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JUIZ DE FORA
2018
FACULDADE MACHADO SOBRINHO
Monografia apresentada à faculdade Machado Sobrinho - FMS ao curso de Produção Cênica, como
JUIZ DE FORA
2018
SUMÁRIO:
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BANCA EXAMINADORA……………….……………………………….…………3
DEDICATÓRIA……...……….…………………………………………….…………4
AGRADECIMENTOS.………………………………………………………………..5
RESUMO…………………………………………………………………….………...6
2. RELAÇÕES FILOSÓFICAS…………………………………………………..8
3. SOBRE A RESSIGNIFICAÇÃO……………………………………………..9
7. TROCANDO EM MIÚDOS……………………………………………………17
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TOM NA FAZENDA, NO TEATRO E NO CINEMA
Monografia apresentada à faculdade Machado Sobrinho - FMS ao curso de Produção Cênica, como
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
__________________________________________________________
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Ao Luan, Thales, Rodrigo, Bruna, e a todos os envolvidos do Projeto “Curto Circuito” por
loucuras do teatro.
AGRADECIMENTOS
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Agradeço ao Luan pela sensibilidade
Ao Thales pela fé
E principalmente, à Larissa, Marcia, Pablo, Alexandre e Márcio pelo amor que serviu de
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RESUMO
o universo teatral e como estas atingem o público. Para nortear esta pesquisa usarei como
originalmente pelo canadense Michel Marc Bouchard. Abordarei neste trabalho de forma
breve parte da construção filosófica do cinema e sua relação com o teatro, assim como as
técnicas que a sétima arte desenvolveu com o passar dos anos, para enfim chegar em uma
ponte entre as duas artes. O texto de Bouchard também recebe uma adaptação para o cinema,
mas é importante salientar que a montagem de Portella não sofre influência da versão
não serão comparadas para respeitar esta opção do diretor, mantendo o artigo focado na
ABSTRACT
This monograph proposes the study of the use of cinematographic techniques adapted
to the theatrical universe and how they reach the public. To guide this research I will use as a
reference the Rodrigo Portella montage of the show "Tom na Fazenda" written originally by
the Canadian Michel Marc Bouchard. I will briefly discuss in this work part of the
philosophical construction of the cinema and its relation with the theater, as well as the
techniques that the seventh art developed over the years, in order to finally arrive at a bridge
between the two arts. The text of Bouchard also receives an adaptation for the cinema, but it
is important to emphasize that the assembly of Portella does not suffer influence of the
cinematographic version of the spectacle by option of the director. The assembly for the
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stages and cinema will not be compared to respect this option of the director, keeping the
impressionado com o que tinha acabado de assistir. Porém, percebi que algo de extremamente
cenário, a iluminação tudo aquilo que se construía em cena me remetia a coisas que já havia
assistido. Ao me lembrar de uma das paixões de Rodrigo, logo percebi o que realmente me
perceber que as duas linguagens são complementares através dos conceitos que as
de som mecânico é comum das duas artes, se é preciso interpretar e transformar o texto, por
que não falar de seus pontos em comum ? Através dessa pergunta que começamos a ponte
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2. Sobre as relações filosóficas:
seria pouco para defini-lo como arte. Segundo Hegel, a beleza artística supera a beleza
natural por estar ligada aos ideais humanos de maneira a transmiti-los, sejam eles sensações
ou conceitos.
A arte está ligada ao belo, e o belo está representado nas ideias e significados
humanos. Portanto a arte é a materialização do belo para que se possa transmitir ao outro.
Seguindo este conceito podemos definir que o cinema como fotografia e movimento
não o define como arte, e sim como técnica. O cinema como arte reside no significado
atribuído à esse movimento por quem o organiza e recebido por quem o assiste. Nesse
aspecto, vemos que o cinema como arte existe não só como objeto, mas sim como fenômeno.
Para que este fenômeno realmente aconteça é necessário que haja alguém para receber a
mensagem transmitida.
Alguns teóricos diriam que a diferença entre o cinema e o teatro reside na presença de
público enquanto a ação ocorre no cinema. Porém, conforme vimos acima, essa afirmação
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pode se apresentar definitiva demais em alguns aspectos. O corpo do ator não está presente
em cena, mas seus gestos, movimentos, entonações e intenções estão presentes na maioria
dos filmes.
também
está presente de maneira forte no Teatro. O diretor Rodrigo Portella deixa evidente isso em
seu texto “Tom e o Barro-O Complexo Primitivo”, onde conta de maneira resumida a origem
do conceito de sua montagem de Tom na Fazenda aqui no Brasil. Ele diz que o convite para
presidente Dilma Rousseff, marcado socialmente por casos de agressões familiares, mortes de
política e ética. Entendendo o contexto social em que estava inserido, as mensagens contidas
no texto e como isso reverbera em seu íntimo, Rodrigo logo entendeu o que gostaria de dizer
e a quem, deixando claro que isso nortearia todas as suas decisões alinhando esses fatores
Percebemos nesse caso como a preocupação com a idéia a ser passada definiu todo o
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tornam objeto artístico quando uma idéia se materializa com o objetivo de atingir alguém, e
para que isso aconteça, um fenômeno parecido com o referido no cinema deve-se instaurar.
3. Sobre ressignificação
Embora a fotografia tenha o poder de, de certa forma, registrar o real, o que temos
em imagem não é algo que pertença a realidade. Mesmo o cinema documental não possui a
apenas até o momento em que as imagens foram filmadas. depois disso existe apenas uma
uma mensagem para a realidade. Na maioria das vezes essa mensagem vem a partir de algo
que pertenceu anteriormente ao plano real , que representado por imagens e sons se manifesta
de maneira física, onde virá a se transmitir. Porém nem mesmo o que vemos nessa
Para começar podemos pensar na projeção em si. As imagens que vemos não possuem
três dimensões e sim duas. Se tratam apenas de um registro de algo que anteriormente
possuiu três dimensões. Então para suprir essa falta, acabamos por, através de técnicas,
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ressignificar as qualidades de uma imagem bidimensional para que tenhamos a sensação de
necessidade da presença de uma mente humana para que o cinema aconteça como arte. A
imagem em si é apenas luz e só pode ser algo significativo ao passar pelas emoções humanas,
Indo além dos aspectos “Físicos” do cinema podemos também destacar aspectos
ficcional, retiramos essa morte do plano real. No caso do documentário podemos ter imagens
de uma morte real capturadas por uma câmera de segurança. No plano real esta morte pode
isso afetou parentes e amigos, momentos políticos, documentos, fotografias e outros artifícios
intensa. A morte ali retratada não pertence ao plano da realidade no momento em que é
sua captura em imagem. Porém isso não quer dizer que essa morte não venha de algo real. A
atores e a produção para tornar aquela morte, ferramenta da mensagem a ser transmitida pelo
filme.
o espetáculo logo de cara lidamos com a morte do namorado de Tom que irá nortear o
espetáculo. Porém, além desta morte que não acontece no tempo presente, temos outra morte
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de importância para a dramaturgia que acontece em cena, aos olhos do público: A morte de
Francis, o cunhado e amante de Tom, assassinado pelo próprio rapaz. Nesse momento se
pode realmente cometer um homicídio em cena, e não se pode deixar de lado o fato de um
homicídio ser transmitido através da cena. Para isso, é necessário adequar a morte para a
retrato reforçando as sombras em seus corpos e olhos vazios. O assassinato é descrito apenas
com palavras, somadas a essa imagem que possibilita ao espectador ter a sensação da morte
causada. Através disso somos capazes de perceber o quão próximos são o cinema e o teatro
nesse aspecto. Mesmo que imagens não sejam projetadas em uma tela, a cena teatral
apresenta a impossibilidade do real assim como o cinema. Deve-se trazer para a cena a
para que possamos entender como se relacionam conosco o cinema e o teatro. A ideia de
realidade que temos é definida principalmente pelos sentidos humanos. O contato que temos
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com o mundo através da visão, audição, olfato,tato e paladar informa para nossas mentes tudo
o que existe dentro e fora de nossos corpos e fornece dados de como reconhecê-los. Nossas
memórias.
Falando a grosso modo podemos separar esse processo em quatro estágios, são eles,
corpo, conversão e significação das sinapses na mente. Sabemos que no momento que chega
à mente humana esses estímulos passam por um processo que nos define como seres
humanos e que até hoje não possui uma explicação exata , mas para nós como artistas é
necessário saber também o processo frio e físico que ocorre fora dela.
dois principais sentidos utilizados por essa arte. A visão e a audição. Porém o que nos
interessa agora é como esses sentidos são estimulados por essa arte. Como seria possível
transmitir a sensação de imagens e sons que aconteceram longe de nossos olhos e ouvidos? A
A câmera de vídeo usada no cinema funciona da mesma maneira que o olho humano.
Ela captura a luz refletida que passa por uma íris, é invertida e filtrada por uma lente e
registrada em uma “retina” da mesma maneira que o olho humano. A captação de áudio feita
por microfones, também acontece pela conversão de vibrações em sinais elétricos assim
como nossos ouvidos. Lógico que esses aparelhos não atingem a mesma qualidade e
definição sensorial que nossos corpos, porém, se considerarmos que a maneira de se captar o
mundo no cinema é a mesma que um corpo humano usa ao sentar para assistir um espetáculo
de teatro, não seria possível utilizar as mesmas maneiras de se manipular essas informações a
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fim de transferir uma mensagem ? Para mim a resposta é sim, mas para isso precisamos
ao que será ou não mostrado na imagem, para isso são usadas uma série de técnicas e
artifícios. Algumas das principais técnicas são, plano e profundidade de campo. Falaremos de
delas no decorrer deste artigo começando neste tópico pela idéia de plano. Plano, no cinema é
sobreposições de imagens que dão a idéia de profundidade. Peguemos, por exemplo a obra de
um vilarejo, campos compondo a imagem. A mulher que está mais a frente ganhando
campos que aparecem logo atrás dela dando uma idéia de proximidade, porém em distância
maior que a da mulher em relação ao espectador, estão no que se chama segundo plano. A
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cidade, céu e imagens com idéia de grande distância estão localizadas no terceiro plano da
imagem.
colocássemos um quadro pintado de maneira uniforme, em sem traços e sem textura em uma
parede, sua moldura nos daria essa impressão de outro plano, pois a propria moldura possui
outros traços cores e texturas, causando sobreposição de imagens. A própria moldura é uma
imagem.
prática no teatro, mesmo que essa associação não seja feita conscientemente. Em uma das
cenas, o personagem Francis leva Tom para a vala das vaca da fazenda com o intuito de
ameaçá-lo. Para construir essa cena rodrigo coloca os dois atores em planos diferentes, Tom
está mais a frente com uma luz intensa o fazendo parecer maior, enquanto Francis caminha
do centro do palco para o fundo e volta até o centro em uma luz difusa e mais fraca. Essa
Imediatamente a plateia cria naquele momento uma aproximação com o que se vê em cena.
câmera de vídeo. quanto maior a profundidade de campo, maior a área focal e maior a
quantidade de elementos que tomam importância na cena. Quando desejamos manter o foco
de quem vê em apenas um detalhe, usando os outros planos apenas como uma composição
visual, utilizamos uma profundidade de campo menor. Exemplificando isso de maneira mais
fácil, podemos pegar cenas em close no cinema. O rosto que se encontra com maior definição
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está em foco e dentro da profundidade de campo da lente. Já o fundo borrado da cena com
luzes e objetos embaçados está fora da área de profundidade da lente. Essa técnica cria efeitos
visuais incríveis no cinema, além de manter o foco da platéia no que se deseja, mas como
Na cena de Tom na Fazenda em que Francis leva Tom para a vala das vacas, temos outro
elemento que ajuda a prender o espectador além dos planos. A iluminação usada confunde a
é bem grande. Mas algumas situações fazem essa profundidade diminuir, nos permitindo
iluminação de objetos.
Pense assim, se temos dois objetos, um iluminado com uma luz mais intensa e direcionada,
enquanto o outro está com uma luz mais fraca e dispersa, automaticamente focaremos na
imagem mais iluminada. Na cena de Tom na Fazenda, Francis está com uma iluminação mais
difusa e menos intensa, enquanto Tom tem um Elipsoidal direcionado para ele em uma
potência maior. Isso nos faz focar mais nas ações de Tom. Porém nos momentos que a
intensidade das luzes trocavam, passamos a dividir essa atenção também com Francis. Ao
pensar nisso podemos pôr em evidência pequenos detalhes como um close, ou por uma
7. Trocando em miúdos
poucos exemplos aqui citados são costumes e hábitos já utilizados há décadas, porém, a
complementares é algo que de longe passa em nossas cabeças no dia a dia de nossa profissão.
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Ao pensarmos nos objetivos do cinema e do teatro, levando em consideração suas
cinematográfica atual talvez o tenha afastado das salas de teatro. Porém, a nossa negação em
aceitar essa linguagem como complementar a nossa arte, também contribui para esse
afastamento. O teatro em sua história sempre agregou de maneira criativa outras artes. Fazer
isso com o cinema também, indo além do uso da projeção em si e atingindo os aspectos
filosóficos e técnicos de sua feitura, são capazes de enriquecer ainda mais a nossa já tão nobre
arte.
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Bibliografia:
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