Você está na página 1de 47

Arthur César de Araújo de Miranda

STOPMOTION: ORIGEM E METODOLOGIA

Cabedelo
2012
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA
Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico

STOPMOTION: ORIGEM E METODOLOGIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial para a obtenção do grau
de Tecnólogo em Design Gráfico do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba.

Orientadora: Turla Alquete

Cabedelo
2012
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO P. 01

1.1 - Problematização P. 02

1.2 - Objetivos P. 04
1.2.1 - Objetivos Gerais P. 04
1.2.2 - Objetivos Específicos P. 04

1.3 - Justificativa P. 05

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA P. 07

2.1 Origem e definição do Stopmotion P. 07

2.2 Tipos de Stopmotion P. 09

2.3 Stopmotion no Brasil P. 10

3. METODOLOGIA P. 12

4. STOPMOTION - O QUE É, ORIGEM, TIPOS E METODOLOGIA P. 22

4.1 Ideia P. 23 4.7 Animatic P. 37

4.2 Roteiro P. 23 4.8 Áudio P. 37

4.3 Storyboard P. 28 4.9 Fotografia P. 37

4.4 Direção de arte P. 32 4.10 Edição P. 38

4.5 Guia de estilo visual P. 32 4.11 Sincronia P. 39

4.6 Diálogos P. 37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS P. 40

6. REFERÊNCIAS P. 42

7. ANEXOS P. 44

7.1 Roteiro - Primeiro Tratamento


7.2 Roteiro - Segundo Tratamento

7.3 Roteiro - Terceiro Tratamento


1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objeto de estudo uma das


variações da animação, o Stopmotion, técnica que cria a
ilusão de movimentos ou desempenho por meio da gravação
fotográfica quadro a quadro de um objeto sólido, boneco ou
imagem de recorte em um cenário físico.
Tem-se, atualmente, como principal referência no ramo
o diretor Tim Burton, com filmes como O Estranho Mundo de
Jack (1993) e A Noiva-Cadáver (2005). No live-action - termo
utilizado no cinema para filmagem com atores reais - também
assinados pelo diretor, pode-se citar Edward Mãos-de-Tesoura
(1990) e Alice no País das Maravilhas (2010).
Longas-metragens nessa tipologia são sempre sinônimos
de trabalho árduo, criação e conceituação de personagens,
cenários e vestimentas que, independente do material utilizado
- massinha, papel ou plástico - vai exigir bastante recursos.
O estudo teórico visa identificar e aprofundar o
conhecimento sobre todos os elementos que fazem parte
da produção de uma animação Stopmotion, esclarecendo as
etapas de produção. Fora da crítica especializada, percebe-se
um desconhecimento total sobre os processos que envolvem a
composição de um filme em Stopmotion, por vezes ignorando
todo o trabalho que há por trás da obra e apenas visualizando
o produto final como fotos sequenciais, o que de certa forma
diminui o trabalho de aproximadamente 450 pessoas, como em
Coraline (2009). O resultado deste trabalho científico, inclusive,
concentrou-se na produção de uma animação com a aplicação
da técnica, com o intuito de expor e valorizar os processos de
desenvolvimento.
Levantadas essas considerações, por que não mostrar
essas etapas e sua importância através de uma animação em
Stopmotion? Visando ao público da área, bem como aos leigos,
uma exposição de forma simples e dinâmica, chegou-se à ideia
de elaborar um curta-metragem animado que abordasse e
explicasse os processos de criação e desenvolvimento, bem
como as principais tipologias do Stopmotion.

1
1.1. PROBLEMATIZAÇÃO

Em meio à evolução tecnológica no mundo da animação,


principalmente com o surgimento da técnica 3D - animação
produzida em um ambiente virtual e resultados que dificultam
em alguns momentos diferenciarmos da realidade - agregam
cada vez mais características realistas antes só conseguidas
pelos filmes em live-action, percebe-se que o Stopmotion vem
se tornando cada vez mais atrativo pelo seu toque artesanal.
Exatamente por não seguir um padrão ‘hiperrealista’
imposto pelo tridimensional, o Stopmotion está ganhando
novamente a simpatia do público. No entanto, ainda assim,
possui dificuldades em investimento, reconhecimento e
divulgação da técnica.
Hoje em dia o simples fato de se possuir uma câmera
compacta faz com que desconhecedores do tema vulgarizem
a técnica chegando a pensar que, por terem produzido cinco
fotografias sequenciais, já tenham em mãos um Stopmotion,
e ignorem as etapas contidas no processo de produção real.
Esse público desconhecedor do processo metodológico da
técnica, não apenas no que diz respeito à produção, mas toda
a pré-produção (ideia, roteiro, storyboard, conceituação dos
personagens, cenários e afins).
Para que se tenha ideia do esforço necessário,
apontamos como exemplo o trabalho do brasileiro César Luiz
Cabral, cineasta conhecido pelo uso da técnica dos quadros
pausados, diretor de curtas já premiados (Grande Prêmio
do Cinema Brasileiro, Festival de Gramado, Anima Mundi,
entre outros). Um deles é O Dossiê de Rê Bordosa (2008), do
chargista também brasileiro Angeli, explicando através de uma
ficção documentária como e o que o levou a “assassiná-la”. No
making of do curta de 16 minutos, o diretor comenta que para
a criação dos personagens foram necessárias entrevistas que
totalizaram mais de dez horas de gravação, com alguns dos
amigos e parentes que conviviam com o autor para então dar
início aos personagens da animação.

2
1.1. PROBLEMATIZAÇÃO

As produções internacionais são mais valorizadas e


reconhecidas do que as nacionais, pelo fato de conseguirem
investimento com maior facilidade não só para o Stopmotion,
mas para as produções na área da animação, já que requerem
muito mais orçamento que a convencional live-action.
Nesse contexto, fatores como o desconhecimento do
público, a desvalorização dos artistas envolvidos e o pouco
investimento na área de produção são as principais causas
motivadoras para a divulgação das etapas de elaboração da
técnica. Além disso, esse projeto tem o intuito de demonstrar
que não só o live-action ou a animação em 3D são obras de
arte, mas que também os métodos artesanais do Stopmotion
tenham reconhecimento devido no espaço cinematográfico.

3
1.2. OBJETIVOS

1.3.2 Objetivo Geral


Desenvolver uma animação em Stopmotion cujo tema
será a explicação do processo de produção de um Stopmotion.
1.3.2 Objetivos Específicos
Identificar as etapas de desenvolvimento da pré-
produção, produção e pós-produção;
Apresentar o processo de criação e desenvolvimento;
Abrir espaço para a discussão da animação apresentada
entre curiosos, estudantes e professores.

4
1.3. JUSTIFICATIVA

O Stopmotion teve origem nos experimentos ilusionistas


do francês Méliès que, com o desenvolvimento dessa técnica,
abriu espaço para a evolução e o surgimento de outras
tipologias de animação hoje existentes, como exemplos a
2D, - técnica conhecida pelos desenhos à mão podendo ser
animados por meio digital ou quadro a quadro - 3D, pintura a
óleo, assim como o próprio cinema em live-action. É a técnica
de animação mais antiga existente, e nem por isso é deixada
de lado ou perde seu espaço, tendo seus princípios aplicados
em todos os outros tipos.
Uma das maiores dificuldades atuais é a elaboração dos
personagens, vestimentas e cenários, que é toda artesanal.
Os famosos personagens de massinha são vistos como marca
registrada do Stopmotion, a movimentação deles é quase
sempre manual, com exceção de alguns bonecos hoje já
movidos por controle remoto. Enquanto as produções em
live-action, 2D e 3D podem ser feitos em 1 ou 2 anos, tem-se
longas em Stopmotion que chegam a levar 3 ou até 5 anos.
Coraline (2009), dirigido por Henry Selick, por exemplo,
também conhecido por trabalhar com Tim Burton em O
Estranho Mundo de Jack (1993) e James e o Pêssego Gigante
(1996), com seus 150 sets de filmagem ocupando um espaço
de 13.000 m2, levou cerca de 3 anos para produção e tiveram
mais de 450 pessoas envolvidas no trabalho.
Oliver Jones, responsável pela criação das folhas, flores
e fantoches assim como a sua mecânica de movimento, em
um dos trechos de um vídeo promocional, nomeia todos os
que trabalham na produção do filme como “Artistas Invisíveis”,
percebendo que o trabalho de cada um deles é imenso e com
pouquíssimo reconhecimento. Além disso, Altea Crome, a
costureira das roupas, também nos conta que só no processo
de esboço e conceitualização dos trajes e acessórios para os
bonecos levou 6 meses.
E é exatamente no desenvolvimento de cenários,

5
1.3. JUSTIFICATIVA

personagens, vestimentas, composição e enquadramento da


fotografia que percebemos a aplicação e a importância do
design na criação do Stopmotion. Até na própria estruturação
de criação do Stopmotion percebe-se a semelhança com os
processos metodológicos que são aplicadas ao design, assim
como é notado em Shaw (2004).

6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. 1. Origem e definição do Stopmotion


Hoje, com o desenvolvimento tecnológico em alta,
o cinema evolui a passos largos. A cada dia que passa a
elaboração das produções cinematográficas é mais dinâmica
e mais rápida. Em paralelo a isso, a animação faz proveito
de toda essa tecnologia. Podemos citar como exemplo as
animações em 3D, hoje uma das referências no ramo, o que
não faz com que outras tipologias percam seu espaço, como
a técnica de Stopmotion. Nesta, o desenvolvimento se deu
através de novos materiais para construção e elaboração de
bonecos, processos que facilitaram a montagem de cenários
e criação dos personagens, edição e além da inserção dos
diálogos e sonorização.
Há uma certa dificuldade em definir a técnica de
Stopmotion, pois segundo Purves (2011, p. 6) todas as outras
técnicas de animação derivam dela. Após muito considerar,
o autor chega ao conceito geral de “técnica de criar ilusão
de movimento ou desempenho por meio da gravação quadro
a quadro, da manipulação de um objeto sólido, boneco ou
imagem de recorte em um cenário físico espacial”. Assim,
todo e qualquer tipo de animação tem fortes influências do
Stopmotion.
Como início de tudo pode-se citar os irmãos Lumière,
que inspirados pelas invenções de Jules Janssen, com o
Revólver fotográfico, pelo Dr. Etienne-Jules Marey junto
a sua Metralhadora Fotográfica, por Demeny apegado
ao Fonoscópio e o Teatro Ótico de Emille Raymaud, mas
principalmente por Thomas Edson, expuseram ao público, no
dia 28 de dezembro de 1895, uma de suas maiores invenções, o
cinematógrafo, havendo assim a primeira sessão de cinema.
Nessa exibição estava presente o ilusionista Marie-
Georges-Jean Méliès, que dali em diante resolveu fundar o
primeiro estúdio cinematográfico, onde montou e criou uma
série de equipamentos que seriam utilizados pela indústria do

7
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

ramo até os dias atuais.


O Stopmotion também é uma de suas peripécias: no
final do século XIX, com a falha de uma de suas câmeras,
Méliès conseguiu perceber que o congelamento de uma cena
pôde contribuir para a execução de um dos seus truques - a
substituição de uma mulher por um esqueleto. Em seguida,
essa técnica foi levada ao cinema e utilizada não só por Méliès,
mas por Edwin Porter em Dream of a Rarebit Fiend (1906),
para que pudesse dar vida às camas. Também registrou-
se o uso em The Haunted Hotel (1907) e Bewitched Matches
(1913), respectivamente feitos por J. Stuart Blackton e Émile
Cohl, utilizadas para promover, na mesma ordem, efeitos
paranormais e a interação com fósforos dançantes. Porém,
só apenas em 1930 é que realmente começaram a surgir os
filmes em Stopmotion propriamente ditos, com The Tale of the
Fox (1930) e The Mascot (1934) ambos dirigidos por Ladislaw
Starewicz, onde faziam uso de uma sistemática de animação
extremamente complexa, contendo até uma mecânica que
simularia a respiração dos personagens.
Levando em consideração que todos esses universos
até então eram em miniaturas, em 1933, Willis O’Brien, na
primeira versão do filme King Kong com a mescla do live-
action e a técnica do Stopmotion, consegue efeitos nunca
vistos, resultando em uma apresentação ao público de uma
interação entre animal x humano provavelmente nunca vistos
até então.
Atualmente, com o surgimento de outros tipos de
animação, principalmente o 3D, percebe-se que essa tipologia
pode não ser a mais admirada, principalmente entre o público
infantil, pela sua limitação técnica e às vezes pelos cenários
distorcidos, personagens esquisitos.
Comenta Purves (2011, p. 8) que esses fatores são vistos
por alguns como estranho ou até mesmo bizarro, enquanto
que por outros podem se tornar adoráveis. Animações com
essa técnica geralmente são voltadas mais para o público mais

8
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

adulto, tendo em vista que eles estão em busca de um roteiro


ou de uma obra mais trabalhosa aos seus olhos.
2.2 Tipos de Stopmotion
Mesmo não tendo uma grande receptividade pelo
público, a técnica ainda se adapta a esse surgimento massivo
de novos métodos de animação, criando também várias outras
derivações, listadas a seguir.
Dentre elas temos o Claymation, traduzida como
animação de barro. Essa derivação da técnica foi nomeada
pelo seu antecessor Will Viton, que possuía um estúdio de
animação onde tinham como especialidade moldes em argila.
Apesar do nome, quase não se faz uso do barro; o material
utilizado é atualmente a plasticina (massa de modelar), por ter
boa maleabilidade e uma paleta de cores muito mais dinâmica.
Os personagens, para tornar a movimentação mais verossímil,
contam com armações em arame, no sentido de melhor
simular as articulações.
Sandmotion, como o próprio nome nos leva a saber, é
a animação através de fotos sequenciadas com areia, e seus
resultados podem ser magníficos. Feita com iluminação
frontal ou traseira, algumas vezes utiliza uma mesa de luz.
Temos como uma das principais representantes dessa técnica
Caroline Leaf, canadense, que foi produtora, animadora e
roteirista, e hoje trabalha como professora na National Film
and Television School, sendo algumas de suas obras The Street
(1976) e Two Sisters (1990).
Cutoutmotion é de todas a mais antiga e que deu origem
aos outros tipos. A animação de recortes é caracterizada
pela construção dos personagens utilizando partes móveis e
substituíveis. Temos como maior exemplo a movimentação
da boca de um personagem em recortes, em que cada
combinação de formatos da boca irá gerar a pronúncia da
palavra ou frase do personagem. Esse mesmo conceito é
aplicado para todas as partes necessárias, seja cabeça, mãos,
braços etc.

9
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Puppetmotion, que numa tradução literal fica algo


próximo de animação de bonecos, tem por principal
característica o uso de marionetes que interagem umas
com as outras em um ambiente estruturado. As marionetes
normalmente possuem uma armação interna para conseguir
manter os formatos adequados e firmes, como no claymation.
Pixilation é a subdivisão da técnica mais fácil de
ser percebida: animações em Stopmotion com pessoas,
conseguindo efeitos de desaparecimento e reaparições,
pessoas ‘andando’ deitadas no chão, entre outros. Temos
como um dos maiores exemplos de pixilation Neighbours
(1952, Norman McLaren) e The Secret Adventures of Tom
Thumb (1993, Dave Borthwick), que depois de três anos de
produzido ainda foi vencedor de prêmios.
Deve-se destacar ainda a técnica mista, que é bastante
utilizada. É possível citar como exemplo Angry Kid (Darren
Walsh, 1999), que tem como característica o uso de máscaras
em pessoas humanas, possibilitando captar as expressões
faciais e usá-las na composição dos personagens definindo
assim, o uso da técnica mista com pixilation e puppetmotion.
Vale lembrar também a mistura dessas misturas de técnicas
aplicadas ao live-action, como James e o Pêssego Gigante
(1996, Tim Burton) e Arachnia (2003, Brett Piper)
3.3 Stopmotion no Brasil
Devido aos diversos fatores, como falta de incentivo
à cultura, o Brasil demorou muito tempo para galgar os
primeiros passos no cinema, bem como na animação.
O um dos pioneiros do cinema no Brasil, bem como um
dos primeiros a usar o Stopmotion foi Humberto Mauro com
os curtas O dragãozinho manso (1942) e A Velha a Fiar (1964).
Neles percebe-se nitidamente o uso do Stopmotion para
alguns efeitos, como movimentação de vassouras, animais e
objetos.
No decorrer dos anos, o Brasil apareceu com cineastas
premiados que utilizaram-se da técnica, como Marcos

10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Buccini, com A Morte do Rei de Barro (2005), Adriana Mota,


com Essa Moça (2007) e César Cabral, com Rê Bordosa (2008)
e Tempestade (2010). Essa produção intensa mostrou ao
público nacional e internacional a capacidade do Stopmotion
brasileiro, que mesmo com tão pouco investimento consegue
resultados exitosos. Tanto é que 2012 foi um marco para o
Stopmotion brasileiro, pois houve o lançamento no dia 29
de junho, do longa-metragem Minhocas (Paolo Conti) tendo
a produção da Animaking em parceria com a Wizz Films,
produtora canadense.

11
3. METODOLOGIA

Vista a necessidade de expor as etapas da produção


de uma animação Stopmotion, este projeto intitulado
Stopmotion - O que é, origem, tipos e metodologia, faz um
apanhado geral sobre o que é e da origem do Stopmotion,
além de apontar seus principais tipos. Sabendo-se da não tão
boa aceitação do público em relação as produções ‘quadro a
quadro’ muitas das vezes partindo do não-conhecimento do
trabalho que é tido. Teremos então um curta metragem com
o objetivo de esclarecer a produção de um Stopmotion. Com
aproximadamente 4 minutos, o vídeo explica a técnica, seus
tipos e as principais etapas do processo produtivo. Fazendo
uso da narração oral, recortes e ilustrações feitas com base
em meios tradicionais.
Para produção dessa animação, utilizou-se metodologias
aplicadas em projetos de animação no intuito de facilitar todas
as fases e etapas da produção. A utilização de metodologias no
desenvolvimento de um Stopmotion irá diferenciá-lo daquele
que é produzido sem estudo de ideia, roteiro, concepção ou,
mais importante e fundamental, o amadurecimento da idéia.
Segue-se a divisão de fases desenvolvidas por Winder
e Dowlatabadi (2011), que tem como ponto de partida três
etapas: pré-produção, produção e pós-produção. Em
paralelo a isso, Shaw (2004) também faz uso de um esquema
contendo etapas necessárias para a produção de animações
em Stopmotion exclusivamente para massinha (claymation).
Tendo em vista as especificidades do projeto em mãos,
chegou-se a uma mescla adaptada entre os dois modelos,
conforme será visto adiante.
Podemos perceber os dois esquemas existentes e
elaborados pelas autoras:

12
3. METODOLOGIA

Figura 1 - Divisão adaptada de


Winder e Dowlatabadi em 2011

Figura 2 - Esquema de etapas de


produção de Shaw em 2004
Concebidos quase de forma paralela, a ideia (idea), o
roteiro (script) e o tratamento (treatment) são os pontos de
partida da animação, estando todos inseridos na fase de pré-
produção.
A ideia é a etapa da germinação da animação. A partir
dela tem-se o início para todo o processo de desenvolvimento.
Uma vez resolvida e terminada, deve-se seguir em direção de
construir o roteiro.
O roteiro é a descrição textual das cenas, ações e
diálogos que farão parte da animação. Tecnicamente, o início
prático da animação. Em alguns casos não se faz uso de
roteiro completo, mas tem-se um esboço ou um tratamento
(esboço do roteiro já com as ideias visuais descritas),
agilizando assim a criação. Boa parte das animações
feitas para curtas não fazem uso de um roteiro completo,
idealizando toda animação no storyboard, descrevendo todos
os quadros com diálogos e composição da cena.

13
3. METODOLOGIA

Apesar de não existir um modelo universal na elaboração


de roteiros, temos um que é flexível e aplicável em várias
casos, o Master Scene como disse Borst (2012) é um modelo
que não foi criado especificamente por alguém, mas foi
produto de diversas mudanças com o passar dos anos e
a percepção de necessidades específicas da linguagem
cinematográfica.
É um dos mais utilizados no tocante ao audiovisual, por
permitir um maior entendimento entre a equipe produtora,
graças, por exemplo, à convenção de que cada cena
representa cerca de um minuto de filmagem. Tendo em vista a
popularização do método, decidiu-se fazer uso dele em nosso

Figura 3 - Exemplo de esquema


de roteiro Master Scenes -
MASSARANI processo.”
Como é possível ver na Figura 4, o formato de Master
Scenes é em quatro partes principais: o cabeçalho da cena,
ações, diálogos e as transições.
O cabeçalho determina o início de uma cena, ou seja,

14
3. METODOLOGIA

quando ocorre uma passagem de tempo ou mudança no


roteiro. Será sempre escrito em caixa alta, devendo também
indicar o número da cena, se irá acontecer no interior
ou exterior de algum ambiente, local onde se passa, e a
iluminação.
Descrevendo então os acontecimentos da cena estão
as ações, nas quais será apresentada toda e qualquer ação

Figura 4 - Exemplo de esquema


de roteiro Master Scenes -
MASSARANI

realizada por personagem, objeto ou até natureza, podendo


também haver breves descrições de cena.
A etapa de diálogos divide-se basicamente em duas
partes: o personagem e a fala. Em alguns casos haverá a

Figura 5 - Exemplo de esquema


de roteiro Master Scenes -
MASSARANI

necessidade do que se chama de parenthetical – indicações do


que o personagem está sentindo durante aquele diálogo.
Por fim, há as transições. Através delas é informado aos
diretores quando haverá a abertura (FADE IN) e o fechamento
(FADE OUT) das cenas, cortes de uma cena para outra (CUT
TO) e fim (THE END).

15
3. METODOLOGIA

Figura 6 - Exemplo de esquema


de roteiro Master Scenes -
MASSARANI
Segundo HART (2008), storyboard é a uma ferramenta
de pré-visualização designada para criar uma série quadro-
a-quadro, cena por cena de desenhos adaptados do roteiro.
São conceitos que iluminam o roteiro narrativo e permitem à
equipe organizar toda a ação requerida pelo roteiro antes da
filmagem ser feita, facilitando a criação do visual correto no
produto final do filme. Com a concepção visual já esboçada,
deverá seguir-se para a etapa de gravação dos diálogos, para a
concepção do animatic.

Figuras 7 e 8 - Storyboard em
formato de palito do filme “Venus
Mountain” (HART, 2008, p. 59)

16
3. METODOLOGIA

Ainda de acordo com HART (2008), o animatic é o


processo que adiciona ao storyboard movimento visual,
exemplos de panorâmicas, zooms, montagens, além de
também inserir as gravações de diálogos, sejam elas um mero
esboço ou a gravação final.
A etapa seguinte é a do desenvolvimento da direção
de arte, considerada uma das mais empolgantes do projeto
de animação. É o momento de criar um novo mundo e
personagens que se encaixem nele. Caso os lugares existam,
recomenda-se que vá até ele quantas vezes for necessário,
produzindo fotos e vídeos que sirvam de referências para o
cenário e objetos que farão parte da animação. É importante
registrar também as pessoas que frequentem o ambiente,
pois servirão de base para os personagens. Na inviabilidade
de visitar o ambiente é possível utilizar a internet como
referência. No caso de um cenário hipotético, deve-se de
qualquer forma buscar referências para compor a animação,
criando-se assim um estoque de ideias.
Segundo Winder & Dowlatabadi (2011) a direção de arte
é dividida em três categorias: personagens, cenários e objetos.
Os personagens podem ser protagonistas - os principais
personagens de qualquer narrativa - e os coadjuvantes, que
são personagens que contracenam com os responsáveis
pela trama principal. A categoria de objetos compreende os
adereços e acessórios que interagem com os personagens.
A última categoria é a de locações e ambientes que são os
lugares onde acontecem as cenas, é o cenário propriamente
dito.
O documento que reúne todas as categorias é
chamado de Guia de Estilo Visual, cuja finalidade é conter as

17
3. METODOLOGIA

informações básicas de design relacionadas aos personagens,


cenários e acessórios para a equipe de produção e garantir
a coerência na animação. O nível de detalhes pode ser
maior ou menor, a depender do que a equipe produtora
julgar necessário. Mesclando então os estudos de Winder &
Dowlatabadi (2011) e Shaw (2004), é possível definir alguns
conceitos para os desenvolvimentos das categorias.
Desenvolvimento de Personagens – Primeiramente
desenvolve-se o design de personagens, que podem ser
criados em esboços em papel e/ou digitalmente. No caso do
Stopmotion, tanto o papel ou sua versão digital servirá apenas
de esboço para facilitar a reprodução do boneco que será
utilizado. O desenvolvimento do boneco leva em consideração
os materiais, articulações, esqueleto, texturas, criação dos
cabelos, olhos, mãos, roupas e afins.
O guia de estilo do personagem deverá ser composto
pelos seguintes quesitos:
- Poses do Personagem;
- Personagem em ação;
- Formato do Rosto (expressões chaves);
- Line up, mostrando a proporção dos personagens entre
eles;
- Perfil de bocas, o formato para cada som diferente;

Figuras 9, 10, 11 e 12 - Registros


de criação, concepção e
desenvolvimento do personagem
(Shaw, 2004, p. 55, 56, 57 e 61)

18
3. METODOLOGIA

- Perfil de mãos, posições chaves pra mostrar o


comportamento das mãos.
Desenvolvimento de Ambientes/Cenários - São criados
pelo desenhista de produção ou pelo designer de cenários.
Esboçados tradicionalmente com lápis e papel ou criados
digitalmente, podendo haver também uma combinação
de técnicas. Os cenários de Stopmotion precisam ser
desenvolvidos com materiais que possuam alta durabilidade,
pois durante a produção das cenas eles são tocados
exaustivamente. Já que os cenários geralmente não interagem
com outros elementos em cena, não é necessário prever
articulação ou esqueletos.
Os requisitos necessários para o desenvolvimento de
ambientes/cenários são:
- Cenários externos;
- Cenários internos;
- Referência de tamanho (comparado aos personagens);

Figuras 13,14 e 15 - Registros de


ambientações internos e externos
(Shaw, 2004, p. 92 e 94)

- Mapa esquemático de onde está situado o ambiente


como um todo.
Desenvolvimento de Adereços/Acessórios – São objetos

19
3. METODOLOGIA

que interagem com os personagens e cenários, como veículos,


armas e móveis e são criados por um designer específico. Os
adereços/acessórios deverão ser esboçados em line-art ou
renderização digital para que sirvam de base para reprodução
com o material específico, articulações, tipos de movimentos,
interações e afins.
Sendo assim, o guia de estilo de adereços/acessórios
deverá conter os seguintes quesitos:
- Frente, costas e interior;
- Funcionamento dos acessórios (caso algum objeto
funcione com energia, motor, entre outros);
- Comparação com o tamanho do personagens e do fundo
do cenário;
- Esboços de como será o funcionamento dos acessórios.

Figuras 16 - (Desenvolvimento de
Adereços/Acessórios – WINDER &
DOWLATABADI - 2011)

Após a finalização do Guia do Estilo Visual, parte-se para


produção do áudio. Nesta etapa será elaborada, selecionada e
editada toda a composição sonora da animação, escolha das
músicas e do som ambiente.
E ainda na fase de produção teremos a fotografia. Nesta é
onde serão aplicadas todas as técnicas de iluminação, composição

20
3. METODOLOGIA

de fotografias, posicionamento da câmera, ângulos abertos


ou fechados, quando e como usá-los, além dos movimentos
de câmeras. Caso haja algum tipo de efeito especial (fumaça,
fogo, ventanias e afins), é importante saber como dispor as
fotografias para que se chegue a uma produção impecável.
Ainda teremos a edição, que será feita digitalmente para
possíveis correções de falhas técnicas, cortes de cenas,
inserção de efeitos especiais e montagens digitais.
E por fim ocorrerá fase de pós-produção a sincronia do
áudio gravado, seja ele de ambiente, musicado, ou dialogado,
com o vídeo da animação já finalizada.

21
4. STOPMOTION - QUE É, ORIGEM, TIPOS E METODOLOGIA

O curta metragem “Stopmotion – o que é, origem,


tipos e metodologia” é uma animação de aproximadamente
dois minutos que faz uso da técnica de Stopmotion e foi
produzida utilizando recortes de ilustrações digital e à mão.
Não foi feito uso de personagens, apenas um objeto que surge
no cenário, a minhoca, que demos o nome de Dorminhoca,
que aparece apenas nos extras da animação. Compondo a
produção inteira por um plano de fundo branco, contando no
cenário principalmente com os recortes. O enquadramento
foi praticamente o mesmo em toda animação e que através de
artifícios digitais conseguimos deixá-lo mais dinâmico.
No momento de produção nos vimos vazios com
na utilização de uma metodologia e foi onde notou-se
que nenhuma das alternativas encontradas em isoladas
solucionavam muito bem o caso.
Segundo Wright (2005), cada produção é um caso
específico, dependendo do meio que será veiculado,
tipologia da animação, país onde é produzido. Desta forma, é
necessário que haja adaptações, acrescentando ou excluindo
etapas no processo de produção. A partir da afirmação de
Wright, foi criado então um esquema do desenvolvimento da
animação produzida para este projeto de graduação.

Ideia
Roteiro
Storyboard Direção de Arte
Pré-Produção (cenários, objetos, personagens)
Diálogos
(gravação vozes)
(Guia de Estilo Visual)
Animatic

Áudio
(música e narração)
Produção Fotografia
Edição
Figura 17 - Quadro da metodologia
desenvolvida para desenvolvimento Pós - Produção Sincronia
da animação.

22
4. STOPMOTION - QUE É, ORIGEM, TIPOS E METODOLOGIA

4.1 IDEIA
A ideia surge com base nas motivações como o interesse
pela técnica e a necessidade de expor a metodologia que por
sua vez com ela definida, demos sequência ao roteiro.
4.2 ROTEIRO
Desenvolveu-se um roteiro que possuía oito (8) páginas,
mas, após a primeira leitura da narração, viu-se que deveriam
ser produzidos 6 minutos de animação, aproximadamente,
o que para os prazos desse projeto seria inviável. Percebida
a necessidade de síntese do roteiro partimos então para
a elaboração de uma segunda versão mais concisa e que
não tivesse problemas na comunicação, o que ainda não foi
suficiente, fazendo-se necessário mais um tratamento. Tais
procedimentos são normais no tocante ao roteiro, que é
modificado conforme as necessidades comunicacionais vão
sendo detectadas.
Preferimos a substituição das cenas de exemplo das
animações, que seriam produzidas por nós, por vídeos de
animações já existentes. Desta forma teríamos a oportunidade
de apresentar não só as técnicas, mas também obras
produzidas por outros diretores.
Foi diminuído também o tempo de fala do narrador,
haja vista que o maior apelo do projeto é o visual. A presença
de falas durante quase todo o curta-metragem causaria o
conflito de informações entre a via verbal e a visual, dando-se
preferência a mensagens curtas, diretas e sucintas.
Dessa forma, com esse novo formato, conseguimos
moldar o roteiro de maneira que amenizasse a nossa maior
problemática, o tempo para produção. Além disso, outros
objetivos foram cumpridos, como a obtenção de uma
mensagem menos centrada nas tecnicalidades e mais focada
nos seus efeitos práticos, haja visto o foco principal do
projeto, de ser informativo e de falar ao público leigo.

23
24
25
26
27
4. STOPMOTION - QUE É, ORIGEM, TIPOS E METODOLOGIA

4.3 STORYBOARD
O Storyboard é a necessidade de compor visualmente
o roteiro, e que pela nossa inexperiência com produções
desse modo, foi fundamental. Selecionamos trechos que
consideramos essenciais e ilustramos quadros chaves, que,
alinhados lado a lado, nos apresentou pela primeira vez uma
prévia visual da animação.
Mas, como o roteiro, o storyboard também precisou ser
feito, refeito e corrigido algumas vezes, pois a visualização
do comportamento de cada quadro era de importância
primordial para o desenvolvimento do projeto. Após a
ilustração do primeiro roteiro, que contava com 13 minutos,
percebemos o quão inviável essa extensão, além de ficar
aquém dos objetivos mirados pelo projeto. Desta forma, foram
concebidos, conforme o roteiro, duas outras versões do
storyboard.

28
29
30
31
4. STOPMOTION - QUE É, ORIGEM, TIPOS E METODOLOGIA

4.4 DIREÇÃO DE ARTE


Na etapa de direção de arte construímos o visual dos
cenários, personagens e adereços.
Os recortes vistos na produção foram produzidos aqui,
utilizamos papel sulfite com gramatura de 90 g/m² e também
papéis de cor com espessura semelhante. Alguns desses
recortes foram ilustrados diretamente no papel, utilizando
os meios tradicionais e em outros recortes optou-se pela
impressão, com finalizações à base de nanquim e de canetas
hidrográficas.

Figura 18 - Pintando as folhas para


em seguida serem recortadas.

4.5 GUIA DE ESTILO VISUAL


O guia de estilo visual serviu de registro visual e de
como deveria se comportar cada elemento que compôs a
animação, fosse ele objeto, cenário, movimentação de cada
um deles, posicionamento de câmera, etc.

32
33
34
35
36
4. STOPMOTION - QUE É, ORIGEM, TIPOS E METODOLOGIA

4.6 DIÁLOGOS
Nessa etapa, partimos para a gravação das primeiras
versões do que foi falado na animação. Foi impresso o roteiro
em sua versão final e em seguida, fazendo uso de aplicativos
específicos para gravação de áudio. Após gravado, com
métodos comuns de transferência de dados, conseguimos o
arquivo em sua versão digital para assim darmos sequência à
próxima etapa, o animatic.
4.7 ANIMATIC
Inspirados pelo conceito de Hart (2008) sobre animatic,
que ao descrevê-lo cita que é o processo de adicionar ao
storyboard movimento visual, partimos então para sua
produção. Mesclamos o storyboard ao que fora gravado na
etapa de diálogo, com transições de cenas, quadros e afins. O
resultado foi o primeiro vídeo propriamente dito, e com um
detalhe essencial: o tempo de duração de cada um das cenas
da animação, o que facilitou as etapas seguintes.
No DVD em anexo, juntamente com a animação
finalizada, teremos também o animatic.
4.8 ÁUDIO
Com o animatic já finalizado, deveríamos partir para
etapa de gravação do que chamamos de áudio. Seria o
momento de produção de todo o som que dessa vez não fosse
falado e sim a música que aconteceria como plano de fundo da
animação.
No entanto, devido ao curto prazo para finalização da
produção, preferiu-se dar sequência às etapas seguintes e
performar o áudio em conjunto com as etapas de edição e
sincronia.
4.9 FOTOGRAFIA
É nesse momento que começamos com a produção da
etapa fotográfica da animação. Sempre com o storyboard ao
lado servindo como guia para que nos mantivéssemos dentro
do tempo reservado para cada uma das cenas.

37
4. STOPMOTION - QUE É, ORIGEM, TIPOS E METODOLOGIA

Para montar a estrutura necessária à produção foram


utilizados os seguintes materiais:
- Duas folhas de Poliestireno (PS), ambas de 0,8 mm de
espessura;
- Uma mesa de plástico;
- Caixas e alguns sapatos para que conseguíssemos
atingir certos ângulos precisos para fotografia.
- Peça de madeira que forneceram uma estrutura fixa
para sustentarmos a peça de PS.
Aliada à câmera fotográfica para o auxílio na iluminação,
foi providenciado um flash externo, que por sua vez sempre
requeria pilhas bem carregadas. A falta de um suprimento de
energia adequado poderia comprometer a qualidade das fotos.
Ainda se fez necessário a utilização de um tripé, facilitando
assim a sustentação da câmera, evitando assim que as
fotografias ficassem tremidas.
Além da iluminação, tivemos a preocupação com cartões
de memória. Produzíamos as fotos e durante a semana
adiantávamos as duas etapas seguintes, a edição e a sincronia.

Figura 19 e 20 - Estrutura montada


para a produção fotográfica
4.10 EDIÇÃO
O momento de edição das fotos é quando fazemos as
correções das falhas ocorridas durante a etapa de fotografia.
Ajustes de cor, brilho, contraste, saturação, exposição ou
qualquer tipo que seja necessário, que podem ser feitos foto
por foto ou através de máscaras de ajustes, ferramenta que o
próprio programa onde foi feita a edição de vídeo oferece para

38
4. STOPMOTION - QUE É, ORIGEM, TIPOS E METODOLOGIA

que os ajustes sejam reaplicados em todas as fotografias.


As montagens também são feitas nessa etapa da
produção. Alguma necessidade de remoção de um fio
de cabelo que estava onde não devia na fotografia, o
enquadramento que não saiu como deveria, e principalmente
no nosso caso, o poliestireno manchado, devido a utilização
de uma fita dupla face para que se pudesse sustentar as folhas
de recorte.
4.11 SINCRONIA
Ao término de cada sessão de fotos a sincronia já era
produzida paralelamente. Com o auxílio do animatic, íamos
substituindo os quadros do storyboard pelas fotografias de
cada sessão. Assim, sempre tínhamos uma prévia de como
estava a qualidade da animação.
Selecionamos como trilha sonora o áudio instrumental
da música Daylight, dos artistas Matt e Kim, dupla de indie
rock norte americana, por possuir uma melodia suave e uma
levada que favorecesse a transição das fotografias, sem que
atrapalhasse o narrador.
Ao fim, tivemos algo em torno de 600 fotografias entre
utilizadas e não-utilizadas, o que resulta em uma média
abaixo do padrão dos Stopmotions normais, que é de 10 fotos
por segundo de animação. É preciso ressaltar, porém, que
as animações assim produzidas contam com a replicação de
sequências de fotografia, com o intuito de acelerar o trabalho,
técnica não utilizada no desenvolvimento deste trabalho.

39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sempre motivados pela ânsia de apresentar a técnica do


Stopmotion, seus tipos e o processo metodológico necessário
para a produção. O trabalho resultou não só apenas em
fotografias sequenciadas; foram feitas pesquisas sobre a história
e a evolução do cinema e da animação, além de documentários
e making ofs, relatos de produtores, diretores e de equipes de
produção, o que estimulou a busca por mais relatos de adeptos
da tipologia.
Durante o desenvolvimento da animação houve
empecilhos que dificultaram a produção, tais como prazos
curtos, limitação técnica e a falta de recursos para a produção,
o que dificultou o andamento do projeto. Tais dificuldades
podem ser vistas pelas mudanças que o roteiro sofreu, embora
as consequências tenham sido proveitosas: as primeiras versões
eram extensas e complexas, apresentando um vocabulário
tecnicista e pouco eficiente para aqueles não familiarizados com
a linguagem cinematográfica. As versões finais, que culminaram
com a apresentada nesse projeto, apresenta um caráter mais
enxuto, e, embora possa soar simplista, pareceu atender melhor
aos objetivos propostos.
Os objetivos foram cumpridos parcialmente, tendo em
vista que a produção da animação aconteceu e o assunto contido
nela foi apresentado. Acredita-se que essas demandas foram
bem atendidas pelo produto final. No entanto, a conscientização
do público leigo acerca do desenvolvimento e da criação de um
vídeo em Stopmotion vai levar tempo, a depender da divulgação
e do alcance da técnica.
Percebeu-se também, como fica claro pelo grande
referencial teórico em língua estrangeira, a limitação de
material bibliográfico em língua portuguesa sobre o assunto,
demonstrando que é uma área com muito potencial a ser
desenvolvido no Brasil. Para tanto, faz-se necessária ampla
divulgação, tanto dos bastidores da produção quanto dos
produtos finais, destacando a importância e o caráter criativo
das produções da área.

40
Pretende-se, com este trabalho, ajudar nessa divulgação,
valorizando a técnica do Stopmotion. Desta forma, ele será
publicado em canais gratuitos da internet, e, posteriormente,
poderá ser publicado academicamente em eventos da área,
esperando que isso fomente um diálogo que parece precário no
cenário brasileiro.

41
6. REFERÊNCIAS

Livros consultados:
CRISTIANO, Giuseppe. Storyboard design course. London:
Barron’s, 2007.
HART, John. The Art of Storyboard – A Filmaker’s Introduction.
Burlington: Elsevier, 2008, 2nd Edition.
NESTERIUK, Sérgio. Dramaturgia de série de animação. São
Paulo: ANIMATV, 2011.
PURVES, Barry J.C. Stopmotion Passion, Process and Perfomance.
Burlington: Elsevier, 2008, 1st Edition.
_____. Stopmotion. Porto Alegre: Editora Bookman - Grupo A,
2011.
SCOTT, Jeffrey. How to write for animation. New York: The
Overlook Press, 2002.
WRIGHT, Jean Ann. Animation Writing and Development from
script development to pitch. Burlington: Elsevier, 2005.
WINDER, Catherine and DOWLATABADI, Zahra. Producing
Animation. Waltham: Elsevier, 2011, 2nd Edition.

Sites acessados:
Roteiro/Narrativa. Disponível em: <http://www.massarani.com.
br/>. Acesso em 07-2012.
What is Claymation. Disponível em: <http://www.
wisegeek.com/what-is-claymation.htm> e <http://www.
mattsmartanimation.co.uk/claymation.html>. Acesso em 07-
2012
Who is Caroline Leaf. Disponível em: <http://www3.nf b.ca/
animation/objanim/en/filmmakers/Caroline-Leaf/biography.
php>. Acesso em 07-2012
Stopmotion Techniques. Disponível em: <http://www3.nf b.ca/
animation/objanim/en/techniques/> <http://midiadigitalufs.
blogspot.com.br/2007/05/vamos-fazer-um-breve-histrico-
sobre.html> <http://www.maefloresta.com/portal/pt-br/
cutout> Acesso em 08-2012.
Animação/Stopmotion no Brasil. Disponível em: <http://www.
abca.org.br/?page_id=498> Acesso em 08-2012
Angry Kid. Disponível em: < http://www.aardman.com/tv-
shorts/our-properties/angry-kid/> Acesso em 08-2012
Os irmãos Lumière e a invenção do Cinema. Disponível em:
<http://www.luzcamera.com.br/?p=106> Acesso em 08-2012

42
6. REFERÊNCIAS

Vídeos e filmes assistidos:


Dossiê de Rê Bordosa. Direção e Produção de César Cabral.
São Paulo: César Cabral, 2008. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=RmMIx8kmy7w>
Dossiê de Rê Bordosa - Making Of. Dirigido e Produzido por
César Cabral. São Paulo: César Cabral, 2008. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=Ne8odP7vZmM>
Coraline. Direção e Produção de Henry Selick. Estados Unidos/
Reino Unido: Focus Films, 2009. 1 DVD.
A invenção de Hugo Cabret. Direção e Produção de Martin
Scorsese: GK Films, 2011. Cinema.

43
ANEXOS

Você também pode gostar