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A ansiedade pode ser definida como um sentimento de preocupação em excesso com o

que está por vir, mais especificamente como uma impressão negativa dos acontecimentos
que estão para acontecer. De alguma forma a ansiedade está presente em todos os
indivíduos, afetando-os em menor ou maior grau, o que torna possível diferenciar a
ansiedade comum daquilo que é chamado de transtorno de ansiedade. A diferença pode
ser estabelecida pela maneira que esse sentimento afeta o funcionamento do ser humano
enquanto indivíduo. Segundo a psicóloga Marina Vasconcellos, a intensidade dos
sintomas de ansiedade e a duração dos mesmos marcam essa distinção.

É comum se sentir ansioso momentos antes de uma apresentação ou uma entrevista de


emprego, mas a partir do momento que esse sentimento se torna capaz de paralisar o
indivíduo, impedindo-o de se desenvolver, pode ser um sinal importante de um transtorno
de ansiedade.

Existem tipos específicos de transtornos de ansiedade, os principais são:

• Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), no qual o indivíduo fica inquieto,


bastante irritado e com dificuldades de concentração, além disso a insônia também
é um sintoma presente nesse quadro.
• Fobias. É definida pelo medo exagerado relacionado a objetos, animais ou
situações específicas, como ocorre com a fobia social, que é o medo das interações
sociais. Os pacientes sentem medo de falar em público e frequentarem lugares
com a presença de desconhecidos, uma consequência desse medo é o isolamento.
• A síndrome do pânico é vista como um caso severo de ansiedade que surge de
repente como um sentimento iminente de morte. Simultaneamente a isso, o
paciente é acometido por taquicardia, falta de ar e sudorese.

Apesar de possuir uma conotação negativa, a ansiedade é importante para o ser humano.
É a partir da ansiedade que o ser humano busca a garantia de um futuro adequado às suas
expectativas, embora não haja certeza sobre o que acontecerá. O desenvolvimento
humano se dá a partir da preocupação em não estagnar e a busca pelo crescimento, seja
emocional, profissional ou acadêmico.

Um grupo de pessoas que é muito acometido pela ansiedade é o dos universitários. A


universidade é a porta de acesso ao mercado de trabalho para muitas pessoas, é um
ambiente de transformação de pensamento e capacitação profissional. Em meio a essa
jornada os estudantes são expostos a vários estímulos estressores que, caso não
trabalhados, se tornam uma barreira para alguns alunos e muitos acabam desistindo da
universidade por não conseguirem lidar com essas situações. Os sintomas psicológicos
da ansiedade entre os estudantes incluem sentimentos de nervosismo antes de uma aula,
pânico, esquecimento durante uma avaliação de aprendizagem, impotência ao fazer
trabalhos acadêmicos, ou a falta de interesse em uma matéria difícil (CARVALHO et al.,
2015, p1290).

Um estudo da Associação Americana de Psicologia, divulgado em 2018, apontou que


mais de um terço dos universitários do primeiro ano da faculdade sofrem com distúrbios
psicológicos. Os problemas mais comuns são a depressão e o transtorno de ansiedade.
Estima-se que de 15% a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de
transtorno psiquiátrico durante a sua formação universitária (VASCONCELOS, et al.
2015), sendo que 15 a 29% podem apresentar transtorno de ansiedade durante sua vida
acadêmica (CARDOZO, et al. 2016).

É inevitável o sentimento de ansiedade no meio acadêmico por causa dos desafios que
esse ambiente proporciona. Nem todos são seguros de suas habilidades sociais e são
levados a interagirem com outros alunos e professores. O sentimento de insegurança
acerca de suas capacidades também se faz presente na vida dos alunos, assim como o
medo de não conseguir realizar os trabalhos com a qualidade requerida.

Uma grande dificuldade encontrada por estudantes universitários é conciliar o tempo de


estudo com o tempo de trabalho. A jornada de trabalho e estudos é a realidade de muitos
estudantes, é uma adversidade grande poder se dedicar à faculdade de maneira adequada
uma vez que os alunos passam a maior parte do dia trabalhando, além de não poderem
usufruir da sala de aula com a qualidade desejada por estarem cansados pelo dia de
trabalho. A partir dessa rotina, surge a impressão de não estar aprendendo e a necessidade
de um prazo maior para a entrega de trabalhos e atividades, tempo esse que é impossível
de ser encontrado.

Dessa forma, os alunos passam a viver uma rotina de estresse, e quando o estresse se torna
excessivo, produz consequências psicológicas e emocionais que resultam em cansaço
mental, dificuldade de concentração e perda de memória imediata, bem como crises de
ansiedade e de humor (ROSSETTI et al., 2008).

Sendo assim, o ambiente que colaboraria na aquisição de conhecimentos e que seria a


base para as suas experiências de formação profissional se torna, por vezes, o
desencadeador de distúrbios patológicos, ocorrendo assim uma exacerbação da
problemática do estresse acadêmico nos estudantes (MONTEIRO; FREITAS; RIBEIRO,
2007, p.67).

Levando em consideração todo o contexto em que os estudantes estão inseridos e as


diversas situações geradoras de estresse e ansiedade, é importante promover estratégias
para lidar com essas questões.
Uma maneira de lidar com a ansiedade é através da organização de rotina. Organizar uma
programação com uso de agendas e despertador para início e término de tarefas pode ser
útil para uma pessoa ansiosa. Dessa maneira, a pessoa terá uma facilidade maior em focar
naquilo que precisa ser feito no momento, evitando pensar tanto naquilo que está para
acontecer futuramente. Além disso, é importante reservar um espaço na rotina para a
realização de atividades de lazer e hobbies, algo que seja feito exclusivamente para o
prazer do indivíduo e que o ajude a tirar a atenção do trabalho ou da faculdade por
algumas horas.
Outra forma de lidar com a ansiedade é manter um bom ciclo social, ter relações saudáveis
com pessoas de confiança. É importante ter a companhia de pessoas confiáveis para poder
compartilhar sobre os sentimentos que permeiam a vida do ser humano e aliviar o que
está sentindo.
Além das estratégias citadas, a maior aliada da saúde mental é a psicoterapia. O
acompanhamento psicológico é imprescindível para o equilíbrio mental e deve ser
promovido. Ainda há certa resistência por parte de algumas pessoas quanto ao
atendimento psicológico, principalmente por parte dos homens, como aponta
levantamento feito pela Telavita, em 2021, onde diz que as mulheres representam 72% do
público atendido. Apesar disso, a ansiedade tem sido um tema mais debatido nas
universidades e na internet, o interesse da população acerca da saúde mental cresceu após
a pandemia e há um cuidado maior quanto a esse assunto atualmente. Espera-se que
através da contínua promoção da saúde mental seja possível enxergar uma queda nos
índices de ansiedade e outros transtornos psicológicos.

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