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“ANSIEDADE ENTRE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS EM TEMPOS ATUAIS.


Artigo especialmente redigido como parte das
exigências para avaliação na disciplina Estudos e
Investigação em Psicologia.

Prof. Bruno Medeiros

São Paulo
2021
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Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4
2. MÉTODO .................................................................................................................................... 6
2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA (E HIPÓTESES) ................................................. 6
2.2 PARTICIPANTES OU AMOSTRA................................................................................ 6
2.3 INSTRUMENTOS ............................................................................................................ 6
2.4 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS ....................................................... 7
2.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS .................................................... 7
3. RESULTADOS e DISCUSSÃO ....................................................................................................... 7
5. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 9
6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 11
7. APÊNDICES............................................................................................................................... 12
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RESUMO

Através de algumas pesquisas realizadas no campo psicológico e


acadêmico, buscamos, por meio deste trabalho, evidenciar a realidade da
ansiedade entre os universitários, entre os que frequentam os campos
acadêmicos atualmente, relacionando esta realidade, com suas possíveis
causas, como situações estressoras e/ou relacionamentos interpessoais, além
da pressão e exigências que os impelem a encararem esses novos desafios.
Notamos, através desta pesquisa, que não existe diferença significativa entre
homens e mulheres. A pesquisa evidenciou que estudantes que estão
desempregados apresentaram maior índice de ansiedade. Para tanto foi
realizada uma pesquisa com 161 estudantes universitários, utilizou-se o método
descritivo e comparativo, teste t para análise.

Palavras-chave: Ansiedade, saúde mental, universitários, estudantes, traumas.


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1. INTRODUÇÃO

A ansiedade é uma emoção natural que todas as pessoas sentem.


Entretanto, é também considerada como um transtorno mental, quando
apresenta quadro crônico e quando sua intensidade produz efeitos negativos
no dia a dia. A ansiedade se caracteriza por manifestações psíquicas
(subjetivas) e somáticas (objetivas). As manifestações psíquicas a pessoa se
sente inquieta, apreensiva em relação a algo vago, com desconforto,
desprazer, nervosismo, irritação, dificuldade de concentração. As
manifestações somáticas incluem inquietação motora, falta de ar, boca seca,
sudorese, mal-estar abdominal, aperto no coração, tensão muscular, dores,
dificuldade para engolir. A ansiedade pode se manifestar de modo constante
ou crises abruptas. As crises abruptas podem estar relacionadas a alguma
situação específica ou ocorrerem de modo espontâneo. (Neto Lotufo, 2012)

O aumento na quantidade de atividades no dia a dia, tem ocasionado em


muitas pessoas aumento de ritmo e de velocidade na realização das atividades.
Esse aumento na velocidade, com o intuito de adequar todas as tarefas em um
curto espaço de tempo disponível, tem acarretado sobrecarga de informações,
aceleração do pensamento, pouca concentração e aumento da ansiedade.

Em estudantes universitários a ansiedade gera alteração de


comportamento. Segundo BRANDTNER e BARDAGI (2009), a ansiedade está
atrelada aos relacionamentos, tanto nos ambientes de estudo e trabalho como
em suas relações pessoais. Essa ansiedade e mudança de comportamento nos
estudantes pode prejudicar a saúde mental deles as mudanças vivenciadas
nesse período, de pandemia, isolamento social, crise econômica, são muito
significativas quando se considera o fato de que o estudante necessita de
competências e habilidades cognitivo-emocionais para vivenciar os desafios
encontrados, gerenciar conflitos e administrar o acúmulo de atividades do dia a
dia.
Diante disso percebe-se a vulnerabilidade que os universitários
apresentam desde o início do curso, na trajetória acadêmica e principalmente
quando está próximo da formação do futuro profissional, visto que todas as fases
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da graduação e suas relações podem afetar em nível educativo, social e


psicológico. Portanto, muitos fatores favorecem o sofrimento psíquico e ferem o
bem-estar dos estudantes, e esses serão objeto de reflexão e estudo.
Verificaremos com esse estudo questionamentos como: se o
crescimento da ansiedade nos estudantes universitários está associado ao
acúmulo de atividades acadêmicas, domésticas, trabalho e se existe alguma
diferença no nível de ansiedade entre o sexo feminino e masculino. Participaram
deste estudo 161 estudantes universitários com idade entre 18 e acima de 56
anos, sendo 122 pessoas do sexo feminino (76,4%) e 39 pessoas do sexo
masculino (23,6%). O levantamento de dados foi realizado entre os dias 15 e 24
de outubro de 2021.
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2. MÉTODO

2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA (E HIPÓTESES)

Para elaboração dessa pesquisa, primeiramente realizou-se uma revisão de


literatura, posteriormente foi utilizado método Quantitativo, descritivo, bem como
o comparativo teste t de Student, que vai além da mera observação das
variáveis. Os pesquisadores levantaram a seguinte hipótese: O acúmulo de
atividades acadêmicas aumenta o nível de ansiedade entre estudantes
universitários? E qual o sexo mais afetado?

2.2 PARTICIPANTES OU AMOSTRA

Participaram deste estudo 161 estudantes universitários com idade entre


18 e acima de 56 anos. Identificamos que 62,3% da amostra refere-se a
estudantes com idade entre 18 e 35 anos e o restante da amostra 37,7%
referem-se a soma das demais idades (36 a 45 anos; 46 a 55 anos e acima de
56 anos). A amostra é composta por 122 pessoas do sexo feminino (76,4%) e
39 pessoas do sexo masculino (23,6%). A maior parte dos participantes do teste
encontram-se somente estudando 122 participantes (75,8%) e 39 trabalhando e
estudando (24,2%). Entre os participantes a maioria é solteiro (54,3%) e não tem
filhos (65,4%).

2.3 INSTRUMENTOS

Como instrumentos de coleta de dados foi utilizado a Escala de Hamilton


para Avaliação da Ansiedade – HAM–A, que compreende 14 grupos de
sintomas, subdivididos em dois grupos, sete relacionados a sintomas de humor
ansioso e sete relacionados a sintomas físicos de ansiedade. Para elaboração
da análise dos resultados deste estudo, chamamos de ansiedade psíquica o
grupo de sintomas de humor ansioso e ansiedade somática, o grupo de sintomas
físicos respectivamente. Cada item é avaliado segundo uma escala que varia de
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0 a 4 de intensidade (0= ausente; 1= ligeira 2=moderado; 3 = frequente; 4 = muito


frequente). Elaborada em 1959 por Max Hamilton a Escala de Ansiedade de
Hamilton, é mundialmente uma das mais empregadas no meio psiquiátrico.

2.4 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS

A amostra de estudantes universitários foi recolhida através de um


questionário online. (Googleforms), também foi obtido o consentimento
informando e garantindo o anonimato e a confidencialidade dos dados. O
recolhimento dos dados ocorreu entre o período de 15 e 24 de outubro de 2021.

2.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS

Além de um questionário sociodemográfico contendo questões como


sexo, idade, filhos, estado civil, se trabalha, a quantidade de horas que trabalha,
quantidade de horas que estuda, se executa tarefas domésticas. Os estudantes
responderam a Escala de Hamilton para Avaliação da Ansiedade – HAM–A. Os
dados foram analisados recorrendo ao Software Jamovi (Versão 1.6.23).
Utilizaram-se análise descritiva e o comparativo Test t student.

3. RESULTADOS e DISCUSSÃO

O objetivo desse estudo foi verificar se o crescimento da ansiedade está


associado ao acúmulo de atividades acadêmicas, domésticas, trabalho e se
existe alguma diferença no nível de ansiedade entre o sexo feminino e
masculino. Os resultados dessa amostra apontaram que não houve diferença
significativa por sexo, conforme test t [t (159) - 1,38: p – 0,170]. Comparamos a
média de ansiedade psíquica e ansiedade somática entre pessoas do sexo
feminino e masculino e identificamos que, quando se fala de ansiedade psíquica
as pessoas do sexo feminino são mais ansiosas sendo: 1,93 Média; 1,83
Mediana; 0,959 SD e 0,0864 SE contra sexo masculino sendo: 1,72 Média; 1,667
Mediana; 0,880 SD e 0,143 SE. Em relação a ansiedade Somática as pessoas
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do sexo feminino são mais ansiosas sendo: 1,28 Média; 1,17 Mediana; 0,865 SD
e 0,0780 SE contra sexo masculino sendo: 1,07 Média; 0,833 Mediana; 0,876
SD e 0,142 SE, porém essa diferença não é considerada estatisticamente
significativa, pois o p - é 0,170.

Diferentemente de Kinrys G & Wygant LE, que verificaram que as


mulheres têm probabilidade significativamente maior de desenvolver transtorno
de ansiedade, segundo a pesquisa, fatores genéticos podem desempenhar um
papel para o desenvolvimento da ansiedade:

Finalmente, achados recentes de estudos de neuroimagem


sugerem que o córtex anterior do giro do cíngulo é possivelmente
maior e mais ativo entre mulheres com alta resposta ao medo e
altos escores de evitação de dano em comparação a homens com
características semelhantes. Ainda que esses achados não
tenham sido estudados em nenhum transtorno de ansiedade
específico e sejam resultados preliminares, eles podem explicar,
em parte, a maior suscetibilidade de mulheres aos transtornos de
ansiedade.
Durante a pandemia mundial, decorrente do novo Corona Vírus,
estabeleceu-se uma situação em que as pessoas evitam ao máximo saírem de
casa, como também relacionarem-se com os outros. Quadro esse que, segundo
Nunes, resultou em um aumento nos níveis de ansiedade, depressão e estresse
entre os estudantes. Medeiros, em seu estudo a respeito de fatores associados
à ansiedade em universitários, destaca que há uma maior porcentagem de
mulheres que sofrem ansiedade em relação aos homens.

Estudos de Eisenberg (2007) apontam que cerca de 75% dos indivíduos


que apresentam desordens mentais no decorrer de suas vidas desenvolveram o
primeiro episódio até os 24 anos. Levando em conta que essa faixa etária
abrange grande parte das pessoas que estão nas universidades. Essas
instituições tornam-se um ambiente propício para que se desenvolvam
desordens mentais. A pesquisa segue nessa mesma direção, verificou-se uma
diferença estatisticamente significativa nos estudantes entre a idade de 18 a 35
anos, em relação a ansiedade Psíquica, essa faixa etária apresentou médias
maiores (M = 2,00; DP = 0,900), do que as demais idades.
NEIVA (1996), explica ainda a partir de seus trabalhos, sobre os
estudantes que tiveram que lidar com o desemprego e suas consequências
psicológicas, pressupõe-se que a maioria dos estudantes universitários que são
surpreendidos com o desemprego nos anos finais de seu curso são afetados
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psicologicamente. A análise apontou uma diferença significativa na ansiedade


psíquica entre os universitários que só estudam, em relação aos que trabalham
e estudam [(159) = 2,18; p = 0,020]. Face a essa constatação fomos levados a
rejeitar a hipótese que o acúmulo de atividades está associado ao crescimento
de ansiedade entre os universitários, e podemos afirmar que o desemprego tem
efeito significativo no aumento da ansiedade entre os estudantes universitários.
Os pesquisadores procuraram comparar o nível de ansiedade entre
casados e solteiros, inicialmente estabeleceu-se a hipótese que o acúmulo de
atividades, como, trabalho, casa, marido ou esposa, filhos, vida acadêmica,
estivesse associado ao crescimento da ansiedade. No entanto verificou-se que
os solteiros apresentam uma diferença significativa na ansiedade psíquica
[t (159) = 2,74; p = 0,007] tal diferença reforça a hipótese de que o acúmulo de
atividades do dia a dia não está associado ao crescimento da ansiedade.
Segundo a psicóloga e professora Janete Knapik, os cônjuges podem
atuar como zeladores domésticos, a habilidade e dedicação do tempo de um
para com o outro, o esforço para melhorar a saúde, a divisão do trabalho
doméstico e responsabilidades financeiras dentro de casa aumenta o
envolvimento do casal trazendo efeitos positivos tanto psicológicos como físicos,
porém ressalta, que esses benefícios não são percebidos em relações abusivas.
Adultos com mais de 40 anos e solteiros, especialmente aqueles que não estão
em um relacionamento, tendem a ser menos ativos fisicamente do que pessoas
casadas. Outro dado interessante é que as mulheres solteiras experimentaram
diminuição da qualidade de vida em relação à saúde e uma recuperação mais
lenta no primeiro ano em casos de cirurgia cardíaca. “Além disso, diversas
pesquisas em diferentes países do mundo que estão avaliando a saúde mental
das pessoas na pandemia da Covid-19 têm evidenciado que indivíduos solteiros
estão experimentando maiores níveis de estresse, ansiedade e principalmente
depressão durante a pandemia”, revela Janete.

5. CONCLUSÃO
O Presente estudo teve a finalidade de analisar o motivo pelo qual o
transtorno de ansiedade vem crescendo atualmente, se existe diferença entre o
sexo feminino e masculino, e se o acúmulo de atividades acadêmica, doméstica,
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bem como o trabalhado está relacionado com esse crescimento. Foi possível
perceber que os universitários em geral sofrem de ansiedade, e não existe uma
diferença estatisticamente significativa entre o sexo feminino e o sexo masculino,
pode-se perceber também, que os homens estão executando tarefas
domésticas, tanto quanto as mulheres, o que outrora era mais comum a
sobrecargas nas mulheres. Vale a pena ressaltar que, o nível de ansiedade é
maior entre os universitários que estão solteiros e apenas estudando,
contrapondo a hipótese inicial de que o acúmulo de atividades pode ser um dos
fatores relacionado ao crescimento da ansiedade.

Portanto, acentuamos aqui, a necessidade de um olhar mais atento a esta


problemática dentro dos campos universitários, pois sabemos, que ainda mais
nos dias atuais, em uma realidade pós-pandêmica, temos muitos jovens com sua
saúde mental totalmente afetada. Estes estudantes, devem primeiro, serem
assistidos por algum profissional desta área, para poder facilitar os caminhos
que serão traçados em seus momentos de estudos, bem como a importância de
traçar estratégias, num trabalho conjunto da universidade com instituições e
empresas propondo mais oportunidades de estágios e vagas de empregos.
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6. REFERÊNCIAS

CANO, A.; O'LEARY, D. K. Infidelity and separations precipitate major depressive


episodes ans symptoms of nonspecific depression and anxiety, New York, 01
nov. 2000. 774-781.

DE BEURS, E. . B. A. T. F. . D. D. J. H. . V. D. R. . &. V. T. W. Predictors


of change over three years of anxiety symptoms of older persons: results from
the Longitudinal Aging Study Amsterdam, Amsterdam, 2000. 515-27. Disponivel
em: <https://doi.org/10.1017/S0033291799001956>.

SILVA FILHO, A. M. Ansiedade e Impaciência: cânceres sociais na


Educação e Relações Humanas. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, 2012.

KINRYS, G. & WYGANT, L. E. Transtornos de ansiedade em mulheres:


Gênero influencia o tratamento? Revista Brasileira de Psiquiatria, 27,43-50.
2005.
NEIVA, K. M. C. Fim dos estudos universitários: efeitos das
dificuldades do mercado de trabalho na representação do futuro
profissional e no estabelecimento de projetos pós-universitários dos
estudantes. Psicologia USP, São Paulo, v.7, n.1/2, p.203-224, 1996.
Neto Lotufo Francisco - AMBAN- Ambulatório de Ansiedade Disponível
em:<https://www.amban.org.br/2017/09/11/transtorno-de-ansiedade- Agosto de
2012>.
Knapik Janete- Centralpress. Disponível em: <
https://www.centralpress.com.br/estudos-revelam-que-casados-sao-mais-
saudaveis-e-vivem-mais- abril 2021>.
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7. APÊNDICES

Tabela 1. Teste t Média de Ansiedade feminino (1) x masculino (2)

Tabela 2. Teste t Média de Ansiedade Psíquica – Só Estuda (1) x Trabalha e


Estuda (2)
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Gráfico 1. Média Ansiedade Psíquica. 1 = 18 a 35 anos

Tabela – Test t Solteiros (1) x Casados (2)

Tabela 3 – Solteiro (1) x casados (2)

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