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BASES DA CRIAÇÃO LITERÁRIA

AULA 1: O ESCRITOR E A REALIDADE (E UM BREVE INTRODUÇÃO SOBRE O


CURSO E OS MALES QUE IMPREGNARAM A LITERATURA CONTEMPORÂNEA)
• Os três vícios que impregnaram a literatura (ler o livro Literatura em Perigo, de Tzvetan
Todorov):
◦ [11:00] Formalismo: “as formas literárias se bastam a si mesmas, em detrimento de seus
conteúdos”. “A literatura não é nada mais do que linguagem, apenas forma”.
◦ [12:19] Niilismo: “negação ou recusa de todas as crenças”. “Nenhuma ideia, convicção ou
crença é capaz de oferecer um sentido consistente ou positivo para nossa experiência de
vida”. “As crenças e suas convicções, com seus respectivos valores, são apenas mentiras”.
◦ [13:25] Solipsismo: “só existem efetivamente o ‘eu’ e suas sensações”. “A realidade é
apenas um conjunto de impressões sem vida própria”.
• [16:20] O que é a criação literária?
◦ Tentativa de recriar a realidade através da linguagem.
▪ A poesia e a prosa não podem literalmente imitar os seres humanos em ação, como eles
vivem (isso cabe mais ao teatro e ao cinema).
▪ Então a obra literária será sempre uma interpretação da realidade. Uma narração que
relata ou representa o que supostamente ocorreu ou poderia ocorrer.
▪ A obra literária jamais deve ser apartada do mundo e da realidade que sem os quais ela
não existiria.
• Ao defender a ideia de que a obra literária é entidade essencialmente verbal, apartada do
mundo e da realidade, os formalistas procuram libertar o escritor do peso de ter que
representar em sua obra esse mesmo mundo e essa realidade que o cercam, possibilitando que
crie uma obra perfeita – uma obra que se basta a si mesma.
• A linguagem é uma mediadora entre a imaginação do escritor e a do leitor.
• A arte está essencialmente ligada a realidade.
• Ler o autor Henry James (contos, novelas, romances e ensaios sobre criação literária).
◦ Ensaio “A arte da ficção”.
• Ler o autor José Ortega Y Gasset (Meditações do Quixote).
• Ler Canto de Muro, Luís Câmara Cascudo.
AULA 2: A INSPIRAÇÃO E OS ASPECTOS METAFÍSICOS DA REALIDADE
• Para fazer um bom escritor, basta o amor pela realidade?
• Como se relacionam com a literatura os aspectos da realidade que transcendem nossos
aspectos sensíveis?
◦ “Não há coisa no universo por onde não passe algum nervo divino”, acredita Gasset.
Nossa dificuldade é chegar até esse nervo e fazer com que se contraia.
◦ Contrário a essa ideia, Paul Valéry nega a existência da inspiração. Para o poeta, na criação
literária predomina a “soberania da consciência”.
▪ Pensamento amplamente disseminado e lugar-comum hoje em dia – afirma Gurgel –,
em que os escritores acreditam bastarem a si mesmos.
▪ (A inspiração não está essencialmente ligada a uma influência divina ou espiritual .)
▪ Mas nem todos pensam como Valéry, e, ao longo da história, diversos artistas jamais
desprezaram o dom da inspiração ou a relação do homem com a divindade.
• Relação presente em todas as culturas ao longo da História.
• Um exemplo é o diálogo Íon de Platão.
◦ O simples domínio da técnica não é o bastante para se fazer um artista e uma
obra perfeitos!
◦ Sócrates acredita no dom divino do entusiasmo e da inspiração que domina os
poetas. Visão hoje descartada pelo cientificismo ateu de nossos tempos.
▪ Os artistas – escritores, poetas, pintores, músicos – jamais devem virar as costas aos
valores e tradições que formaram a Civilização Ocidental.
• “A inspiração será sempre um estado de estranheza e reconhecimento”, afirma Octavio Paz em
O Arco e a Lira. “De repulsa e de fascinação, sempre, em relação a uma presença indefinível.”
◦ A inspiração é quando as fronteiras da mente se tornam nebulosas; e a capacidade de se
expressar transformam-se em algo que o escritor não pode dominar completamente.
• Em um de seus poemas, Hopkins nos lembra que a labareda da inspiração é fugaz, dura muito
pouco, mas concede ao escritor o necessário para o nascimento do texto. A esse entusiasmo
segue-se um longo processo de maturação – muitas vezes, angustioso.
• Um outro fator que não pode ser esquecido, que se soma continuamente ao contato do
escritor com a realidade e com a inspiração: as fraturas; as perdas inevitáveis da vida.
◦ Para Gasset, “cada aspecto da realidade é uma fada que se reveste de miséria e de
vulgaridade, e por isso esconde promessas inimagináveis àqueles que se debruçam com
amor e desvelo sobre eles”.
▪ Assim também seria o ser humano, que se cobre de miséria e vulgaridade mas conserva
a esperança de que alguém venha a desvendar seus tesouros interiores.
▪ O interior de cada homem é uma eterna dicotomia, uma eterna luta entre defeitos e
qualidades, vícios e virtudes.
• O ser humano vive a experiência de existir fraturado, dividido; interiormente
rompido em duas pessoas.
• Todos esses elementos, e dualidades, compõe a nossa personalidade; e nada,
nenhum elemento, pode ser descartado de nós quando produzimos literatura.
◦ Não podemos separar a criação literária daquilo que é o nosso eu
• Ler o ensaio Filoctetes: a chaga e o arco, de Edmund Wilson.
• Se nós não somos autossuficientes, então a literatura também não é.
◦ Mesmo quando a produção da obra é uma forma de autossuperação, ela só é possível
graças à realidade. Ter os olhos abertos para a realidade significa, também aceitar conviver
com os nossos semelhantes, com aqueles que são diferentes de nós – o que não significa
que sejam, necessariamente, nossos opositores. O outro sempre nos completo, mesmo
quando se opõe a nós.
AULA 3: A LÍNGUA – O IDIOMA, A LINGUAGEM
• Somando-se aos três elementos fundamentais da criação literária – a realidade, a inspiração e
as fraturas internas –, estudados nas aulas anteriores, aqui trataremos de um quarto elemento: a
língua – o idioma, a linguagem.
◦ A separação desses elementos em aulas, é mera didática, pois, no momento da criação
literária, eles são inseparáveis.
• A linguagem é a matéria bruta com a qual o escritor “esculpe” sua obra.
◦ A luta do escritor é na questão de submeter o idioma à sua vontade, para que, através das
palavras, consiga dizer exatamente o que pretender dizer, e como pretende dizer.
• Ler o ensaio Requisitos da Expressão Literária, do professor Olavo de Carvalho.
◦ “A língua é uma matéria que resiste a nós com opacidade, de maneira nebulosa; mas essa é
exatamente a opacidade que o escritor precisa vencer.”
◦ “A obra literária é a vitória da forma sobre a matéria.”
▪ Matéria que pode ser elevada – no caso das obras realmente geniais – a um esplendor
translúcido e harmonioso.
• Como alcançar essa perfeição, como lidar com o idioma? Qual a nossa relação com a língua –
não enquanto meros falantes, mas enquanto escritores?
◦ Uma verdade esquecida nos dias de hoje: não existe arte, sem ciência. Ciência no sentido
de conhecimento atento e aprofundado.
▪ No caso específico da literatura: quando mais domínio tem o escritor sobre os meios
de expressão, melhor é a sua literatura.
▪ Pensar sobre sua própria forma de literatura, sobre sua própria forma de criar e
trabalhar a língua, serve como um estímulo, uma forma de penetrar mais fundo no
conhecimento das suas próprias ferramentas.
• O que reforça, no íntimo do escritor, a ideia de que o que realmente importa é a
qualidade do trabalho realizado; e não o reconhecimento popular.
▪ Quanto Gurgel fala dessa forma de autoconsciência, ele não quer dizer que o escritor
precisa ser um gramático!
• Mas o conhecimento da gramática não deve, de forma alguma, ser desprezado .
• Atenção: o estudo aprofundado, dogmático, obsessivo, da gramática não
transforma ninguém em escritor!
• Um escritor não precisa conhecer a gramática como “Ciência Gramática”. Por
exemplo, não precisa saber definir o que é um verbo defectivo. Mas ele precisa, ao
menos, intuir, graças ao seu convívio diário com a língua, que certos verbos não
apresentam todas as formas de tempo ou de pessoa.
◦ É preciso um convívio prático com a língua, mas não é necessário saber as
definições gramaticais.
• A consulta da gramática, com o intuito de sanar dúvidas, é meritoso; mas o escritor
precisar ir muito além – muito além de um simples conjunto de prescrições e
regras.
• Aprender gramática não significa apenas aprender a escrever segundo a norma culta
da língua, mas dominar a lógica do idioma. De maneira que, ao dominar a lógica
do idioma, também possamos dominar a lógica do pensamento.
• Criar literatura não significa apenas escrever de forma correta ou de forma
inteligível, mas escrever com premeditação, consciente do efeito que se pretende
alcançar. E muitas vezes trata-se de romper as regras gramaticais.
◦ “Os grandes escritores não foram feitos para se submeter a lei dos gramáticos;
pelo contrário, foram feitos para impor a sua lei. E não somente a sua vontade,
mas também o seu capricho.” – Paul Claudel.
▪ Mas, quando trabalhamos a língua de maneira literária, ela, muitas vezes, escapa ao
nosso controle; e alcança significados que o próprio escritor não percebe.
• Nem tudo que está no texto literário é pensado, esquematizado, planejado pelo
escritor.
◦ Não diminui o fato de que, produzir literatura requer uma intencionalidade,
exige uma reflexão. E esse exercício para dominar a linguagem, para se ter
domínio sobre o instrumento de trabalho, amplia a consciência do escritor
sobre seus próprios sentimentos, sobre suas próprias ideias.
◦ Em seu ensaio, Olavo explica que o exercício da escrita não serve apenas para o
aperfeiçoamento do texto ou da expressividade do autor; mas amplia,
aprofunda, a própria autoconsciência do escritor.
▪ Por isso textos são e devem ser reescritos, de novo e de novo. Como o
fazem todos os bons escritores, de maneira incansável. Um exercício que
aprimora o seu estilo, e também seu autoconhecimento.
▪ Esse constante esforço para se expressar amplia a consciência do escritor não só quanto
as possibilidades estéticas que a língua oferece, mas também em relação à sua própria
existência, em relação ao seu contato com a realidade.
• Essa reflexão também serve para o leitor:
◦ Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que lê e
compreende não se tornará um especialista em análise literária, mas vai se
tornar um conhecedor do ser humano.
▪ Contrários a todas essas ideias, os formalistas, estruturalistas e desconstrucionistas, que
imperam hoje na universidade, acreditam que, o que acontece em um texto literário é
apenas aventura da linguagem. Apenas linguagem e nada mais. (Idiotas!, claro.)
• Se a beleza do texto literário estivesse concentrada apenas na própria substância da
linguagem, exclusivamente nos signos linguísticos, então todos os textos com a
intenção se serem literários seriam literatura, apresentariam qualidade literária. O
que não acontece. Ao contrário, muitas vezes, textos escritos sem nenhuma
intenção literária, podem ter valor literário. Enquanto a maioria dos textos
produzidos com intenções literárias vão para o lixo.
◦ A qualidade de uma obra não está no valor subjetivo que o escritor colocou
nela, mas no valor objetivo que ela realmente tem – intencionalmente ou não.
▪ “O valor literário é tanto maior quanto mais a obra consiga absorver em si
todos os outros valores”, diz Olavo de Carvalho.
• A linguagem nunca deve estar só. É preciso acrescentar valor à linguagem, ao nosso
instrumento de trabalho. E isso só acontece quando vamos muito além da linguagem.
◦ “O primeiro dever do escritor é ser tão completo quanto possível”, dizia Henry James.
▪ Quanto mais ampliamos nossa percepção da realidade, mais poderemos criar uma
verdadeira linguagem literária – autônoma, pessoal, que expresse, realmente, nossa
maneira de pensar. Uma linguagem que tenha o nosso estilo.
• Uma outra ideia com a qual precisamos romper: a linguagem literária não é uma forma de
“geração espontânea”.
◦ Quando escrevemos, não é apenas nosso conhecimento da língua e do idioma que é
utilizado – estamos inseridos em uma determinada cultura, estamos ligados a uma
tradição.
▪ Estamos inseridos na cultura poética ocidental!
▪ Sem o domínio de uma parte da memória coletiva – cultura, tradição ocidental –
estaríamos condenados a uma vida primitiva, à incomunicação, talvez, até mesmo, à
loucura.
▪ Setores da sociedade moderna (*Pigarro*: cof, cof … esquerdistas e revolucionários
malditos… cof, cof) tentam sistematicamente destruir muitos “canais de transmissão”
dessa tradição. Esse tipo de comportamento, ainda que maquiado por uma postura
intelectual e contestadora, representa uma ameaça ao homem. Uma doença que pode
ser chamada de “desculturação” – a perda ou degradação de nossa identidade cultural.
Parcela considerável da sociedade ocidental sofre desse problema.
• [Ler] Ortega Y Gasset, em A Rebelião das Massas, define esse comportamento
como: “Uma estranha pretensão do Homem Moderno. A pretensão de ser mais do
que qualquer outro tempo passado; de se desligar de todo o passado.”
◦ Essa pretensão não se restringe a não reconhecer que no passado existiram
épocas clássicas – “épocas normativas”, como as chama Gasset – com as quais
nós estamos ligados, querendo ou não; mas essa pretensão vai além: parcela da
sociedade atual acredita, realmente, que esta vida, nossa vida, é uma vida
superior a todas as vidas antigas, e é irredutível a elas.
◦ Esse tipo de comportamento não poderia deixar de provocar reflexos na arte.
▪ Fez com que, na literatura, nos acostumássemos a tratar com admiração
apenas aquilo que diferencia a obra de um escritor moderno daquela
produzida pelos que vieram antes dele.
• Por esse motivo, hoje, os que estudam certa obra, estão focados em
buscar nela aquilo que a torna verdadeiramente “original”. (Original
aqui, trata-se de uma forma pejorativa, é a negação do passado, da
tradição, da evolução cultural e artística da civilização ocidental; é
sombra e fumaça, algo postiço e totalmente artificial.)
▪ É lugar-comum, hoje me dia, que para ser um bom escritor, é preciso ser
“original”.
• Essa é uma forma de preconceito, de exagero; uma patologia da
modernidade.
• O objetivo dos “artistas” de hoje é sempre fazer “algo novo”, como se
fosse possível agir negando toda a experiência anterior – esvaziar a
mente e a cultura de toda a experiência humana acumulada.
▪ A verdade é só uma: estamos inseridos na História; somos dependentes
daqueles que nos precederam!
◦ Ler o ensaio de T.S. Eliot Tradição e Talento Individual.
▪ “Escrevemos não somente com a nossa própria geração, mas com o sentimento de que
toda a literatura, desde Homero, tem existência simultânea – constitui uma ordem
simultânea.”
• É como se todos os escritores estivessem vivos, ao nosso lado, quando nós
escrevemos, porque impregnam a nossa cultura há séculos (construíram-na e são
parte dela – completo por minha própria conta). “Se Homero não tivesse existido,
seríamos outros homens hoje”, afirma Gurgel. “Se Dante não tivesse existido,
seríamos outros homens hoje.”
• Não se trata de aderir cegamente aos acertos ou erros das gerações passadas. Não
se trata de copiar ou repetir o que fizeram. Trata-se de perceber essa simultaneidade
à qual nos pertencemos.
◦ Ser verdadeiramente contemporâneo trata-se de perceber nosso papel nessa
ordem geral, nessa ordem histórica, da literatura. Uma ordem da qual é
impossível se excluir – os que ousam tentar, transformam-se em meros
amontoados de gestos artificiais e mentirosos.
▪ Característica latente da esmagadora maioria dos artistas contemporâneos.
• Mas mesmo que esses escritores não saibam ou não percebam, sempre
que escrevem, debruçados sobre seus ombros estão os grandes escritores
do passado.
• Esse rompimento com a tradição, já provado impossível, não passa de
mera retórica, uma peça de autopropaganda, difundida pelos
movimentos de vanguarda.
• Essa percepção de que estamos ligados a todos aqueles que nos precederam nos leva a perceber
uma outra importante verdade: a arte não se aperfeiçoa! Os escritores contemporâneos não são
melhor do que seus antecessores – como querem nos fazer crer a crítica lugar-comum de hoje
em dia e amplos setores dos estudos acadêmicos.
◦ Mas, ao mesmo tempo, ela [a arte] não é nunca a mesma ! Aí reside sua magia.
◦ Eliot diz que a história da arte pode nos mostrar, no máximo, um certo refinamento, mas
nunca um aperfeiçoamento.
• O passado não é um fantasma que nos atormenta; pelo contrário, ele nos alimenta, nos mostra
como podemos ser melhores do que nós somos.
◦ Devemos sempre desenvolver, cada vez mais, nossa consciência em relação ao passado.
◦ Nenhum poeta, nenhum artista, tem, sozinho, sua significação completa. Seu valor está nas
relações que estabelece com o passado, com a tradição.
▪ Pois não existe e jamais vai existir um escritor que não seja, antes e simultaneamente,
um LEITOR!
• Dante seria menos Dante se não tivesse lido Virgílio.
• Ler o ensaio de T.S Eliot O Que é um Clássico?
◦ “Uma literatura madura carrega uma história consigo. Uma história que não consiste numa
mera crônica ou acumulação de manuscritos e textos de todos os tipos, mas num progresso
ordenado, ainda que inconsciente, de uma língua que alcança a consciência de suas
possibilidades, dentro, é claro, de suas limitações.”
• Mas como é possível produzir boa literatura em um país subdesenvolvido como o Brasil?
◦ Bem ou mal, temos uma tradição – não podemos nos entregar, completamente, ao
pessimismo.
◦ Eliot dizia que “na medida em que nós estamos inseridos numa literatura, na medida em
nós falamos a mesma língua e temos, fundamentalmente, a mesma cultura que produziu a
literatura do passado, então precisamos reconhecer duas coisas: primeiro, devemos ter
orgulho do que nossa literatura já conseguiu, ainda que seja pouco; em segundo lugar,
precisamos ter confiança no que ainda pode alcançar no futuro.”
▪ Uma confiança realista. Empenhada no sentido de mudar a nossa realidade, de
aprimorar a nossa literatura.
▪ Não devemos nos agarrar a uma visão utópica, mas também não podemos deixar de
trabalhar pelo futuro.
• “Se deixamos de acreditar no futuro, o passado deixará de ser o nosso passado, e
vai se transformar no passado de uma civilização morta”, conclui Eliot.
AULA 4: A RELAÇÃO ENTRE LITERATURA E ÉTICA
• Apesar de ser um tabu na visão dos modernistas e da estética contemporânea, é uma reflexão
imprescindível nos dias de hoje. Principalmente devidos aos três vícios que impregnaram a
literatura contemporânea: a estética formalista, o niilismo e o umbiguismo solipsista.
◦ A maior parte da produção literária contemporânea nos estimula a ver a realidade de uma
forma simplificada. Os próprios escritores, em entrevistas, tendem a simplificar a realidade.
Simplificação, muitas vezes, acompanhada por um desprezo pela tradição.
• Uma pergunta imprescindível nesta reflexão: O escritor é, de fato, responsável pelo que escreve
– frente a si mesmo e frente aos outros? Se sim, qual é então a sua responsabilidade?
◦ Por que a linguagem existe e por que ela surgiu?
▪ A linguagem existe porque existe o outro. A arte também existe porque existe o outro.
Apesar da aparência de monólogo durante o processo criativo de um texto, ele existe
apenas porque o escritor deseja se comunicar com o outro, transmitir o resultado de
seu trabalho.
◦ Logo, o trabalho do escritor obedece a condição de via do homem em geral: a condição de,
direta ou indiretamente, conviver com aqueles que são diferentes de nós.
▪ Não obstante as discordâncias e contradições, somos provas vivas e testemunhas de que
o diálogo é possível, de que o encontro é possível.
• Goethe se perguntava como ele podia existir se existe o outro. “Como é possível
existir se existe o diferente, o estranho? E pior, se muitas vezes, esse estranho é o
meu opositor?”
• Nietzsche se perguntava como ele podia existir se existe Deus. Como posso existir
se existe um outro que é onipotente; portanto, muito maior e muito mais forte do
que eu?
◦ Como escritores, o que oferecemos aos nossos semelhantes?
▪ A obra literária é dona, indiscutivelmente, de uma grande autonomia, mas qualquer
tese que tente colocar as obras de arte em um ponto além do bem e do mal é uma tese
ilusória, uma mentira.
• Nenhuma obra de arte é destituída de segundas intenções. A mensagem
transmitida é sempre dotada de propósito e objetivo.
◦ Pensando por dois extremos: 120 Dias de Sodoma, Marquês de Sade e o Livro
dos Salmos.
▪ Ambos falam do mal, das várias formas que o mal pode assumir. Enquanto
o primeiro é quase uma peça de propaganda do mal, o segundo apresenta o
mal em um contexto maior, em que o homem pode almejar o bem, apesar
de sua maldade.
▪ “Quero ver [numa obra literária] o homem tal como ele é. Ele não é bom ou mal: ele é
bom e mal. Mas há algo ainda, a nuance, a nuance que é para mim o objetivo da arte.”
– George Sand.
• Resposta perfeita para a questão da simplificação da realidade.
• A questão não é se uma obra deve provocar consolação ou desolação no leitor. Devemos é
abandonar a facilidade do niilismo contemporâneo, que trata toda a realidade, todos os dramas
humanos, como se fossem esquemas em que o mal, a derrota, e tudo que possa se opor a
virtude, sempre predomina, sempre vence.
◦ “O que os niilistas traem não é o bem, mas o verdadeiro.” – Todorov em A Literatura em
Perigo.
◦ Em uma obra literária é preciso evitar os extremos, as generalizações: tanto o pessimismo
quanto o otimismo exacerbado, e retratar as nuances intermediárias.
▪ Mostrar as nuances não significa relativizar os fatos ou mentir aos leitores – dizendo
ser impossível discernir entre virtudes e vícios, entre bem e mal.
▪ O grande compromisso que o escritor deve ter é com a complexidade da vida humana.
• O grande defeito da literatura contemporânea é ser não mais que um esquema, uma
representação excessivamente simplificada da realidade.
◦ Mas esse mal não se restringe a literatura contemporânea. Por exemplo, O Cortiço, de
Aluízio Azevedo, é um romance em que a morbidez perpassa tudo, criando um exagero
inconvincente. A realidade é tratada como um poço, no qual os personagens ficam loucos,
se prostituem, entregam-se aos vícios, desmoralizam-se em todos os sentidos. Ninguém se
salva; não há um personagem que seja íntegro, que, ao menos, almeje alguma virtude. Do
começo ao fim, uma traição ao verdadeiro.
• A luta do escritor ético é escrever sem simplificações, apresentando a complexidade do drama
humano, da vida humana.
• George Bernanos (ler) é um grande escritor, um grande escritor católico, porque os dramas de
seus personagens, ainda que perpassados pela graça divina, é, antes e acima de tudo, humano.
• Madame Bovary, de Flaubert (ler), é um romance genial porque o autor conciliou uma mulher
amoral com um desfecho que a condena. E conciliou sem cair na armadilha de escrever um
panfleto moralista.
• Robert Louis Stevenson – autor de O Médico e o Monstro (ler) – diz, em um de seus ensaios
– importantíssimos, segundo Gurgel –, que…
◦ “Quando um livro é concebido sob grande tensão, com um espírito que, graças a essa
tensão, multiplicou seu poder, aqueceu e eletrificou, por meio do esforço, a sua obra, as
condições do nosso ser se veem presas de uma iluminação tão vasta que, ainda que o
conceito básico da história seja trivial ou vulgar, não pode deixar de surgir do livro algo
belo e verdadeiro.”
▪ Quando uma história sobre o mal é pobremente executada, então ela será má; será uma
má história, do começo ao fim.
▪ A beleza e a verdade vencem tudo, até mesmo um tema que seja eticamente duvidoso.
• A ética do escritor não é escrever histórias em que só existam pessoas belas, justas e de bom
coração. A ética do escritor é, na verdade, extrair beleza até mesmo da maldade. Ao mesmo
tempo, reabrir a literatura ao grande debate de ideias. O escritor ético precisa libertar a
literatura daqueles seus três grandes vícios. A arte de escrever não admite um comportamento
leviano. O escritor precisa ter consciência e responsabilidade em relação as consequências que a
sua obra pode provocar.
AULA 5: O ASPECTO HUMORÍSTICO DA OBRA LITERÁRIA
• Aquilo que foi estudado até então:
◦ A realidade.
◦ A inspiração.
◦ A precariedade da condição humana; as fraturas internas do homem.
◦ A linguagem – a língua, o idioma.
◦ A importância da tradição.
◦ E a ética do escritor.
▪ Esses elementos são inseparáveis!
▪ O sétimo elemento: o humor e o riso na obra literária.
• O humor rompe com as expectativas dramáticas do leitor, destrói o desenvolvimento lógico da
situação.
◦ A narração de todas as histórias, sejam dramáticas ou cômicas, funciona como um canal,
que conduz o fluxo da emoção do leitor. Quando esse canal, por algum motivo, é rompido,
a emoção de dispersa, como a água que escapa pelo furo de um cano.
▪ [Percebo que essa regra não vale somente quando a quebra de expectativa é um
desfecho cômico, mas também quando uma cena calma, de repente, transforma-se em
algo dramático, trágico, como a morte inesperada de um personagem querido ou uma
vitória estrondosa de seu antagonista. Como acontece muito em As Crônicas de Gelo e
Fogo.]
• Do choque entre duas lógicas que parecem incompatíveis surge o humor.
• O dr. Samuel Johnson dizia que os homens têm sido sábio de diferentes maneiras, mas sempre
riram da mesma forma.
◦ No substrato desta ideia está a certeza de que todo pensamento e toda conduta, coerentes,
estão submetidos a um código de regras, a um código tácito, que não é expresso de maneira
formal. Quando quebramos esse código, quando quebramos sua rigidez, nós fazemos o que
diziam os antigos: “rindo, nós castigamos os costumes.”
• Por que deveria um escritor provocar esse choque entre duas lógicas incompatíveis?
◦ O hábito costuma tornar a vida monótona, deixar nossos comportamentos rígidos,
automáticos. O mesmo acontece com os pensamentos. Mas o que a vida exige não é o
automatismo, e, sim, uma atenção constantemente desperta, que consiga enxergar os
contornos de cada situação. Inclusive para que consigamos nos adaptar a cada nova
situação que a vida nos oferece. A vida ideal seria aquela vivida em um jogo constante entre
tensão e elasticidade, duas forças que se completam.
◦ O que ocorre, quase sempre, é o homem se deixar levar pelo automatismo fácil – o
automatismo dos hábito que vai adquirindo. Esse automatismo pode ser chamado de “uma
forma de rigidez do caráter”. Esse automatismo adormece o homem, adormece a
consciência humana.
◦ Uma forma de acordar o homem, de quebrar essa rigidez, é exatamente o riso. O riso
critica essa rigidez, essa forma mecânica de se comportar.
• “Se tenho diante de mim um mecanismo que funciona automaticamente, então já não é mais
vida, mas automatismo instalado na vida e imitando a vida. Ou seja, é a comicidade.” – Henri
Bergson.
• O humor denuncia o homem e a sociedade que se tornaram marionetes, que se comportam de
forma automática.
• O Cômico é o fato corriqueiro, automático – que, muitas vezes, já não notamos mais –, e que
nos é apresentado sob uma nova luz. Uma luz que denuncia o seu absurdo.
• O que o escritor busca com o humor não é gratuidade do riso, mas a crítica que o riso expõe.
E somente o escritor que consegue rir de suas próprias limitações reconhece a importância do
riso.
• O autor precisa estar atento ao automatismo da vida – a “coisificação” da vida e das pessoas.
Com o seu humor, sua ironia, seu sarcasmo, o escritor não suscita somente o riso, mas também
denuncia esse processo que diminui a nossa condição humana – ele denuncia a sonolência dos
homens.
• O escritor cômico ressalta as incongruências e as contradições. Ressalta o que se opõe ao
comportamento padrão, ao lógico.
• Um escritor brasileiro que representa e sintetiza o que foi dito nesta aula: Manuel Bandeira.
AULA 6:
RESPONDENDO PERGUNTAS 1
• Solipsismo, umbiguismo, não é o mesmo que literatura introspectiva ou autobiográfica.
◦ O solipsista só consegue enxergar a si mesmo – só consegue ver e se preocupar com o seu
“eu” e as suas próprias sensações. O solipsismo é uma espécie de narcisismo exacerbado,
doentio. Para o solipsista, os outros e o conjunto da realidade são apenas impressões sem
existência própria. Só ele realmente vive, só ele é realmente concreto; o resto do mundo
seria formado por sombras, por seres sem vontade própria.
▪ Como consequência deste tipo de pensamento, a literatura criada pelo solipsista é uma
literatura desmaterializada, desconectada da realidade, seus personagens são rasos e sem
vontade própria – apenas sombras que obedecem à sua vontade. O solipsista escreve
falando apenas do seu próprio “eu”, apenas o seu “eu” importa. Ele acredita estar
sempre certo, acredita que sua avaliação sobre a realidade é a única possível. O
solipsista não consegue ir além daquilo que se passa em seu interior, além de sua
própria forma de ver a realidade. Ele não consegue acreditar que possa estar errado em
suas avaliações, no seu modo de ver os outros e julgar a realidade; não consegue
conceber que outras pessoas possam pensar de uma maneira diferente e fazer avaliações
que sejam melhores que as suas.
◦ É totalmente possível escrever uma autobiografia e não ser solipsista. É possível falar de si
mesmo sem ser solipsista.
▪ Basta uma sensibilidade apurada o suficiente para perceber que a nossa forma de ver o
mundo é apenas uma entre tantas. Que seus semelhantes são tão reais quanto você e
também importam.
• [Não confundir com relativismo: o fato de existirem diferentes formas de ver o
mundo não significa uma delas esteja certa enquanto as outras estão todas erradas.]
◦ É um absurdo pensar que o real é apenas o que está em nossa mente, pois a realidade é a
realidade, independentemente do que penso ou vejo.
• Como o escritor, inserido em uma certa cultura, ao incluir elementos dessa mesma cultura em
sua obra, pode fazer com que leitores de outras culturas a compreendam?
◦ O drama humano, a dor, os problemas, as angústias, as tragédias, são universais, presentes
em todas as culturas, independentemente de como os pertencentes dessa ou aquela cultura
enxergam ou interpretam a realidade.
• Indicação de livros sobre a estruturação de uma obra (e que não são estruturalistas):
◦ A Arte da Ficção, David Lodge.
◦ Como Funciona a Ficção, James Wood.
• Sobre o poeta H. W. Auden: ler A Mão do Artista.
• Sobre o uso de palavras populares: tudo é possível e aceitável, desde que obedeça a lógica
interna da própria narrativa.
• Sobre alteridade: sem a capacidade de se colocar no lugar do outro e entender o que ele sente e
pensa, e por que sente e pensa de uma maneira diferente da minha, é impossível criar
personagens que tenham vida própria.
◦ Sem alteridade, o escritor correr o sério risco de se tornar um bom exemplo de solipsista .
◦ Sem alteridade também se torna impossível criar diálogos verossímeis.
▪ Cada pessoa tem sua maneira particular de falar, de se expressar, e o diálogo, em uma
obra literária, precisa mostrar todas essas variações e nuances.
• Mas lembre-se: o diálogo, em uma obra literária, não é só uma cópia do que se
ouviu na realidade, mas uma construção literária, com características próprias e que
simula um diálogo real.
• Sobre identidade nacional: ler o autor João Camilo de Oliveira Torres.
• Sobre o exercício da leitura: ler Como Ler Livros, Mortimer Adler.
• A simples observação da realidade é apenas o primeiro passo, para o escritor, no processo de
aguçar sua sensibilidade. Em seguida é preciso se colocar no lugar das outras pessoas, se inserir
em diferentes paisagens, imaginar como vivem, como pensam, sobre os desafios que enfrentam.
O terceiro passo é imaginar como diferentes pessoas, com diferentes perspectivas, diferentes
personalidades, reagem às mesmas situações.
◦ Não basta, para o escritor, saber como ele se comporta; é necessário imaginar como as
outras pessoas se comportam, como reagem.
◦ Só quando for capaz de se colocar, verdadeiramente, na pele de outras pessoas, diferentes
de você, e conseguir expressar, por escritor, em prosa ou poesia, essas diferentes formas de
encarar a vida; só então você será um verdadeiro escritor.
◦ É impossível escrever sobre os grandes temas do drama humano, quando não se é capaz,
nem mesmo, de enxergar, com clareza, suas próprias circunstâncias, seu próprio cotidiano.

RESPONDENDO PERGUNTAS 2
• Indicações de grandes críticos literários: (Não se submeter a um ponto de vista único!)
◦ Ler Álvaro Lins.
◦ Ler Wilson Martins.
◦ Ler Otto Maria Carpeaux.
◦ Ler Temístocles Linhares.
◦ Ler Lúcia Miguel Pereira.
◦ Ler Roberto Alvim Corrêa.
◦ Ler Erich Auerbach.
◦ Ler Northrop Frye.
• Como vencer a indisposição na hora de escrever:
◦ Entender a escrita como uma profissão, ter disciplina para vencer o desânimo e a apatia.
◦ A insegurança e o temor ao fracasso é comum a todos – aos grandes e aos pequenos.
◦ Concentre-se somente no processo da escrita, sem se preocupar com as consequências, sem
ficar se questionando se vão ou não gostar de seu trabalho. Concentre-se no que você quer
dizer.
▪ “Não aspirem ao sucesso – quanto mais a ele aspirarem e dele fizerem um alvo, mais
falharão. Porque o sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; deve
acontecer… como se fosse o efeito secundário involuntário da dedicação pessoal a algo
cuja grandeza nos ultrapassa.” – Viktor Frankl.
• Sobre o efeito do “personagem ganhar vida própria”.
◦ Não podemos aceitar essa afirmação de maneira literal.
◦ “Criar um personagem é um pouco como cavalgar, estar em cima de um ser vivo, que tem
vontade própria. Ainda que tentemos dirigi-lo, não podemos fazer isso totalmente. No ato
de escrever temos de encontrar um equilíbrio entre dirigir e deixar-se levar por esse grande
animal que é o subconsciente.” – Peter Stamm.
▪ Mesmo que o escritor não tenha domínio completo sobre sua criação, ele também não
perde totalmente o domínio.
• Aos que pedem ao professor uma lista de leitura, ele aconselha que comprem o História da
Literatura Ocidental do Otto Maria Carpeaux [ler]. A melhor edição é a do Senado Federal.
◦ Ao ler o Carpeaux, compor sua própria lista sobre o que é essencial ler.
• Na hora da escrita, não se preocupar em classificar o gênero literário de sua obra – apenas
conte a história que você precisa contar.
◦ Dica de escritor brasileiro, contemporâneo, de ficção científica: Carlos Orsi Martinho [ler].
◦ Ler também Jorge Luís Borges e Murilo Rubião.
◦ Quando Gurgel diz que precisamos estar inseridos na realidade, ele não quer dizer que,
necessariamente, precisamos escrever literatura realista. O fato de estar conectado à
realidade nos tornará capazes de imaginar novas situações, conceber novos mundos,
incluindo as situações e os mundos fantásticos. O drama humano precisa estar presente,
seja em um humano em um mundo fantástico ou em uma criatura fantástica de uma
realidade onírica, ou em um androide em um futuro distante. É com o drama humano que
nos identificamos, é por causa dele que torcemos para a vitória ou a derrota deste ou
daquele personagem – é vendo-os de fora, como enfrentam seus medos, suas covardias, suas
paixões, que conseguimos, com mais clareza, voltar os olhos para o que está dentro de nós.
Para conseguir transformar esses dramas e lutas em palavras, primeiro precisamos capturá-
los em nosso contato infindável com a realidade; depois, em nossa introspecção, sobre eles
refletimos e, através da linguagem, concebemos histórias e personagens que estejam vivos,
realmente vivos – que consigam dialogar com os leitores, que os confronte, os ajudem a
refletir, os conforte.
▪ A Realidade sempre nos alimenta, é a base de tudo. Sem a observação da realidade não
é possível criar nada.
• Até mesmo a literatura ruim ou medíocre, nasce da observação da realidade; mas de
uma observação rasa, superficial, que não passa de impressões; ela impera nos
extremos, incapaz de captar as nuances intermediárias; e por isso mesmo é ruim e
medíocre.
• No caso de autopublicação, aumentam as responsabilidades do autor; ele terá de ser seu
próprio revisor, editor e crítico; a propaganda ficará por sua conta; e, claro, a venda dos livros.
• Sobre o niilismo na literatura.
◦ Entre seus autores, há os “inocentes”, infantis, simplesmente irresponsáveis, que não têm
noção do mal que fazem. Mas também existem aqueles que têm plena consciência de seus
atos e da consequência deles – são os ideólogos, aqueles que seguem religiosamente uma
cartilha e servem cegamente a determinado projeto político.
• O escritor não precisa ser um gramático. A gramática deve estar ao seu lado para a consulta no
caso de dúvidas pontuais. O único caminho para se aprender a escrever – bem e corretamente
– é lendo os bons escritores da nossa língua.
◦ Nesse caso, ler Machado de Assis, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Padre Antônio
Vieira.
◦ Outra forma de aperfeiçoamento é o próprio ato da escrita, mas de uma escrita consciente
e disciplinada.
• Sobre escritores contemporâneos que têm os vícios citados durante o curso: ler o livro de
Gurgel Crítica, Literatura e Narratofobia (Parte V – Pouca Fortuna) . Ali estão suas críticas aos
escritores brasileiros contemporâneos.
• Ler José Luís Peixoto (Morreste-me).
• Dicas de escrita: ler o artigo do professor, em seu site, 12 Conselhos Para O Escritor
Principiante.
• Dicas de livros para escritores.
◦ A Arte de Escrever em 20 Lições, Antonie Albalat.
◦ Para Ler Como Um Escritor, Francine Prose.
▪ Obs.: tomar cuidado com suas listas de leitura, propostas pela autora e pelo editor da
obra no Brasil. Ali há lacunas e escritores que não deveriam ter sido nomeados. Mas as
ideias da autora sobre métodos de leitura são ótimas.

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