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1. Macunaíma
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Macunaíma: a palavra traz em si o termo “maku”, que significaria “mau”, e o aumentativo “ima”. É uma
figura mitológica, que o autor conheceu no livro de um etnólogo alemão, Theodor Koch Grünberg (1872-
1924, chamado Vom Roraima zum Orinoco (De Roraima ao Orinoco). Para outros aspectos desse nome,
ver o ensaio de apresentação do volume.
2
Uraricoera: rio localizado no estado de Roraima.
3
Tapanhumas: palavra que designa os negros que habitavam no Brasil. Em síntese: uma índia negra.
4
Sarapantar: espantar.
5
Maloca: aldeia, casa de guerra ou, mais propriamente neste caso, casa precária.
6
Jirau de paxiúba: estrado de madeira.
7
“Dandava pra ganhar vintém”: são muitos os provérbios e ditados ao longo da obra. Neste caso, é um
dito usado por adultos para incentivar as crianças a andar.
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Guaiamuns: caranguejos.
9
Mocambo: palhoça.
10
Cunhatã: cabocla. Aqui: mulher ou moça.
graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém
respeitava os velhos e frequentava com aplicação a murua a poracê o torê o
bacororô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.
(...)
(...)
11
Macuru: berço indígena, semelhante a um cesto.
12
Estrambólicas: complicadas, emaranhadas.
13
Pajelança: série de rituais feitos pelo pajé.
14
Tincuã: pássaro agourento.
descendo até o vale de Lágrimas foi tomar banho num sacado perto que os
repiquetes15 do tempo-das-águas tinham virado num lagoão.
Vinha chegando assim como quem não quer, com muitas danças,
piscava pro herói, parecia que dizia – “Cai fora, seu nhonhô moço!” e fastava
com muitas danças assim como quem não quer. Deu uma vontade no herói tão
imensa que alargou o corpo dele e a boca umideceu:
– Mani!...
15
Repiquetes: enchentes temporárias.
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Graúna: pássaro-preto, chupim, assum-preto.
Quando Macunaíma voltou na praia se percebia que brigara muito lá no
fundo. Ficou de bruços um tempão com a vida dependurada nos respiros
fatigados. Estava sangrando com mordidas pelo corpo todo, sem perna direita,
sem os dedões sem os cocos-da-Baía, sem orelhas sem nariz sem nenhum
dos seus tesouros. Afinal pôde se erguer. Quando deu tento das perdas teve
ódio de Vei. A galinha cacarejava deixando um ovo na praia. Macunaíma
pegou nele e chimpou-o no carão feliz da Sol. O ovo esborrachou bem nas
bochechas dela que sujou-se de amarelo pra todo o sempre. Entardecia.
Macunaíma sentou numa lapa que já fora jabuti nos tempos de dantes e
andou contando os tesouros perdidos embaixo d ;água. E eram muitos, era uma
perna os dedões, eram os cocos-da-Baía, eram as orelhas os dois brincos
feitos com a máquina patek e a máquina smith-wesson, o nariz, todos esses
tesouros... O herói pulou dando um grito que encurtou o tamanho do dia. As
piranhas tinham comido também o beiço dele e a muiraquitã! Ficou feito louco.
(...)
17
Caqueando: procurando.