Nove
noites, pois traz o depoimento de alguém para quem o convívio entre índios e brancos tende sempre à desarmonia.
c) O fragmento é parte de uma das cartas do engenheiro Manoel Perna e reforça suas advertências para que o narrador
principal tome muito cuidado ao buscar a verdade sobre a morte de Buell Quain.
d) O fragmento exemplifica a obsessão do narrador por buscar a verdade sobre a morte de Buell Quain, característica que
desloca Nove noites, que se parece com obras ficcionais, para os campos da reportagem e da não ficção.
e) O fragmento é parte da narração do jornalista e narrador principal que, adulto, volta a passar por si
27. Assinale a alternativa correta sobre o romance Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho.
a) O percurso de pesquisa do narrador-investigador sobre as razões que levaram Buell Quain ao suicídio acabam revelando
questões subjetivas do próprio narrador, mostrando que, no romance, a busca pelo outro é também uma busca de si.
b) Ao estruturar o romance em dois planos narrativos, a carta-testamento de Manuel Perna e a pesquisa do
narradorinvestigador, a narrativa apresenta uma solução documental para entender o suicídio de Buell Quain: ele se matou
por um amor proibido.
c) O narrador-investigador empreende uma longa pesquisa sobre a figura de Buell Quain para compreender os fundamentos
dos estudos sobre os índios que o antropólogo desenvolveu; e acaba descobrindo que esses fundamentos são ficcionais.
d) A explicação ficcional, que o narrador-investigador encontra para solucionar o suicídio do antropólogo Buell Quain em um
dos planos narrativos, é problematizada pelo segundo plano: a carta de Manuel Perna, um documento encontrado durante
a pesquisa, oferece outras razões.
e) Os índios krahô ocupam um lugar central para a pesquisa do narrador-investigador: eles são os responsáveis por guardar
a carta-testestamento de Manuel Perna e manter, na tradição oral da tribo, a memória de Buell Quain e as razões de seu
suicídio.
29. Assinale a alternativa correta sobre os elementos formais que compõem o romance Nove noites (2002), de Bernardo
Carvalho.
a) A narrativa é construída em dois tempos alternados: no final dos anos 1930, quando o antropólogo Buell Quain chega à
Carolina para estudar os trumai; e no início da década de 1970, quando os povos originários estão ameaçados pelo avanço
da modernização.
b) A personagem principal, Buell Quain, é um antropólogo e um homem viajado que, pelo percurso biográfico mapeado e
pelas inferências feitas pelo narrador, parecia desajustado em relação aos padrões da classe média norte-americana da qual
ele fazia parte.
c) O narrador-pesquisador conta, em uma perspectiva de onisciência neutra, fragmentos da vida de Buell Quain com base
em documentos históricos variados (cartas, ofícios, relatos), sem se envolver emocionalmente com as razões do suicídio do
antropólogo.
d) A linguagem do romance, predominantemente objetiva, oscila entre o registro culto do narrador-pesquisador, a variante
linguística de Manoel Perna e a linguagem dos povos originários que influenciaram as pesquisas de Buell Quain.
e) Os espaços onde transcorrem as ações do romance não contemplam os centros urbanos, mas sim a floresta Amazônica e
a vila de Carolina, pequena cidade na divisa entre Tocantins e Maranhão, lugares pelos quais Buell Quain havia passado.
30. (CAMPO REAL) Sobre o narrador de Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho, é correto afirmar que ele busca,
principalmente:
a) recuperar, por meio de registros documentais (cartas, fotos e relatos), a história de vida acadêmica do antropólogo norte-
americano Buell Quain; o que faz dessa narrativa uma biografia intelectual.
b) construir, por meio de documentos e da obra antropológica de Buell Quain, um relato da cultura dos povos originários
(krahô e trumai) e suas relações com a modernização do país; o que faz dessa narrativa um romance indigenista.
c) elaborar, por meio da memória, de documentos e da invenção, o modo pelo qual o antropólogo Buell Quain se relacionava
com o mundo e o que o teria levado a cometer suicídio; o que faz dessa narrativa um romance que busca entender o outro.
d) registrar, por meio de materiais históricos diversos, o surgimento e desenvolvimento dos estudos antropológicos no Brasil,
focando a atenção na trajetória do norte-americano Buell Quain; o que faz da narrativa um romance jornalístico.
e) ficcionalizar, por meio de registros documentais e literários, a relação do homem branco com o mundo dos povos
originários brasileiros, estudado pelo antropólogo norte-americano Buell Quain; o que faz da narrativa um romance do
realismo
mágico.
1. B
2. E
3. B
4. C
5. C
6. A
7. E
8. C
9. A
10. B
11. C
12. C
13. D
14. C
15. D
16. B
17. C
18. B
19. A
20. D
21. A
22. C
23. A
24. D
25. B
26. E
27. A
28. E
29. B
30. C
Último poema
Agora deixa o livro volta os olhos para a janela a cidade a rua o chão o corpo mais próximo tuas próprias mãos: aí também se lê.
(MARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 29)
Em O livro das semelhanças (2015), a poeta Ana Martins Marques aproxima-se de uma espécie de estética do cotidiano, em poemas nos
quais a sensibilidade pode ser objeto da poesia a partir de relações estabelecidas com sensações ou objetos do senso comum. Em “Último
poema”, o eu lírico:
a) volta-se para a materialidade das coisas de modo a separar, em universos descontínuos, o literário e a vida.
b) convoca o leitor a enxergar a poesia além do livro, contida no mundo e no próprio corpo e que carece do olhar para ser percebida.
c) decreta o fim da poesia de modo panfletário o que, metonimicamente, relaciona-se com o fim do livro na era digital.
d) explicita que está nas mãos do leitor a responsabilidade sobre a interpretação, prescindindo da leitura.
e) manifesta-se centrado em sua subjetividade a partir de uma oposição maniqueísta entre o exterior e o interior, sendo este
hierarquicamente superior àquele.
2. Leia o poema Ideias para um livro da obra O Livro das Semelhanças de Ana Martins Marques:
I
Uma antologia de poemas escritospor personagens de romance
II
Uma antologia de poemas-
-epitáfios
III
Uma antologia de poemas que citem
o nome dos poetas que os escreveram
IV
Uma antologia de poemas
que atendam às condições II e III
V
Um livro de poemas
que sejam ideias para livros de poemas
VI
Este livro de poemas
a) O poema faz parte da primeira seção do livro em que os títulos dos poemas correspondem à estrutura de um livro: Capa, Título,
Dedicatória, entre outros.
b) O poema faz parte da seção Livro e representa a ideia para produção da seção.
c) O poema não pertence a nenhuma seção do livro, mas é o primeiro poema da Obra O Livro das Semelhanças.
d) O poema faz parte da seção Livro das Semelhanças em que os poemas são centrados em seres mitológicos, a exemplo dos poemas
Centauro e Ícaro.
3. Observe e compae o poema A realidade e a imagem de Manuel Bandeira e A imagem e a realidade de Ana Martins
Marques.
A realidade e a imagem
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(Manuel Bandeira)
O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva
E desce refletido na poça de lama do pátio.
Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as separa,
Quatro pombas passeiam.
Refletido de um poema de
Manuel Bandeira
Refletido na poça
do pátio
o arranha-céu cresce
para baixo
as pombas — quatro —
voam no céu seco
até que uma delas pousa
na poça
desfazendo a imagem
dos seus tantos andares
o arranha-céu
agora tem metade
a) O eu lírico do poema A imagem e a realidade de Ana Martins Marques é pessimista diante da realidade observada, é
possível atribuir isso a sua melancolia sobre a imagem desfeita e a imagem do arranha-céu pela metade.
b) Diferentemente do eu lírico de A imagem e a realidadede Ana Martins Marques, o eu lírico de A realidade e a imagem
de Manuel Bandeira tem uma posição neutra e analítica, buscando fazer apenas uma descrição da realidade observada.
c) As pombas retratadas em ambos poemas ocupam uma posição primária de relevância por serem responsáveis pela
ação em que se decorre a reflexão.
d) O poema A imagem e a realidade de Ana Martins Marques trabalha, de modo distinto, com a mesma noção de espaço
e imagem presente em A realidade e imagem de Manuel Bandeira.
e) A temática central de ambos os poemas é a chuva por ser a responsável por constituir o elemento que gera a reflexão,
portanto, a poça.
4. Assinale a alternativa correspondente à obra O Livro das semelhanças de Ana Martins Marques:
a) É um livro de poesias pertencente à literaturacontemporânea brasileira.
b) É um romance jornalístico pertencente à literaturacontemporânea brasileira.
c) É um poema pertencente à literatura regionalistabrasileira.
d) É um clássico brasileiro símbolo do Naturalismo.
e) É uma obra de contos integrada ao Modernismobrasileiro.
5. Leia e analise os poemas Capa e Contracapa da obra O livro das semelhanças da autora Ana Martins Marques.
Capa
Um biombo entre o mundoe o livro
Contracapa
Um biombo entre o livroe o mundo
b) “Mundo” em ambos poemas é entendido como mundo literário e o “biombo”, em sentido metafórico, seria o elemento
que une o mundo literário ao livro.
c) Os títulos Capa e Contracapa representam as respectivas funções desses elementos constitutivos do livro que serão
abordadas pelo eu lírico no poema.
d) A palavra biombo é utilizada como uma metáfora que pode indicar barreira ou separação.
e) A inversão de “livro” e “mundo” entre os poemas tem relação com a distinção entre a realidade e a experiência literária.
Primeiro poema
a) I, II e III.
b) I e II.
c) I, II e IV.
d) I e III.
e) I, II, III, IV.
7. O Livro das Semelhanças é divido em quatro seções. Dessa forma, indique a alternativa que NÃO corresponde às partes
da obra O Livro das semelhanças de Ana Martins Marques.
a) Cartografias.
b) Livro.
c) Visitas ao lugar-comum.
d) Paisagens com figuras.
e) O livro das semelhanças.
Primeiro poema.
Primeiro poema
O primeiro verso é o mais difícil
o leitor está à porta
não sabe ainda se entra ou só espia
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se se lança ao livro
ou finalmente encara
o dia
o dia: contas a pagar
correspondência atrasada
congestionamentos
xícaras sujas
aqui ao menos não encontrarás,
leitor,
xícaras sujas
Com base nas características do poema, em qual seção do livro encontra-se este poema?
a) Cartografias.
b) Visitas ao lugar-comum.
c) O livro das semelhanças
d) Livro.
e) Nenhuma das alternativas.
10. Leia o poema Esconderijo da obra O livro dassemelhanças de Ana Martins Marques:
a) I e II.
b) I, III e IV.
c) I, II e III.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
11. Leia o poema Boa ideia para um poema da obra O Livro das Semelhanças de Ana Martins Marques.
a) O poema mostra que a memória é a principal aliada para evitar o plágio, é por esse motivo que o eu lírico retorna às suas
lembranças, um exemplo disso é o verso “pensei me lembrar que a copiara de um poema”.
b) O poema está centralizado unicamente no ato de pensar.
c) O verso em que o eu lírico declara “palavras trocam de pele, tanto roubei por amor” pode ser associado ao repertório literário
que inspirou o eu lírico a realizar suas criações poéticas e, por isso, tornaram-se obras parecidas.
d) O eu lírico objetiva mostrar que as criações poéticas precisam ser autorais e originais, caso contrário, não serão uma boa
criação, isso fica claro no último verso “pensei: nem era um poema tão bom assim”.
E) O eu lírico aponta que mesmo existindo possibilidades de alterar a frase, ela continua não sendo autoral, por isso, configura-
se plágio utilizá-la, mesmo que não seja possível notar que foi plagiada, isso fica claro no verso “pensei: é um plágio se ninguém
nota?”
12. Leia o poema a seguir, de Ana Martins Marques (Livro das Semelhanças, 2015):
Último poema
Agora deixa o livro volta os olhos para a janela
a cidade
a rua
o chão
o corpo mais próximo tuas próprias mãos: aí também se lê
a) É um desincentivo à leitura, pois sugere que há coisas melhores a se fazer na vida do que ler.
b) Só pode ser destinado para crianças, pois tem um vocabulário bastante simples e corriqueiro.
c) É um convite ao leitor para observar suas mãos e, quem sabe, experimentar uma leitura esotérica.
d) Peca ao desconsiderar que a leitura do livro pode ser feita em um ambiente aberto, sem janelas
e) É um convite ao leitor para que, ao terminar o livro, passe a olhar ao seu redor com mais atenção.
13. UERJ:
O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. (ANA MARTINS MARQUES)
No poema, há marcas de linguagem que remetem tanto à poeta quanto a seus leitores. Uma dessas marcas, referindo-se
unicamente ao leitor, está presente no seguinte verso:
(MARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo. Companhia das Letras, 2015. p. 101-102.)
Considerando esse poema e a integralidade da obra de que foi retirado, assinale a alternativa correta.
a) O poema apresenta eventos sobrenaturais, envolvendo objetos raros e incomuns.
b) O verbo “quebrar”, quando se refere ao eu do poema, é empregado em sentido figurado.
c) O poema usa parênteses em dois versos, sendo que no primeiro a expressão retomada é a pia da cozinha.
d) O texto afirma que os copos são mastigados à noite e deixam na boca um gosto de sabão misturado ao de sangue.
e) Os cacos de copo são deixados no chão de mármore, onde é costume se deitar à noite.
1. B
2. C
3. D
4. A
5. B
6. D
7. D
8. B
9. B
10. D
11. C
12. E
13. C
14. B
1. Com base nos fragmentos abaixo, extraídos da Lira II, da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, assinale
com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações que seguem.
“Pintam, Marília, os Poetas A um menino vendado, Com uma aljava de setas, Arco empunhado na mão; Ligeiras asas nos
ombros, O tenro corpo despido,
E de Amor ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.”
[...]
“Tu, Marília, agora vendo De Amor o lindo retrato, Contigo estarás dizendo Que é este o retrato teu. Sim, Marília, a cópia é
tua, Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu.”
( ) Na primeira estrofe, o poeta descreve uma figura representativa do amor na mitologia clássica.
( ) Na primeira estrofe, a amada Marília é alertada sobre a violência que se esconde por detrás da superfície do amor.
( ) Na segunda estrofe, o poeta transfere o retrato de Cupido para o rosto vencedor de Marília.
( ) Na segunda estrofe, o poeta confessa à amada a sua rendição em relação aos poderes do amor.
a) V - V - F - F.
b) V - F - V - V.
c) F - F - V - V.
d) V - F - F - V.
e) F - V - F - F.
02. Assinale a alternativa correta em relação a Marília de Dirceu, de Tomás Antonio Gonzaga.
a) No livro, é estabelecido um contraste entre a paisagem, bucólica e amena, e o cenário da masmorra, opressivo e
triste.
b) Trata-se de um conjunto de cartas de amor, enviadas por Marília, de Minas Gerais, a Dirceu, que se encontra em
Moçambique.
c) Na obra, o pensamento racional é anulado em favor do sentimentalismo romântico.
d) Nas liras de Gonzaga, Marília é uma mulher irreal, incorpórea, imaginada pelo pastor Dirceu.
e) Trata-se de um livro satírico, carregado de termos pejorativos em relação às convenções da época.
I. Tem caráter autobiográfico, sendo Marília o sujeito lírico de Maria Joaquina Dorotéia Seixas, amor proibido de Tomás
Antônio Gonzaga.
II. Contém as seguintes características árcades: exaltação ao bucolismo, linguagem coloquial, culto à simplicidade.
III. Está dividida em três partes: a primeira tem como foco a exaltação da amada, a segunda expressa sentimento de
solidão, enquanto a terceira é fortemente marcada pelo pessimismo.
Esprema a vil calúnia muito embora Entre as mãos denegridas, e insolentes, Os venenos das plantas,
E das bravas serpentes.
Chovam raios e raios, no seu rosto
Não hás de ver, Marília, o medo escrito:
O medo perturbador, Que infunde o vil delito. […]
Eu tenho um coração maior que o mundo. Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Eu tenho um coração maior que o mundo. Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Um coração …. e basta,
Onde tu mesma cabes.
Sobre o fragmento de texto de Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, assinale a alternativa FALSA:
a) a interferência do mito na tessitura dos poemas, mantendo o poeta dentro dos padrões poéticos clássicos, impede-
o de abordar problemas pessoais.
b) a interpelação feita a Marília muitas vezes é pretexto para o poeta celebrar sua inocência e seu destemor diante das
acusações feitas contra ele.
c) a revelação sincera de si próprio e a confissão do padecimento que o inquieta levam o poeta a romper com o decálogo
arcádico, prenunciando a poética romântica.
d) a desesperança, o abatimento e a solidão, presentes nas liras escritas depois da prisão do autor, revelam contraste
com as primeiras, concentradas na conquista galante da mulher amada.
e) embora tenha a estrutura de um diálogo, o texto é um monólogo – só Gonzaga fala e raciocina.
05. Leia os excertos abaixo, extraídos de Marília de Dirceu (Lira XIV), de Tomás Antonio Gonzaga.
I. Os versos chamam a atenção para a passagem do tempo e expressam um convite aos prazeres de um amor sadio.
II. Os versos 05 a 12 descrevem uma cena amorosa ambientada na paisagem mineira da cidade então chamada de Vila
Rica.
III. Marília é um nome literário adotado para referia noiva do poeta inconfidente, cujo nome verdadeiro era Maria
Dorotéia de Seixas Brandão.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
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Primeira Parte
Lira I
Segunda Parte
Lira XV
Se o rio levantado me causava, Levando a sementeira, prejuízo, Eu alegre ficava, apenas via
Na tua breve boca um ar de riso. Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
De ver-te ao menos compassivo o rosto.
Em relação à compreensão dos dois fragmentos e à compreensão global da obra “Marília de Dirceu”, assinale a alternativa
correta.
a) Marília é mostrada, ao mesmo tempo, como pessoa e como encarnação do Amor, como categoria absoluta.
b) Apesar da beleza deslumbrante da amada, não se verifica, na construção dessa personagem, qualquer idealização
clássica da mulher.
c) A beleza luxuriante de Marília contrasta com o ideal de serena fruição dos prazeres sadios da vida.
d) O poeta dirige-se a Marília unicamente como sua noiva e futura esposa.
e) Marília, pela sua intensa sensualidade, representa o ideal de amante e não o de noiva ou esposa.
Trecho I
Trecho II
“O seu semblante é redondo, Sobrancelhas arqueadas, Negros e finos cabelos, Carnes de neve formadas.”
Trecho III
A pastora Marília, conforme é apresentada nas liras de Tomás Antônio Gonzaga, carece de unidade de enfoques; ora é
descrita como tendo cabelos negros, ora loiros. A oscilação que se observa nas descrições de Marília permite ao leitor
concluir que:
a) Embora Marília corresponda a um ser real, Maria Doroteia, ligado à vida do poeta, ele é, antes de tudo, uma
idealização poética. As descrições apenas atendem à idealização da mulher, exigida pelas convenções neoclássicas.
b) O autor das liras está preocupado com a coerência dessas descrições, com o padrão poético realizado em cada
composição, por isso a amada do poeta deixa de ser associada à figura convencional da pastora.
c) O sujeito lírico, caracterizado como pastor, descreve sua amada, a pastora Marília, na atmosfera atormentada dos
conflitos da paixão, fugindo às convenções bucólicas e pastoris do Arcadismo.
d) Apesar de o autor invocar a pastora Marília, suas liras são destinadas a afirmar a dignidade e a valia do pastor Dirceu.
As descrições mostram a intenção do autor em não revelar o objeto de seu amor.
Lira XI
Marília de Dirceu apresenta um dos principais traços do Arcadismo. A opção que aponta essa característica temática,
presente no texto, é
a) O bucolismo.
b) O pessimismo e negatividade.
c) A descrição sensual da mulher amada.
d) A presença de valores ou elementos clássicos.
e) A fixação do momento presente.
“Tu não verás, Marília, cem cativos tirarem o cascalho e a rica terra, ou dos cercos dos rios caudalosos, ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negro do pesado esmeril a grossa areia, e já brilharem os granetes de oiro no fundo da bateia.”
No trecho de Marília de Dirceu, expressões como “cem cativos”, “rios caudalosos” e “granetes de oiro” remetem para:
12. Tomás Antônio Gonzaga escreveu Marília de Dirceu, um dos mais conhecidos poemas de nosso Arcadismo. Leia
duas estrofes da Lira I, da primeira parte do poema.
GONZAGA, Tomás Antônio. “Marília de Dirceu”. In: Literatura comentada. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
a) Ilustram não só preferências temáticas do Arcadismo, como o ideal de vida simples, o herói que se faz pela honradez
e pelo trabalho, mas também o sentimento de transitoriedade da vida, que arrasta o poeta ao carpe diem (aproveitar a vida)
horaciano.
b) Representam os temas do bucolismo, do fugere urbem (fuga da cidade), da áurea mediocritas (existência dentro da
mediania), mas fogem do convencionalismo arcádico da linguagem simples, o que torna o poema artificial.
b) Apresentam a fina ironia de Gonzaga, o que liga o poema às Cartas Chilenas, escritas pelo autor, depois que estava
preso, para ridicularizar o Visconde de Barbacena, feroz inimigo dos Inconfidentes.
c) Reiteram o nome de Marília nos estribilhos, mas, ao contrário do que pode parecer, esse recurso não imprime
musicalidade ao texto, serve para enaltecer a mulher, vista, naquele momento, como elemento angélico e divinal, o que faz
a poética de Gonzaga preceder o Romantismo.
e) Ilustram tópicos preferenciais do Arcadismo, como o locus amenus (lugar ameno), o ideal de vida simples, a pintura de
cenas pastoris, e revelam os valores da classe burguesa, de então, presentes na preocupação econômica que o pastor
enuncia.
13. Sobre o fragmento abaixo e sobre a escola a que ele pertence, assinale a alternativa incorreta.
a) O trecho acima alterna versos decassílabos com versos hexassílabos. Curiosamente, o tema da estrofe é a
inconstância da sorte. É como se o encurtamento do verso, alternado com o verso mais longo, imitasse os altos e baixos do
destino
b) A referência ao deus grego Apolo é típica do Arcadismo, escola que pretendia uma espécie de retorno ao tempo
mitológico da Grécia clássica. Além disso, segue-se a referência ao período em que o deus foi pastor, reforçando o elo com
a escola árcade, na qual os poetas frequentemente adotavam um pseudônimo pastoril, como Glauceste ou Elmano.
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c) Para o Arcadismo, a vida do pastor, singela e próxima da natureza, é bela e pura. No entanto os versos “Apolo já fugiu
do céu brilhante / já foi pastor de gado” criam uma imagem dentro da qual estar no céu é o polo positivo (felicidade) e ser
pastor é o polo negativo (degradação). Portanto a imagem contida nos versos é surpreendente quando percebemos que ela
subverte o tema árcade da vida pastoril como ideal a ser buscado.
d) A imagem do deus Apolo fugindo do céu possui forte valor simbólico, explicável pelas características do Arcadismo:
ela remete a um conceito de mundo como espaço democrático, aberto às mudanças. Fica implícito que, se um Deus pode
fugir do seu destino traçado (estar no céu), seja por vontade, seja por necessidade, um homem comum também pode mudar
a própria condição de vida, tornando-se até mesmo rico e poderoso.
e) Os principais autores do Arcadismo, homens cultos e educados, escreviam poemas nos quais se exaltavam a
simplicidade e a vida em contato com a natureza. Gonzaga é, até certo ponto, coerente com isso, embora o eu-lírico das Liras
alterne poemas (ou estrofes) nos quais ele é “um triste pastor” com outros (ou outras) nos quais surge a figura do magistrado,
diante de “altos volumes” sobre a mesa, decidindo processos jurídicos.
Todas as alternativas a seguir apresentam características do Arcadismo, presentes na estrofe anterior, EXCETO:
a) Ideal de ÁUREA MEDIOCRITAS, que leva o poeta a exaltar o cotidiano prosaico da classe média.
b) Tema do CARPE DIEM – uma proposta para se aproveitar a vida, desfrutando o ócio com dignidade.
c) Ideal de uma existência tranquila, sem extremos, espelhada na pureza e amenidade da natureza.
d) Fugacidade do tempo, fatalidade do destino, necessidade de envelhecer com sabedoria.
e) Concepção da natureza como permanente reflexo dos sentimentos e paixões do “eu” lírico.
15. Leia o seguinte texto, fragmento do poema Marília de Dirceu, para responder a questão 15.
Vem, ó Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo... Deixa louvar da corte
a vã grandeza: Quanto me agrada mais estar contigo, Notando as perfeições da Natureza!
I – O poeta convida a amada, Marília, para aproveitarem juntos as maravilhas da cidade (a corte).
II – Trata-se de um célebre poema de Tomás Antônio Gonzaga, no qual faz um elogio à vida simples e natural dos
camponeses.
III – A natureza é idealizada como perfeita, em oposição à esterilidade e à inutilidade da cidade.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
1. B
2. A
3.B
4.A
5.D
6.D
7.B
8.C
9.A
10.D
11.B
12.E
13.D
14. A
15. E
A linha imaginativa, no ciclo da ficção em prosa, se inicia com Álvares de Azevedo. Começa, efetivamente, com Noite na
Taverna. [...] E por isso mesmo é que, se [sic, por embora] de enorme significação no Romantismo, ultrapassa-o para
tornar-se uma das matrizes na ficção brasileira: a matriz imaginativa, de fundo trágico, com repercussão poética em seu
irrealismo.
[...] O acervo do cancioneiro anônimo em sua fase oral, criado pelo povo em sua imaginação mítica – os fantasmas e os
aventureiros, a mulher e o demônio, o amor e a morte
–, ressurge nos contos de Noite na Taverna transfigurado literariamente. A base, pois, é cultural mente brasileira. E isso
explica por que o livro nasceu popular.
[...] As personagens que narram – Solfieri, Bertram, Genaro, Claudius Hermann, Johann –, e narram aventuras em algumas
partes do mundo, excluem aparentemente o seu sentido brasileiro. [...] A paisagem, a fixação social e os costumes − que o
documentário registra na poesia de Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias e Castro Alves; na novelística de Manuel Antônio de
Almeida, José de Alencar e Bernardo Guimarães; na dramaturgia de Martins Pena – estão ausentes nos contos de Álvares
de Azevedo.
01. No último período do texto, a citação de vários escritores românticos é feita para indicar que Noite na Taverna:
a) seria uma referência para a prosa ficcional brasileira, caso se libertasse dos padrões românticos.
b) inaugura a prosa romântica brasileira, sendo essa a causa de sua importância literária.
c) é responsável pela predominância da narrativa de final trágico no Romantismo brasileiro.
d) não se restringe aos limites do Romantismo, apesar de sua importância dentro dessa escola literária.
e) ultrapassa os limites do Romantismo ao fundir imaginação e realismo.
03. De acordo com o texto, Noite na Taverna “nasceu popular” pelo fato de:
04. O excerto a seguir foi extraído da obra Noite na Taverna, livro de contos escritos pelo poeta ultrarromântico
Álvares de Azevedo (1831-1852).
“Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Bárbara. Dei um último olhar àquela forma
nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia
voluptuosa do amor. Saí. Não sei se a noite era límpida ou negra; sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez.
As taças tinham ficado vazias na mesa: aos lábios daquela criatura eu bebera até a última gota o vinho do deleite…”
05. Álvares de Azevedo é considerado o autor mais intenso de uma geração da literatura brasileira e possuía suas
inspirações. Assinale a alternativa correta em que diga o autor que Álvares mais se inspira e a geração em que escrevia.
Se romantismo quer dizer, antes de mais nada, um progressivo dissolver-se de hierarquias (Pátria, Igreja, Tradição) em
estados de alma individuais, então Álvares de Azevedo, Junqueira Freire e Fagundes Varela1 serão mais românticos do que
[Gonçalves de] Magalhães e do que o próprio Gonçalves Dias; estes ainda postulavam, fora de si, uma natureza e um passado
para compor seus mitos poéticos; àqueles caberia fechar as últimas janelas a tudo o que não se perdesse no Narciso sagrado
do próprio eu, a que conferiam o dom da eterna ubiquidade.
[...] Ora a oclusão do sujeito em si próprio é detectável por uma fenomenologia bem conhecida: o devaneio, o erotismo
difuso ou obsessivo, a melancolia, o tédio, o namoro com a imagem da morte, a depressão, a autoironia masoquista:
desfigurações todas de um desejo de viver que não logrou sair do labirinto onde se aliena o jovem crescido em um meio
romântico-burguês em fase de estagnação.
A poesia de Álvares de Azevedo e a de Junqueira Freire oferecem rica documentação para a psicanálise; e é nessa perspectiva
que a têm lido alguns críticos modernos, ocupados em dar certa coerência ao vasto anedotário biográfico que em geral
empana, em vez de esclarecer a nossa visão dos românticos típicos.
Mas, para um enfoque artístico, importa mostrar como todo um complexo psicológico se articulou em uma linguagem e em
um estilo novo, que se manteve por quase trinta anos na esfera da história literária e sobreviveu, esgarçado e anêmico, até
hoje, no mundo da subcultura e das letras provincianas.
Para tanto, a leitura de Álvares de Azevedo merece prioridade, pois foi o escritor mais bem dotado de sua geração. Em vários
níveis se apreendem as suas tendências para a evasão e para o sonho.
(Alfredo Bosi, História Concisa da Literatura Brasileira)
a) Os poetas da Segunda Geração criticaram as instituições porque as consideravam empecilhos para a expressão da
idividualidade.
b) Diferentemente dos poetas da Primeira Geração Romântica, os da Segunda Geração afastaram-se dos elementos do
mundo externo.
c) A temática da natureza e do passado é mais característica do Romantismo e, por esse motivo, a Primeira Geração é
a que melhor representa essa escola.
d) O narcisismo dos poetas da Segunda Geração Romântica substitui a religiosidade defendida pela Primeira Geração.
e) Os mitos poéticos que melhor expressam o caráter romântico foram desenvolvidos pelos poetas da Primeira
Geração.
07. A tendência romântica para a evasão e o sonho pode ser vista como:
Tudo o mais foi um sonho: a Lua passava entre os vidros da janela aberta e batia nela: nunca eu a vira tão pura e divina!
E as noites que o mestre passava soluçando no leito vazio de sua filha, eu as passava no leito dele, nos braços de Nauza.”
A respeito de Gennaro, quarto conto de Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo, assinale a alternativa correta.
a) Gennaro é o único conto de Noite na Taverna em que não se tem registro de mortes ou comportamentos moralmente
questionáveis.
b) O velho pintor, chamado de mestre, ao confrontar o jovem pintor, faz menção à história de como Judas traiu Jesus
Cristo.
c) O dinamarquês Bertram, ao fazer uma aparição no conto, revela que Ângela poderia estar viva em algum lugar
distante.
d) Laura tinha a mesma idade de Nauza, a esposa do mestre, revelando, assim, uma crítica de Álvares de Azevedo a
relacionamentos com grande diferença de idade.
e) Gennaro planejou atirar no velho pintor para, então, poder assumir seu relacionamento com Laura, sua filha.
a) Em Solfieri, uma mulher em estado de catalepsia é tida como morta pela personagem que dá nome ao conto.
b) Álvares de Azevedo escreve Bertram de forma a ser um conto de teor extremamente autobiográfico, quase como
uma confissão.
c) Claudius Hermann, ao se envolver com a criada do Duque Maffio, exprime uma postura crítica à divisão da sociedade
em classes.
d) Apesar de ser uma obra crítica e transgressora à moral cristã, o abuso de substâncias ainda é tratado como tabu.
e) Último Beijo de Amor é o único conto narrado por uma personagem feminina.
10. Cada resumo de história a seguir é do livro Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo. Relacione cada personagem
com sua respectiva história e assinale a alternativa correta.
(1) SOLFIERI
(2) BERTRAM
(3) GENNARO
(4) CLAUDIUS HERMANN
(5) JOHANN
( ) Pintor, apaixona-se pela mulher de seu mestre (Godofredo Walsh) e consegue conquistá-la. Porém, Laura (filha de Nauza
e Godofredo) estava enamorada pelo pintor que acabou se matando ao saber que ele não queria. Godofredo, irritado, tenta
convencê-lo a se matar, para vingar a morte da filha. O jovem pintor aceita, mas sobrevive. Quando volta a mansão dos
Walsh, encontra Nauza e Godofredo mortos.
( ) Enquanto jogava bilhar, achou que Arnold (jovem loiro) roubara no jogo. Decidiu travar um duelo, uma arma com munição,
a outra não. Ganhando de Arnold, o jovem realiza o último desejo de Arnold, entregar uma carta à mãe e outra a “Tua G”, o
jovem, curioso, vai ao encontra da tal. E ao entrar no quarto, escuro, tem sua noite de amor com a virgem. Ao amanhecer,
sai do quarto e encontra um homem com uma faca, luta e mata-o. Quando o ilumina percebe que era seu irmão. Quando
volta para o quarto vê que a moça que desonrara era Giórgia, sua própria irmã.
( ) Em uma bela noite em Roma, o jovem vê uma mulher chorando na janela, ela sai de casa e segue pela rua, ele a segue. Ela
para em um cemitério, no qual chora e cantarola, o homem se apaixonara pela bela moça. Depois, ele foi embora de Roma,
sempre pensando nela. Um ano depois, volta naquele mesmo lugar e encontra um caixão, ele o abre e era aquela mesma
mulher. Aproveitando que estava morta, ele transou com ela. Porém, a moça fora revivendo, sofria de catalepsia. O jovem a
levou para casa e trancou-a em seu quarto. Ela morreu após dois dias e duas noites de febre. Ele a enterrou embaixo da
cama.
( ) Rico e amante de cavalos, o jovem se apaixona pela Duquesa Eleonora. Após seis meses contemplando-a, ele a quer,
carnalmente. Suborna o servo da Duquesa para colocar sonífero na bebida dela e todas as noites ela a possuía. Queria mais,
quando o servo faz Eleonora dormir, o jovem a rapta e a leva para um estábulo. Lá, tenta conquistá-la, mostrando as cartas
de amor que escrevia. E consegue, porém, a mulher é morta pelo marido que depois se mata.
( ) Se apaixonou por Ângela, a espanhola. Fugiu com ela e viajaram, porém ela começou a beber, fumar, se vestir como um
homem e o abandonou. Depois, o jovem tenta se suicidar na Itália, mas é salvo por um homem. O apaixonado acorda em um
barco onde o comandante o acolheu. Ele tinha uma mulher, no qual tal jovem se apaixonara. Dormiam todas as noites juntos.
Porém uma noite, houve um ataque pirata e o navio encalhou. Sobraram os dois e o capitão e por uma luta, o capitão tinha
que morrer para alimentá-los. A mulher propôs que morressem juntos, porém, o jovem a matara e uma onda a levara.
a) 2–3–1–5–4.
b) 3–5–1–4–2.
c) 2–1–5–4–3.
d) 3–4–1–5–2.
e) 2–1–3–4–5.
11. Dentre as descrições, a seguir, a partir da trama romântica de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, assinale a
alternativa incorreta.
a) A primeira parte da narrativa apresenta a cena que emoldura todas as demais partes: embriagados, vários amigos,
em uma taverna, discutem filosofia e poesia, até que passam a contar histórias – “uma lembrança do passado” de cada um
– que, na definição que apresentam, semelham aos “contos fantásticos” de Hoffmann.
b) “A saciedade é um tédio terrível”, afirma Bertram, que entre diversas aventuras amorosas rocambolescas, narra ter
sido recebido no palácio de “um nobre velho viúvo e uma beleza peregrina de dezoito anos”; depois de “desonrá-la”, foge
com a moça, vende-a para o pirata Siegfried, a quem a moça envenena antes de se afogar.
c) Nauza é a jovem mulher de Godofredo, mestre de Gennaro; ela e o aluno se apaixonam, mas Gennaro se envolve
com Laura, “virginal” filha de Godofredo; Laura, grávida, morre, e enquanto Godofredo chora, Gennaro e Nauza se amam;
Godofredo atrai Gennaro para uma cilada, atira-o em um despenhadeiro, mas ele, por milagre, se salva; retornando à casa
do mestre, encontra Godofredo e Nauza envenenados.
d) Claudius Hermann – narrador de sua própria história – rouba ao Duque Maffio a mulher, Eleonora; certo dia, ao voltar
para casa, Hermann depara-se com “o leito ensopado de sangue e num recanto escuro da alcova um doido abraçado com
um cadáver”: o Duque os encontrara e matara Eleonora. Claudius e Maffio duelam, e Hermann crava a espada no peito do
Duque.
e) Johann, em duelo, mata Arthur com um tiro à queima- roupa, e vai a um encontro amoroso no lugar do oponente.
Descoberto no idílio, mata “um vulto” que veio proteger a moça. Descobre que matou o próprio irmão e que “a virgem” que
lhe propiciara “uma noite deliciosa” era sua irmã. Termina sua história e todos dormem. Chega à taverna sua irmã, Giorgia,
que se vinga, matando-o com uma punhalada. Descobrimos então que o jovem Arthur continua vivo e é Arnold, que
participava da orgia na taverna. Giorgia se mata e Arnold, beijando-a, crava um punhal no próprio peito.
13. Em vez de uma visão lógica da realidade, a narrativa gótica prefere sondar as zonas obscuras do subconsciente,
beirando os limites do sonho e da loucura. Identifique no comportamento de Solfieri e de sua amada atitudes que sejam
exemplo dessa inclinação para o inconsciente.
a) Comportamentos da mulher: o canto do início do texto; sua visita ao cemitério à noite; comportamento de Solfieri:
as orgias, a embriaguez, a necrofilia, a devassidão, a morbidez.
b) Comportamentos da mulher: a busca por Solfieri; a briga com sua irmã. Comportamento de Solfieri: a visão de seu
futuro; a devassidão.
c) Comportamentos da mulher: a depressão diagnosticada; comportamentos de Solfieri: a morbidez.
d) Comportamentos da mulher e de Solfieri: o canto no início no texto; as orgias; a embriaguez.
e) Comportamentos da mulher: as orgias; a embriaguez, a necrofilia, a devassidão, a morbidez; comportamentos de
Solfieri: o canto do início do texto; sua visita ao cemitério à noite.
14. Os relatos emoldurados em Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, são todo construídos a partir de uma
oposição entre amor e morte. Assinale a alternativa correta.
a) No relato de Bertram, o protagonista se apaixona por Claudius Hermann, o amor homossexual terminando com os
amantes condenados, pela Inquisição, à morte na fogueira.
b) No relato de Johann, o herói que narra a sua história informa aos ouvintes de como, em um acesso de ciúmes, matou
a sua amante, Ângela.
c) Giorgia, que surge como amante virgem, em relato narrado por um dos convivas que desfiam aventuras na taverna,
ressurge ao final para vingar-se da desonra, suicidando-se em seguida.
d) O relato de Solfieri mescla aventuras amorosas com fuga de piratas e expedição ao extremo Oriente.
e) A expressão “estou de esperanças” indica uma amante grávida e surge como um sinal positivo para o futuro – que,
no entanto, não se realiza, pois a gestante mata o feto, morrendo em seguida.
15. Álvares de Azevedo, poeta paulista, falecido precocemente, escreveu, em prosa, o livro de Contos Noites na
Taverna. Esta obra:
(1) Traz a marca da adolescência, mas o poeta finge um formidável (e idealizado) conhecimento de vida.
(2) É constituída por contos devassos, melodramáticos, típicos do ultrarromantismo.
(3) Tem como ponto de partida a história de sete jovens que bebem numa taverna, cada um deles contando sua aventura
criminosa e/ou moralmente questionável.
(4) Apresenta um clima de pesadelo, de horror.
Estão corretas:
a) 1, 2 e 3 apenas.
b) 1, 3 e 4 apenas.
c) 1, 2, 3 e 4.
d) 2, 3 e 4 apenas.
e) 2 e 4 apenas.
1.E
2.D
3.C
4.C
5.D
6.B
7.D
8. B
9. A
10.B
11. D
12.C
13.A
14.E
15.C
O diálogo apresenta a reação das personagens femininas ao incidente doméstico com o objeto de decoração no palacete
de Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a fala final de Nina.
a) A destruição do espelho a leva a desejar a morte, pois sugere o alívio para a frustração amorosa.
b) A quebra do espelho lhe provoca o temor da morte, uma vez que antecipa a ruína financeira.
c) A destruição do espelho traz a certeza da morte, pois sinaliza o suicídio do ser amado.
d) A quebra do espelho a faz desejar a morte, pois sugere a catástrofe amorosa do casamento.
2. Leia e responda.
Camila estacou, sem atinar com a resposta, compreendendo o alcance das palavras do filho.
A surpresa paralisou-lhe a língua; o sangue arrefeceu-selhe nas veias; mas, de repente, a reação sacudiu-a e então, num
desatino, ferida no coração, ela achou para o Mário admoestações mais ásperas. Percebeu que a língua mais dizia que a sua
vontade; mas não poderia contê-la. A dor atirava-a para diante, contra aquele filho, até então poupado.”
(ALMEIDA, Júlia Lopes de. A Falência. Campinas: Editora
da Unicamp, 2018, p. 123.)
A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. Assinale a alternativa que corresponde o comentário
feito pelo personagem Mário.
3. Tendo em vista a relação amorosa entre Camila e o Dr. Gervásio, assinale a única opção INCORRETA entre as que se
seguem:
a) O amor entre eles pode ser rotulado de “romântico” porque se trata de amor à primeira vista.
b) Dr. Gervásio consegue, aos poucos, mudar os hábitos de Camila e passa a encará-la como uma obra sua.
c) A relação entre os dois termina quando o médico revela a Camila que continuava oficialmente casado.
d) A primeira vez que se repeliram aconteceu logo depois do enterro do marido de Camila.
4. O protagonista de A Falência encarna um tipo representativo da sociedade brasileira do século XIX. Aponte a alternativa
que apresenta duas características desse tipo social constatadas na trajetória de Francisco Teodoro.
a) “Esta ideia trouxe a lembrança da mãe, morta a facadas pelo pai, como adúltera”. (Capitão Rino)
b) “Oh! Ser honesta, viver honesta, morrer honesta, que felicidade!” (Camila)
c) “Mais grave que o suicídio, o crime de Francisco Teodoro, para ela, era deixar a família na miséria”. (D. Itelvina)
d) “Era uma mulher delgada, branca e loira, com um par de olhos semelhantes ao do Capitão Rino, de um azul de faiança,
uma fisionomia vaga, de anjo de corativo”. (Ruth)
6. Analise todos os itens a seguir feitos sobre a obra A falência, de Júlia Lopes, para em seguida marcar a alternativa
INCORRETA sobre o romance:
a) A narrativa em questão se passa no “ano de 1891 em que o preço do café assumira proporções extraordinárias” (ALMEIDA,
2003, P.31).
b) Imigrante português pobre, Teodoro conseguiu, por meio do trabalho árduo, enriquecer, e desejava, ainda, ser
considerado o maior comerciante de secos e molhados do Rio de Janeiro.
c) As menções ao passado de Francisco Teodoro surgem como meio de justificar o seu comportamento ambicioso, o qual
levou a personagem a envolver-se em transações que desembocam, ao final da narrativa, em sua falência e na perda de
todos os bens, inclusive da casa da família.
d) Francisco Teodoro é apresentado como um comerciado sério e altivo, orgulhoso de sua fortuna. Porém, é também um
homem de pouco estudo, que vê tanto no Dr. Gervásio quando em Inocêncio uma superioridade intelectual.
e) As constantes referências a Gama Torres como o Rottschild brasileiro despertam a inveja do protagonista, que acaba por
ceder às investidas de Inocêncio, muito embora seus amigos tenham opiniões negativas a respeito dele.
7. No início do romance A falência, de Júlia Lopes, o ambiente do armazém e da área do comércio, como podemos verificar,
é sempre quente, sendo utilizadas palavras do mesmo campo semântico para descrevê- lo: quente, arfante, fornalha,
bafejante/bafejada, incêndio, febre/febril, arder/ardente. Elas contribuem:
a) A autora não se limita a retratar a sociedade burguesa carioca. Lança também os olhos sobre os espaços
suburbanos.
b) No final da narrativa, a autora defende a tese de que é possível às mulheres (espaço privado) sobreporem-se às
adversidades do mundo masculino (espaço público).
c) A principal razão para o suicídio do protagonista Francisco Teodoro é o arrependimento pelo seu passado dedicado apenas
ao trabalho, sem tempo para a família.
d) Um dos assuntos mais importantes desse romance é a situação da mulher na sociedade do Rio de Janeiro, na virada do
século XIX para o século XX.
9. A narrativa A falência, de Júlia Lopes, se passa quando o casal já tem duas décadas de casamento e quatro filhos. Avalie
as informações abaixo sobre cada um dos membros da casa:
I. Mário, um jovem que gasta o dinheiro da família em jogatinas e com prostitutas, mas é dado ao universo do trabalho.
II. Ruth, uma adolescente apaixonada por música e arte sendo o piano o seu instrumento predileto.
III. Lia e Raquel, gêmeas ainda muito crianças e apegadas a mãe.
IV. Ao longo da história, descobrimos que Camila, muito mais conhecida apenas por Mila, mantinha um relacionamento
adúltero com Dr. Gervásio, médico e amigo da família.
a)Apenas I e III.
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b) Apenas II e III.
c) Apenas I, II e IV.
d) Apenas III e IV.
e) Todas as alternativas.
10. Como a narrativa A falência, de Júlia Lopes, se situa em um período posterior, mas não muito distanciado da abolição
da escravidão e da Proclamação da República, tem-se uma sociedade em transição, na qual começava a ganhar força o
trabalho assalariado por meio da presença de fábricas e casas comerciais, como a de Teodoro. O tema da escravidão, no
corpo do livro, é apresentado por meio da figura de:
a) Francisco Teodoro.
b) Sancha.
c) Joca.
d) Camila.
e) Paquita.
11. Noca, personagem do romance A falência, de Júlia Lopes, que acreditava em premonições, isto era “sinal de
desastre em casa...” (ALMEIDA, 2003, p. 288). Sendo assim, qual dos elementos abaixo anuncia a morte de Francisco
Teodoro:
12. A seguir está um trecho do livro A falência de Júlia Lopes procure lê-lo com atenção:
— Quem fala em baixa?! Eu só lhe digo que o comércio do Rio de Janeiro seria o melhor do mundo se tivesse muitos homens
como aquele. Senhores, a audácia ajuda a fortuna. Fiquem certos que o bom negociante não é o que trabalha como um negro,
e segue a rotina dos seus antepassados analfabetos. O negociante moderno age mais com o espírito
do que com os braços e alarga seus horizontes pelas conquistas nobres do pensamento e do cálculo. O Torres é de bom estofo;
é destes. Conheço os homens.
(A falência, de Júlia Lopes, p.9).
a) Francisco Teodoro.
b) Inocêncio Braga.
c) Motta.
d) Dr. Gervásio.
e) Capitão Rino.
13. Em certa passagem da narrativa, Camila e Dr. Gervásio, acompanhados de Ruth (filha de Camila), ao chegarem a uma
confeitaria, encontram uma mulher ainda moça, “toda de luto”, que causou forte comoção no médico e preocupação em
Camila. Assinale a opção que revela a identidade dessa mulher.
14. A temática amorosa envolve várias personagens. As opções a seguir mostram situações relacionadas à vida amorosa
dessas personagens que são confirmadas pela narrativa, EXCETO:
a) Se a esposa do Dr. Gervásio lhe tivesse concedido o divórcio, ele assumiria Camila como esposa no final da trama.
b) O Dr. Gervásio e o Capitão Rino sentem ciúmes um do outro por causa de Camila.
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15. Segundo a leitura do livro A falência, de Júlia Lopes, a momentos de um misticismo como a morte de um pássaro e
quebra de um espelho, que são sempre interpretados pela(o) personagem:
a) Noca.
b) Joca.
c) Motta.
d) Mattos.
e) Inocêncio Braga.
16. As opções a seguir associam corretamente o nome da personagem a sua respectiva característica identificadora,
EXCETO:
GABARITO
1. a
2.b
3.a
4.c
5.d
6.b
7.a
8.c
9.d
10.b
11.c
12.b
13.b
14.a
15. A
16. D
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1) Em que ano foi publicado o livro Noite na Taverna?
9) Em 2014 a obra foi adaptada para o cinema. Qual o nome do prêmio que a obra recebeu por melhor direção e fotografia?
11) Qual o ambiente comum em que se passa a narração da história dos amigos?
14) Que características relacionadas ao amor presente na segunda fase do romantismo a obra apresenta?
16) Quem é o autor de "Marília de Dirceu" e em qual período literário essa obra se enquadra?
17)Qual é o pseudônimo adotado pelo autor no livro, representando sua figura poética?
19) Como a natureza é utilizada pelo autor para expressar os sentimentos do protagonista?
20) Além dos temas amorosos, quais outros aspectos são abordados no livro em relação à realidade social e política do período colonial?
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9) Em 2014 a obra foi adaptada para o cinema. Qual o nome do prêmio que a obra recebeu por melhor direção e fotografia?
Resposta: Prêmio ABC Cinematografia;
11) Qual o ambiente comum em que se passa a narração da história dos amigos?
Resposta: a narrativa da história ocorre em uma taverna, espécie de bar
14) Que características relacionadas ao amor presente na segunda fase do romantismo a obra apresenta?
Resposta: supervalorização do amor, amor espiritual e físico, perfeição da mulher;
16) O autor de "Marília de Dirceu" é Tomás Antônio Gonzaga. A obra se enquadra no período literário do Arcadismo, também conhecido
como Neoclassicismo.
18) Resposta: A inspiração principal para os poemas de "Marília de Dirceu" é a relação amorosa vivida pelo autor com Maria Dorotéia
Joaquina de Seixas, a Marília da vida real.
19) Resposta: O autor utiliza elementos da natureza, como o sol, a lua, as flores e os rios, para expressar os sentimentos do protagonista
em relação a sua amada Marília. A natureza serve como metáfora e imagem poética para transmitir emoções e sensações.
20) Resposta: Além dos temas amorosos, "Marília de Dirceu" também aborda aspectos políticos e sociais do período colonial. O autor
reflete as preocupações políticas da época e retrata as desigualdades e injustiças presentes na sociedade daquele contexto histórico.
SIMULADO
1. O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth Benedict.
Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de representar aspectos
ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos, desde a poesia de Gonçalves
Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de um ensaio de
Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934:
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta romântica
ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos quais a cultura
de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por
meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas
moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode ser
no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e
antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)
Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a alternativa
em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo romântico”, ou,
segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.
a) “Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma burrice incrível, se não um
masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”.
b) “São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um mundo que eles tentam
entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi o meu caso. Não sou antropólogo e não tenho uma
boa alma. Fiquei cheio”.
c) “Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que começaram a cair doentes, um
depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o tempo descobriram a causa do envenenamento do rio Vermelho.
Um hospital, construído rio acima, [...] estava despejando o lixo hospitalar naquelas águas”.
d) “Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não obtêm o que desejam e nunca
mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O clima é anárquico e nada agradável”.
e) “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou entre
esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua irmã, seu primo,
sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino antropólogo”.
2. Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em 1952) e Bernardo Carvalho (nascido em 1960) já garantiram
seu lugar no panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea. Relato de um certo oriente, publicado em 1989,
marcou a estreia de Milton Hatoum na literatura. Nove noites, publicado em 2002, é o sétimo livro lançado por Bernardo
Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o livro de contos Aberração.
A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove noites, considere as seguintes afirmativas:
1. Milton Hatoum consegue trazer para a sua ficção o espaço amazonense sem cair no exagero do exotismo; Bernardo Carvalho,
por sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na ficção, de fatos e personagens históricos, autobiografia e experiências
pessoais.
2. Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam compreender o passado, conscientes da obrigação histórica de
recuperá-lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória trágica de uma família que viveu em
Manaus; Nove noites investiga a morte de um antropólogo no sul do Maranhão, para entregar ao leitor a solução de um mistério
até então não resolvido.
3. A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os passos/O rosto e o ponto do encontro” (em tradução de
Sandra Stroparo e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton Hatoum. O título do romance de
Bernardo Carvalho se refere às nove noites que o antropólogo Buell Quain passou na companhia de Manoel Perna, durante a
sua estada entre os índios Krahô.
4. O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode ser verificado na humilhação e nos abusos sofridos pelas
caboclas e índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos dois “inomináveis”. Em Nove noites, a
narração do jornalista volta a momentos centrais da história do Brasil no século XX – Estado Novo, Ditadura Militar e Período
Democrático –, marcando a situação de vulnerabilidade permanente dos índios num mundo de brancos.
5. Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e seus filhos, com a curiosidade natural do imigrante,
atravessam constantemente o rio que separa a cidade da floresta. Da mesma forma, o narrador-jornalista de Nove noites visita
inúmeras vezes os índios Krahô, em busca de informações sobre o suicídio de Buell Quain.
3. Observe o fragmento a seguir, extraído do romance Nove noites (2006), de Bernardo Carvalho.
O Xingu, em todo o caso, ficou guardado na minha memória como a imagem do inferno. Não entendia o que dera na cabeça dos
índios para se instalarem lá, [...]. Não pensei mais no assunto até o antropologo que por fim me levou aos Krahô, em agosto de
2001, me esclarecer: “Veja o Xingu. Por que os índios estão lá? Porque foram sendo empurrados, encurralados, foram fugindo
até se estabelecerem no lugar mais inóspito e inacessível, o mais terrível para a sua sobrevivência, e ao mesmo tempo sua última
e única condição. O Xingu foi o que lhes restou”.
Fonte: CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p.64-65.
a) No fragmento, fica implícita a ideia de que o sacrifício dos Krahô é inevitável para o surgimento de uma nova ordem,
neoliberal e globalizada.
b) Na passagem, fica nítido o desconforto do narrador em relação ao Xingu e o seu desconhecimento relativo à situação dos
indígenas, o que reproduz a ignorância generalizada em torno das necessidades dessas populações.
c) O excerto tem o seu sentido complementado por outra passagem do romance, na qual o narrador afirma que os Krahô são
“os órfãos da civilização. Estão abandonados” (p.97)
d) Na passagem, a afirmação de que o Xingu é a “última e única condição” dos Krahô é uma revelação com clara conotação
trágica.
e) A passagem assinala o estranhamento do narrador-personagem em relação aos Krahô, estranhamento reforçado em outras
situações, como, por exemplo, quando o personagem resiste a participar dos rituais da tribo.
"Isto é para quando você vier. É preciso estar preparado. Alguém terá que preveni-lo. Vai entrar numa terra em que a verdade
e a mentira não têm mais os sentidos que o trouxeram até aqui. Pergunte aos índios. Qualquer coisa. O que primeiro lhe passar
pela cabeça. E amanhã, ao acordar, faça de novo a mesma pergunta."
a) O fragmento acima refere-se a carta que Buell Quain escrevera antes de cometer o suicídio e que fora deixada para Manoel
Perna, seu grande amigo, como forma de atestar a inocência dos índios.
b) A narrativa é constituída por relatos verídicos, incluindo cientistas verdadeiros como Lévi-Strauss (antropologo) e as respostas
às indagações sobre a morte de Buell Quain encontravam-se em poder dos índios Krahô.
c) Na busca de dados sobre Buell Quain, o narrador volta ao Xingu para ouvir o que os índios lembravam de Quain, conseguindo,
durante o tempo que lá permaneceu, o testemunho dos índios envolvidos no mistério do suicídio.
d) O autor Bernardo Carvalho constrói uma obra diferente e complexa, em que mistura realidade e ficção, apresentando um
enigma em torno de um suicídio cujas causas serão investigadas. Porém, a verdade permanecerá ambígua.
5. Álvares de Azevedo, poeta paulista, falecido precocemente, escreveu, em prosa, o livro de Contos Noites na Taverna. Esta
obra:
(1) Traz a marca da adolescência, mas o poeta finge um formidável (e idealizado) conhecimento de vida.
(2) É constituída por contos devassos, melodramáticos, típicos do ultrarromantismo.
(3) Tem como ponto de partida a história de sete jovens que bebem numa taverna, cada um deles contando sua aventura
criminosa e/ou moralmente questionável.
(4) Apresenta um clima de pesadelo, de horror.
Estão corretas:
a) 1, 2 e 3 apenas.
b) 1, 3 e 4 apenas.
c) 1, 2, 3 e 4.
d) 2, 3 e 4 apenas.
e) 2 e 4 apenas.
6. O Livro das Semelhanças é divido em quatro seções. Dessa forma, indique a alternativa que NÃO corresponde às partes da
obra O Livro das semelhanças de Ana Martins Marques.
a) Cartografias.
b) Livro.
c) Visitas ao lugar-comum.
d) Paisagens com figuras.
e) O livro das semelhanças.
A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. Assinale a alternativa que explica corretamente o
comentário de Mário.
O diálogo apresenta a reação das personagens femininas ao incidente doméstico com o objeto de decoração no palacete de
Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a fala final de Nina.
a) A destruição do espelho a leva a desejar a morte, pois sugere o alívio para a frustração amorosa.
b) A quebra do espelho lhe provoca o temor da morte, uma vez que antecipa a ruína financeira.
c) A destruição do espelho traz a certeza da morte, pois sinaliza o suicídio do ser amado.
d) A quebra do espelho a faz desejar a morte, pois sugere a catástrofe amorosa do casamento.
09. (UFOP) Sobre a A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa incorreta:
a) Em A hora e a vez de Augusto Matraga, a natureza funciona como simples cenário onde se desenrolam as ações ou como
instrumento da celebração ufanista das grandezas do Brasil.
b) O conto narra a trajetória de um homem que trilha o penoso caminho da santidade, só atingida, de forma surpreendente, na
hora de sua morte.
c) Os sofrimentos por que passa Nhô Augusto após a surra dos capangas do Major Consilva, são considerados pelo protagonista
uma amostra do inferno e uma oportunidade dada por Deus para que ele se dedique à salvação de sua alma.
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d) A alegria do protagonista no duelo final com Seu Joãozinho Bem-Bem resulta da realização do “martírio segundo sua índole”,
ou seja, do auto sacrifício na forma de luta armada.
e) Nenhuma das alternativas.
10. (PUC-SP) A respeito do conto “Sagarana” de João Guimarães Rosa, é INCORRETO afirmar que
a) é um conto de linguagem marcadamente sinestésica, isto é, que ativa os órgãos sensoriais como meios de conhecimento da
realidade, em suas diferentes situações narrativas.
b) refere as ações domingueiras do personagem narrador Izé, que se embrenha no mato, carregando uma espingarda a tiracolo
com o firme propósito de caçar irerês, narcejas, jaburus e frangos-d’água.
c) desenvolve um tenebroso caso de ação sobrenatural, por obra de um feiticeiro, que produz cegueira temporária no
protagonista e da qual ele se safa por meio de uma reza brava, sesga, milagrosa e proibida.
d) vem introduzido por uma epígrafe, extraída da cultura popular, das cantigas do sertão e que condensa e dá, sugestivamente,
o tom da narrativa.
e) caracteriza o espaço dos bambus, lugar onde se encontram gravados os nomes dos reis leoninos e onde se trava floral desafio
entre o narrador e quem será.
11. (Ufpr 2023) Considere, a seguir, dois trechos de Sagarana, de João Guimarães Rosa, extraídos de “Corpo fechado” e “A
hora e vez de Augusto Matraga”, respectivamente.
E, quando espiei outra vez, vi exato: Targino, fixo, como um manequim, e Manuel Fulô pulando nele e o esfaqueando, pela
altura do peito – tudo com rara elegância e suma precisão. Targino girou na perna esquerda ceifando o ar com a direita;
capotou; e desviveu, num átimo. Seu rosto guardou um ar de temor salutar.
– Conheceu, diabo, o que é raça de Peixoto?!
(ROSA, João Guimarães. Corpo fechado. In: ______. Sagarana. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 400. v.
1.)
(ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In:Sagarana. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
p. 462. v. 1.)
Com base nas informações apresentadas e na obra completa, assinale a alternativa correta.
a) Jureminho mata Matraga motivado pela disputa interna que travavam para conquistar a liderança do bando de jagunços,
após a morte do antigo chefe, Seu Joãozinho Bem-Bem.
b) O fazendeiro Joãozinho Bem-Bem contratou Manuel Fulô, famoso jagunço da localidade, para assassinar Targino, por causa
de uma disputa de terras que havia entre os dois.
c) Matraga repete o seu lema “todo mundo tem sua hora e sua vez”, fazendo alusão ao dia em que faria seu acerto de contas
com João Lomba, que lhe havia roubado a mulher, Dona Dionora.
d) Targino, mesmo com o corpo fechado por seu grupo de ciganos, não consegue se livrar da morte no duelo com Manuel Fulô,
provocado pela disputa da égua Beija-Fulô.
e) A morte de Matraga é o desfecho de um combate que resulta em morte dupla, sinalizando a redenção que Nhô Augusto
prenuncia quando diz “P’ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!...”.
“— Severino retirante,
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(Espcex (Aman) 2013) Em relação a esse mesmo fragmento, pode-se ainda afirmar que
a) trata da impotência do homem frente aos problemas do sertão e da cidade.
b) Severino representa todos os homens que são latifundiários.
c) reflete sobre as dificuldades que o homem encontra para trabalhar.
d) trata da temática que descarta a morte como solução para os problemas.
e) é um texto bem simples e poético sobre o significado do amor da época.
13.
(Enem 2011) Texto I
O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria,
do finado Zacarias,
mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Texto II
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue
no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se
define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por outros homens.
SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).
Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto
poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta
“Como então dizer quem fala/ ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da
e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias.
14. (Enem PPL 2011) O RETIRANTE ENCONTRA DOIS HOMENS CARREGANDO UM DEFUNTO NUMA REDE, AOS GRITOS DE: "Ó
IRMÃOS DAS ALMAS! IRMÃOS DAS ALMAS! NÃO FUI EU QUE MATEI NÃO"
– A quem estais carregando,
Irmãos das almas,
Embrulhado nessa rede?
Dizei que eu saiba.
– A um defunto de nada,
Irmão das almas,
Que há muitas horas viaja
À sua morada.
– E sabeis quem era ele,
Irmãos das almas,
Sabeis como ele se chama
Ou se chamava?
– Severino Lavrador,
Irmão das almas,
Severino Lavrador,
Mas já não lavra.
MELO NETO, J. C. Morte e vida Severina e outros poemas para vozes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994 (fragmento).
O personagem teatral pode ser construído tanto por meio de uma tradição oral quanto escrita. A interlocução entre oralidade
regional e tradição religiosa, que serve de inspiração para autores brasileiros, parte do teatro português. Dessa forma, a partir
do texto lido, identificam-se personagens que
15. (Ufrgs 2017) Leia abaixo o diálogo entre Severino e Mestre Carpina, retirado de Morte e vida Severina, de João Cabral de
Melo Neto.
16. (Ufrgs 2020) Leia o fragmento da canção Funeral de um lavrador, feita por Chico Buarque de Holanda, em 1968, a partir
da obra Morte e vida Severina (Auto de Natal pernambucano), de João Cabral de Melo Neto.
I. O tema da reforma agrária, recuperado por Chico Buarque de Holanda, também está presente no Auto de João Cabral de
Melo Neto.
II. A magreza do lavrador faz a cova parecer um latifúndio.
III. A morte, para o lavrador pobre, parece ser mais vantajosa do que a miséria em vida.
17. (Ufpr 2020) Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à
cidade do Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele:
(MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 186-187.)
Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa correta.
a) O auto de João Cabral foi concluído em 1955, tempo em que ainda se iluminavam as casas com lamparinas, e, nessa situação,
a percepção que Severino tem dos lugares que conhece é prejudicada pelas limitações da época e por sua própria ignorância.
b) A comparação de Recife com a “derradeira ave-maria/ do rosário”, assim como as várias rezas que Severino testemunha ao
longo da viagem, mostra a presença constante da religiosidade como um fator de atraso na vida dos nordestinos.
c) Ao final, fica claro para o leitor que a vida no Recife também seria semelhante à das regiões menos desenvolvidas da Caatinga,
do Agreste e da Zona da Mata, porque a pobreza não é causada pelas condições naturais, mas por uma estrutura social
excludente.
d) O empenho social de João Cabral de Melo Neto é o de sugerir aos retirantes que não saiam de sua terra, visto que, sem
preparo, eles enfrentam dificuldades enormes no Recife, valendo mais a pena procurar desenvolver sua própria região.
e) Ao chegar ao Recife, Severino ouve uma longa conversa entre dois coveiros e, percebendo que sua viagem havia sido inútil,
entende a conversa como uma sugestão e se suicida, atirando-se no rio Capibaribe.
18 .(Ufpr 2020) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas,
longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona,
de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o
açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!...
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente
em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada.
a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta de Deus.
b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza.
c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para fortalecer a
feição pitoresca da região.
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto
a condição humana.
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da valentia.
19. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2018) Mas... Houve um pequeno engano, um
contratempo de última hora, que veio
pôr dois bons sujeitos, pacatíssimos e
pacíficos, num jogo dos demônios, numa
comprida complicação.
O trecho acima faz parte do conto “Duelo”, uma das narrativas de Sagarana, de João Guimarães Rosa. Essa narrativa, como
um todo, apresenta
a) duas histórias de vingança que se entrelaçam, ou seja, um marido buscando o amante da esposa e um homem buscando o
assassino do irmão.
b) uma trama protagonizada por uma mulher de olhos bonitos, sempre grandes, de cabra tonta, que se envolve com um
pistoleiro que acaba sendo morto por ela.
c) as peripécias vividas por um capiau que se torna o agente de um crime contra seu compadre e amigo, Cassiano Gomes, por
desavenças de traição amorosa.
d) cenas de adultério praticadas por dona Silivânia, no mais doce, dado e descuidoso dos idílios fraudulentos, com o amante
Turíbio Todo, o que provoca tragédia entre seus pretendentes.
20.(Fuvest 2020) Agora, o Manuel Fulô, este, sim! Um sujeito pingadinho, quase menino – “pepino que encorujou desde
pequeno” – cara de bobo de fazenda, do segundo tipo –; porque toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote baixote,
de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola, meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de fechar a cara e roncar
voz, todo enfarruscado, para mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso manhoso de dono de hotel. E, em suas
feições de caburé*** insalubre, amigavam‐se as marcas do sangue aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que boi
lambeu; dentes de fio em meia‐lua; malares pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia; olhinhos de viés e nariz
peba, mongol. Guimarães Rosa, “Corpo fechado”, de Sagarana.
*sem pelos, sem barba **tolo ***mestiço
a) há clara antipatia do narrador para com a personagem, que por isso é caracterizada como “bobo de fazenda”.
b) estão presentes traços de diferentes etnias, de modo a refletir a mescla de culturas própria ao estilo do livro.
c) a expressão “caburé insalubre” denota o determinismo biológico que norteia o livro.
d) é irônico o trecho “para mostrar brabeza”, pois ao fim da narrativa Manuel Fulô sofre derrota na luta física.
e) se apontam em sua fisionomia os “olhinhos de viés” para caracterizar a personagem como ingênua.
a) antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve como
epígrafe.
b) assemelha‐se ao caráter existencial da disputa entre Brilhante, Dansador e Rodapião na novela “Conversa de Bois”.
c) reúne as três figurações do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, assim denominados: Augusto Estêves,
Nhô Augusto e Augusto Matraga.
d) representa o misticismo e a atmosfera de feitiçaria que envolve o preto velho João Mangalô e sua desavença com o narrador‐
personagem José, em “São Marcos”.
e) constitui uma das cantigas de “O burrinho Pedrês”, em que a sagacidade da boiada se sobressai à ignorância do burrinho.
Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não esmorecem
nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro
da multidão movediça há giros estranhos, que não os deslocamentos normais do gado em marcha — quando sempre alguns
disputam a colocação na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase,
com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para trás, no coice da procissão.
– Eh, boi lá!... Eh-ê-ê-eh, boi!... Tou! Tou! Tou...
As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada,
com atritos de couros, estralos e guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com
muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
"Um boi preto, um boi pintado,
cada um tem sua cor.
Cada coração um jeito
de mostrar seu amor".
Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito...
Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...
ROSA J. G. O burrinho pedrês. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968.
Próximo do homem e do sertão mineiros, Guimarães Rosa criou um estilo que ressignifica esses elementos. O fragmento
expressa a peculiaridade desse estilo narrativo, pois
João Guimarães Rosa, nesse fragmento de conto, resgata a cultura popular ao registrar
a) trechos de cantigas.
b) rituais de mandingas.
c) citações de preceitos.
d) cerimônias religiosas.
e) exemplos de superstições.
24. (Pucrs Medicina 2021) O poema a seguir integra O livro das semelhanças, publicado em 2015 pela poeta mineira Ana
Martins Marques (1977).
Acidente
Escrevi este poema no último dia
depois disso não nos vimos mais
a princípio trocamos telefonemas
em que você sempre parecia estar prestes a perder o trem
enquanto eu sempre parecia ter acabado de perdê-lo
escrevi este poema depois do primeiro telefonema
você falava sobre vistos e repartições
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25. (Ufgd 2022) Não tomei café, ia andando meio tonta. A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos
impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível só ter ar no estômago. Comecei a sentir a boca amarga.
Pensei: já não bastam as amarguras da vida? Parece que quando nasci o destino marcou-me para passar fome. Catei um saco
de papel. Ia catando tudo que encontrava.
JESUS, Carolina Maria de, 1914-1977. Quarto de despejo: diário de uma favelada / Carolina Maria de Jesus; ilustração Vinicius
Rossignol Felipe. – 10. ed. – São Paulo: Ática, 2014. 200p.: il.
Com base nos elementos e na interpretação da obra Quarto de Despejo, Diário de uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus,
assinale a alternativa correta.
a) A obra elabora o cotidiano da narradora-personagem e revela a discriminação e a marginalização da mulher negra na
sociedade brasileira.
b) A obra explora a questão da liberdade de expressão em um contexto de Ditadura Militar.
c) A narrativa da autora em terceira pessoa aborda a questão da miséria humana e da subalternidade em sociedades
autoritárias.
d) A narrativa que compõe a obra denuncia a exploração dos empregados domésticos no contexto neoliberal nas três últimas
décadas, no Brasil.
e) A ascensão da chamada Classe “C” e o consumismo são os temas principais dos poemas que compõem a obra.
26. (Uepg 2022) Em relação a Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale o que for correto.
01) O título de Quarto de despejo traz uma expressão empregada em diversos momentos por Carolina como sinônimo da favela.
No texto da obra abundam metáforas e comparações, como no trecho a seguir, em que a protagonista compara o barraco ruindo
ao restante de sua vida, igualmente destroçada: “Voltei para o meu barraco imundo. Olhava o meu barraco envelhecido. As
tabuas negras e podres. Pensei: está igual a minha vida!” (JESUS, 2018, p. 175).
02) Quarto de despejo retrata os personagens da favela em diversas situações em que são alvo de preconceito, sobretudo devido
à situação de extrema pobreza em que se encontram. Todavia, é possível também identificar passagens em que o preconceito
é exclusivamente racial: “...Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circos. Eles respondia-me: – É pena você ser preta”
(JESUS, 2018, p. 64). Situações como a relatada acima fazem com que Carolina sinta vergonha e desgosto por ser negra.
04) No diário de Carolina, os apontamentos sobre o cotidiano mesclam festividades à sofrível realidade da favela, como podemos
notar no registro a seguir, de 31 de dezembro de 1958: “Hoje uma nortista foi para o hospital ter filhos e a criança nasceu morta.
Ela está tomando soro. A sua mãe está chorando, porque ela é filha única. Tem baile na casa do Vitor” (JESUS, 2018, p. 149).
Nem sempre é possível à protagonista vivenciar apenas alegria e esperança, mesmo em ocasiões tradicionalmente marcadas
por esses sentimentos e, naturalmente, isso transparece em seu texto.
08) Ao longo de Quarto de despejo, os momentos de alegria de Carolina, relativamente frequentes no início, tornam-se raros, e
é possível perceber que a personagem deixa de cantar e sorrir devido às incontáveis dificuldades enfrentadas em todos os
planos. Um registro especialmente curto, de 3 de setembro de 1958, denota falta de motivação inclusive para escrever: ”Ontem
comemos mal. E hoje pior” (JESUS, 2018, p. 120). A protagonista parece pouco ter a acrescentar ao que já está registrado em
seu diário: o retrato de uma existência de sofrimentos aparentemente infindáveis.
16) “... As vezes mudam algumas familias para a favela, com crianças. No inicio são iducadas, amaveis. Dias depois usam o calão,
são soezes e repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na sala de
visita e foram para o quarto de despejo” (JESUS, 2018, p. 38). No trecho acima, podemos perceber um retrato do ambiente
modificando a conduta moral das pessoas, o que transmite um ponto de vista determinista bastante presente na obra. A
impressão geral, ao ler o diário, é que, uma vez inserido naquele ambiente, não há como fugir ou resistir à influência do meio.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada, p. 20. São Paulo: Ática, 2014.
(Uepg 2022) A respeito do excerto acima, retirado do livro “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, assinale o que for
correto.
01) Na oração “O Sol está tepido”, o termo destacado precisaria receber um acento gráfico para se adequar à norma-padrão.
02) Na oração “Fui buscar agua”, o termo destacado precisaria receber um acento gráfico para se adequar à norma-padrão.
04) Na oração “o feijão estava cosido”, o termo destacado, para se adequar ao contexto da frase, deveria receber uma alteração
ortográfica.
08) Na oração “O céu azul sem nuvem”, o termo destacado precisaria receber um acento gráfico para se adequar à norma-
padrão.
elaborada, afinal os socialmente desprivilegiados, os jovens, todos nós temos sim a capacidade e o direito inalienável de nos
apropriar desse patrimônio cultural que é a língua portuguesa culta.
São excelentes argumentos. Contudo, a questão relevante para os estetas é muito diferente das questões exclusivamente
sociais classistas, linguísticas, didáticas ou mercadológicas. Para os estetas, a verdadeira e relevante questão, eliminada pelos
outros saberes, é a qualidade literária intrínseca do Diário de uma favelada. Ela existe? Claro que sim. A qualidade literária, as
reflexões e emoções estéticas que ela desperta no leitor dependem ou não da forma como Carolina Maria de Jesus se expressa?
É possível separar forma, conteúdo, expressividade, subjetividade, afetividade, gramaticalidade, sociedade etc.? O efeito da
leitura sobre nós não depende justamente das “escolhas” daqueles vocábulos errados feitas pela autora? Tentar separar esses
elementos não seria decepar elementos essenciais da obra?
[...]
Adaptado de: GODOY, Thaís de. Quarto de despejo e a norma culta. Disponível em:
<https://poeticadebotequim.com/2019/06/28/quarto-de-despejo-e-a-norma-culta/>. Acesso em: 14/04/2021.
(Uepg-pss 3 2022) Considerando o texto “Quarto de despejo e a norma culta”, assinale o que for correto.
01) A autora Thaís de Godoy afirma em seu texto que são necessárias correções de acordo com a norma culta no livro “Diário
de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus, para que a obra adquira uma qualidade literária intrínseca.
02) De acordo com Thaís de Godoy, existe uma qualidade literária intrínseca no livro “Diário de uma favelada”, de Carolina Maria
de Jesus.
04) Conforme Thaís de Godoy, saber se existe ou não qualidade literária no livro “Diário de uma favelada”, de Carolina Maria de
Jesus, é uma questão que desperta o interesse de quem se interessa pela estética.
08) Podemos afirmar que, de acordo com Thaís de Godoy, para os especialistas em estética, questões referentes às classes
sociais, à linguística, à didática ou ao mercado ficam em segundo plano em relação à qualidade literária da obra.
FANIN, Angela M. R.; VILELA, Carla P. A centralidade da linguagem e do trabalho em Quarto de Despejo. Disponível em:
<http://saber.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/viewfile/9753/8013>. Acesso em: 25/09/21.
(Uepg 2022) Após reler o excerto do texto “A centralidade da linguagem e do trabalho em Quarto de Despejo”, reproduzido
acima, assinale o que for correto.
01) Os termos “híbrida”, “gênero” e “próxima” recebem acentos gráficos por terem suas sílabas tônicas nas antepenúltimas
sílabas.
02) O vocábulo “código” recebe acento gráfico por ter sua sílaba tônica na penúltima sílaba.
04) A palavra “maniqueístas” não recebe acento gráfico quando escrita em sua forma singular.
08) As palavras “pragmático” e “estereótipos” recebem acentos gráficos por terem suas sílabas tônicas nas antepenúltimas
sílabas.
31. (Uepg 2021) Em relação a Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale o que for correto.
01) Em Quarto de Despejo, os escritos de Carolina Maria de Jesus funcionam como veículo de denúncia social especialmente em
relação às condições sub-humanas vivenciadas pelos moradores da antiga favela do Canindé, em São Paulo. Manifestações de
violência graves ocorrem na comunidade e a personagem lamenta, sobretudo, o fato de as crianças assistirem a tudo,
aprendendo a proceder da mesma forma. Podemos verificar o que Carolina chama de “espetáculos da favela” em inúmeros
registros ao longo do diário.
02) Observe um fragmento do diário de Carolina, referente ao dia 7 de janeiro de 1959: “[...] Hoje eu fiz arroz e feijão e fritei
ovos. Que alegria! Ao escrever isto vão pensar que no Brasil não há o que comer. Nós temos. Só que os preços nos impossibilita
de adquirir” (JESUS, 2014, p. 151). Essa anotação exemplifica uma opinião da personagem ressaltada de forma bastante
recorrente na obra: a de que o problema do Brasil não é a escassez de alimentos, mas a distribuição desigual de renda, que
culmina em uma divisão indevida de gêneros alimentícios entre a população.
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04) A linguagem utilizada em Quarto de Despejo se aproxima da oralidade, traço que confere à obra uma maior aparência de
realidade. Uma particularidade do estilo da escrita de Carolina são as frases curtas que atribuem ao texto uma fluidez natural e
conferem um ritmo peculiar à leitura. Ademais, assuntos diversos são tratados em um mesmo registro, característica do gênero
diário que também contribui com a aparência de um diálogo espontâneo com o leitor. É o que podemos notar no fragmento a
seguir, de 6 de dezembro de 1958: “Deixei o leito as 4 da manhã. Liguei o radio para ouvir o amanhecer do tango. ... Eu fiquei
horrorisada quando ouvi as crianças comentando que o filho do senhor Joaquim foi na escola embriagado. É que o menino está
com 12 anos. Eu hoje estou muito triste” (JESUS, 2014, p. 142).
08) A escrita do gênero diário consiste em uma atividade dialógica, ou seja, o texto pressupõe um interlocutor, ainda que virtual.
Alguns diários íntimos somente dialogam com esse leitor potencial e não transparecem a intenção de serem lidos de fato. No
texto de Quarto de Despejo, todavia, é possível detectar um projeto de escrita, o esboço de um texto que pretende ser publicado
e lido por leitores reais.
16) Rachel de Queiroz, em crônica para O Cruzeiro, em 3 de dezembro de 1960, argumenta sobre Quarto de Despejo: “Anotando
dia a dia os fatos e os comentários que lhe são sugeridos por aquela vida que a gente só imagina, mas nenhum de nós conhece
no seu brutal realismo, Carolina consegue suscitar as reações mais diversas em cada leitor”. A escrita de Carolina possibilita a
sensibilização do leitor sobretudo pela realidade que transparece ao ser escrita por alguém que ficcionaliza a partir de situações
vivenciadas de fato. O leitor acompanha a rotina sofrida da mulher marginalizada por ser negra, pobre, favelada e mãe solteira
e se condói com as situações extremas enfrentadas por ela. Ao final da obra, contudo, o leitor se deleita com o registro do
triunfo de Carolina, que obtém sucesso em suas publicações e consegue sair da favela, sua maior aspiração.
32. (Uem 2021) Sobre a obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus (São Paulo: Ática, 2014),
assinale o que for correto.
01) A personagem-narradora assume uma perspectiva memorialista e autobiográfica para focalizar a vida na favela. O livro,
escrito em forma de diário, aborda diversas temáticas, entre elas o racismo, o preconceito, o descaso social, a mortalidade
infantil e a violência.
02) Para sustentar-se e aos seus três filhos, Carolina, mulher pobre, negra e semianalfabeta, via-se obrigada a catar papéis,
metais, litros e outros objetos nas ruas de São Paulo, em um cenário de desemprego, ainda mais perverso para mulheres negras
e que criam seus filhos sozinhas.
04) A fome, para a protagonista, adquiria a cor roxa, cor esta visível nos rostos das crianças, que sofriam toda espécie de
privação. A narradora, entretanto, conta que as autoridades mantinham, na década de 1960, projetos de inclusão social que
atenuavam o desamparo dos favelados.
08) O texto congrega metalinguagem, denúncia social e política, além de sequências poéticas, como no fragmento: “A noite está
tepida. O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou exotica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido” (p.
32).
16) A narrativa conta a história de uma família que vive na comunidade da Rocinha, em São Paulo, e que, após muita luta,
consegue frequentar círculos sociais compostos por novos ricos. Apesar de todo o sofrimento, Carolina sentia-se feliz no seu
casamento com José Carlos.
20 de julho de 1955
Deixei o leito as 4 horas para escrever. Abri a porta e contemplei o céu estrelado. Quando o astro-rei começou despontar eu fui
buscar água. Tive sorte! As mulheres não estavam na torneira. Enchi minha lata e zarpei. (...) Fui no Arnaldo buscar o leite e o
pão. Quando retornava encontrei o senhor Ismael com uma faca de 30 centimetros mais ou menos. Disse-me que estava a espera
do Binidito e do Miguel para matá-los, que êles lhe expancaram quando êle estava embriagado.
Lhe aconselhei a não brigar, que o crime não trás vantagens a ninguem, apenas deturpa a vida. Senti o cheiro do alcool, disisti.
Sei que os ébrios não atende.
Adaptado de: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo. São Paulo: Ática, 2000.
(Uepg-pss 3 2021) Sobre o trecho do livro Quarto de Despejo, reproduzido acima, assinale o que for correto.
01) No período “estava a espera do Binidito e do Miguel para matá-los”, o termo “para” transmite uma ideia de objetivo ou
finalidade.
02) No período “estava a espera do Binidito e do Miguel para matá-los, que êles lhe expancaram”, o termo “que” introduz uma
ideia de explicação ou justificativa.
04) No período “Lhe aconselhei a não brigar, que o crime não trás vantagens”, o termo “que” pode ser substituído pela palavra
“pois”, sem prejuízo para o entendimento do trecho.
08) No período “êles lhe expancaram quando êle estava embriagado”, a palavra “êle” faz referência ao personagem Ismael.
20 de julho de 1955
Deixei o leito as 4 horas para escrever. Abri a porta e contemplei o céu estrelado. Quando o astro-rei começou despontar eu fui
buscar água. Tive sorte! As mulheres não estavam na torneira. Enchi minha lata e zarpei. (...) Fui no Arnaldo buscar o leite e o
pão. Quando retornava encontrei o senhor Ismael com uma faca de 30 centimetros mais ou menos. Disse-me que estava a espera
do Binidito e do Miguel para matá-los, que êles lhe expancaram quando êle estava embriagado.
Lhe aconselhei a não brigar, que o crime não trás vantagens a ninguem, apenas deturpa a vida. Senti o cheiro do alcool, disisti.
Sei que os ébrios não atende.
Adaptado de: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo. São Paulo: Ática, 2000.
(Uepg-pss 3 2021) A escritora Carolina Maria de Jesus redigiu sua obra mais famosa, Quarto de Despejo, em 1955, quando a
ortografia era diferente da atual. Além disso, a autora não escrevia de acordo com o padrão gramatical, mas sim de acordo
com a variedade popular da língua. Identifique apenas vocábulos grafados de maneira ortograficamente adequada, de acordo
com o padrão atual, e assinale o que for correto.
35. (Uem 2020) Sobre o livro Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), de Carolina Maria de Jesus, assinale o que
for correto.
01) A narrativa, escrita em forma de diário, começa no dia do aniversário de Vera Eunice, filha da autora, que recebe de presente
um par de sapatos achado no lixo. Ao longo da obra, o leitor percebe como a escritora, que sobrevive do lixo e de materiais
recicláveis, encontra sua resistência na escrita e nos livros.
02) A escritora descreve a dura realidade de uma mulher negra, moradora da favela, que trabalhava como catadora de papel,
faxineira e lavadeira para sustentar seus três filhos. O livro apresenta os relatos dessa mulher que vivenciou as mazelas das
camadas mais marginalizadas da sociedade.
04) Apesar da linguagem simples, contudo original, Carolina Maria de Jesus se revela uma escritora atenta à realidade social do
Brasil. Questionadora, crítica da classe política, sua escrita se impõe vigorosa por sua atualidade, ainda que passadas décadas
de sua publicação.
08) Entre as situações abordadas na obra, há relatos de discriminação racial e social; há, também, diálogos, descrições de
encontros amorosos, de festas, de brigas e de outros conflitos cotidianos. A fome, entretanto, é um dos assuntos mais
abordados.
16) No diário, inúmeras são as passagens que informam que a escritora foi candidata ao cargo de vereadora, em 1958,
evidenciando sua grande participação no cenário político nacional da época.
36. (Ufrgs 2018) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) A história, estruturada em forma de diário, abarca cinco anos da vida de Carolina, que, segundo a narradora, suporta sua
rotina de fome e violência através da escrita.
( ) A autora produz uma narrativa de grande potência, apesar dos desvios gramaticais presentes no texto.
( ) A narradora reflete sobre desigualdade social e racismo. A força do texto está no depoimento de quem sente essas mazelas
no corpo e ainda assim se apresenta como voz vigorosa e propositiva.
( ) O livro, relato atípico na tradição literária brasileira, nunca obteve sucesso editorial, permanecendo esquecido até os dias
de hoje.
a) F – V – F – F.
b) V – F – V – V.
c) V – F – F – V.
d) V – V – V – F.
e) F – V – V – V.
37. A leitura de Nove noites, só NÃO permite depreender que Buell Quain era um sujeito:
a) Arredio.
b) Desprendido.
c) Introspectivo.
d) Ganancioso.
38. O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth
Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de representar
aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos, desde a poesia de
Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de um
ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934:
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta romântica
ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos quais a cultura
de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por
meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas
moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode ser
no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio. (BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos
de organização social: leituras de sociologia e antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-
513.)
Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a alternativa em
que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo romântico”, ou, segundo
definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”
a) “Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma burrice incrível, se não um
masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”.
b) “São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um mundo que eles tentam
entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi o meu caso. Não sou antropólogo e não tenho uma
boa alma. Fiquei cheio”.
c) “Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que começaram a cair doentes, um
depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o tempo descobriram a causa do envenenamento do rio Vermelho.
Um hospital, construído rio acima, [...] estava despejando o lixo hospitalar naquelas águas”.
d) “Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não obtêm o que desejam e nunca
mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O clima é anárquico e nada agradável”.
e) “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou entre
esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua irmã, seu primo,
sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino antropólogo”.
39. (Ufpr 2023) Assinale a alternativa correta a respeito de Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto.
a) Severino constata a presença reiterada da morte em seu percurso e afirma: “só a morte deparei / e às vezes até festiva”; a
festa a que ele se refere comemorava o Dia de Finados, também conhecido como Dia dos Mortos.
b) Chegando à Zona da Mata, Severino se anima ao perceber que os rios que correm naquela região não se interrompem, o que
torna a terra mais fértil, porém em seguida ele se depara com mais um enterro.
c) Após escutar uma conversa entre dois coveiros que trabalham em cemitérios de Recife, Severino compreende que só a morte
pode igualar as pessoas, pois, a partir do momento em que os corpos são enterrados, as diferenças sociais deixam de existir.
d) O auto se encerra com uma fala em que, antevendo que seu filho recém-nascido teria uma vida tão difícil quanto a do retirante
que ele conhecera um pouco antes, Seu José pergunta se não seria melhor para Severino desistir de viver.
e) As referências ao tamanho pequeno das covas nos cemitérios do interior, como por exemplo em “Esta cova em que estás /
com palmos medida”, relacionam-se ao tamanho dos próprios versos de Morte e vida severina, que têm sempre a mesma
medida.
40. Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em 1952) e Bernardo Carvalho (nascido em 1960) já garantiram
seu lugar no panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea. Relato de um certo oriente, publicado em 1989,
marcou a estreia de Milton Hatoum na literatura. Nove noites, publicado em 2002, é o sétimo livro lançado por Bernardo
Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o livro de contos Aberração.
A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove noites, considere as seguintes afirmativas:
1. Milton Hatoum consegue trazer para a sua ficção o espaço amazonense sem cair no exagero do exotismo; Bernardo Carvalho,
por sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na ficção, de fatos e personagens históricos, autobiografia e experiências
pessoais.
2. Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam compreender o passado, conscientes da obrigação histórica de
recuperá-lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória trágica de uma família que viveu em
Manaus; Nove noites investiga a morte de um antropólogo no sul do Maranhão, para entregar ao leitor a solução de um mistério
até então não resolvido.
3. A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os passos/O rosto e o ponto do encontro” (em tradução de
Sandra Stroparo e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton Hatoum. O título do romance de
Bernardo Carvalho se refere às nove noites que o antropólogo Buell Quain passou na companhia de Manoel Perna, durante a
sua estada entre os índios Krahô.
4. O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode ser verificado na humilhação e nos abusos sofridos pelas
caboclas e índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos dois “inomináveis”. Em Nove noites, a
narração do jornalista volta a momentos centrais da história do Brasil no século XX – Estado Novo, Ditadura Militar e Período
Democrático –, marcando a situação de vulnerabilidade permanente dos índios num mundo de brancos.
5. Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e seus filhos, com a curiosidade natural do imigrante,
atravessam constantemente o rio que separa a cidade da floresta. Da mesma forma, o narrador-jornalista de Nove noites visita
inúmeras vezes os índios Krahô, em busca de informações sobre o suicídio de Buell Quain.
41. Observe o fragmento a seguir, extraído do romance Nove noites (2006), de Bernardo Carvalho.
O Xingu, em todo o caso, ficou guardado na minha memória como a imagem do inferno. Não entendia o que dera na cabeça dos
índios para se instalarem lá, [...]. Não pensei mais no assunto até o antropologo que por fim me levou aos Krahô, em agosto de
2001, me esclarecer: “Veja o Xingu. Por que os índios estão lá? Porque foram sendo empurrados, encurralados, foram fugindo
até se estabelecerem no lugar mais inóspito e inacessível, o mais terrível para a sua sobrevivência, e ao mesmo tempo sua última
e única condição. O Xingu foi o que lhes restou”.
Fonte: CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p.64-65.
a) No fragmento, fica implícita a ideia de que o sacrifício dos Krahô é inevitável para o surgimento de uma nova ordem, neoliberal
e globalizada.
b) Na passagem, fica nítido o desconforto do narrador em relação ao Xingu e o seu desconhecimento relativo à situação dos
indígenas, o que reproduz a ignorância generalizada em torno das necessidades dessas populações.
c) O excerto tem o seu sentido complementado por outra passagem do romance, na qual o narrador afirma que os Krahô são
“os órfãos da civilização. Estão abandonados” (p.97)
d) Na passagem, a afirmação de que o Xingu é a “última e única condição” dos Krahô é uma revelação com clara conotação
trágica.
e) A passagem assinala o estranhamento do narrador-personagem em relação aos Krahô, estranhamento reforçado em outras
situações, como, por exemplo, quando o personagem resiste a participar dos rituais da tribo.
42. Considerando a obra "Nove noites" e a introdução a seguir, assinale a alternativa correta.
"Isto é para quando você vier. É preciso estar preparado. Alguém terá que preveni-lo. Vai entrar numa terra em que a verdade e
a mentira não têm mais os sentidos que o trouxeram até aqui. Pergunte aos índios. Qualquer coisa. O que primeiro lhe passar
pela cabeça. E amanhã, ao acordar, faça de novo a mesma pergunta." Bernardo Carvalho. "Nove noites".
a) O fragmento acima refere-se a carta que Buell Quain escrevera antes de cometer o suicídio e que fora deixada para Manoel
Perna, seu grande amigo, como forma de atestar a inocência dos índios.
b) A narrativa é constituída por relatos verídicos, incluindo cientistas verdadeiros como Lévi-Strauss (antropologo) e as respostas
às indagações sobre a morte de Buell Quain encontravam-se em poder dos índios Krahô.
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c) Na busca de dados sobre Buell Quain, o narrador volta ao Xingu para ouvir o que os índios lembravam de Quain, conseguindo,
durante o tempo que lá permaneceu, o testemunho dos índios envolvidos no mistério do suicídio.
d) O autor Bernardo Carvalho constrói uma obra diferente e complexa, em que mistura realidade e ficção, apresentando um
enigma em torno de um suicídio cujas causas serão investigadas. Porém, a verdade permanecerá ambígua.
... As vezes mudam algumas famílias para a favela, com crianças. No início são iducadas, amaveis. Dias depois usam o calão, são
soezes e repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na sala de visita
e foram para o quarto de despejo.
(JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 38.)
A respeito de Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, considere as seguintes afirmativas:
1. Carolina acredita que a vida na favela é perniciosa para a formação das crianças, porém, como ali não chegam informações
relevantes sobre a vida pública, ela é incapaz de emitir opiniões políticas ou de se revoltar.
2. João, José Carlos e Vera tendem a se “transformar em chumbo” porque, ao priorizar a escrita e divulgação de seu diário,
Carolina muitas vezes descuida das atividades domésticas e da atenção aos próprios filhos.
3. A metáfora “quarto de despejo” é repetida em várias passagens do diário para significar a exclusão, o não pertencimento a
espaços em que a dignidade da vida humana estivesse garantida.
4. Palavras escritas sem obediência à norma padrão aparecem com frequência, porém os raciocínios que a autora elabora são
complexos e o cotidiano é muitas vezes descrito com lirismo.
44.(Ufrgs 2019) Leia este trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.
I. Está presente no fragmento uma tensão que perpassa o conjunto do livro: ao mesmo tempo em que se apropria da experiência
de pobreza e violência da favela, Carolina quer diferenciar-se dela.
II. Audálio Dantas aparece como figura que representa oportunidade de publicação e autoridade letrada.
III. Aparece no fragmento uma alternância narrativa que marca Quarto de despejo: do dia a dia inclemente na favela para certa
linguagem literária idealizada por Carolina.
Considerando esse poema e a integralidade da obra de que foi retirado, assinale a alternativa correta.
a) O poema apresenta eventos sobrenaturais, envolvendo objetos raros e incomuns.
b) O verbo “quebrar”, quando se refere ao eu do poema, é empregado em sentido figurado.
c) O poema usa parênteses em dois versos, sendo que no primeiro a expressão retomada é a pia da cozinha.
d) O texto afirma que os copos são mastigados à noite e deixam na boca um gosto de sabão misturado ao de sangue.
e) Os cacos de copo são deixados no chão de mármore, onde é costume se deitar à noite.
Exercício 1
e) “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou entre
esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua irmã, seu primo,
sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino antropólogo”.
Exercício 2
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras. Milton Hatoum é um escritor que caracteriza por fazer obras que envolve
ficção e o espaço amazonense sem cair no exagero e no exotismo. Já o escritor Bernardo Carvalho, apresenta obras que se
caracterizam por apresentarem uma grande tensão do realismo pela inclusão de fatos e também de personagens históricos. Os
nativos trataram em o “Relato de um certo Oriente” de uma humilhação e de abusos sofridos pelas caboclas e índias.
Exercício 3
a) No fragmento, fica implícita a ideia de que o sacrifício dos Krahô é inevitável para o surgimento de uma nova ordem, neoliberal
e globalizada.
Exercício 4
d) O autor Bernardo Carvalho constrói uma obra diferente e complexa, em que mistura realidade e ficção, apresentando um
enigma em torno de um suicídio cujas causas serão investigadas. Porém, a verdade permanecerá ambígua.
Exercício 5
e) Apenas a alternativa E está correta
Exercício 6
d) Apenas a alternativa D está correta. O livro é dividido em quatro seções ("Livro", "Cartografias", "Visitas ao lugar-comum" e
"O livro das semelhanças").
Exercício 7
b) Mário rejeita as reservas maternas com censura moral.
Exercício 8
a) A destruição do espelho a leva a desejar a morte, pois sugere o alívio para a frustração amorosa.
Exercício 9
a) Apenas a alternativa A está correta
Exercício 10
b) Apenas a alternativa B está correta
Exercício 11
e) A morte de Matraga é o desfecho de um combate que resulta em morte dupla, sinalizando a redenção que Nhô Augusto
prenuncia quando diz “P’ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!...”.
Exercício 12
d) trata da temática que descarta a morte como solução para os problemas.
Exercício 13
c) representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição.
Exercício 14
c) incorporam elementos da tradição local em um contexto teatral.
Exercício 15
a) V – V – F – V.
Exercício 16
e) I, II e III.
Exercício 17
c) Ao final, fica claro para o leitor que a vida no Recife também seria semelhante à das regiões menos desenvolvidas da Caatinga,
do Agreste e da Zona da Mata, porque a pobreza não é causada pelas condições naturais, mas por uma estrutura social
excludente.
Exercício 18
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto
a condição humana.
Exercício 19
a) duas histórias de vingança que se entrelaçam, ou seja, um marido buscando o amante da esposa e um homem buscando o
assassino do irmão.
Exercício 20
b) estão presentes traços de diferentes etnias, de modo a refletir a mescla de culturas própria ao estilo do livro.
Exercício 21
a) antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve como
epígrafe.
Exercício 22
e) expressa o fluir do rebanho e dos peões por meio de recursos sonoros e lexicais.
Exercício 23
e) exemplos de superstições.
Exercício 24
b) As imagens que remetem a desencontros e dificuldades de comunicação indicam uma relação tensa ou mal resolvida entre o
“eu” e o “você” do poema.
Exercício 25
a) A obra elabora o cotidiano da narradora-personagem e revela a discriminação e a marginalização da mulher negra na
sociedade brasileira.
Exercício 26
01) O título de Quarto de despejo traz uma expressão empregada em diversos momentos por Carolina como sinônimo da favela.
No texto da obra abundam metáforas e comparações, como no trecho a seguir, em que a protagonista compara o barraco ruindo
ao restante de sua vida, igualmente destroçada: “Voltei para o meu barraco imundo. Olhava o meu barraco envelhecido. As
tabuas negras e podres. Pensei: está igual a minha vida!” (JESUS, 2018, p. 175).
04) No diário de Carolina, os apontamentos sobre o cotidiano mesclam festividades à sofrível realidade da favela, como podemos
notar no registro a seguir, de 31 de dezembro de 1958: “Hoje uma nortista foi para o hospital ter filhos e a criança nasceu morta.
Ela está tomando soro. A sua mãe está chorando, porque ela é filha única. Tem baile na casa do Vitor” (JESUS, 2018, p. 149).
Nem sempre é possível à protagonista vivenciar apenas alegria e esperança, mesmo em ocasiões tradicionalmente marcadas
por esses sentimentos e, naturalmente, isso transparece em seu texto.
08) Ao longo de Quarto de despejo, os momentos de alegria de Carolina, relativamente frequentes no início, tornam-se raros, e
é possível perceber que a personagem deixa de cantar e sorrir devido às incontáveis dificuldades enfrentadas em todos os
planos. Um registro especialmente curto, de 3 de setembro de 1958, denota falta de motivação inclusive para escrever: ”Ontem
comemos mal. E hoje pior” (JESUS, 2018, p. 120). A protagonista parece pouco ter a acrescentar ao que já está registrado em
seu diário: o retrato de uma existência de sofrimentos aparentemente infindáveis.
16) “... As vezes mudam algumas familias para a favela, com crianças. No inicio são iducadas, amaveis. Dias depois usam o calão,
são soezes e repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na sala de
visita e foram para o quarto de despejo” (JESUS, 2018, p. 38). No trecho acima, podemos perceber um retrato do ambiente
modificando a conduta moral das pessoas, o que transmite um ponto de vista determinista bastante presente na obra. A
impressão geral, ao ler o diário, é que, uma vez inserido naquele ambiente, não há como fugir ou resistir à influência do meio.
Exercício 27
02) Na oração “Os filhos pediram pão”, o termo destacado está perfeitamente adequado à norma-padrão.
04) Na oração “Fui lavar minhas roupas”, o termo destacado tem como função estabelecer uma relação de posse entre a pessoa
do discurso e o termo “roupas”.
08) Na oração “Um dia maravilhoso”, o termo destacado está perfeitamente adequado à norma-padrão.
Exercício 28
01) Na oração “O Sol está tepido”, o termo destacado precisaria receber um acento gráfico para se adequar à norma-padrão.
02) Na oração “Fui buscar agua”, o termo destacado precisaria receber um acento gráfico para se adequar à norma-padrão.
04) Na oração “o feijão estava cosido”, o termo destacado, para se adequar ao contexto da frase, deveria receber uma alteração
ortográfica.
Exercício 29
02) De acordo com Thaís de Godoy, existe uma qualidade literária intrínseca no livro “Diário de uma favelada”, de Carolina Maria
de Jesus.
04) Conforme Thaís de Godoy, saber se existe ou não qualidade literária no livro “Diário de uma favelada”, de Carolina Maria de
Jesus, é uma questão que desperta o interesse de quem se interessa pela estética.
08) Podemos afirmar que, de acordo com Thaís de Godoy, para os especialistas em estética, questões referentes às classes
sociais, à linguística, à didática ou ao mercado ficam em segundo plano em relação à qualidade literária da obra.
Exercício 30
01) Os termos “híbrida”, “gênero” e “próxima” recebem acentos gráficos por terem suas sílabas tônicas nas antepenúltimas
sílabas.
08) As palavras “pragmático” e “estereótipos” recebem acentos gráficos por terem suas sílabas tônicas nas antepenúltimas
sílabas.
Exercício 31
01) Em Quarto de Despejo, os escritos de Carolina Maria de Jesus funcionam como veículo de denúncia social especialmente em
relação às condições sub-humanas vivenciadas pelos moradores da antiga favela do Canindé, em São Paulo. Manifestações de
violência graves ocorrem na comunidade e a personagem lamenta, sobretudo, o fato de as crianças assistirem a tudo,
aprendendo a proceder da mesma forma. Podemos verificar o que Carolina chama de “espetáculos da favela” em inúmeros
registros ao longo do diário.
02) Observe um fragmento do diário de Carolina, referente ao dia 7 de janeiro de 1959: “[...] Hoje eu fiz arroz e feijão e fritei
ovos. Que alegria! Ao escrever isto vão pensar que no Brasil não há o que comer. Nós temos. Só que os preços nos impossibilita
de adquirir” (JESUS, 2014, p. 151). Essa anotação exemplifica uma opinião da personagem ressaltada de forma bastante
recorrente na obra: a de que o problema do Brasil não é a escassez de alimentos, mas a distribuição desigual de renda, que
culmina em uma divisão indevida de gêneros alimentícios entre a população.
04) A linguagem utilizada em Quarto de Despejo se aproxima da oralidade, traço que confere à obra uma maior aparência de
realidade. Uma particularidade do estilo da escrita de Carolina são as frases curtas que atribuem ao texto uma fluidez natural e
conferem um ritmo peculiar à leitura. Ademais, assuntos diversos são tratados em um mesmo registro, característica do gênero
diário que também contribui com a aparência de um diálogo espontâneo com o leitor. É o que podemos notar no fragmento a
seguir, de 6 de dezembro de 1958: “Deixei o leito as 4 da manhã. Liguei o radio para ouvir o amanhecer do tango. ... Eu fiquei
horrorisada quando ouvi as crianças comentando que o filho do senhor Joaquim foi na escola embriagado. É que o menino está
com 12 anos. Eu hoje estou muito triste” (JESUS, 2014, p. 142).
08) A escrita do gênero diário consiste em uma atividade dialógica, ou seja, o texto pressupõe um interlocutor, ainda que virtual.
Alguns diários íntimos somente dialogam com esse leitor potencial e não transparecem a intenção de serem lidos de fato. No
texto de Quarto de Despejo, todavia, é possível detectar um projeto de escrita, o esboço de um texto que pretende ser publicado
e lido por leitores reais.
Exercício 32
01) A personagem-narradora assume uma perspectiva memorialista e autobiográfica para focalizar a vida na favela. O livro,
escrito em forma de diário, aborda diversas temáticas, entre elas o racismo, o preconceito, o descaso social, a mortalidade
infantil e a violência.
02) Para sustentar-se e aos seus três filhos, Carolina, mulher pobre, negra e semianalfabeta, via-se obrigada a catar papéis,
metais, litros e outros objetos nas ruas de São Paulo, em um cenário de desemprego, ainda mais perverso para mulheres negras
e que criam seus filhos sozinhas.
08) O texto congrega metalinguagem, denúncia social e política, além de sequências poéticas, como no fragmento: “A noite está
tepida. O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou exotica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido” (p.
32).
Exercício 33
01) No período “estava a espera do Binidito e do Miguel para matá-los”, o termo “para” transmite uma ideia de objetivo ou
finalidade.
02) No período “estava a espera do Binidito e do Miguel para matá-los, que êles lhe expancaram”, o termo “que” introduz uma
ideia de explicação ou justificativa.
04) No período “Lhe aconselhei a não brigar, que o crime não trás vantagens”, o termo “que” pode ser substituído pela palavra
“pois”, sem prejuízo para o entendimento do trecho.
08) No período “êles lhe expancaram quando êle estava embriagado”, a palavra “êle” faz referência ao personagem Ismael.
Exercício 34
01) Leito, contemplei, despontar.
02) Enchi, zarpei, retornava.
08) Aconselhei, vantagens, deturpa.
Exercício 35
01) A narrativa, escrita em forma de diário, começa no dia do aniversário de Vera Eunice, filha da autora, que recebe de presente
um par de sapatos achado no lixo. Ao longo da obra, o leitor percebe como a escritora, que sobrevive do lixo e de materiais
recicláveis, encontra sua resistência na escrita e nos livros.
02) A escritora descreve a dura realidade de uma mulher negra, moradora da favela, que trabalhava como catadora de papel,
faxineira e lavadeira para sustentar seus três filhos. O livro apresenta os relatos dessa mulher que vivenciou as mazelas das
camadas mais marginalizadas da sociedade.
04) Apesar da linguagem simples, contudo original, Carolina Maria de Jesus se revela uma escritora atenta à realidade social do
Brasil. Questionadora, crítica da classe política, sua escrita se impõe vigorosa por sua atualidade, ainda que passadas décadas
de sua publicação.
08) Entre as situações abordadas na obra, há relatos de discriminação racial e social; há, também, diálogos, descrições de
encontros amorosos, de festas, de brigas e de outros conflitos cotidianos. A fome, entretanto, é um dos assuntos mais
abordados.
Exercício 36
d) V – V – V – F.
Exercício 37
d)
Exercício 38
e) “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou entre
esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua irmã, seu primo,
sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino antropólogo”.
Exercício 39
b) Chegando à Zona da Mata, Severino se anima ao perceber que os rios que correm naquela região não se interrompem, o que
torna a terra mais fértil, porém em seguida ele se depara com mais um enterro.
Exercício 40
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras
Exercício 41
a) No fragmento, fica implícita a ideia de que o sacrifício dos Krahô é inevitável para o surgimento de uma nova ordem, neoliberal
e globalizada.
Exercício 42
d) O autor Bernardo Carvalho constrói uma obra diferente e complexa, em que mistura realidade e ficção, apresentando um
enigma em torno de um suicídio cujas causas serão investigadas. Porém, a verdade permanecerá ambígua.
Exercício 43
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Exercício 44
e) I, II e III.
Exercício 45
b) O verbo “quebrar”, quando se refere ao eu do poema, é empregado em sentido figurado.
REVISÃO
SOBRE A OBRA: A obra falência é um romance realista-naturalista de Júlia Lopes de Almeida. A falência é o livro mais
famoso da escritora Júlia Lopes de Almeida. Conta a história de Camila, uma mulher burguesa, casada com Francisco
Teodoro (um rico empresário) e amante do doutor Gervásio. No entanto, com a falência e o posterior suicídio do marido,
ela precisa recomeçar. A narrativa está situada na última década do século XIX, no Rio de Janeiro, e mostra os primeiros
anos após a Proclamação da República. Assim, com uma linguagem objetiva e antirromântica, apresenta uma visão
realista sobre a sociedade da época e, também, traços naturalistas, como o determinismo. O livro, que possui 25 capítulos,
é uma obra realista, mas com traços naturalistas. Apresenta crítica à burguesia carioca do século XIX, pois, além da
temática do adultério, visivelmente antirromântica, mostra também a decadência de uma família burguesa.
CENA FINAL: Após dois anos viajando pelos Estados Unidos, o capitão Rino chegou ao Rio de Janeiro. Agora, em seu
sorriso, podia-se ver uma mistura de ironia adquirida através das crueldades do mundo, ensinadas aos homens. Catarina
(irmã de Rino) imediatamente percebeu a diferença nele ao levá-lo alegremente pelos girassóis de seu jardim. Ele havia
retornado em segurança. Na manhã seguinte, enquanto ele lia em voz alta um jornal, deparou-se com um anúncio de um
concerto de Ruth. Ele parou e soube de tudo através das cartas de Catarina. Virando-se para ela, fixou seus olhos claros
nela. Houve uma troca de confidências entre os dois rostos silenciosos. Então, inclinando-se um pouco para o irmão, a
moça perguntou em tom baixo: “Vai visitá-la agora? Rino hesitou, e depois, com o tom mais natural do mundo, respondeu
com outra pergunta: - Para quê?”
Assim, é possível observar um determinismo social (os personagens são fruto do meio em que vivem). Vale ressaltar
que a narrativa é composta de mulheres fortes e o livro questiona o modelo social da época.
DESFECHO: Mesmo com dificuldades, as mulheres começam a refazer a vida sem a “necessidade” de uma figura masculina
por perto.
ESTRUTURA DA OBRA
Uso do refrão e versos brancos
Predomínio de ordem direta das orações
DIVISÃO DA OBRA
É dividida em três partes, com um total de 80 liras e 13 sonetos.
Primeira parte: composta por 33 liras que foram publicadas em 1792 - Romance com Maria Doroteia (Marília) com teor
otimista e com aspectos árcades
Segunda parte: composta por 38 liras que foram publicadas em 1799. Solidão na prisão na Ilha das Cobras, com tom
confessional e retomada de lembranças
Terceira parte: composta por 9 liras e 13 sonetos que foram publicadas em 1812. Possui Liras esparsas (para outras
mulheres
Os protagonistas da história são os pastores de ovelhas: Marília e Dirceu. Ele representa a voz do poema (eu lírico).
Interessante notar que o espaço, ou seja o local em que se passa a história, não é revelado na obra.
PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Marília: amada do eu lírico do poema, é uma jovem camponesa. A personagem foi inspirada em um amor real do autor.
Dirceu: o eu lírico apaixonado é um pastor de ovelhas, bastante respeitado por seus iguais no ambiente campestre em
que circula.
TEMAS:
Alusão a figuras mitológicas (Júpiter,Vênus,Apolo) Referências greco-romanas;
Bucolismo Fugere urbem (fugir da cidade);
Idealização amorosa Aurea mediocritas (mediocridade áurea);
Pastoralismo Carpe Diem (aproveitar o momento)
Metáfora com relação a pintura Locus amoenus (lugar ameno);
ANÁLISE
Marília de Dirceu é um longo poema narrativo, relacionado à biografia do autor, Tomás Antônio Gonzaga. A protagonista
da obra lírica teria sido inspirada em Maria Doroteia Joaquina de Seixas, uma jovem moradora da região de Vila Rica. A
área foi palco da inconfidência mineira, evento no qual o autor esteve envolvido e que lhe rendeu um tempo preso. Por
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se tratar de uma obra identificada com o Arcadismo, o eu lírico, embora profundamente identificado com o autor, assume
o papel de um camponês pastor de ovelhas, assim como sua amada. No livro, são evocados frequentemente elementos
identificados com a vida no campo, estratégia inspirada na tradição Greco-latina. O vínculo com a literatura árcade
também faz com que a obra apresente profunda preocupação formal e que sejam citados elementos das culturas
clássicas. Entretanto, a linguagem empregada é simples e busca aproximação com o coloquial. O tratamento dado à figura
feminina é bastante idealizado, mas em alguns trechos sua presença parece mais real do que em outras obras do gênero.
Marília tem sua beleza louvada constantemente e, em virtude de seus atributos, são elaboradas metáforas como “teus
olhos espalham luz divina” ou “tuas faces, que são cor da neve”. Por sua relação com a temática amorosa, alguns autores
enxergam em Tomás Antônio Gonzaga características pré-românticas.
Curiosidade: A cidade de Marília, no interior de São Paulo, foi batizada com esse nome em homenagem à obra do poeta
Tomás Antônio Gonzaga.
CARACTERÍSTICAS DA OBRA:
ESTRUTURA DA OBRA:
• LIVROS: 20 poemas que fazem referência as partes estruturais de um livro, fica mais evidente com a capa e contracapa
(BIOMBO: PODE REPRESENTAR A AUTORA)
• CARTOGRAFIAS: Encontros de um relacionamento metaforizado em viagem (possuem estrutura narrativa e imagem
recorrente do "mapa") sujeito lírico presente no texto.
• VISITAS AO LUGAR COMUM: 14 poemas curtos, enumerados e iniciados por verbo no infinitivo com uma ação comum (cortar
relações, quebrar promessas), um olhar poético sob as ações banais do cotidiano.
• O LIVRO DAS SEMELHANÇAS: 01 poema longo, sem título e mais 24 poemas com temas variados. São 16 páginas onde o eu
lirico parece dialogar alternadamente com a própria consciência e com um interlocutor externo, refletindo sobre temas
diversos.
GÊNERO: CONTO
ESTILO DE ÉPOCA: 2ª GERAÇÃO ROMÂNTICA
TEMPO: SÉCULO XIX
ESPAÇO: EUROPA
TEMAS: violentação, corrupção, incesto, adultério, necrofilia, traição
CARACTERÍSTICAS: Metalinguagem, questões sociais, econômicas, psicológicas e morais
DIVISÃO DA OBRA: 07 PARTES
TEMPO DA OBRA: TRÊS TEMPOS DIFERENTES (presente, presente do passado e passado)
NARRADOR: DIVERSOS
RELEVÂNCIA DA OBRA
Noite da Taverna é a obra que melhor representa a segunda fase do romantismo brasileiro – geração Mal do Século – na
literatura brasileira. As influências byronianas são claramente percebidas dentro do contexto desse livro, portanto,
Alvares de Azevedo toca em diversos tabus e critica algumas questões sociais brasileiras, sempre se utilizando de
personagens egoístas e narcisistas, que buscam a satisfação dos seus desejos acima de tudo, ou seja, caracteriza a
principal característica da sociedade: a de um passar por cima do outro seja por quais forem os motivos. As histórias desse
livro são carregadas de fantasia, contudo, sempre regadas a coisas medonhas, tais, como: necrofilia, canibalismo,
fratricídio, incesto, traição, morte, assassinato, dentre outros.
Noite na Taverna foi publicado em 1855, três anos após a morte de Alvares de Azevedo.
E, assim, o livro começa com uma narrativa que interliga mais outros 5 contos de horror e os apresenta, onde 5 jovens reunem-se em
uma taverna, bebem e filosofam sobre a alma humana e até sobre a existência ou não de um deus, sobre a intensidade da vida e
apostam quem já passou por experiências mais extremas e, enquanto aproveitam a noite boêmia, relatam fatos extraordinários e
profanos que aconteceram em suas vidas e seus sentimentos mais nefastos. Esse primeiro capítulo nos ilustra bem a “geração mal-
do-século”, a qual o autor pertencia, pela notável presença de indagações, comportamentos atrevidos, almas sofredoras. Cada
próximo capítulo é um testemunho de um dos amigos à mesa, que contam histórias que permeiam entre depressão, morte, coisas
sombrias, egocentrismo, violência sexual e alcoolismo, além de amores idealizados e impossíveis – característica super presente em
obras ultrarromânticas que marcaram a segunda metade do séc. XIX.
NOTA: O poema Morte e Vida Severina choca pelo realismo que é demonstrado na universalidade da condição miserável do retirante.
Severino é uma metáfora para nordestino, onde muitas vezes sai do sertão acreditando que em outras cidades nas quais a seca é
mais branda, a vida pode ser melhor, mas em todo percurso ele vai percebendo que a “vida Severina”, independe do lugar. O poema
é composto de monólogos e diálogos com outros personagens.
ESCRITA: os versos não têm rimas, mas foram produzidos com métrica curta e rigorosa: são todos redondilha maior (7 sílabas).
ESPAÇO: Há um movimento de deslocamento: o retirante faz a travessia da Caatinga, passando pelo Agreste, para a Zona da Mata,
até chegar ao Recife.
PERSONAGENS:
• Severino: retirante nordestino que vai em sentido ao litoral para encontrar melhores condições de vida. É o narrador e
personagem principal.
• Seu José, mestre carpina, é o personagem que salva a vida de Severino.
SOBRE A OBRA:
Morte e Vida Severina apresenta a trajetória de Severino. Um retirante que deixa o sertão nordestino em direção ao litoral
em busca de melhores condições de vida. Na passagem inicial, ele se apresenta ao leitor e diz a que vai, encontrando dois homens
(irmãos das almas) que carregam um defunto numa rede. Um dos destaques na obra são as injustiças contra o povo diante da
precariedade de onde vivem. Severino presencia mortes, miséria e fome quando está vagando pelos caminhos do sertão e
compreende estar enganado com o sonho da viagem. Durante uma passagem, Severino dirige-se a uma mulher na janela e se oferece,
diz o que sabe fazer para trabalhar. A mulher, no entanto, é uma rezadeira. Percebe-se então, que a morte é tratada como algo vulgar,
e as profissões que lidavam com a morte como um negócio lucrativo. Ao passar pela Zona da Mata, frisa que a persistência da vida é
a única a maneira de vencer a morte.
Por fim, diante de tantas dificuldades, Severino revela a intenção de suicidar-se jogando-se do Rio Capibaribe, pois
já não vê diferença entre a morte e a vida.Entretanto, é contido por por Seu José (mestre carpina), onde aborda o personagem falando
do nascimento do filho, fato responsável pelo renascer da esperança de Severino. A renovação da vida é uma indicação clara ao
nascimento de Jesus, também filho de um carpinteiro e alvo das expectativas para remissão dos pecados.
O poema Morte e Vida Severina choca pelo realismo, sendo considerado uma reconstrução dos autos medievais,
porém retratando a realidade atual das populações nordestinas.
O RETIRANTE TEM MEDO DE SE EXTRAVIAR POR SEU GUIA, O RIO CAPIBARIBE, CORTOU COM O VERÃO
— Antes de sair de casa aprendi a ladainha das vilas que vou passar na minha longa descida. Sei que há muitas vilas grandes, cidades
que elas são ditas sei que há simples arruados, sei que há vilas pequeninas, todas formando um rosário cujas contas fossem vilas, de
que a estrada fosse a linha. Devo rezar tal rosário até o mar onde termina, saltando de conta em conta, passando de vila em vila.
CANSADO DA VIAGEM O RETIRANTE PENSA INTERROMPÊ-LA POR UNS INSTANTES E PROCURAR TRABALHO ALI ONDE SE
ENCONTRA
— Desde que estou retirando só a morte vejo ativa, só a morte deparei e às vezes até festiva só a morte tem encontrado quem pensava
encontrar vida, e o pouco que não foi morte foi de vida severina (aquela vida que é menos vivida que defendida, e é ainda mais severina
para o homem que retira).
O CARPINA FALA COM O RETIRANTE QUE ESTEVE DE FORA, SEM TOMAR PARTE DE NADA
— Severino, retirante, deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar fora da ponte
e da vida nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga é difícil defender, só com palavras, a vida, ainda mais quando ela é
esta que vê, severina mas se responder não pude à pergunta que fazia, ela, a vida, a respondeu com sua presença viva.
CONTOS
TERCEIRA PESSOA
A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO
TERCEIRA PESSOA
SARAPALHA
TERCEIRA PESSOA
DUELO
PRIMEIRA PESSOA
MINHA GENTE
PRIMEIRA PESSOA
SÃO MARCOS
PRIMEIRA PESSOA
CORPO FECHADO
TERCEIRA PESSOA
CONVERSA DE BOIS
TERCEIRA PESSOA
A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA
O BURRINHO PEDRÊS
• Lalino Salãthiel é um mulato esperto que nunca chega na hora para o trabalho árduo na mineração da terra, sempre inventa
histórias para não trabalhar muito.
• Generoso acredita que o personagem Ramiro está cercando a esposa de Lalino.
• O protagonista (Lalino) decide ir para a capital. Ele chega ao trabalho, pede as contas e ao voltar para casa vê o homem
(Ramiro) que tenta conquistar sua esposa, Maria Rita.
• Maria Rita vive com Ramiro. Após meses vivendo na capital, o protagonista está prestes a ficar sem nada, decidindo retornar
para casa.
• Ao retornar, decide ver Rita. Porém, desiste de falar com a ex-esposa e leva apenas o violão. Na oportunidade, verificou que
Ramiro cuidava bem da mulher.
• Depois de algumas passagens, o personagem Major intervém para reconciliar Lalino e a mulher dele.
SARAPALHA
• Um surto de malária levou a população a partir em um vilarejo quase deserto, às margens do Rio Pará,. Restaram apenas três
habitantes: Primo Ribeiro, Primo Argemiro e uma mulher que todos os dias prepara a refeição.
• O fantasma da morte assombra os primos, não há condições de sobrevivência. Certo dia, Primo Ribeiro, achando que vai
morrer, conta ao Primo Argemiro que a esposa partiu com um boiadeiro, deixando-o sozinho.
• Na oportunidade, Argemiro confessa que era apaixonado por Luísa, a esposa do Primo Ribeiro.
• Ribeiro não aceita a declaração de Argemiro e o expulsa.
• Argemiro parte praticamente se arrastando e ainda, no caminho, é confundido pelos pássaros com um espantalho.
• Lamenta nunca ter se declarado para Luísa
DUELO
• Turíbio Todo foi a uma pescaria e disse à esposa que retornaria apenas no dia seguinte. Ocorreu um imprevisto e volta antes
para casa.
• Flagrou a esposa com Cassiano Gomes, ex-policial e perito em armas.
• Turíbio fingiu não ter presenciado nada e armou um plano.
• Foi até à residência do rival e atirou na nuca dele,mas por engano matou o irmão dele, Levindo Gomes.
• Cassiano se fecha no interior de casa e prepara a vingança.
• O protagonista passa a noite com sua mulher, Dona Silvana. Ele decidiu contar para a esposa sua estratégia. Mas a companheira
entregou seus planos para Cassiano.
• Morte de Turíbio
MINHA GENTE
• O narrador vai de visita à propriedade rural de seu tio, no momento preocupado em ganhar as eleições do lugarejo. Ele cai de
amores por Maria Irma, sua prima. Mas esta paixão não é correspondida. Um belo dia a jovem é visitada por Ramiro, e o
protagonista fica enciumado.
• A moça conta que ele é noivo de outra mulher. O garoto teceu um plano; ele iria simular um relacionamento com uma jovem da
propriedade vizinha. Mas a estratégia de fazer ciúmes à prima é frustrada. O único benefício de seus planos foi, sem querer,
colaborar para a vitória de seu tio nas eleições.
• O narrador parte. Na segunda vez em que ele vai à fazenda, a prima lhe apresenta a mulher da sua vida, Armanda. Logo depois
a moça se torna sua esposa, enquanto Maria Irma contrai matrimônio com Ramiro Gouveia.
SÃO MARCOS
CORPO FECHADO
• Apresenta o personagem de Manuel Fulô, homem que não gosta muito de trabalhar e sim de contar histórias.
• O homem propõe ao narrador, médico em Lajinha, que seja seu padrinho de casamento. Conta para ele que tem uma mula
(Beija-Fulô)
• Surgimento do personagem Targino, um arruaceiro da região. Sai espalhando para todos que vai dormir com a noiva de Manuel
Fulô antes da cerimônia do casamento.
• Acordo entre Antonico (feiticeiro) e Manuel. O feiticeiro vai “fechar o corpo” de Manuel, mas em troca precisará lhe dar a mula
Beija-Fulô. Manuel desafia Targino e acaba com a vida dele com uma singela faca que mais parecia um canivete.
• Manuel torna-se o novo valentão das redondezas e casa-se com a amada. Além disso, ainda pode pegar emprestado algumas
vezes sua mula de estimação.
CONVERSA DE BOIS
• Destaque para 4 fatores indispensáveis do sertão mineiro. Um deles é o carro de bois que atravessa a região transportando
rapadura e um corpo. Os animais são o segundo elemento; os outros são o condutor do carro e o guia, o menino Tiãozinho.
• Oito bois movem o carro, Buscapé e Namorado, Capitão e Brabagato, Dançador e Brilhante, Realejo e Canindé. Na parte superior
vai o carreiro, Agenor Soronho. O garoto tem que enfrentar a forma cruel de como Agenor o trata, incitando os bois sem piedade.
Agenor adormece e o personagem mergulha numa espécie de transe, os bois conversam entre si. Os animais eram solidários ao
menino e, a um comando dele, eles saltam adiante e provocam a queda de Agenor.
• Desfecho: ocorre a morte do carreiro. Depois dessa passagem, a viagem segue mais tranquila.
• Augusto Estêves é o valentão do vilarejo onde mora. Após falecimento do pai, Augusto conhece a miséria.
• Recado de Quim Recadeiro; acabara de ficar sem seus capangas, recrutados por seu maior rival, o Major Consilva, e sua esposa
e a filha tinham partido na companhia de Ovídio Moura.
• Inconformado, ele vai à fazenda do Major para enfrentar os antigos homens de confiança. Na ocasião, o protagonista fica à beira
da morte, sendo socorrido por um casal de negros. Depois da cura, o protagonista decide mudar de vida. Se refugia no Tombador.
• Chegada de jagunçoes comandado por Joãozinho Bem-Bem. Com a passagem do tempo, se depara com o jagunço, o qual está
prestes a eliminar uma família por revanche. Por fim, o protagonista pede para que o jagunço não cometa essa atrocidade.
• Desfecho: ambos duelam entre si e acabam perdendo a vida.
O TÍTULO
Pensar o título Quarto de despejo é relacioná-lo às críticas da autora em relação às mazelas existentes no Brasil, sobretudo em São
Paulo, que estava em pleno desenvolvimento industrial. A autora menciona que as regiões principais de São Paulo eram uma espécie
de sala de luxo, onde circulavam sobretudo a burguesia paulistana. As pessoas pobres não circulavam nesses espaços, a menos que
fossem como empregadas. Para elas, sobravam os quartos de despejo, ou seja, as favelas, distantes de qualquer luxo e muito próximos
da miséria e da violência. Além disso, o governo e as grandes empresas, visando o progresso e o lucro, tomavam conta até das terras
onde havia as favelas, o que gerava ainda mais e mais despejos, portanto, mais exclusão social. Para onde iriam aqueles que não estão
nas salas luxuosas? Por sua vez, o subtítulo Diário de uma favelada aponta para os registros feitos por Carolina diariamente em seus
velhos cadernos – denúncias da realidade social e política da favela em que se encontrava, mas que representa tantas outras
comunidades até hoje.
PERSONAGENS:
Carolina Maria de Jesus: protagonista e narradora da própria história. Mãe solteira por opção, favelada e trabalha como catadora de
lixo e metal. Gosta de ler e escrever e acredita que sua escrita seria a chave para sair do lugar onde vive. Aliás, esse parece ser o que
dá sentido ao texto: a sobrevivência diária e a tentativa de transcender aquele lugar;
Vera Eunice: filha de Carolina e parece ser também a preferida da mãe. Chama a atenção das pessoas que a veem como uma menina
encantadora. Quando sai a reportagem sobre a favelada que é escritora, o pai aparece para se certificar que a catadora de papel não
vai revelar seu nome;
José Carlos e João José: os outros dois filhos da protagonista. Ela fala da sexualização precoce dos filhos e dos problemas que ela teve
com o João. Ela foi intimada a responder pelo garoto e ele só tinha nove anos. Teria tentado violentar uma menina de dois anos. Ela
começa a vigiá-lo.
Sr. Manoel: homem que se interessa por Carolina e quer casar com a protagonista, ela o considera um homem bonito e educado.
Deita-se com ele, às vezes;
Raimundo, um cigano: aparece na favela e é visto como um malandro sedutor. Vive com uma menina que diz que é sua irmã. Promete
que se Carolina o aceitar, ele a tirará da favela. Ela realmente fica interessada nele, mas desconfia de suas mentiras e some do mesmo
jeito que apareceu;
Tibúrcio: vendedor de barracões, explorador da gente que vive na favela;
Orlando: explorador da torneira de onde os moradores da favela pegam água.
ENREDO:
O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem a este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela.
Possui uma linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu,
viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.
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E-BOOK FEITO POR @medisinapse – OBRAS LITERÁRIAS UFPR 2023/2024
SOBRE A OBRA
O autor Bernardo de Carvalho mistura ficção com aspectos reais. Além disso, registra histórias documentadas parcialmente. Em
“Agradecimentos”, final de Nove Noites, o autor aponta o caráter fictício de sua narrativa.
A narração é feita a partir de dois narradores com diferentes pontos de vista. O primeiro é Manoel Perna, um engenheiro local. E o
segundo é um jornalista que investiga extra-oficialmente o caso, no intuito de escrever um livro. A identidade não é revelada.
Há transitoriedade dos personagens, entre solo americano (Nova Iorque, de onde Quain veio), entre solo brasileiro (Rio de Janeiro,
São Paulo, a fronteira do estado do Maranhão com o Tocantins), e ainda no interior da aldeia Krahô.
PERSONAGENS:
Buell Quain (protagonista), o antropólogo suicida, Manoel Perna, o engenheiro locaL, e o jornalista, que não tem a identidade
revelada. Além dos personagens citados, há uma personagem não fictícia que faz referência à mentora da Antropologia no Brasil:
Heloisa Alberto Torres (1895-1977)
“Se faço as contas, vejo que foram apenas nove noites. Mas foram como a vida toda. A primeira, na véspera de sua partida para a
aldeia. Depois, mais sete durante a sua passagem por Carolina em maio e junho, quando vinha à minha casa em busca de abrigo, e a
última quando o acompanhei pelo primeiro trecho de sua volta à aldeia, quando pernoitamos no mato, debaixo do céu de estrelas. A
última noite foi por minha conta. Ele não havia requisitado a minha companhia, mas senti que devia acompanhá-lo a cavalo, nem que
fosse apenas no primeiro trecho do percurso, como se de alguma 28 maneira soubesse o que àquela altura não podia saber, que nunca
mais o veria.”(CARVALHO, 2006, p. 41).
Esse material foi elaborado com muito carinho para ajudar você a
alcançar os seus objetivos.
Qualquer dúvida sobre o material ou erro que possa ter encontrado, envie
uma mensagem.
EFEMÉRIDES
2023
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E-BOOK EFEMÉRIDES – 2023 – elaborado por @medisinapse
Nisso, franceses e espanhóis entraram no conflito fornecendo apoio vital aos americanos. Os dois
primeiros tinham interesses em enfraquecer os ingleses no continente americano e viram, no apoio à
Independência dos Estados Unidos, uma forma de atingi-los. A vitória final dos colonos americanos
aconteceu após a Batalha de Yorktown, que correu em 19 de outubro de 1781. Os ingleses
reconheceram a Independência dos EUA, com a assinatura do Tratado de Paris, em 1783.
Consequências
• A Independência dos Estados Unidos também é conhecida como Revolução Americana. Desse
processo, as principais consequências que podem ser destacadas são:
• Consolidação dos Estados Unidos enquanto nação independente.
• Os ideais iluministas defendidos pelos americanos inspiraram movimentos de independência em
outras partes da América, inclusive no Brasil.
• Republicanismo consolidou-se como alternativa política. No século XIX, as colônias espanholas,
por exemplo, converteram-se em repúblicas, após conquistarem suas independências.
• Declínio do domínio colonial da Inglaterra na América continental.
• França e Espanha recuperaram parte de seus territórios na América, após a derrota inglesa na
guerra;
• Deu-se início ao processo de expansão territorial dos EUA, após a Inglaterra ceder as terras
entre os Montes Apalaches e o Rio Mississippi."
Podemos dizer que as consequências desse anúncio, apesar de não serem incisivas nos anos seguintes
à sua proclamação, fizeram-se presentes na justificativa da interferência dos Estados Unidos nos
processos emancipatórios de países como Cuba, Porto Rico e Panamá no final do século XIX e começo
do XX. A perspectiva ideológica do Destino Manifesto, nesse sentido, integrada à Doutrina Monroe,
encontrou terreno fértil para se fortalecer institucionalmente e firmar a cultura expansionista e
imperialista dos norte-americanos.
Diante do contexto de independência das nações americanas e da formação da Santa Aliança após as
guerras napoleônicas e o Congresso de Viena, a Doutrina Monroe foi criada e anunciada nos Estados
Unidos em 1823. A Doutrina Monroe tinha como objetivos a não interferência dos países europeus nos
países americanos e que nenhuma nação americana fosse recolonizada. Defendia, também, a não
intervenção nos assuntos internos dos países americanos e a não intervenção dos Estados Unidos nos
conflitos entre os países europeus.
Ainda, carregava o pressuposto ideológico do Destino Manifesto dos Estados Unidos, estabelecendo,
ao longo do século XIX, o objetivo de expansão dos seus territórios, tanto a oeste do país quanto em
direção a determinados países no Caribe, como Cuba, Panamá e Porto Rico, no final desse mesmo
século. O expansionismo militar, político e econômico norte-americano ao longo do século XX teve sua
origem nas premissas da Doutrina Monroe, tendo como consequências a ação imperialista dos Estados
Unidos em todo o mundo.
A Europa havia passado por um longo processo de conturbações políticas, iniciado pela Revolução
Francesa e finalizado com o Congresso de Viena (1814-1815), após o fim das guerras napoleônicas. A
Prússia, a Áustria e a Rússia formaram a Santa Aliança, com o propósito de defender o monarquismo,
e, em consequência, autorizaram incursões militares com o objetivo de restabelecer o domínio colonial
espanhol.
Além dessa ameaça monárquica resultante do final das guerras napoleônicas, os Estados Unidos se
viam sob o risco de um novo conflito com o Império Britânico, com quem haviam travado a chamada
Guerra Anglo-Americana em 1812.
De toda forma, as disputas políticas e territoriais travadas pelos Estados Unidos tinham ainda o âmbito
regional, quando seu domínio e capacidade de influência e imposição do poder ainda eram
considerados menores. A criação da Doutrina Monroe tinha, a partir desse contexto, uma motivação
retórica interna e externa, mas com a intenção clara de estabelecer um campo de atuação internacional
mais incisivo dos Estados Unidos.
Destino Manifesto
O “Destino Manifesto” diz respeito à crença comum, principalmente no século XIX e na população dos
Estados Unidos, de que os colonizadores americanos teriam uma virtude especial e que deveriam se
expandir por toda a América. Ele expressa a crença de que o povo norte-americano foi escolhido por
Deus para liderar as nações americanas e, por fim, todo o mundo.
Tendo em vista esses elementos, o chamado Destino Manifesto se fortaleceu e se complementou com
a instituição da Doutrina Monroe, impondo-se como um pressuposto sobre a população norte-
americana e sobre os seus líderes. Expressou uma profunda crença, com origem nas características
religiosas da colonização norte-americana, tendo por base a virtude do colono como responsável por
dar início a um novo mundo.
Apesar de ser disseminada desde pelo menos a independência norte-americana, com a ideia de
proclamar a liberdade para a humanidade na Declaração da Independência, não constituía consenso
entre a população e os governantes. Viria a adquirir estabilidade ao longo do século XIX, se firmando
institucionalmente com a Doutrina Monroe em uma missão clara de difundir as instituições próprias
dos Estados Unidos. Seu fundamento estava na ideia de disseminação da liberdade e da democracia,
como o destino dado por Deus, a fim de salvar o resto do mundo.
O principal e inicial objetivo da Doutrina Monroe era o de não interferência dos países europeus nos
países americanos, devido ao contexto de pós-independência desses países e da formação da Santa
Aliança após as guerras napoleônicas. Defendia, com isso, que nenhuma nação americana fosse
recolonizada. Junto a esse objetivo, estava o de não intervenção nos assuntos internos dos países
americanos, em especial em questões econômicas. Estabelecia, também, a não intervenção dos Estados
Unidos nos conflitos entre os países europeus.
Na medida em que a Doutrina Monroe carregava o pressuposto ideológico do Destino Manifesto dos
Estados Unidos, estabeleceu, ao longo do século XIX, o objetivo de expansão dos seus territórios, tanto
a oeste do país quanto em direção a determinados países no Caribe, como Cuba, Panamá e Porto Rico.
do mundo e de coesão política interna. Entretanto, sua finalidade de expansão e de domínio militar,
político e econômico sobre todo o continente americano foi se ressaltando ao final do século XIX.
A primeira região alvo da política expansionista dos Estados Unidos foi o Caribe. Entre 1891 e 1912,
os estadunidenses realizaram intervenções militares no Haiti, Nicarágua, Porto Rico, Cuba, Venezuela,
República Dominicana, Colômbia, Honduras e Guatemala. Fora dessa região, o Chile foi alvo de ação
militar em 1891.
Os casos de Cuba e Panamá foram notórios. Com o pretexto de garantir a independência de Cuba, os
Estados Unidos deflagraram um conflito com a Espanha em território cubano, com a intenção de
garantir a independência do país caribenho. Com a vitória, os norte-americanos garantiram ainda a
conquista sobre as Filipinas, a Ilha de Guam e Porto Rico. Nessa intervenção, instituiu-se a chamada
Emenda Platt na Constituição cubana, em que o país deveria aceitar a intervenção em assuntos políticos
e abrigar uma base militar na região de Guantânamo.
Em 1903, os Estados Unidos deram assistência militar ao Panamá, em sua independência em relação
à Colômbia. A ação garantiu o direito aos Estados Unidos de construir o canal que leva o nome de
Panamá. Hoje o canal, apesar de não ser administrado exclusivamente pelos Estados Unidos, é um dos
principais pontos estratégicos do comércio marítimo mundial, já que liga o Oceano Atlântico ao Oceano
Pacífico.
A proclamada América para os americanos, proferida pela Doutrina Monroe, associada à doutrina do
Destino Manifesto, converteu-se, assim, em poderosas ferramentas ideológicas de motivação cultural
e política para o ideal expansionista e intervencionista norte-americano. São doutrinas que assimilaram
e se encaixaram plenamente ao contexto de expansão dos nacionalismos ao longo dos séculos XIX e
XX, e pavimentaram o caminho para a incursão imperialista que viria a marcar a atuação dos Estados
Unidos no mundo até os dias atuais.
Outra característica do projeto foi a manutenção do trabalho escravo e a atribuição dada ao governo de
zelar pela mão de obra escravista. Nesse período, dois grupos disputavam o poder nesse período: o
partido português e o partido brasileiro. O partido português reivindicava poderes absolutos para D.
Pedro I; e o partido brasileiro queria a submissão do monarca ao parlamento. José Bonifácio, ministro
do Império, tentou conciliar o interesse dos dois partidos.
A divisão dos poderes executivo, legislativo e judiciário constou no projeto da constituição, que
determinou o predomínio do poder legislativo sobre o executivo. Isso contrariou profundamente as
pretensões absolutistas e centralizadoras de D. Pedro I. O próprio prestígio de José Bonifácio foi de
encontro aos interesses pessoais de D. Pedro I.
Baseado nesse choque de interesses, o monarca demitiu o ministro e deu um golpe no dia 12 de
novembro de 1823, apoiado pelos militares, dissociando a Assembleia Constituinte. Esse
acontecimento ficou conhecido na história do Brasil como a Noite da Agonia. Dessa forma, podemos
observar que a primeira constituição brasileira não nasceu de uma Assembleia Constituinte e sim dos
interesses pessoais de um rei. O início da vida política do Brasil como Nação independente foi tortuoso.
• Insatisfação dos federalistas com o domínio político de Júlio de Castilhos (presidente do RS) do
Partido Republicano Rio-grandense.
• Disputa política entre dois grupos políticos gaúchos: Os chimangos (pica-paus) eram defensores
do governo de Júlio de Castilhos, da centralização política, do presidencialismo, do positivismo
e do governo federal. Já os maragatos (federalistas) queriam tirar Júlio de Castilhos do poder do
RS, implantar um sistema descentralizado, baseado no parlamentarismo. Os federalistas eram
também contrários à política implantada pelo governo federal após a Proclamação da República
e exigiam uma revisão da constituição.
Em fevereiro de 1893, os federalistas pegaram em armas para derrubar o governo de Júlio de Castilhos.
Floriano Peixoto, presidente do Brasil, se colocou ao lado do governo gaúcho. O conflito acabou
tomando âmbito nacional, pois os opositores de Floriano passaram a defender o movimento federalista
no RS.
Conclusão
A Revolução Federalista, embora não tenha conquistado seus objetivos, nos mostra que a Proclamação
da República e seu sistema político não foram aceitos de forma unânime no Brasil. Alguns grupos
políticos contestaram, inclusive de forma armada, o regime republicano, o positivismo, a centralização
de poder e a presença das oligarquias nos governos estaduais. Portanto, a Revolução Federalista pode
ser compreendida dentro deste contexto histórico de insatisfação com o regime republicano, recém-
instalado no país após o 15 de novembro de 1889.
Essa é uma das pinturas mais populares de todos os tempos e revela várias características de Munch:
a força expressiva das linhas, redução das formas e o valor simbólico da cor. Um registro no diário de
Munch, com a data de 22 de janeiro de 1892, conta o episódio em que o artista estava passeando em
Oslo com dois amigos e ao passar por uma ponte, sentiu um misto de melancolia e ansiedade. Esse
pode ter sido o momento que motivou a criação da tela.
O artista teve uma crise nervosa em 1908, quando morava em Berlim e decidiu voltar para a Noruega,
onde viveu os últimos 20 anos da sua vida em solidão. O Grito inspirou outras formas de arte, como a
saga de filmes Scream (Pânico, no Brasil), onde serial killers usam máscaras baseadas na expressão
da personagem principal do quadro.
A cena mostra alguém em desespero e combina com o estado de espírito do artista, que durante a sua
vida enfrentou vários problemas psicológicos e familiares.
Uma curiosidade: há uma frase escrita a lápis na parte superior do lado esquerdo da tela, quase
imperceptível. A tradução é "Só pode ter sido pintado por um louco".
• Escola de Frankfurt
• Neomarxismo
• Marxismo
• Teoria Crítica
• Ética
• A filosofia de Adorno tem como bases principais a dialética (conflito entre princípios teóricos e
fenômenos empíricos) e a psicanálise (teoria da alma criada por Freud).
• Fez, em alguns de suas obras, duras críticas à indústria cultural e aos meios de comunicação de
massa (principalmente televisão e rádio).
• Possuía posições política, social, econômica e cultural contrárias ao capitalismo. Possuía forte
identificação com o marxismo.
O início estava marcado para as 19h. Tochas foram acesas, batalhões da SA desfilavam pelo Portão de
Brandemburgo. Poucas horas antes, Adolf Hitler havia alcançado seu grande objetivo: ser nomeado
chanceler do Reich pelo então presidente alemão Paul von Hindenburg.
O recém-empossado chanceler alemão foi festejado por seus seguidores. De uma janela da então
Chancelaria, Hitler cumprimentou os espectadores presentes. Goebbels havia planejado um
gigantesco espetáculo. Ele pretendia encenar de forma dramática esse novo capítulo da Alemanha:
aquela deveria ser "a noite do grande milagre". Uma espécie de fita de fogo formada por portadores de
tochas devia atravessar a cidade.
Goebbels queria criar imagens monumentais, ideais para impressionar os espectadores no cinema, já
que era ali que os noticiários eram transmitidos na época. Mas os transeuntes passeavam distraídos
para lá e para cá entre as formações da SA e impediram as gravações desejadas.
Goebbels ficou desapontado e reencenou as imagens mais tarde. O famoso pintor alemão de origem
judaica Max Liebermann já tinha visto o bastante. Para o desfile de tochas dos homens da SA na frente
de sua casa, o pintor escolheu palavras dramáticas: "Eu nunca conseguiria comer tanto para tudo o que
gostaria de vomitar."
A história da ascensão de Adolf Hitler está intimamente ligada ao declínio da República de Weimar.
Desde o surgimento em 1918, ela sofria de defeitos congênitos irreparáveis - era uma democracia sem
democratas. Boa parte da população rejeitava a jovem República, sobretudo a elite econômica,
funcionários públicos e até mesmo políticos.
Tentativas de golpe pela direita e pela esquerda sacudiram o país. Nos primeiros cinco anos da
República de Weimar, assassinatos espetaculares chocaram o país. Entre outros, as mortes dos
comunistas Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht, bem como o assassinato do ministro do Exterior
Walther Rathenau, de origem judaica. Os criminosos provinham da ala de extrema direita.
A política da República de Weimar foi marcada pela total instabilidade. Nos 14 anos de sua existência,
ela presenciou 21 diferentes governos. Entre os 17 partidos do Parlamento, encontrava-se uma série
de inimigos declarados da Constituição. Com cada nova crise política e econômica, os eleitores perdiam
mais e mais a confiança nos partidos democráticos.
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Enquanto isso, o extremismo político vivenciava um grande crescimento. Os nazistas, pelo lado da
direita, e os comunistas, pela esquerda, ganhavam cada vez mais adeptos. Por volta de 1930, a
Alemanha estava à beira de uma guerra civil. Nazistas e comunistas travavam batalhas de rua. A crise
econômica de 1929 piorou ainda mais a situação. Em junho de 1932, o número oficial de
desempregados no país somava 5,6 milhões de pessoas.
O papel de Hindenburg
Em tal situação, muitos alemães ansiavam por um nome forte à frente do governo, alguém que pudesse
tirar o país da crise. O presidente Paul von Hindenburg era uma dessas pessoas, para muitos, ele era
uma espécie de substituto do imperador. De fato, segundo a Constituição de Weimar, o presidente do
país era a instância política central. O cargo detinha uma imensa esfera de poder. O presidente podia
dissolver o Parlamento e outorgar leis por decretos emergenciais, algo que cabe normalmente a
qualquer Parlamento. Hindenburg fez uso, diversas vezes, da possibilidade de governar contornando
o Legislativo. No entanto, Hindenburg não tinha como cumprir o papel de salvar a Alemanha da miséria,
pois já estava com 85 anos no início de 1933.
Após diversas trocas de governo, Hindenburg pretendia, na ocasião, instalar um governo estável
chefiado pelos conservadores nacionalistas de direita. A princípio, ele era cético quanto à nomeação de
Adolf Hitler para chefe de governo. Durante muito tempo, Hindenburg ironizou Hitler, chamando-o de
"soldado raso da Boêmia" - uma alusão ao fato de que ele, Hindenburg, era um condecorado marechal
de campo da Primeira Guerra Mundial, e Hitler, apenas um soldado comum.
Mas Hindenburg mudou de opinião. Pessoas próximas a ele lhe asseguraram que manteriam Hitler sob
controle. Alfred Hugenberg, líder do Partido Popular Nacional Alemão, declarou: "Nós iremos
enquadrar Hitler." Tinha-se um grande senso de segurança, também porque somente dois ministérios
foram oferecidos aos nazistas no novo gabinete de governo. Por outro lado, Hitler e seus seguidores
passaram a se apresentar propositalmente de forma moderada e a evitar alaridos.
De fato, no dia 30 de janeiro de 1933, um sonho se tornou realidade para Hitler e sua comitiva. Com
alegria, Goebbels confidenciou ao seu diário: "Hitler é chanceler do Reich. Como um “conto de fadas!"
Na mais completa ignorância sobre Hitler e suas intenções, nomeou-se o "coveiro" da República para
chanceler. Mas Hitler já havia apresentado seus planos no livro Mein Kampf. Ele escreveu que os judeus
seriam "removidos" e um novo "habitat" seria conquistado "pela espada". O dia 30 de janeiro de 1933
entrou para a história como o dia da "tomada de poder", conceito na verdade inventado pela
propaganda nazista, pois a nomeação de Hitler - e essa é a verdadeira ironia da história - aconteceu de
forma constitucional.
Hindenburg não teve de presenciar que o caminho de Hitler levaria na verdade ao Holocausto e à
Segunda Guerra Mundial. Ele morreu em 1934. E logo Hitler mostrava quão ingênua foi a crença de
que ele poderia ser controlado e neutralizado. Pouco depois de ser empossado como chefe de governo,
começou em todo o país o horror das tropas de assalto da SA. Comunistas, social-democratas e
sindicalistas foram perseguidos. Em pouco tempo, os primeiros campos de concentração foram
instalados. Ali, os membros da SA torturavam suas vítimas, que iriam incluir, pouco tempo depois,
judeus e outras pessoas consideradas indesejáveis pelos nazistas. Hitler precisou somente de poucos
meses para embaralhar a República de Weimar e instalar sua ditadura.
Uma vez obtido, o domínio da cidade poderia significar, para a Wehrmacht alemã, uma expansão maior
dentro do território soviético e do Leste da Europa, o que seria um caminho para novos recursos
agrícolas e campos petrolíferos no Cáucaso, almejados pelos nazistas.
A invasão de territórios soviéticos pelas tropas alemãs já acontecia desde 22 de junho de 1941, por
meio da Operação Barbarossa, mas as tropas da Wehrmacht não haviam obtido grande sucesso em
suas tentativas de desestabilizar o Exército Vermelho.
A batalha de Stalingrado, por sua vez, marca a primeira vez em que a Alemanha nazista foi colocada
em uma posição defensiva na Segunda Guerra Mundial.
A ofensiva alemã do 6º Exército, liderada pelo general Friedrich Paulus, era considerada um movimento
arriscado desde o início, mas, após alguns meses, em novembro de 1942, a operação estava dando
certo para a Wehrmacht, que já dominava diversas áreas da cidade. Em uma tentativa de virar o jogo,
a União Soviética de Josef Stalin adota uma nova manobra militar, atacando simultaneamente por duas
frentes defensivas, cercando os seus oponentes.
Com os quase 300 mil alemães cercados ao fim do mês de novembro, e a interferência do Exército
Vermelho em linhas de abastecimento, a derrota dos nazistas no território era cada vez mais provável.
Pouco tempo depois, chegaria o inverno soviético, com temperaturas por volta de 30ºC negativos. Os
nazistas que não morreriam em batalha teriam que enfrentar não apenas a desnutrição, mas também
a hipotermia. Em 31 de janeiro de 1943, as tropas de Josef Stalin invadem o quartel-general de Paulus,
que havia sido montado no porão de uma loja de departamentos, e prendem o comandante nazista.
As tropas da Wehrmacht que estavam ao sul se rendem, e em 2 de fevereiro, é a vez dos soldados que
estavam ao norte, capturados pelas Forças Armadas russas.
A Greve dos 300 mil não apenas alcançou seu objetivo financeiro, que era o
reajuste salarial de 32%, como também criou condições para o surgimento
de entidades intersindicais, formou lideranças operárias e pressionou o
presidente Getúlio Vargas a nomear um ministro do trabalho comprometido
com a melhoria das condições de vida dos trabalhadores: João Goulart.
O estopim da greve foi o alto custo de vida, que, conforme dados da Fundação Getúlio Vargas, subiu
cerca de 100% entre os anos de 1943 e 1951, em São Paulo, enquanto o salário mínimo subiu apenas
14%.
Entretanto, seus desdobramentos foram mais políticos do que financeiros, e a greve resultou em uma
profunda transformação no sindicalismo brasileiro.
Desde o início, o movimento demonstrou-se preocupado não apenas com o poder aquisitivo do
trabalhador, mas principalmente com a política que regia as relações de trabalho e com a confiabilidade
dos órgãos que calculavam os salários e o custo de vida. Vale registrar que a preocupação com estes
cálculos já estava colocada desde a greve dos bancários, em 1951.
Comandada pelo Partido Comunista Brasileiro, contando também com filiados do PSB, PTB, PSP e
PSD, a Greve dos 300 mil se iniciou com a assembleia geral dos tecelões, em 10 de março de 1953, e
teve a gradativa adesão de outras categorias, como metalúrgicos de São Paulo, madeireiros, gráficos e
vidreiros.
No dia 18 de março daquele ano, uma passeata chamada de “panela vazia” reuniu 60 mil pessoas, que
caminharam da Praça da Sé até o Palácio Campos Elísios, então sede do governo do Estado, exigindo
o reajuste salarial. Uma semana depois cerca de 300 mil pessoas paralisaram suas atividades laborais.
A partir desses comitês foi formado, no vigésimo dia de paralisação, o Comitê Intersindical de Greve,
reunindo as categorias e estabelecendo um acordo pelo qual a greve só terminaria quando houvesse
condições gerais que atingissem a todos, evitando possíveis divisionismos forjados pela Justiça do
Trabalho do Estado.
Apesar de cerca de 400 grevistas terem perdido seus empregos ao voltarem aos seus trabalhos (a
presença de grevistas nas fábricas não era aceita pelos patrões), a greve foi vitoriosa em vários níveis:
Em primeiro lugar: o aumento salarial de 32% foi alcançado. Em segundo lugar: deste processo surgiu
um senso de unidade intersindical criando condições para o surgimento do Pacto de Unidade
Intersindical (PUI), que foi a primeira de uma série de entidades intersindicais, como Pacto de Unidade
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Em terceiro lugar a greve formou lideranças sindicais, como os metalúrgicos Remo Forli, Conrado Del
Papa, Henos Amorina e Eugenio Chemp, os tecelões Nelson Rusticci, Antonio Chamorro e Luís Firmino
de Lima, os gráficos José Greco e Dante Pellacani, o vidraceiro José Chedink e o marceneiro Salvador
Rodrigues, entre outros.
E, em quarto lugar a pressão dos grevistas levou o presidente da República, Getúlio Vargas, a nomear
como novo ministro do Trabalho o então deputado federal pelo PTB gaúcho João Goulart. Em janeiro
de 1954, o novo ministro começou a estudar um aumento no salário mínimo, enfrentando de um lado
a mobilização dos trabalhadores nas grandes cidades por um reajuste de 100% e, por outro, a rejeição
dos empresários, que propunham um aumento de 42%.
Jango concedeu o aumento de 100%, como exigia a classe trabalhadora, e devido à forte reação por
parte dos empresários e da imprensa foi forçado a renunciar ao cargo em 23 de fevereiro de 1954. Mas
o reajuste já estava feito e o decreto do novo salário mínimo foi assinado por Getúlio Vargas no dia 1º
de maio de 1954, o Dia do Trabalhador.
O escritor José Bento Renato Monteiro Lobato foi uma das pessoas que mais lutou para comprovar que
o Brasil também tinha petróleo. Monteiro Lobato acreditava que o Brasil seria agraciado pelo mesmo
desenvolvimento trazido aos Estados Unidos da América pelo “ouro negro”, caso o combustível fosse
localizado em terras brasileiras. Ele fundou três companhias nacionais para sua exploração, além de
escrever livros sobre os interesses envolvidos na questão. Um deles, intitulado “O Escândalo do
Petróleo”, publicado em 1936, foi um sucesso de vendas, mas trouxe muita dor de cabeça para o
governo ditatorial do Estado Novo. O governo censurou a obra. O destino não poderia trazer um melhor
presente para o escritor. Em 1939, na periferia de Salvador (BA), num bairro chamado Lobato,
encontrava-se o primeiro poço de petróleo já devidamente catalogado no Brasil localizado por um
órgão público. Mas a luta não terminava aqui. Posteriormente, Monteiro Lobato encaminhou uma carta
com duras críticas ao governo e ao Conselho Nacional do Petróleo, órgão na época responsável por
regulamentar a indústria do petróleo e do gás natural no Brasil. Ficou preso durante 3 (três) meses em
1941 por causa desta carta (RIBEIRO, 2003). No entanto, continuou lutando pela exploração do
combustível até sua morte em 1948.
Os nacionalistas alegavam que a falta de empresas brasileiras capazes de executar estas atividades
levaria a entrega da exploração deste recurso estratégico a empresas estrangeiras, em especial, as
maiores empresas internacionais (conhecidas como Sete Irmãs: Shell, Anglo-Persian Oil Company,
Exxon, Mobil, Texaco, Chevron e Gulf Oil). Logo, haveria uma maior dependência do exterior. O exército,
por exemplo, possuía muita dependência por derivados de petróleo oriundos de empresas estrangeiras.
Já os liberais, defendiam que o país não tinha condições de desenvolver o mercado sozinho. A abertura
deste setor para a iniciativa privada traria um rápido crescimento na área. O próprio projeto enviado por
Dutra, segundo Rodrigues , citava problemas relacionados com a falta de técnicos e recursos
governamentais para que a União investisse nesta área. Por fim, o projeto foi arquivado. Não agradou
aos nacionalistas, pois estes queriam o monopólio da exploração do petróleo nas mãos do Estado.
Também não agradou aos liberais, pois as regras existentes eram de tal modo rígidas, que não
representavam verdadeiramente uma liberação para a exploração de modo que agradasse às grandes
empresas interessadas.
Ainda, os nacionalistas defendiam que, por ser um combustível tão relevante, o petróleo brasileiro
somente poderia ser explorado pelo governo.
Dessa forma, os nacionalistas intensificaram sua campanha pelo controle estatal do petróleo. Como
resultado, o slogan “O petróleo é nosso!” volta à cena. Getúlio Vargas elegeu-se presidente em 1950,
desta vez, por voto direto. Como promessa, a nacionalização da exploração de petróleo no país.
Promessa cumprida com a aprovação da Lei Federal nº. 2.004 de 1953. Em 1953, surge a empresa
estatal Petróleo Brasileiro S.A. A sede da Petrobras na cidade do Rio de Janeiro (RJ) foi criada em 1954.
Além disso, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), construída em 1950, na cidade de São Francisco do
Conde, no estado da Bahia, passou a ser administrada pela Petrobras neste mesmo ano. Esta foi a
primeira refinaria construída pelo poder público no Brasil. Posteriormente, foram construídas outras
refinarias.
A descoberta do pré-sal foi anunciada em 2007. O pré-sal se localiza a cerca de 7 mil metros de
profundidade, dentro do oceano, numa área que abrange mais de 800 quilômetros, situada entre os
estados do Espiríto Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Segundo a Petrobras, o
petróleo vindo dessa camada já é responsável por mais de 70% da produção de petróleo da companhia.
De acordo com a empresa, a produção do pré-sal contribui para redução na emissão de poluentes: isso
porque o petróleo do pré-sal emite muito menos gases de efeito estufa (medidos em CO2 equivalente,
CO2e) para cada barril produzido do que a média mundial: 17 kg CO2e por barril produzido no mundo,
ante 10 kg no pré-sal.
Até 2026, a Petrobras estima investir quase US$ 40 bilhões em projetos nesta camada. Das 15 novas
plataformas de produção que irá instalar no Brasil neste período, 12são para produção de óleo do pré-
sal. Os novos projetos buscam aumento de capacidade produtiva, mais eficiência e redução de
emissões de gases de efeito estufa.
Em 2021, a Petrobras aparecia como 15ª maior empresa do mundo em refinamento de petróleo e na
181ª colocação do ranking Global 500 elaborado pela revista Fortune. O lucro obtido pela empresa
neste exercício foi de R$ 106 bilhões. Uma elevação de 1.400% em relação ao ano de 2020. Isso se
deve principalmente a elevação do preço do petróleo e seus derivados.
Morte
John F. Kennedy foi assassinado por Lee Harvey Oswald (1939-1963), um ex-fuzileiro naval americano.
Por sua vez, Oswald foi morto por Jack Ruby (1911-1967), dois dias depois do crime, quando era
encaminhado da delegacia para a prisão estadual. Deste modo, a morte de Kennedy nunca foi
totalmente explicada, o que alimentou várias teorias da conspiração.
Após dez meses de investigações conduzidas pela “Comissão de Investigação sobre o Assassinato do
Presidente Kennedy”, concluiu-se que Oswald e Ruby agiram sozinhos. Lee Oswald provavelmente
deve ter assassinado o presidente Kennedy por motivos pessoais.
No entanto, dita Comissão fez uma crítica ao FBI e à CIA afirmando que o mandatário americano não
se encontrava suficientemente protegido naquele dia.
O governo de Kennedy deu-se em plena Guerra Fria. A construção do Muro de Berlim, o fato de Cuba
ter passado à esfera soviética e a Corrida Espacial, são alguns fatos que repercutiram em todo mundo.
Muro de Berlim
O Muro de Berlim foi erguido na parte socialista da cidade alemã a qual estava localizada em pleno
território da República Democrática Alemã (Alemanha Oriental). O muro foi erguido para conter as
contínuas fugas de cidadãos alemães orientais para o lado capitalista.
Assim, tornou-se o símbolo mais visível da guerra ideológica travada entre EUA e URSS. O auge da
tensão entre Estados Unidos e URSS, aconteceu em 27 de outubro de 1961. Neste dia, um diplomata
americano ficou retido pelas autoridades na Alemanha Oriental.
Kennedy na Alemanha
John F. Kennedy cumprimenta o então prefeito de Berlim Ocidental, William Brandt, em 1963 os
americanos mandaram seus tanques para o "Check Point Charlie", um dos postos onde era possível
cruzar a fronteira, e ameaçaram bombardeá-lo caso o cidadão dos Estados Unidos não voltasse para
casa.
Por sua vez, os soviéticos fizeram o mesmo, e ambos os exércitos ficaram em prontidão, esperando que
se resolvesse o problema. Felizmente, o diplomata americano foi liberado e ninguém disparou um tiro.
Em 26 de junho de 1963, Kennedy visitou a Alemanha Ocidental e fez um discurso contra o comunismo
para uma multidão de berlinenses.
Corrida Espacial
A Corrida Espacial foi uma disputa entre a União Soviética e os Estados Unidos pelo domínio da órbita
terrestre e para saber qual país seria capaz de levar o primeiro ser humano ao espaço. A União Soviética
saiu à frente ao levar o primeiro ser vivo, a cadela Laika, em 3 de novembro de 1957. Em seguida, o
soviético Yuri Gagarin, seria o primeiro homem a dar a volta na órbita terrestre, em 12 de abril de 1961.
Isso fez o presidente John Kennedy declarar, em maio de 1961, na NASA, que os Estados Unidos
deveriam levar os primeiros homens a caminhar sobre a lua antes do final da década de 60. De fato, os
Estados Unidos conseguiriam fazê-lo com o Apollo 11, em 20 de julho de 1969.
Com o acordo, o então presidente americano, Richard Nixon, pretendia terminar a intervenção militar
dos EUA na Indochina: "Falo hoje à noite no rádio e na televisão para anunciar que fechamos um acordo
que põe fim à guerra e deve trazer a paz para o Vietnã e o Sudeste Asiático."
E prosseguiu: "Durante os próximos 60 dias, as tropas americanas serão retiradas do Vietnã do Sul.
Temos de reconhecer que o fim da guerra só pode ser um passo em direção à paz. Todas as partes
envolvidas no conflito precisam compreender agora que esta é uma paz duradoura e benéfica."
O acordo de paz previa a retirada completa das tropas dos Estados Unidos. Em contrapartida, o Vietnã
do Norte se comprometeu a soltar todos os prisioneiros de guerra americanos. Além disso, Hanói
reconheceu o direito à autodeterminação do Vietnã do Sul. Foi criado também um conselho de
reconciliação nacional, presidido pelo chefe de Estado Nguyen Van Thieu, encarregado de convocar
eleições livres no Vietnã do Sul, com a participação dos comunistas do Vietcong e outros grupos de
oposição.
Os principais arquitetos do acordo de Paris foram os chefes das delegações do Vietnã do Norte e dos
EUA, respectivamente Le Duc Tho e Henry Kissinger, encarregado especial de Nixon. Pelos seus
esforços, os dois diplomatas foram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz de 1973.
Foi principalmente Kissinger quem forçou uma mudança de rumo na política externa dos Estados
Unidos, depois que os protestos dos pacifistas criaram uma situação insustentável para Washington.
"Não é o Vietnã comunista que põe em risco os interesses americanos e, sim, o envolvimento dos EUA
num conflito insolúvel", argumentava.
O então chanceler federal alemão, Willy Brandt, elogiou o acordo de Paris num pronunciamento oficial:
"As condições para a paz mundial melhoraram. Sentimos o efeito libertador do acordo para milhões de
atingidos. Infelizmente, as pessoas no Vietnã tiveram de sofrer duramente sob a guerra civil ao longo
de uma geração."
Pouco antes do fim das negociações, Nixon ainda mandou bombardear o Vietnã do Norte. A chamada
Campanha de Natal, iniciada no final de dezembro de 1972, foi um dos ataques aéreos mais pesados
de toda a guerra. Com indiferença, o piloto de um dos bombardeiros B-52 descreveu assim a sua
missão: "É apenas uma tarefa. Outras pessoas entregam leite, eu entrego bombas".
O acordo de cessar-fogo, no entanto, não foi de fato implementado. Após a retirada das tropas dos
EUA, as partes conflitantes tentaram ampliar pelas armas os territórios sob seu controle. O Exército do
Vietnã do Sul desintegrou-se rapidamente, depois que os EUA suspenderam a sua ajuda financeira.
Em 21 de abril de 1975, o presidente Nguyen Van Thieu renunciou. Nove dias depois, em 30 de abril,
Saigon foi tomada pelas tropas do Vietnã do Norte e do Vietcong. A pseudotrégua de janeiro de 1973
era letra morta, e, com a vitória do Norte sobre o Sul, a Guerra do Vietnã finalmente chegava ao fim.
Existe a lenda de que os meios de comunicação decidiram a Guerra do Vietnã. Na prática, porém, não
existiam imagens dos crimes cometidos pelas tropas americanas nem das ondas de execuções dos
comunistas nos territórios por eles conquistados. Diversos estudos científicos demonstraram que as
imagens das batalhas militares, dos feridos e dos mortos mutilados representaram apenas 5 a 7% do
noticiário de TV sobre o Vietnã. Além disso, a maioria das cenas de guerra foram fictícias, porque as
equipes de TV não chegavam com seus equipamentos até os últimos rincões das florestas vietnamitas.
É certo que os correspondentes tiveram mais liberdade do que em outras guerras para escrever críticas
ao governo. Mas, nas tevês, a maioria das reportagens de três a quatro minutos mostravam um conflito
sem nexo, de forma distanciada.
A região de Suez, onde ocorreu a Guerra de Yom Kippur, foi um deles. Claro, isso deixou os outros
países bem descontentes, ainda mais considerando que o Canal de Suez é uma importante rota
comercial para o mundo inteiro.
Assim, como retaliação, os egípcios atacaram os israelenses no dia de um feriado sagrado para os
judeus, pegando-os de surpresa. Apesar disso, foram derrotados por Israel, que mantiveram os
territórios.
Em 1988, Pinochet sofreu uma derrota com o resultado de um plebiscito, no qual 56% dos eleitores
rejeitaram a sua continuidade no poder. Logo após o fim da ditadura, os militares acusados de crimes
contra os Direitos Humanos foram julgados e condenados à prisão.
Em 1970, os chilenos foram às urnas e elegeram Salvador Allende como presidente. Ele foi eleito a
partir de propostas ligadas ao marxismo. Seu programa de governo foi intitulado como “via chilena
para o socialismo” e: nacionalizou bancos, empresas estrangeiras e as minas de cobre; iniciou a reforma
agrária.
O Chile sob o comando de Allende foi o país que recepcionou os brasileiros que se exilaram após o
golpe de 1964. Vários políticos e professores saíram do Brasil por causa da perseguição nos primeiros
anos da ditadura e encontraram abrigo em território chileno. Fernando Henrique Cardoso, José Serra,
entre outros professores, puderam lecionar em universidades ou concluir seus estudos de pós-
graduação no país.
Esse modelo de governo desagradou à elite econômica chilena, que procurou vários meios para sabotá-
lo. Allende enfrentou a sanção norte-americana e a queda do preço do cobre chileno no mercado
internacional. A oposição ao governo recebeu apoio da CIA, agência de inteligência estadunidense, para
sabotar as reformas propostas pelo governo. Dessa forma, a economia chilena entrou em crise,
causando problemas no abastecimento de mercadorias. Então, militares se organizaram para derrubar
Salvador Allende do poder.
O golpe contra Allende aconteceu em 11 de setembro de 1973, quando militares sob o comando do
chefe do exército chileno, o general Augusto Pinochet, bombardearam o Palácio La Moneda, sede do
Poder Executivo do Chile. Allende não se rendeu aos golpistas e se suicidou no gabinete presidencial.
Até hoje pairam dúvidas sobre a morte do presidente chileno. Há questionamentos se, de fato, Allende
cometeu suicídio ou se foi morto pelas tropas golpistas.
Com o fim do governo socialista de Salvador Allende, o Chile começava o período ditatorial, sendo
governado por Augusto Pinochet. Mais um país da América do Sul sofria um golpe de Estado e passava
a ser governado por um militar.
A ditadura de Pinochet
A ditadura militar chilena iniciada em 1973 foi uma das mais violentas da América Latina. Os opositores
do governo foram duramente perseguidos e milhares perderam suas vidas. Os brasileiros que estavam
no Chile também sofreram essas perseguições e tiveram que se mudar para outros países. José Serra
conta em seu livro de memórias “Cinquenta anos essa noite” que a rede de apoio estabelecida entre os
perseguidos políticos pelas ditaduras sul-americanas colaborou para saída de vários brasileiros que
estavam morando no Chile. Muitos conseguiram, por meio dessa rede de ajuda, mudar-se para a
França, fugindo assim das perseguições sofridas.
O Estádio Nacional de Santiago foi o palco dos horrores praticados por Pinochet. Mais de 20 mil
pessoas ficaram presas, sendo torturadas, e muitas foram mortas por causa da violência sofrida. Apesar
de o governo tentar esconder, a violência praticada naquele estádio foi denunciada pelos opositores
que conseguiram fugir das arbitrariedades do governo de Pinochet.
O Chile se juntou a outros países sul-americanos que se tornaram ditaduras militares alinhadas com
os Estados Unidos. Na década de 1970, esses países organizaram a “Operação Condor”, em que os
governos militares trocavam informações sobre opositores e táticas de tortura para que os presos
políticos entregassem seus colegas.
No campo econômico, a ditadura adotou medidas contrárias às adotadas por Allende. Se o presidente
deposto em 1973 ampliou o raio de ação do Estado na economia ao nacionalizar empresas e bancos,
Pinochet optou pela implantação de medidas liberais, diminuindo a presença do Estado e abrindo
espaço para o capital privado e, principalmente, empresas estrangeiras.
Economistas chilenos que cursaram Economia na Escola de Chicago, os “Chicago Boys”, auxiliaram
Pinochet a implantar o liberalismo no Chile. Dessa forma, o governo chileno promoveu:
Naomi Klein, no seu livro “Doutrina de Choque”, relaciona o autoritarismo com as ideias liberais da
Escola de Chicago.
As consequências da ditadura militar chilena foram as punições dos militares que participaram do
governo de Pinochet. Vários militares foram julgados pelos crimes cometidos durante o governo
ditatorial e presos. Apesar de Pinochet ter deixado o governo em 1990, o Chile ainda convive com
algumas leis do período ditatorial. Em 2020, começou uma Constituinte para elaborar uma nova
Constituição para o Chile, mais adequada para o regime democrático.
Patricio Aylwin foi o primeiro civil eleito desde o golpe contra Salvador Allende e iniciou seu mandato
em 1990. Pinochet saiu da presidência e tornou-se senador vitalício. Em seus últimos anos de vida, ele
teve que responder aos processos de crime contra direitos políticos e corrupção durante os 15 anos de
ditadura chilena. Apresentando atestado de debilidade mental, Pinochet morreu sem ser condenado e
punido pelos seus crimes.
Em preto, branco e cinza, a pintura é um testamento surrealista dos horrores da guerra e apresenta um
minotauro e várias figuras humanas em vários estados de angústia e terror. “Guernica” continua sendo
uma das pinturas anti-guerra mais comoventes e poderosas da história.
Após a Segunda Guerra Mundial, Picasso tornou-se mais abertamente político, juntando-se ao Partido
Comunista. Ele foi homenageado duas vezes com o Prêmio Internacional Lênin da Paz, primeiro em
1950 e novamente em 1961.
As eleições diretas haviam sido suspensas desde a implementação do Ato Institucional n° 2, em 1965,
que definiu que os membros do Congresso Nacional elegeriam indiretamente o presidente e o vice-
presidente da República. A Constituição de 1967 tornou o processo eleitoral ainda mais favorável aos
militares, pois o presidente passou a ser escolhido por um Colégio Eleitoral, que era composto por
delegados indicados pelas assembleias legislativas dos Estados. Desse modo, não se realizavam
eleições diretas para a presidência da República desde 1960, quando Jânio Quadros foi eleito.
Nos dois últimos governos do regime militar, dos generais Ernesto Geisel (1974-1979) e João
Figueiredo (1979-1985), ocorria a distensão política que preparava a transição desse regime para o
liberal democrático. Assim, durante o final do governo Geisel foi revogado o Ato Institucional n°. 5; e
no governo Figueiredo foram aprovadas a Lei da Anistia, a Lei Orgânica dos Partidos, e realizaram-se
eleições diretas para os governos dos Estados e para o Congresso Nacional.
No entanto, as eleições para presidente da República continuaram indiretas, pois o Congresso não
aprovou a Emenda Constitucional, elaborada pelo deputado Dante de Oliveira, que previa esse caráter
para o pleito, em março de 1983. Desse modo, a eleição presidencial permaneceu indireta, e foram
indicados por esse processo Tancredo Neves, para presidente, e José Sarney, para vice-presidente.
O movimento das “Diretas Já” tomou maior dimensão no ano de 1984, com apoio das mídias de massa.
Nesse ano foram realizados comícios pela campanha das “Diretas Já” nas principais cidades do país.
Os comícios tinham ampla participação popular e cobertura da mídia. Uma característica predominante
dos comícios era a utilização de símbolos nacionais como as cores da bandeira, a própria bandeira, o
hino, dentre outros elementos de cunho patriótico. Esses comícios contavam com a participação de
políticos dos mais variadas vertentes políticas e de artistas.
A votação pela efetivação da Emenda Dante de Oliveira ocorreu em 25 de abril de 1984 e foi
acompanhada por manifestantes que realizaram a “Marcha a Brasília”. A votação não pôde ser
veiculada nas mídias de massas devido à censura estabelecida pelas forças armadas e também houve
restrição à entrada de pessoas em Brasília entre os dias 20 e 30 de abril de 1984. Além da “Marcha a
Brasília”, foram realizados comícios pelas “Diretas Já” no Rio de Janeiro, em Goiânia e em São Paulo.
Apesar da manifestação popular, da ampla participação da mídia, e do apoio de figuras públicas, a
Emenda Dante de Oliveira foi rejeitada pela maioria dos deputados, recebendo 298 votos favoráveis,
não obteve os necessários dois terços dos votos dos 479 deputados.
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Por isso, em janeiro de 1985, foram realizadas eleições indiretas para a presidência da República.
Formaram-se duas chapas: o governista Partido Democrático Social (PDS) lançou a candidatura
indireta de Paulo Maluf, para a presidência, e Flávio Marcílio, para a vice-presidência; e o Partido
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) indicou as candidaturas de Tancredo Neves, para a
presidência, e José Sarney, para a vice-presidência. A chapa de oposição obteve a vitória na eleição
indireta e Tancredo Neves foi indicado como sucessor do general Figueiredo na presidência da
República, assim sucedendo o término do regime militar no país.
A harmonização e o reconhecimento mútuo das normas permitem que as empresas vendam os seus
produtos a um mercado de mais de 450 milhões de pessoas. A eliminação dos obstáculos acarretou
um aumento significativo do comércio dentro da UE - as exportações de bens para outros países da UE
totalizaram 671 mil milhões de euros em 1993, e aumentaram para mais de 3,4 biliões de euros em
2021. O mercado único ajudou a transformar a UE num dos blocos comerciais mais poderosos do
mundo, a par de outras potências comerciais mundiais como os EUA e a China. Os cidadãos da UE
beneficiam de elevadas normas de segurança dos produtos e podem estudar, viver, trabalhar e
reformar-se em qualquer país da UE.
O Parlamento Europeu aprovou a Lei dos Mercados Digitais e a Lei dos Serviços Digitais em 2022, que
impõem um conjunto comum de requisitos às plataformas digitais em toda a UE, com vista a criar um
ambiente em linha mais seguro, mais justo e mais transparente. Os eurodeputados defendem a criação
de um direito à reparação de produtos, uma vez que as dificuldades com que os consumidores se
defrontam para reparar os produtos acabam por transformar-se em montanhas cada vez maiores de
resíduos.
O Parlamento gostaria também que o Mercado Único se tornasse mais resistente a crises, como a
pandemia da COVID-19, que são passíveis de causar perturbações temporárias na livre circulação de
bens ou de pessoas. Numa declaração sobre o 30º aniversário do mercado único, a presidente da
Comissão do Mercado Interno do Parlamento, Anna Cavazzini (Verdes/ALE, Alemanha), apelou a novos
desenvolvimentos no desenvolvimento das regras em que se baseia o mercado único.
O fim da Tchecoslováquia
A grande diversidade étnica foi o principal motivo para a dissolução da Tchecoslováquia. Além de
serem dois povos completamente diferentes nos costumes, outras minorias ainda compunham a
sociedade. Além de tchecos e eslovacos, húngaros, alemães, ucranianos (rutenos), poloneses e ainda
judeus conviviam na região.
A fim de melhorar a convivência entre os povos, o governo sugeriu criar uma doutrina nacionalista que
perdurasse a relação. O conceito checoeslovaco ou checoslovaquismo sustentavam as crenças de
igualdade cultural entre Tchecos e Eslovacos. O problema é que ambos já eram configurados, antes da
Primeira Guerra Mundial, como Estados independentes. A ideologia checoslovaquista sustentava que
checos e eslovacos faziam parte de um mesmo povo.
O motivo da separação, segundo a doutrina seria a dominação austro-húngara na região. Tanto
húngaros, como austríacos, teriam separado o grande estado Morávia (833-902), dividindo Tchecos e
Eslovacos por séculos. A ideia, além de fantasiosa, era contestada, sobretudo por eslovacos. No
entanto, tal idéia era contestada, principalmente da parte eslovaca, e houve mesmo durante a Segunda
Guerra Mundial a criação de um estado eslovaco em separado, mesmo que ainda um estado fantoche
submisso à Alemanha Nazista. Apesar disso tudo, a história nunca registrou grandes conflitos
fervorosos entre as duas nações. É posto isso durante o processo de dissolução, que reuniu ministros
dispostos e abertos ao debate, que decidiram pelo fim da Tchecoslováquia.
Causas:
Desde o fim da invasão iraquiana ao Kuwait, em 1990, e da Guerra do Golfo, em 1991, o ex-presidente
iraquiano Saddam Hussein ficou na mira dos Estados Unidos. O governo norte-americano enxergava a
política de Hussein como uma ameaça para a região do Oriente Médio e aguardava qualquer
movimento em falso de Hussein para lançar uma nova guerra na região.
Esse motivo veio em 11 de setembro de 2001, com os atentados às torres do World Trade Center em
Nova York. Alegando que Hussein estaria envolvido com o grupo terrorista al-Qaeda e que o Iraque
tinha armas de destruição em massa, o ex-presidente americano George W. Bush determinou a invasão
no dia 20 de março de 2003.
O conflito:
Os primeiros ataques aéreos foram direcionados aos locais em que Hussein teria encontros com sua
equipe. A resistência das tropas iraquianas, embora por vezes parecesse sólida, era desorganizada e
fácil de penetrar pela máquina de combate dos Estados Unidos. Pouco menos de um mês depois da
invasão, os EUA tomaram controle de Bagdá. Dias depois, tropas britânicas aliadas tomaram controle
de outras cidades importantes, como Al-Bashrah, até finalmente chegarem à cidade natal de Hussein,
Tikriti. O ditador foi capturado em dezembro e entregue às autoridades iraquianas no ano seguinte,
sendo condenado à morte e executado em dezembro de 2006.
O art. 3º da Lei, disciplina que é obrigação de toda a coletividade assegurar ao idoso, com absoluta
prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária. Neste artigo da lei, não há nenhuma garantia exclusiva e restrita à pessoa idosa, porém é
feito referência a direitos dos quais todo cidadão faz jus, a teor da Constituição Federal de 1988.
Portanto, serve para exemplificar a citação do art. 2º: “O idoso goza de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana”.
FONTE:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/09/100902_entenda_acordos_orientemedio_rc
https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/economy/20230112STO66302/30-anos-do-mercado-unico-da-ue-
beneficios-e-desafios-infografias
https://www.historiadobrasil.net/brasil_republicano/revolucao_federalista.htm
https://www.dw.com/pt-br/h%C3%A1-50-anos-acordo-abria-caminho-para-fim-da-guerra-do-vietn%C3%A3/a-
417493
https://www.culturagenial.com/quadro-o-grito-de-edvard-munch/
https://www.suapesquisa.com/filosofia/theodor_adorno.htm
https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/78917/hoje-na-historia-1943-uniao-sovietica-vence-hitler-em-
stalingrado
https://www.politize.com.br/historia-da-petrobras/
https://arteref.com/arte-moderna/pablo-picasso-conheca-sua-vida/
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2019/08/o-que-voce-precisa-saber-sobre-guerra-do-
iraque.html
AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.
FERREIRA, J. & DELGADO, L.N. (org). O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. (O Brasil Republicano, v.4).
MOREIRA, Maria Ester Lopes. “Diretas Já” (Verbete). Rio de Janeiro: FGV/CPDOC.
01. (FAMEMA 2022) Em 2 de dezembro de 1823, James Monroe, presidente dos Estados Unidos, em sua
mensagem anual ao Congresso anunciou o que veria a ser conhecida como “Doutrina Monroe”:
Julgamos propícia esta ocasião para afirmar como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados
Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam,
não podem mais ser considerados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência europeia.
Com base no trecho, analise as afirmativas a seguir sobre a Doutrina Monroe e as relações entre Estados Unidos
(EUA) e a América Latina na primeira metade do século XIX:
( ) Doutrina elaborada no contexto de afirmação das independências da maior parte das ex-colônias ibéricas na
América, de caráter defensivo, que ficou associada ao slogan “América para os americanos”.
( ) É um discurso contra o predomínio britânico na região e legitimador dos interesses intervencionistas do
imperialismo dos EUA, que queria tornar-se uma potência hegemônica na região usando a “Política do Grande
Porrete”.
( ) Estratégia de relacionamento com a América Latina pautada na colaboração econômica, com o fim de formar
mercados externos para os produtos e investimentos da nascente indústria norte-americana e ficou conhecida
como “Política da Boa Vizinhança”.
a) V – V – F
b) V – F – V
c) F – V – F
d) V – F – F
e) F – F – V
Na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, em Paris, foi adotado um novo acordo com o objetivo central
de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar
com os impactos decorrentes dessas mudanças.
O Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países Parte da UNFCCC para reduzir emissões de gases de efeito
estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. O compromisso ocorre no sentido de manter o
aumento da temperatura média global em bem menos de 2 °C acima dos níveis pré-industriais e de envidar
esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.
Para que o acordo comece a vigorar, é necessária a ratificação de pelo menos 55 países, responsáveis por 55%
das emissões de GEE. O secretário-geral da ONU, numa cerimônia em Nova York, no dia 22 de abril de 2016,
abriu o período para assinatura oficial do acordo, pelos países signatários.
Com relação ao assunto, identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) O Brasil já ratificou o Acordo de Paris e se comprometeu junto às Nações Unidas a reduzir, em 2025, as emissões
de GEE em 37% abaixo dos níveis de 2005, bem como reduzir as emissões de GEE em 43% abaixo dos níveis de
2005 em 2030.
( ) A União Europeia sugeriu a negociação direta com grandes empresas e estados dos EUA para redução de GEE,
como alternativa à saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
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( ) A saída dos EUA do Acordo de Paris motivou a saída também da China, uma das principais emissoras de GEE
do mundo.
( ) A Rússia, maior emissora de GEE do mundo, anunciou sua saída do Acordo de Paris para expandir sua atividade
industrial e se manter competitiva em relação aos EUA.
a) V, V, F, V
b) V, F, V, F
c) F, V, F, V
d) V, V, F, F
e) F, F, V, V
03. (Uece 2023) Durante o movimento denominado “Diretas Já”, ocorrido em todo o Brasil entre os anos de 1983
e 1984, um enorme contingente de cidadãos envolveu-se nas manifestações. Nas dezenas de comícios realizados
nas principais cidades do país, aqueles eventos contaram com a participação de políticos, artistas renomados,
jogadores de futebol famosos, líderes sindicais, representantes estudantis e jornalistas. Sobre esse momento da
história política brasileira, é correto afirmar que
a) teve como objetivo tentar impedir a implantação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que estabelecia o fechamento
do Congresso Nacional e o fim das garantias e dos direitos civis.
b) objetivava retomar o sistema de voto direto para o cargo de Presidente da República a partir da aprovação da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 5, do deputado Dante de Oliveira.
c) ocorreu como uma tentativa de barrar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 16, que alteraria a
Constituição, abrindo a possibilidade de reeleição para quem ocupava cargos em qualquer nível do Poder
Executivo.
d) teve como foco apoiar o processo de impeachment, por crime de responsabilidade, contra o então presidente
Fernando Collor de Mello, último presidente brasileiro eleito por meio de eleição indireta.
4. (EFOA MG) A criação da Petrobras e o monopólio estatal da exploração do petróleo no território brasileiro
decorreram de ampla mobilização nacionalista na chamada “Campanha do Petróleo”. Tal campanha ocorreu
durante:
05. (UNICAMP) “Ninguém é mais do que eu partidário de uma política exterior baseada na amizade íntima com
os Estados Unidos. A Doutrina Monroe impõe aos Estados Unidos uma política externa que se começa a desenhar.
(…) Em tais condições a nossa diplomacia deve ser principalmente feita em Washington (...). Para mim a Doutrina
Monroe (...) significa que politicamente nós nos desprendemos da Europa tão completamente e definitivamente
como a lua da terra.”
(Adaptado de Joaquim Nabuco, citado por José Maria de Oliveira Silva, “Manoel Bonfim e a ideologia do
imperialismo na América Latina”, em Revista de História, n. 138. São Paulo, jul. 1988, p.88.)
Sobre o contexto ao qual o político e diplomata brasileiro Joaquim Nabuco se refere, é possível afirmar que:
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a) A Doutrina Monroe a que Nabuco se refere, estabelecida em 1823, tinha por base a ideia de “a América para
os americanos”.
b) Joaquim Nabuco, em sua atuação como embaixador, antecipou a política imperialista americana de tornar o
Brasil o “quintal” dos Estados Unidos.
c) Ao declarar que a América estava tão distante da Europa “como a lua da terra”, Nabuco reforçava a necessidade
imediata de o Brasil romper suas relações diplomáticas com Portugal.
d) O pensamento americano considerava legítimas as intenções norte-americanas na América Central, bem como
o apoio às ditaduras na América do Sul, desde o século XIX.
6. (UFTM MG) Com as recentes descobertas de petróleo na camada pré-sal, reacendeu-se a discussão sobre
como será administrada essa nova riqueza. Na década de 1950, a criação da Petrobras:
a) derivou de uma imposição do presidente Getúlio Vargas, na época do Estado Novo, com base no
intervencionismo estatal.
b) encontrou forte resistência no Congresso, dominado pelo PTB, mas foi respaldada pela UDN, que convenceu
os parlamentares.
c) concretizou os interesses de grupos denominados entreguistas, que pretendiam instituir o monopólio estatal a
exemplo dos EUA.
d) esteve ligada a uma campanha nacionalista que mobilizou setores da sociedade e culminou na sua aprovação
pelo Congresso.
e) baseou-se no modelo desenvolvimentista, no qual prevalecia o princípio de que riquezas do subsolo eram
propriedade do governo.
7. (U. M. de São Caetano do Sul) A continuidade de Monroe no cargo presidencial deu maior peso às declarações
internacionais dos Estados Unidos. Em 1823, proclamou a famosa “Doutrina Monroe” inspirada nas guerras de
liberação [das] nações latino-americanas [...]. Atendendo às advertências de que a Espanha poderia receber apoio
militar das nações autocráticas da Europa, unidas na “Santa Aliança”, Monroe declarou que os Estados Unidos
não tolerariam nenhuma interferência europeia no hemisfério ocidental.
(Philip Jenkins. Breve história dos Estados Unidos, 2017. Adaptado.)
08. (FGV-RJ) Costuma-se dizer que a religião deve ser separada da política e que o mundo eclesiástico não se
deve imiscuir nos assuntos de Estado. Proclama-se que as altas autoridades eclesiásticas muçulmanas não devem
intervir nas decisões sociais e políticas do governo. Tais afirmações só emanam dos ateus: são ditadas e
espalhadas pelos imperialistas. A política estava separada da religião no tempo do Profeta (...)?
AIATOLÁ KHOMEINI, O Livro Verde dos princípios políticos, sociais e religiosos. Rio de Janeiro: Record, 1979, p.
27.
O Aiatolá Khomeini foi um dos líderes da Revolução Iraniana de 1979, que derrubou o regime do Xá Reza Pahlevi.
A esse respeito, afirma-se:
I) A Revolução Iraniana provocou a substituição de um regime imperial democrático por um Estado republicano
de caráter autoritário.
II) Dirigido pelos xiitas, o movimento instaurou um governo fundamentalista que articulava os interesses do
Estado a concepções religiosas muçulmanas.
III) A ascensão do regime dos aiatolás foi patrocinada pelos governos dos Estados Unidos, interessados em
estimular o conflito entre Irã e Iraque, dirigido, na época, por Saddam Hussein.
a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) II, apenas.
09. (UFMG/2007) O segundo Governo Vargas (1951-1954) caracterizou-se por forte orientação nacionalista.
Entre as iniciativas que marcaram esse período, destaca-se a criação da Petróleo Brasileiro S.A., a Petrobras,
mediante a Lei n. 2.004, aprovada pelo Congresso em 3 de outubro de 1953.
a) deu origem à campanha “O petróleo é nosso”, o que reforçou o sentimento nacionalista entre os brasileiros e
fez crescer o apoio a Vargas.
b) foi o estopim da crise política que levou ao suicídio de Vargas, pois a Lei deixou a distribuição do petróleo nas
mãos de empresas estrangeiras.
c) motivou a crítica, por parte do escritor paulista Monteiro Lobato, à criação da empresa estatal de petróleo.
d) teve como eixo a imposição do monopólio estatal sobre a produção de petróleo, considerado condição
necessária para a soberania nacional.
10. (UFSC) Indique a alternativa que contempla a somatória dos números que precedem as afirmativas
incorretas, que estão abaixo:
04) – Reconhecido como uma das maiores manifestações populares já ocorridas no país, o movimento “Diretas
Já!” foi marcado por enormes comícios em que figuras perseguidas pela ditadura militar, membros da classe
artística, intelectuais e representantes de outros movimentos militavam pela aprovação do projeto de lei;
08) – A divulgação da chamada “Emenda Dante de Oliveira” fez com que, em um curto espaço de tempo, membros
do PDS, PFL e Arena passassem a organizar grandes comícios em que a população se colocava a favor da escolha
direta para o cargo de presidente;
16) – Em resposta ao Movimento Diretas Já, o general João Figueiredo, presidente da República, decretou, em
1984, medidas que voltavam a censurar os conteúdos veiculados nos meios de comunicação, com o objetivo de
abafar o crescente apoio popular ao movimento.
32) – A enorme pressão em torno das Diretas Já sensibilizou os deputados federais da época, que por apenas 22
votos de diferença aprovaram a Emenda Dante de Oliveira, levando novamente o Brasil a realizar uma eleição
direta para presidente, em 1985, depois de 21 anos de regime militar.
a) 40
b) 12
c) 48
d) 20
e) 28
11. (UFMS) A Doutrina Monroe, em conjunto com outros fatores, assinalou o que mais tarde se configuraria no
imperialismo norte-americano, auxiliando na consolidação dos EUA como uma das maiores potências mundial do
século XX.
a) Defenderam, no início do século XX, a ideia de que a América deveria ser liderada pelos Estados Unidos.
b) Ambas as políticas lutavam contra a influência crescente dos países europeus sobre a Ásia e a África, conhecida
como imperialismo.
c) A Doutrina Monroe surge no século XIX e pregava o lema "América para os americanos", apoiando as
independências no continente. Já o Bolivarismo é a política socialista desenvolvida pelo presidente Hugo Chaves
e seguida por seu sucessor, Maduro, no início do século XXI.
d) São políticas que geraram grande oposição durante a guerra fria, sendo que a primeira marcava uma postura
socialista e a segunda uma postura capitalista.
e) São políticas desenvolvidas no século XIX pelos jovens países americanos que pretendiam, respectivamente,
promover integração entre os países sul-americanos e defender a autonomia da América, com menor ingerência
europeia sobre o continente.
13. (UNESP) Na Europa, as forças reacionárias que compunham a Santa Aliança não viam com bons olhos a
emancipação política das colônias ibéricas na América. […] Todavia, o novo Império do Brasil podia contar com a
aliança da poderosa Inglaterra, representada por George Canning, primeiro-ministro do rei Jorge IV. […] Canning
acabaria por convencer o governo português a aceitar a soberania do Brasil, em 1825. Uma atitude coerente com
o apoio que o governo britânico dera aos EUA, no ano anterior, por ocasião do lançamento da Doutrina Monroe,
que afirmava o princípio da não intervenção europeia na América.
(Ilmar Rohloff de Mattos e Luis Affonso Seigneur de Albuquerque. Independência ou morte: a emancipação
política do Brasil, 1991.)
O texto relaciona
a) A restauração das monarquias absolutistas no continente europeu, a industrialização dos Estados Unidos e a
constituição da Federação dos Estados Independentes da América Latina.
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b) A influência da Igreja católica nos assuntos políticos europeus, o controle britânico dos mares depois do Ato
de Navegação e o avanço imperialista dos Estados Unidos sobre o Brasil.
c) A disposição europeia de recolonização da América, o Bloqueio Continental determinado pela França e os
acordos de livre-comércio do Brasil com os países hispano- -americanos.
d) A penetração dos industrializados britânicos nos mercados europeus, a tolerância portuguesa em relação ao
emancipacionismo brasileiro e a independência política dos Estados Unidos.
e) A reorganização da Europa continental depois do período de domínio napoleônico, os processos de
independência na América e a ampliação do controle comercial mundial pela Inglaterra.
14. (UESB) A Faixa de Gaza foi tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos
em 2005 — embora boa parte das fronteiras e territórios aéreos e marítimos ainda seja controlada pelos
israelenses. Em 2007, o grupo Hamas — considerado terrorista por Israel — venceu as eleições parlamentares
palestinas, fato não reconhecido pelo opositor Fatah. O racha na administração fez com que o Hamas controlasse
a Faixa de Gaza, e o Fatah ficasse a cargo da Cisjordânia. Desde então, Israel e o Hamas não dialogam. (COMO O
HAMAS..., 2015).
A origem dos conflitos árabe-israelenses localiza-se ainda no final da Primeira Guerra Mundial, quando:
a) Ondas migratórias de judeus, influenciados pelo movimento sionista e pela política da Inglaterra, ocuparam
amplas regiões do território palestino.
b) O Império Turco Otomano liberou as migrações judias para ocuparem territórios na Europa Oriental.
c) Os grupos judeus e árabes, perseguidos pelo nazismo, lutaram igualmente contra o preconceito e a violência.
d) A descoberta e o controle da exploração do petróleo na região deram aos judeus o poder econômico necessário
ao domínio sobre todo o território palestino.
e) As migrações árabes para o território palestino foram proibidas pela Áustria e pela Hungria, países vencedores
da Primeira Guerra Mundial.
15.(PUC-SP) Após duas décadas de governos militares e de intensa campanha popular pelas diretas em 1984,
as eleições presidenciais de 1985 foram:
a) diretas, vencidas por José Sarney, candidato do PDS (Partido Democrático Social), que apoiava o regime militar.
b) diretas, vencidas pelos partidos de esquerda que nasceram após a anistia política de 1979: PT (Partido dos
Trabalhadores) e PDT (Partido Democrático Trabalhista).
c) indiretas, vencidas pelo general João Figueiredo, da Arena (Aliança Renovadora Nacional), que se tornou o
último presidente militar do Brasil.
d) indiretas, vencidas pela Aliança Democrática, que reunia o PMDB (Partido do Movimento Democrático
Brasileiro), de oposição, e setores dissidentes do PDS.
e) indiretas, vencidas pelo PFL (Partido da Frente Liberal), que apoiara o regime militar e que, após a
redemocratização, passou para a oposição.
16. (IFPR) Leia o trecho de mensagem do presidente Monroe ao Congresso, 2 de dezembro de 1823. In: MATOSO,
Kátia M. de Q (org.). Textos e documentos para o estudo da história contemporânea. São Paulo: Hucitec/Edusp,
1977.
“[...] Devemos, portanto, pelas sinceras e amistosas relações existentes entre os Estados Unidos e aquelas
potências, declarar que consideramos qualquer tentativa por parte delas de estender seu sistema a qualquer
porção deste hemisfério como perigosa para nossa paz e segurança. Não interferimos e nem interferiremos nas
colônias existentes ou dependentes de qualquer potência europeia. Mas, quanto aos governos que declararam
sua independência que reconhecemos, depois de muita consideração e sob justos princípios, não podemos ver
nenhuma interferência por parte de qualquer potência europeia com o propósito de oprimi-los ou controlar-lhes
o destino como o da manifestação de uma disposição inamistosa para com os Estados Unidos. [...]”
De acordo com o texto avalie as afirmativas e aponte aquela que não condiz com a Doutrina Monroe:
a) De acordo com a Doutrina Monroe, sucessivos governos dos EUA se viram no direito de intervir na defesa de
alguns países latino-americanos contra as potências europeias.
b) Contrariamente à doutrina Monroe, o presidente Theodore Roosevelt lançou a política do Big Stick, mantendo
uma política de não intervenção nos negócios internos dos países latino-americanos.
c) Amparados pela Doutrina Monroe, os EUA ajudaram o Panamá a separar-se da Colômbia, interessados em
construir um canal (no Panamá) ligando o oceano Atlântico ao Pacífico.
d) Por efeito esta política ocorreu a conquista do território de Porto Rico e apoio à independência cubana.
e) A Doutrina Monroe levou os EUA ao domínio econômico em países caribenhos, popularmente conhecidos como
república de bananas.
17. (UFRGS-RS) Em 25 de abril de 1984, a Emenda Constitucional das “Diretas Já!”, relativa à eleição direta para
presidente e vice-presidente da República, foi:
a) aprovada pela Câmara dos Deputados, obrigando o governo Figueiredo a controlar os grupos militares de
extrema direita.
b) rejeitada pela Câmara dos Deputados, levando à posterior formação da Aliança Democrática e à candidatura
de Tancredo Neves.
c) aprovada pela Câmara dos Deputados, permitindo ao governo o estabelecimento de medidas de emergência
nos estados.
d) rejeitada pela Câmara dos Deputados, propiciando forte reação da classe trabalhadora, que se decidiu pela
formação do Partido dos Trabalhadores.
e) aprovada pela Câmara dos Deputados, articulando-se a anistia geral e a extinção do bipartidarismo.
18. (UECE) Em 1823, o governo dos Estados Unidos aprovou a Doutrina Monroe. Considere os seguintes itens no
que concernem aos objetivos centrais dessa doutrina:
a) I, II e III.
b) I e II apenas.
c) II e III apenas.
d) I e III apenas.
19. (UFJF MG/) “Quis criar a liberdade nacional na potencialização de nossas riquezas através da Petrobrás; mal
esta começa a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não
querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente”
(VARGAS, Getúlio. Carta Testamento. In: D’ARAÚJO, Maria Celina (org). As instituições políticas brasileiras da
Era Vargas. Rio de Janeiro: Ed. UERJ/Ed. FGV, 1999, p. 160.)
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a) Foi instituída como empresa pública em 1953, embora não tenha sido definido o monopólio estatal da
prospecção de petróleo.
b) Sua aprovação no Congresso foi precedida de ampla campanha de massas, envolvendo estudantes, militares,
trabalhadores e setores do empresariado.
c) Pela primeira vez, é instalada uma empresa estatal e inaugura-se no Brasil uma política de desenvolvimento
que vai caracterizar-se pela destacada participação do Estado.
d) Foi uma importante vitória política de Vargas, representando um momento significativo do nacionalismo da
década de 1950, que tinha na UDN o seu principal suporte partidário.
e) Desde a sua instalação, o Brasil tornou-se autossuficiente na produção de petróleo e derivados.
20. (UECE) A mensagem enviada por James Monroe ao Congresso dos Estados Unidos em 1823 exprimiu a ideia
que ficou comumente conhecida como “Doutrina Monroe” que era centrada na ideologia da “América para os
americanos”. Theodore Roosevelt, em 1904, acrescentou à doutrina a ideologia da “América para os norte-
americanos”.
Atente para as seguintes afirmações sobre as ideias dos dois presidentes norte-americanos.
I. Elas representam momentos diferentes da política externa norte-americana: Monroe direcionou seu discurso
para a Europa e Roosevelt para seus vizinhos do sul.
II. Mesmo sendo pertencentes a épocas diferentes, Monroe e Roosevelt defenderam as mesmas ideias, visto que
não houve mudanças na política externa norte-americana.
III. A política externa norte-americana defendida por ambos os presidentes era predominantemente voltada para
a independência e para a luta contra o terrorismo.
21. (MODIFICADA) Por qual nome ficou conhecida a proposta legislativa de alteração constitucional cujo
objetivo era realizar eleições diretas para a presidência da República?
a) essa empresa estatal, que passaria a ter o monopólio da prospecção e refino de petróleo, foi criada em 1953,
no governo de Getúlio Vargas, e integrou o seu projeto nacionalista.
b) foi criada em 1939, a partir de um decreto do ditador Getúlio Vargas, em pleno Estado Novo, e detinha o
monopólio da distribuição dos derivados do petróleo e devia estimular a produção petrolífera.
c) a sua criação, em 1954, foi dificultada pela forte oposição do PSD e dos militares ligados à Escola Superior de
Guerra, que consideravam que essa prática nacionalista abria caminho para o comunismo.
d) o presidente Getúlio Vargas conseguiu capitais norte-americanos para a criação da estatal do petróleo, no
contexto da Guerra Fria, em 1951, após a sua ameaça de recorrer ao auxílio da União Soviética.
e) a sistemática oposição do PSD à criação de uma estatal ligada à exploração do petróleo só foi desmontada pela
aliança política entre a ala nacionalista da UDN e os grupos mais moderados do PTB.
23. (FATEC) “No Oriente Médio, nos anos 1950, à medida que o velho Império Britânico retirava-se e se reduzia
a seu arquipélago inicial, os Estados Unidos substituíam-no. Para isso, colocou à frente dos países dessa região
seus “homens”, sobretudo na Arábia Saudita e no Irã, principais produtores de petróleo do mundo – junto com a
Venezuela, na época já sob controle estadunidense.” https://tinyurl.com/y5jobeuu Acesso em: 10.10.2019.
Adaptado.
Desde 1953, o Irã foi um grande aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio. Porém, essa aliança se rompeu e
as relações entre os dois países foram cortadas em 1980.
O fato que levou a esse rompimento aconteceu, entre 1978 e 1979, em decorrência da
a) Guerra Irã-Iraque, na qual o presidente do Irã, Saddam Hussein, ataca o Iraque com a intenção de expandir o
islamismo xiita e se apropriar dos campos de petróleo na bacia dos rios Tigre e Eufrates.
b) Revolução Socialista, que ocorreu no Irã e que levou o Partido Comunista desse país ao poder, suprimiu a
propriedade privada e nacionalizou as companhias de petróleo estrangeiras, incluindo as estadunidenses.
c) Guerra do Golfo, na qual o exército iraniano invadiu o Kuwait, bombardeou os poços de petróleo desse país e
rumou em direção à Arábia Saudita, quando foi surpreendido pelas forças de coalizão lideradas pelos Estados
Unidos.
d) Derrubada das torres gêmeas do Word Trade Center de Nova Iorque, ação comandada pelo iraniano Osama
bin Laden, que tinha a intenção de destruir os centros de comando das Sete Irmãs do Petróleo instaladas
naquele complexo de edifícios.
e) Revolução Islâmica ocorrida no Irã, em que grupos que eram a favor da nacionalização do petróleo,
organizações islâmicas e movimentos estudantis apoiaram a rebelião que derrubou a monarquia pró-Estados
Unidos e proclamou a República Islâmica do Irã.
24. (UNIRIO RJ/1996) A criação da Petrobras, empresa controlada pela União e administradora do monopólio do
petróleo, foi representativa da política econômica adotada por Getúlio Vargas (1951-1954), que:
"Os novos desafios estão lançados. Na corrida do petróleo a Petrobras procura definir sua linha de atuação no
Estado." ("Talismã", edição 32, 2000, p. 11.)
As citações acima referem-se aos problemas que a Petrobras vem enfrentando e ao propósito de ampliar sua
atuação no Espírito Santo. A Petrobras foi criada na década de 50, no seguinte contexto:
a) Estado Novo, decretado por Getúlio Vargas, com base no autoritarismo político e no nacionalismo econômico.
b) Governo de João Figueiredo, cuja política populista previa a prospecção petrolífera em várias partes do Brasil.
c) Presidência de Getúlio Vargas, eleito pelo voto no seu segundo governo, com grande apelo nacionalista.
d) Governo de Juscelino Kubitschek, marcado pelo antinacionalismo e voltado para os interesses norte-
americanos no setor automobilístico.
e) Governo provisório de Getúlio Vargas, numa situação de colaboração ao esforço de guerra imposto pelos
ingleses e americanos.
26. (UFC CE/2000) Assinale a alternativa que expressa corretamente o contexto de criação da Petrobras.
a) Após uma campanha popular de caráter nacionalista, a empresa estatal de petróleo foi criada pelo governo
como a solução para o problema da industrialização do país.
b) A criação da Petrobras foi resultado do acordo político entre Getúlio Vargas e os comunistas, que pretendiam
iniciar um amplo processo de estatização da economia.
c) No contexto de crise do governo de Getúlio Vargas, a criação da empresa de petróleo foi uma vitória das
oposições lideradas por Carlos Lacerda e Francisco Campos.
d) A criação da Petrobras foi mais um empreendimento nacionalista do Estado Novo, assim como a criação da
Companhia Siderúrgica Nacional.
e) As empresas internacionais de petróleo pressionaram o governo brasileiro para que se criasse no Brasil um
monopólio estatal que garantisse a perfuração de novos poços.
27. (UFAM/2007) A recente campanha de nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, pondo em cheque a
atuação da Petrobras naquele país, remete para similar atitude adotada no passado pelo governo brasileiro. A
esse respeito, pode-se afirmar que:
a) Embora de grande penetração popular, a campanha de nacionalização do petróleo brasileiro fracassou pela
forte pressão internacional, liderada pelos Estados Unidos.
b) Iniciada por Getúlio Vargas em 1945, a campanha pela nacionalização do petróleo ganhou amplo apoio popular
e culminou, já no governo de Dutra, com a expulsão de empresas estrangeiras que exploravam petróleo no país.
c) A decisão do governo Vargas de nacionalizar o petróleo e o gás natural foi motivada pelos efeitos devastadores
da Segunda Guerra Mundial e a eminente extinção das reservas internacionais do produto.
d) Embora nacionalizando a exploração de petróleo, os governos de Vargas e Dutra, não chegaram a proibir a
atuação de empresas estrangeiras ligadas à comercialização do produto.
e) Com o slogan “o petróleo é nosso!”, Getúlio Vargas estabelece em 1953 o monopólio estatal sobre a exploração
de petróleo no Brasil e cria uma empresa estatal – a Petrobras – para a sua exploração.
28. (URCA CE/2007) Sobre o contexto da criação da Petrobras assinale a alternativa correta:
a) A Estatal é criada após intensa campanha popular, onde é estabelecido o monopólio da exploração de petróleo.
b) A criação da Petrobras foi realizada através de diversos acordos secretos que objetivavam a viabilidade do
investimento. Essa ação do governo Vargas não recebeu apoio dos trabalhadores, que passaram a pressionar
através dos sindicatos.
c) O governo de Getúlio Vargas efetivou a empresa de petróleo através do apoio liderado por políticos como
Carlos Lacerda e Francisco Campos.
d) A criação da Petrobras se constituiu num empreendimento nacionalista do Estado Novo, a exemplo da
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, em Volta Redonda – RJ.
e) A criação da Petrobras recebeu amplo e irrestrito apoio das empresas internacionais de petróleo interessadas
para que o governo brasileiro criasse um monopólio estatal que garantisse a perfuração de novos poços.
29. (UNAMA – modificada) Há 20 anos, quando o Acordo de Oslo foi assinado, o mundo enxergou na fotografia
do aperto de mão entre o premiê israelense Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat, mediado pelo
presidente americano Bill Clinton, um indício de que a paz estava próxima entre judeus e palestinos.
Selo das Ilhas Marshall retratando a imagem de Yitzhak Rabin, Bill Clinton e Yasser Arafat *
A figura e o texto fazem referência ao Acordo de Oslo, assinado em 13 de setembro de 1993. Sobre esse acordo,
é correto afirmar que:
a) foi determinante para limitar as áreas territoriais de atuação de Israel, principalmente no que diz respeito aos
territórios conquistados e ocupados nas guerras de Suez e dos Seis Dias.
b) apesar de não ter obtido a paz entre palestinos e judeus, proporcionou a devolução dos territórios da Península
do Sinai para o Egito, as Colinas de Golan para a Síria e a faixa de Gaza para os palestinos.
c) proporcionou o reconhecimento recíproco de Israel e da OLP (Organização para libertação da Palestina) como
representante do povo palestino, prevendo também a devolução da Faixa de Gaza e da Cisjordânia para os
palestinos.
d) ratificou o Acordo de Camp David, de 1979, devolvendo para a autoridade palestina os territórios de Gaza, das
Colinas de Golan e da Península do Sinai.
e) permitiu a anexação da Palestina pelo Estado de Israel.
30. (MODIFICADA) Salvador Allende assumiu o poder no Chile, no começo da década de 1970, com um projeto
de governo inspirado no marxismo e que ficou conhecido como “via chilena para o socialismo”. Assinale a
alternativa que indica algumas ações de Allende no governo chileno relacionadas com esse projeto.
31. (MODIFICADA) Assinale a alternativa que corretamente apresenta a forma como se finalizou a ditadura
militar chilena.
a) Em 1988, os chilenos pegaram em armas e atacaram a sede do Poder Executivo, matando o general Augusto
Pinochet.
b) A União Soviética enviou armamentos para os opositores da ditadura, que promoveram uma guerra civil contra
Pinochet.
c) Em 1988, aconteceu um plebiscito e os eleitores chilenos votaram pela não continuidade de Augusto Pinochet
no governo do Chile.
d) Pinochet saiu do governo após fazer uma abertura política lenta, gradual e segura, negociando com a oposição
o retorno dos militares para os quartéis.
1. D
2. D
3. B
4. D
5. A
6. D
7. C
8. E
9. D
10. A
11. B
12. E
13. E
14. A
15. D
16. B
17. B
18. B
19. B
20. C
21. C
22. A
23. E
24. B
25. C
26. A
27. E
28. A
29. C
30. B
31. C
01 – Alternativa D
A afirmação 1 está correta, pois a Doutrina Monroe buscava legitimar as independências na América, e afastar a
influência europeia no continente.
Já a afirmação 2 está incorreta, pois a Doutrina Monroe não se orientava apenas aos britânicos, mas para toda a
Europa. Já a “Política do Grande Porrete” se relaciona com outro contexto político do final do século XIX.
E a afirmação 3 está incorreta, pois a “Política da Boa Vizinhança” só entrou em vigor no século XX, mais de 100
anos após a Doutrina Monroe.
03 – Alternativa B
a) Incorreta: o AI-5 foi implementado em 1968.
b) Correta: o "Diretas Já" fez parte da articulação política em favor do voto direto para presidente da República
através da PEC Dante de Oliveira.
c) Incorreta: o movimento não teve relação com esta PEC.
d) Incorreta: o impeachment de Collor ocorreu em 1992.
10 - Alternativa A
PDS, PFL e Arena não apoiaram o movimento das Diretas Já como está indicado na afirmativa de número 08. E
também a Emenda que previa as eleições diretas não foi aprovada pela Câmara dos Deputados, como indica a
afirmativa 32.
15 - Alternativa D
Com a derrota do projeto das Diretas Já, foi necessário um rearranjo político entre os grupos políticos que resultou
na Aliança Democrática.
17 – Alternativa B
Com a derrota das Diretas Já houve uma rearticulação política para a candidatura de Tancredo Neves ao Colégio
Eleitoral.
21 – Alternativa C
Foi o deputado federal Dante de Oliveira, do PMDB, que em 1982 apresentou o projeto de lei que proporcionava
a eleição direta para a presidência da República.
29 – Alternativa C
Bill Clinton foi o responsável pela mediação das medidas políticas e diplomáticas firmadas no Acordo de Oslo
(Noruega) entre o então primeiro-ministro de Israel, Yitzahk Rabin, e a OLP, comandada por Yasser Arafat. Esse
acordo previa o cessar-fogo entre as partes envolvidas e a retirada das forças armadas de Israel dos territórios da
Faixa de Gaza e da Cisjordânia.
30 – Alternativa B.
Salvador Allende aumentou a participação do Estado na economia e decidiu pela nacionalização dos bancos,
empresas estrangeiras e minas de cobre. A oposição tentou barrar essas medidas e sabotar seu governo.
31 - Alternativa C.
Augusto Pinochet fez um plebiscito em 1988 questionando os chilenos a respeito da sua continuidade como
presidente do país. O resultado foi 56% dos eleitores rejeitando o ditador. No ano seguinte, foi convocada uma
eleição presidencial, e Patricio Aylwin foi eleito, assumindo a presidência chilena.
Observação: Caso encontre alguma divergência de gabarito, favor entrar em contato através do @medisinapse. A ideia
central do projeto é proporcionar o acesso gratuito ao conteúdo educacional. Agradeço a colaboração.