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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES – CES/BH – 2000

ESTUDO DOS PROBLEMAS BRASILEIROS (Filosofia no Brasil)


Prof. HAROLDO SANTIAGO

O CAMINHO POÉTICO DE
PARMÊNIDES
Marcelo Pimenta Marques

Edmilson de Jesus Ferreira


José Aparecido da Silva
Sérgio Gonçalves Mendes
Obra de referência: MARQUES, Marcelo Pimenta. O caminho poético de Parmênides, São Paulo:
Loyola,1990. – (Coleção filosofia: 13)

Introdução:
O autor busca através desta obra responder às seguintes questões e termina por explicar a razão
de ser do título da obra.

1) A partir de que horizonte cultural nos fala hoje o poema de Parmênides?

- Hesíodo: “Trabalhos e os Dias”


. Raça de homens. Estamos na raça de ferro ( Díke + Hybris)
. Díke: justiça  disposição ética e intelectual que conduz à Alétheia;
. Hybris  oposição do homem à ordem da divindade;

- Pólis:
. Problemas da pólis fomentam o questionamento;
. O sábio não detém mais a PALAVRA . Ela passa a ser pública;

-  de Parmênides:  do ser +  Linguagem;

2) Qual o sentido do mito do prólogo? (cap. II)

- Passagens:
. do mito para a filosofia (discurso argumentativo)
. da palavra divina para a palavra humana
. da cosmogonia/teogonia para a antropologia

- Tipos de interpretação:
. literal: prende-se ao texto e esquece-se do contexto;
. alegórica: paralelo de símbolos e significados presentes em outros textos;
. racional: não aceita o tipo de racionalidade do mito;

- O mito é uma tentativa de dizer o ser , porque não é possível dizê-lo tanto na linguagem discursiva;
- O prólogo visa também mostrar que a aléthéia ultrapassa o mundo humano. Ela pertence às coisas
divinas;
- Buscar saber (saber inicial) = já saber
“Sei que nada sei” = sabedoria

3) Como compreender o esquema dos caminhos?

- Para Hesíodo o caminho:


. percurso humano rumo ao divino  sabedoria prática  se dá através do trabalho, confronto
com outras pessoas, etc.  ética  viver bem
. visa poupar os homens do sofrimento e da hybris;

- Para Parmênides o caminho:


. caminho = busca do saber (esse caminho também é ético)
. necessidade da Krísis para que haja o rompimento com os caminhos comuns (dóxa)

- Para Parmênides são 3 os caminhos:


. SER  verdade absoluta;
. NÃO-SER  absoluta falsidade (opiniões falaciosas);
. DÓXA  opinião plausível;

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4) Em que medida esses caminhos se aproximam ou distanciam?

- Caminho do SER : com o auxílio da díke chega-se à alétheia;


- Caminho do NÃO-SER: indicado pela hybris;
- Caminho da DÓXA: tentativa de “salvar” o SER e os SERES (fenômenos). Aqui reside a aporia de
Parmênides (o uno do ser contra a multiplicidade dos seres);

- A dóxa em Parmênides ainda não tem conotação pejorativa. Para ele a dóxa é limitada mas possui
uma intuição da verdade;
- A partir do mito é que surge a chance da superação da ambigüidade do próprio mito e do nascimento
da Filosofia;
- “Em Parmênides temos a emergência da dimensão propriamente discursiva do pensamento por
oposição à nomeação mítica. Ele explicita mítica e poeticamente o que mais tarde será descrito
discursivamente como as dimensões lógica e ontológica do ser.”
- Os caminhos se aproximam no mito e se distanciam na linguagem discursiva;

5) Como interpretar a palavra sobre o ser, e sua relação com o pensar? (cap. IV)

- Para Parmênides:
. pensar o SER = SER
. a palavra que diz o SER = encarnação do PENSAR
- Na tentativa de Parmênides em dizer o SER nasce a 
- O SER possui no pensamento uma necessidade de ser dito.
- O SER não se confunde com os SERES mas funda-os;
- A dóxa é um modo de presença ( porque é no nomear que as coisas aparecem como são) que diz os
SERES em sua pluralidade;
- À medida que P. tenta dizer o SER vai surgindo uma incongruência entre o mítico e o discursivo;

6) Como conceber o dizer em Parmênides, a partir de uma concepção unificada de seu poema?

- O esquema mítico-poético é o que unifica o poema (porque comporta a unidade do ser). A


ambigüidade do ser/seres/não-ser só pode aparecer unidos no mito.

7) Por que o título “O caminho poético de Parmênides”?

- Reconhecer no poema o caráter paradoxal porque permite a transição do mítico para o discursivo
(possibilidade da Filosofia);

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