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Niketche (GPELE)

 História de Moçambique:
o Em 200/300 DC, os bantos espantaram os bosquímanos, que eram
coletors e caçadores. Os bantos são considerados o povo original de
Moçambique.
o A partir do século XVI, a colonização portuguesa, inicialmente em busca
de ouro, mas depois em busca de marfim e escravos, forja o que
entendemos como sua forma moderna. Só no fim do XIX, o pacto
colonial vai se alterar, tendo a metrópole arrendado o território
moçambicano.
o A independência só viria em 1975, após dez anos de lutas. Seguiu-se
uma guerra civil até 1992. As primeiras eleições multipartidárias, só em
1994.
 País com cerca de 80% de não-letrados. Analfabetos, cerca de
50%.
 Paulina Chiziane:
o Nascida em Manjacaze, ao sul, em 1955. Hoje vive e trabalha em
Zambézia, centro do país.
o Primeira mulher moçambicana e publicar um romance – Balada de amor
ao vento (1990). Não são muitas as escritoras moçambicanas: Glória de
Santana (1925-2009, poeta lisboeta que viveu em Moçambique entre
1951 e 1974) e Noémia de Souza (1926-2002, desde 1951 fora de
Moçambique).
 Niketche (quarto romance, publicado em 2002, prêmio José Craveirinha em
2003): dança moçambicana de amor e erotismo, entre zambianos e nampules,
marca a maturidade das meninas.
 Romance de descoberta do outro e de si.
 Rami, Julieta, Luísa, Saly e Mauá Salé. Tony.
 O espelho:
o Lacan: “fenômeno limiar, que marca os limites entre o imaginário e o
simbólico”, ponto de passagem do “eu especular” para o “eu social”.
(criança: imagem é realidade, imagem é imagem, imagem é sua imagem)
o Eco: “tradutor desumano”, porque exuma mecanicamente e contesta a
maneira como nos vemos.
o Para povos africanos de origem tonga, sul de Moçambique, os espelhos
são representações de sua “anima”. Os antigos tonga receavam olhar sua
própria imagem. Rami se defronta com sua imagem.
 Oralidade (Oralidade e cultura escrita, Walter Ong)
o Elementos mais evidentes: provérbios, máximas, ditos, expressões.
 A lenda da princesa Vuyazi.
 A epígrafe. “a mulher do vizinho é sempre melhor que a minha”,
“vidro quebrado é mau agoiro”.
 Uso crítico dos provérbios: continuidade e interrupção. (A
presença da voz em Niletche, de Paulina Chiziane: Cristina
Mielczarski dos Santos)
o Também é preciso estar atento ao valor da palavra vozeada, o que
explica os trechos de uma poesia que consideramos duvidosa.
o O que consideramos defeitos do livro podem ser efeitos da tensão entre
uma origem oral e a forma escrita do romance – numa cultura oral
primária, os movimentos cíclicos têm uma importância muito maior,
associada à memória, do que numa cultura escrita.
 “Expõe a mulher e seu mundo, embora não seja uma obra onde desafie o
estatuto da própria mulher. Isso ajuda a refletir e a reconhecer afinal quem é a
mulher com que nós vivemos. É a minha forma de contribuir para a
compreensão dessa realidade e, quem sabe, ajudar a definir novos caminhos.”

O romance é permeado pela cultura africana, com suas lendas, mitos e riquezas da tradição
oral. Ao longo da leitura surge um mosaico de culturas: maconde, macua, ronga, tsonga,
machangana. O legado dessas culturas é apresentado por intermédio de Rami (etnia ronga), e
pelas outras mulheres de Tony: Julieta (sul de Moçambique), Luisa (etnia xingondo), Saly (etnia
maconde) e Mauá (etnia macua). Elas formam junto com Tony (etnia machangana) “um
hexágono amoroso” (CHIZIANE, 2004, p.58).

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