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Lista de espetáculos de teatro documentário no Brasil

OPINIÃO (ou “SHOW” OPINIÃO)


Estreia (informações tiradas da publicação do texto do espetáculo)
Data: 11 de dezembro de 1964
Local: teatro do Super-Shopping Center da Rua Siqueira Campos, no Rio de
Janeiro
Realização: Grupo Opinião e Teatro de Arena
Direção Geral: Augusto Boal
Atuantes: Nara Leão, Zé Keti, João do Vale (Suzana de Moraes substituiu Nara
Leão em 30 de janeiro de 1965/Maria Bethânia substituiu Suzana de Moraes em
13 de fevereiro de 1965)
Texto final (dramaturgia): Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes
Músicas: Zé Keti e João do Vale
Direção musical: Dorival Caymmi Filho
Músicos: Roberto Nascimento (violão); Alberto Hekel Tavares (flauta); João
Jorge Vargas (bateria)

Descrição:

“Nosso show-verdade era diálogo: João lia a carta que escreveu ao pai, ao fugir
de casa, menino; lia para Nara, lágrimas rolando, lágrimas que vestiam suas
palavras. Nara respondia com ternura, olho no olho, carinhosa: “Carcará. Pega,
mata e come!”. Era diálogo, teatro, não show [...] Cada um representava a si
mesmo e a sua classe. Zé vinha do morro descendo para o asfalto; João, o
Nordeste vindo ao Sul. Nara, moça de Copacabana, inteligente, representava
ela mesma e outras moças que, como ela, não perdiam a cabeça malhando o
corpo. (BOAL, Augusto. Hamlet e o filho do padeiro. 2014, sem página)

“Em um palco nu, três pessoas, em seus trajes cotidianos (tipo camiseta e jeans),
falam de si, de sua vida, de suas lembranças mais marcantes e cantam suas
músicas, já mais ou menos conhecidas [...] Um ato de fala: no palco, apenas três
pessoas. Não se pode dizer que sejam atores: são três músicos, com seus rostos
e trajes cotidianos – como se ali estivessem por acaso. Três pessoas que
realizam apenas um ato: falar e/ou cantar. Mas um ato performático: começam
falando de si mesmos, voltam sempre à ação, que não se prende a qualquer
significado específico, a qualquer tema particularizado” (KUHNER; ROCHA,
2001, p. 41 e 47).
“Em sua versão final, o Show Opinião apresenta no plano formal o depoimento
de diferentes representantes da experiência social no Brasil: a do retirante, a do
sambista favelado do morro e a da mulher de classe média. Isto é legítimo teatro
documentário. Os três depoimentos (basicamente a história de vida de cada um
dos artistas) se desenvolvem através músicas e vários tipos de ilustração (casos
exemplares na forma de relatos)” (COSTA, 2017, sem página)

Fontes:
BOAL, Augusto. Hamlet e o filho do padeiro: memórias imaginadas. São Paulo:
Cosac Naify, 2014.
COSTA, Iná Camargo. Agitprop e o teatro do oprimido. Site do Instituto
Augusto Boal, 2017. Disponível em:
<http://augustoboal.com.br/2017/03/15/agitprop-e-teatro-do-oprimido-texto-de-
ina-camargo-costa/>. Acesso em: 05/09/2022.
KUHNER, Maria Helena; ROCHA, Helena. Para ter Opinião. Rio de Janeiro:
Editora Relume Dumará, 2001.
COSTA, Armando; VIANNA FILHO, Oduvaldo; PONTES, Paulo. Opinião (Texto
completo do “Show”). Rio de Janeiro: Edições do Val, 1965.
FESTA DE SEPARAÇÃO: UM DOCUMENTÁRIO CÊNICO
Estreia
Data: 15/09/2009
Local: Teatro Imprensa, São Paulo
Concepção, performance e músicas: Janaina Leite e Felipe Teixeira Pinto
Direção: Luiz Fernando Marques
Colaborador teórica e textual: Júlio Groppa Aquino
Colaborador audiovisual e documentário: Evaldo Mocarzel
Consultoria vocal: Lú Horta
Consultoria corporal: Paulo Azevedo
Fotografia e câmera: Felipe Teixeira Pinto, Felipe Bentivegna, Danilo Dilletoso e
Fabiano Pierri
Edição: Felipe Teixeira Pinto e Danilo Dilletoso
Design gráfico: Oga Mendonça
Participação especial: todas as pessoas convidadas para as festas

Sinopse

“Após a ruptura, um casal convida parentes e amigos para celebrar este


momento de passagem através de verdadeiras festas de separação. A
documentação audiovisual desse acontecimento se desdobra numa experiência
cênica que transita entre o pessoal e o impessoal, o teatro e o documentário.
Concebido pela atriz Janaina Leite e pelo músico e filósofo Felipe Teixeira Pinto,
“Festa de Separação: um documentário cênico” se debruça sobre o tema do
amor contemporâneo e das práticas amorosas no século XXI partindo do término
de seu relacionamento e gerando uma dramaturgia heterogênea que mescla
filosofia, literatura, escrita pessoal, projeções em vídeo e canções. Essa polifonia
encontra na fragmentação e no trânsito entre diferentes linguagens a
possibilidade de combinações inauditas que articuladas pelo jogo da cena
colocam em questão o amor contemporâneo, as relações, os começos e os fins.”
(retirado do site Janaina Leite)
Fontes:
LEITE, Janaina Fontes. Autoescrituras performativas: do diário à cena. São
Paulo: Perspectiva: Fapesp, 2017.
LEITE, Janaina Fontes. Festa de separação: um documentário cênico. Site
Janaina Leite. Disponível em: <https://www.janainaleite.com.br/c%C3%B3pia-
stabat-1>. Acesso em: 05/09/2022.
CONVERSAS COM MEU PAI

Estreia
Data: junho de 2014 (06/2014)
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade – São Paulo

Ficha técnica:
Concepção e interpretação: Janaina Leite.
Texto: Alexandre Dal Farra.
Direção e cenografia: Janaina Leite e Alexandre Dal Farra.
Vídeos: Bruno Jorge.
Iluminação: Wagner Antônio.
Figurino: Melina Schleder.
Direção de palco: Michel Fogaça.
Design gráfico: Rodrigo Pereira.
Direção de produção: Carla Estefan
Assistente de produção: Érika Fortunato

Sinopse:
Em uma velha caixa de sapatos, Janaina guarda uma infinidade de bilhetes que
trazem frases escritas por seu pai, que sofreu uma traqueostomia e perdeu a
capacidade da fala. Na mesma época, Janaina descobre que sofre de uma
doença degenerativa que a leva a perder parte da audição. Nesse contexto, em
silêncio, pai e filha se reencontram. Esse foi o ponto de partida de um work in
process de quase sete anos que reuniu uma infinidade de materiais e esboços,
na tentativa de dizer o indizível ao enfrentar o delicado tema do incesto.
"Vocês estão aqui para... Eu preciso dividir com vocês. É um tipo de segredo.
Acho que é um segredo, que eu tenho. Eu precisaria contar agora. Mas eu não
sei direito. Porque também tem isso. Eu fiquei querendo contar o segredo, e....
isso também foi parte da coisa. E foi um tipo de processo de cura. Querer contar
o segredo, dividir com os outros. Mas só que as coisas ao invés de ficarem mais
simples foram ficando mais complicadas, e no meio desse processo, que era um
tipo de cura, de repente eu descobri que o segredo talvez nem existisse" (trecho
de "Conversas com meu pai")
Fontes:
LEITE, Janaina Fontes. Autoescrituras performativas: do diário à cena. São
Paulo: Perspectiva: Fapesp, 2017.
LEITE, Janaina. Conversas Com Meu Pai + Stabat Mater, uma trajetória de
Janaina Leite (Dramaturgias). Belo Horizonte: Javali, 2020.
LEITE, Janaina Fontes. Festa de separação: um documentário cênico. Site
Janaina Leite. Disponível em: <https://www.janainaleite.com.br/c%C3%B3pia-
stabat-1>. Acesso em: 05/09/2022.
NOSSA ODISSEIA. Díptico composto pelos espetáculos ÍTACA e O AGORA
QUE DEMORA

ÍTACA
Estreia
Data: 16/03/2018
Local: Ateliers Berthier de l’Odéon-Théâtre de l’Europe
Direção, dramaturgia e cenário: Christiane Jatahy
Colaborador artístico, luz e cenário: Thomas Walgrave
Colaboração no desenvolvimento da cenografia: Marcelo Lipiani
Designer de som: Alex Fostier
Diretor de fotografia: Paulo Camacho
Figurinos: Siegrid Petit-Imbert, Géraldine Ingremeau
Sistema de vídeo: Julio Parente
Assistente de direção e tradutor: Marcus Borja
Colaborador artístico: Henrique Mariano
Construção do cenário: Atelier de construction de l’Odéon-Théâtre de l’Europe e
equipe de l’Odéon-Théâtre de l’Europe
Com: Cédric Eeckout, Isabel Teixeira, Julia Bernat, Karim Bel Kacem, Matthieu
Sampeur e Stella Rabello
Produção: Odéon-Théâtre de l’Europe (Paris, França)
Co-produção: Théâtre National Wallonie-Bruxelles (Bruxelas, Bélgica), Teatro
São Luiz (Lisboa, Portugal), Onassis Cultural Centre (Atenas, Grécia), Comédie
de Genève (Genebra, Suíça).
Apoio: Centquatre (Paris, França)
Apoio Cultural: SESC

Sinopse
“Sobre as odisséias imaginadas, sobre as odisséias que poderiam ser reais,
sobre a odisséia de Homero e outras inspirações.
O projeto NOSSA ODISSÉIA é um dipitico; ITACA e O AGORA QUE DEMORA.
A primeira parte; ITACA dá continuidade a pesquisa de linguagem da diretora
Christiane Jatahy, entre o teatro e o cinema, entre o ficcional e o documental,
entre o passado e presente. Trazendo, a partir, da ficção histórica de Homero
uma lente de aumento sobre os dias de hoje, sobre as guerras, os movimentos
de partida e de chegada, a tentativa de chegar em casa concreta e
metaforicamente.
Para a construção dramatúrgica foram realizadas entrevistas com refugiados,
além de um período de trabalho com os atores para gerar cenas através de
improvisos. Em seguida, durante um mês, Christiane Jatahy escreveu a
dramaturgia final do texto.
O espaço de ação é bi-frontal. Um lado é ITACA. O outro lado é o lugar de
passagem A CAMINHO DE ITACA.
Em ITACA estão 3 PENELOPES e 3 PRETENDENTES. Do outro lado estão 3
ULISSES e 3 CALIPSOS. Os atores representam múltiplas possibilidades de
Penélopes e de Ulisses. Do feminino e do masculino nessa adaptação da
Odisséia de Homero.
As 3 ATRIZES, Isabel Teixeira, Julia Bernat e Stella Rabello, que fizeram “E se
elas fossem para Moscou?”, agora assumem o lugar da mulher que espera e
que também age. A elas se juntam 3 ATORES, Cédric Eeckout, Karim Bel
Kacem, e Matthieu Sampeur.
O PÚBLICO, como nos trabalhos anteriores fará parte da construção ficcional da
história e estará em relação direta com a cena. Isso se dará através da
PROXIMIDADE com os atores e com a presença do CINEMA.
Os ROTEIROS de cada lado se entrelaçam em som, imagens e profundidade.
São dois pontos de vista, mas também são um só, como uma lente de fundo
infinito vista pelos dois lados em zoom in e zoom out. Dois espaços/ tempo que
se dobram sobre si mesmos” (retirado do site Christiane Jatahy)

Fontes:
JATAHY, Christiane. Ítaca. Site Christiane Jatahy. Disponível em:
<https://christianejatahy.com/creation/itaca/>. Acesso em: 05/09/2022.
FERNANDES, Sílvia. Memórias dissidentes: Nossa Odisseia, de Christiane
Jatahy. Urdimento – Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 3,
n. 42, dez. 2021.

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