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SÍNTESE HISTÓRICA DO PLANEJAMENTO PASTORAL

DA IGREJA CATÓLICA NO BRASIL

Considerando que planejamento implica uma metodologia específica para sua


implementação, podemos afirmar que a Igreja Católica no Brasil só soube o que era planejamento
pastoral propriamente dito depois de 1962, com o chamado Plano de Emergência (PE) e em 1966
com o Plano de Pastoral de Conjunto. De 1975 até os dias de hoje, em âmbito nacional temos as
conhecidas Diretrizes Gerais da Ação Pastoral/Evangelizadora da Igreja no Brasil. Às vésperas do
Jubileu do ano 2000, com o Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo Milênio” (1996), a Igreja no
Brasil quis retomar a época dos grandes planejamentos pastorais, e, em seguida deu continuidade
com os Projetos Ser Igreja no Novo Milênio e Queremos ver Jesus.
Antes de entramos realmente no processo histórico do planejamento pastoral da Igreja
no Brasil, faz-se necessário um levantamento de alguns elementos e eventos importantes dessa
história.

1. O CONCEITO. Segundo Buarque de Holanda, planejamento é o “Trabalho de


preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados”. Na ótica da
Equipe Latino-americana de Planejamento (ELAP), “planejar é projetar para o futuro; é acionar um
processo de intervenção racional na realidade, em vista de objetivos”. Pe. Beozzo define como
sendo “uma ação concertada em vista de se atingir determinados fins, a mais ou menos longo
prazo”. Cabe ressaltar dois aspectos destas definições: finalidade e tempo. Um objetivo claro com
passos determinados, caracteriza bem um planejamento.
Pe. Elias Della Giustina, porém, tenta uma definição mais completa e centrada na
questão pastoral: “planejamento pastoral é a metodologia adotada pela Igreja para articular sua ação
evangelizadora, envolvendo vários elementos: o conjunto de atividades por meio das quais se
efetiva a ação evangelizadora; realizadas pelo conjunto de pessoas que vivem o conjunto de
dimensões da vida eclesial; no conjunto de situações humanas em que a ação evangelizadora se
realiza; com o conjunto de estruturas em que se organizam os agentes pastorais.”
Por fim, Puebla assim definiu: “A ação pastoral planejada é a resposta específica,
consciente e intencional às exigências da evangelização. Deverá realizar-se num processo de
participação em todos os níveis da comunidade e pessoas interessadas, educando-as numa
metodologia de análise da realidade, para depois refletir sobre essa realidade do ponto de vista do
evangelho e optar pelos objetivos e meios mais aptos e fazer deles um uso mais racional na ação
evangelizadora” (1307).
Das definições supracitadas cabe destacar que todas apontam para o método indutivo de
fazer teologia e, no Continente Latino Americano esse método consagrou-se com o famoso triple:
Ver, Julgar e Agir. Esse método é sempre colocado sob suspeitas por aqueles que optam pela
perspectiva dedutiva, que parte da doutrina e das ideias para aterrissar na realidade.
O planejamento pastoral no Brasil seguiu a orientação da teologia prática, que se move
no universo do que acontece, articula sua reflexão em diálogo com o dado revelado, teologicamente
entendido, formula objetivos, tem em conta o magistério e entra no campo dos imperativos cristãos
mediante propostas operativas. Embora seja conhecida há mais tempo, essa perspectiva teológica só
decolou mesmo no período pós-conciliar. Caracteriza-se por iniciar sua reflexão a partir de
questionamentos que nascem da realidade. Os problemas surgem da vida, vêm de baixo. O
momento primeiro da teologia indutiva é o ver. Ver os problemas que tocam a vida de fé dos fiéis e
num segundo momento refletir sobre tais problemas à luz da revelação. Como os problemas são
variados, variadas podem ser as abordagens teológicas (cf. Libânio e Murad, Loyola). É nessa ótica
ampla e variada que a Igreja no Brasil foi traçando o seu caminho de projeção no cenário nacional.
Alguns eventos que abordaremos a seguir ilustram bem a importância das práxis eclesiais nos mais

1
diversos âmbitos da vida brasileira. Não é pretensão deste pequeno resumo, mas vale a pena,
sobretudo para a história dos leigos na Igreja do Brasil, um aprofundamento sobre a atuação das
Irmandades, Confrarias e Ordens Terceiras no período do Brasil Colonial. Essas organizações
atuaram de maneira fundamental para a expansão do catolicismo num período de pouco clero.
Davam assistência social aos seus membros e sempre buscaram a autonomia frente ao clero.
Cresceram em importância quando da expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal (1699-1782),
pois em alguns lugares eram a única presença da Igreja Católica em território brasileiro.

2. GÊNESE DOS PLANEJAMENTOS PASTORAIS NO BRASIL.


2.1. A Igreja e sua organização.
Até à República, em 1889, o episcopado nacional era numericamente insignificante (apenas
onze dioceses e uma arquidiocese - doze bispos) e vivia por demais isolado geograficamente,
dificultando a ação eclesial conjunta. D. Macedo Costa, bispo do Pará (no dia 26 de junho de 1890 é
transferido para a Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Faleceu em Barbacena, Minas Gerais, no
dia 20 de março de 1891, antes de ocupar o sólio primacial) tentou enfrentar esses obstáculos,
reunindo pela primeira vez o episcopado nacional em 1890, donde surgiu a Pastoral Coletiva do
Episcopado Brasileiro, documento que posiciona a Igreja frente ao Estado Republicano. Ele lutou
também pela realização de um Concílio Nacional Brasileiro, mas não conseguiu concretizar seu
sonho. Atuou num momento bastante conflituoso de separação da Igreja do Estado. É bom lembrar
também que nesse período viveu e exerceu seu ministério presbiteral o famoso Pe. Julio Maria,
missionário redentorista, que entrou no seminário em 1890 em Mariana e foi ordenado padre em
1891. Viúvo por duas vezes e pai de quatro filhos; perseguido pelo clero por causa de sua fama
junto ao povo. Tornou um grande pregador e conferencista; desmitificou o positivismo e levantou a
bandeira da luta operária; convocou os católicos a melhorar a situação da Igreja Católica por meio
da participação na democracia. Em 1905 tornou-se o primeiro padre redentorista brasileiro;
conversador de início converteu-se aos temas sociais levado pelo espírito da Rerum Novarum.
Em 1899, quando da realização do Concílio Plenário da América Latina, em Roma, o Brasil
não conseguiu passar sua proposta de um Concílio Brasileiro. Era o período difícil da separação da
Igreja e do Estado. Na busca de sua autonomia, mesmo sem poder realizar o seu Concílio, a Igreja
acelerou sua organização por todo o território brasileiro.

Brasil – Dioceses e Prelazias criadas até 1930 Segundo Períodos1


Períodos Dioceses Prelazias
1551 Salvador -
1676-1677 Rio de Janeiro, Recife-Olinda, São Luís -
1719-1745 Belém, São Paulo, Mariana Goiás, Cuiabá
1848-1854 Porto Alegre, Diamantina, Fortaleza -
(Amazônia) Manaus, São Gabriel da Cachoeira, Santarém, Rio Branco, Lábrea, Bragança, Marajó
Porto Velho
(Nordeste) João Pessoa, Maceió, Grajaú, Teresina, Crato, Sobral, Natal, Bom Jesus
Cajazeiras, Garanhuns, Nazaré, Pesqueira, Petrolina, Penedo, Aracaju,
Barra, Ilhéus, Caetité
1890-1930
(Sudeste) Vitória, Niterói, Pouso Alegre, Araçuaí, Montes Claros, Belo -
Horizonte, Paracatu, Caratinga, Juiz de Fora, Luz, Guaxupé, Uberaba,
Valença, Barra do Piraí, Campos, Botucatu, Assis, Lins, Jaboticabal,
Sorocaba, São José do Rio Preto, Campinas, Santos, Bragança Paulista,
Taubaté, Ribeirão Preto, São Carlos
(Sul) Curitiba, Ponta Grossa, Jacarezinho, Florianópolis, Joinville, Lages, -
Pelotas, Uruguaina, Santa Maria
(Centro Oeste) Cáceres, Guiratinga, Diamantino, Jataí, Porto Nacional, -
Corumbá
Fonte: Anuário Católico do Brasil – CERIS, 2000

1
Acesso no dia 01/02/2010. www.ub.es/geocrit/sn/sn-218-65.htm
2
A primeira diocese criada no Brasil foi a de Salvador, na Bahia, em 1551. Em 1854 foram
criadas as dioceses de Fortaleza (Ceará) e Diamantina (Minas Gerais). Depois de três séculos, a
Igreja no Brasil contava apenas com doze dioceses. A partir de 1890, com a República (1889) e a
separação entre Igreja e Estado, o processo de criação de dioceses é acelerado, passando de doze
para oitenta unidades: sessenta e oito novas dioceses foram criadas em quarenta anos.

2.2. Eventos pastorais em âmbito nacional: as iniciativas conjuntas do episcopado


brasileiro, anteriores ao Plano de Emergência (1962), se concentraram nas chamadas
- “conferências episcopais” - reuniões em âmbito nacional e provincial;
- “Pastorais Coletivas”
- Congressos Eucarísticos, nacionais (1º em 1933) e regionais.

Merecem destaque aqui devido sua importância e influência na presença pública da Igreja, a
Pastoral Coletiva de 1890, fruto do esforço de D. Macedo Costa, e a de 1915, já com a liderança dos
bispos Rio de Janeiro, Mariana, São Paulo, Cuiabá e Porto Alegre. Porém, essas iniciativas não
chegaram a se constituir realmente num planejamento pastoral.
Outro dado importante disso tudo é que a Igreja Católica no Brasil sempre buscou respostas
concretas à conjuntura sócio-política-econômica-cultural-religiosa. É nesta perspectiva que se
entende os esforços da Igreja em momentos significativos da vida brasileira, tais como na abolição
da escravatura (1888) e na separação entre Igreja e Estado (1890). Conjunturas especiais que
exigiram da Igreja uma nova postura frente à sociedade brasileira.

3. RUMO AO PLANEJAMENTO DE CONJUNTO DA PASTORAL DO BRASIL


Com a conhecida “Revolução de 30”, a Igreja tenta novos rumos na busca de uma pastoral
de conjunto no Brasil, porém ainda dependente de alguns iluminados no meio do episcopado
nacional. Destaca-se D. Sebastião Leme (1930-1942), cardeal do Rio de Janeiro2. Dois fatos
significativos da década de 30, sob a liderança de D. Leme, servem para mostrar o poder de
convocação popular que a Igreja Católica já possuía no Brasil:
a) em maio, a acolhida da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no Rio de Janeiro
(proclamada Padroeira do Brasil em 1931);
b) em outubro, a inauguração da estátua do Cristo Redentor, no Corcovado (12/10/31).
As bases para uma pastoral mais articulada na Igreja no Brasil estão colocadas, porém isso
acontecerá somente quando da realização do Concílio Vaticano II.
Uma série de eventos importantes antecederá, ainda, a elaboração do primeiro Plano de
Pastoral da Igreja no Brasil propriamente dito: o Plano de Emergência, em 1962.

 Pastorais Coletivas (1890 e 1931): Cartas Pastorais emitidas pelo episcopado


brasileiro, que sempre se reportava sobre a realidade e emanava diretrizes práticas para o agir
católico;
 Centro Dom Vital: criado em 1922 por Jackson de Figueiredo. Tinha como objetivo
atrair a intelectualidade laica da Igreja Católica. Respondia às expectativas pastorais do Cardeal
Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme. Promovia palestras, discussões e reuniões
semanais. Depois da morte de Jackson em 1928, passou às mãos de Alceu de Amoroso Lima, que
usava como pseudônimo – Tristão de Ataíde. Teve na sua hoste o intelectual Gustavo Corção, que
rompeu mais tarde com Amoroso Lima;
 Liga Eleitoral Católica (fins de 1932 no RJ e em 34 no Ceará): com a finalidade de
pressionar os políticos a votarem a favor dos interesses da Igreja Católica. Tinha um viés bastante

2
Dom Sebastião Leme de Silveira Cintra (1882-1942). Arcebispo de Olinda/Recife (1916-1921), coadjutor do Rio de
Janeiro (1921-1930).
3
conservador e chegou a eleger o deputado federal mais novo do Brasil em 34 – o ultra conservador
Plínio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP;
 Congressos Eucarísticos (O primeiro foi em 1933 – Salvador): no princípio, os CEN
serviram para reunir os bispos do Brasil, que ainda não tinham sua conferência própria;
 Ação Católica Brasileira: embora fundada em 1935 no Brasil, ganhou renome
nacional somente após 1950 quando adotou o método da corrente belga, fundada pelo sacerdote
belga Joseph Cardijin, conhecida como Ação Católica Especializada (JAC, JEC, JIC, JOC e JUC);
com o objetivo de formação na ação, adotou o método indutivo VER, JULGA e AGIR.
 1º Concílio Plenário Brasileiro (1939): foi presidido pelo cardeal dom Sebastião
Leme da Silveira Cintra, arcebispo do Rio de Janeiro. Nele, os bispos lançaram uma ‘Carta
Pastoral’ ressaltando o papel da militância dos leigos na Igreja e sua atuação na sociedade brasileira.
Destacaram também a necessidade da criação de uma universidade católica no Brasil. E em 1941, o
Cardeal Leme inaugurou as Faculdades Católicas Reunidas, reconhecidas como Universidade em
1946;
 Associação de Educação Católica, em 1945: a partir do I Congresso Nacional de
Estabelecimentos Particulares de Ensino, em 1944, realizado no Rio de Janeiro, iniciou-se o
processo de criação da Associação de Educação Católica do Brasil. Sua fundação ocorreu em 1945,
tendo como sede a cidade do Rio de Janeiro;
 Movimento de Natal: seu nome se credita ao Padre Thiago Cloin, nos idos de 62, 63.
Em um artigo que escreveu na Revista da Conferência dos Religiosos do Brasil, falando do trabalho
pastoral e social de Natal, disse que não mais se tratava de uma ação isolada ou mesmo de um
conjunto de atividades, mas de um Movimento. Algo orgânico, sistêmico e planejado. E assim
passou a se chamar. Suas primeiras atividades datam dos anos 50. A Igreja, liderada por dois padres
recém-ordenados, Padre Eugênio Sales e Padre Nivaldo Monte, iniciou uma grande revolução.
Serviram-se da Ação Católica e fundaram um Serviço de Assistência Rural – SAR. O Movimento
de Natal deu seus primeiros passos com a preparação de líderes, o que constituía aspecto vital de
suas atividades. A reunião mensal do clero a partir de 1948, a fundação do SAR e o treinamento de
líderes foram decisivos na origem e evolução do Movimento de Natal.3
 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 1952: "A fundação da CNBB nasceu
do sonho e do empenho de dar ao episcopado maior unidade de pensamento e de ação, numa
sociedade em rápido desenvolvimento, garantindo uma estrutura permanente, que facilitasse o
exercício da comunhão e da corresponsabilidade na missão própria dos bispos." Participaram da
reunião de fundação os cardeais, os arcebispos ou seus representantes e o Núncio Apostólico, Dom
Carlo Chiarlo. D. Hélder Câmara é considerado a "alma" da criação desta entidade (cf. site da
CNBB).
 Conferência dos Religiosos do Brasil: fundada em 11/02/1954, tem como objetivo
congregar os religiosos e religiosas do Brasil para articular suas presenças na Igreja e na sociedade;
 Movimento de Educação de Base – MEB: durante a década de 1960, a Igreja
Católica e o Governo Federal utilizavam um sistema radio-educativo: educação, conscientização,
politização, educação sindicalista etc.;
 Movimento por um Mundo Melhor (MMM). O criador desse movimento foi o Pe.
Lombardi. Esse italiano desenvolveu uma série de Conferências aos jovens nas Universidades da
Itália, no ano de 1938. Depois disso andou pela Europa e América. Sua inspiração chegou mesmo a
influenciar discursos do Papa Pio XII, que exortou os católicos a batalharem por “um mundo
melhor querido por Deus”, em 1952. Vejamos com que espírito surgira o MMM: “...nascido do
‘Grito de Alerta’ de Pio XII, quer organizar a revolta dos filhos de Deus, contra o ‘inimigo’ que
ocupou o mundo; quer ser a Cruzada do século XX para a positiva construção de um Mundo
Melhor. Nessa cruzada, em primeira linha, devem estar os jovens. Nenhum ideal mais belo do que
esse, os pode impelir a serem construtores de um Mundo diverso e melhor, um mundo onde os

3
Acesso no dia 01/02/2010. Cardeal Sales 2.blogspot.com/2009/.../movimento-de-natal.html
4
homens sejam filhos de Deus, e, portanto, irmãos entre si. “Hoje é tempo de heroísmo, é a hora da
doação total” (Pio XII, 10/02/1952 – Proclamação do Mundo Melhor).4

4. D. Hélder Câmara: sem dúvida, D. Hélder marcou definitivamente a história do


planejamento pastoral no Brasil com suas iniciativas, sobretudo na perspectiva de levar a Igreja a
optar seriamente pelos pobres e sofridos da sociedade. Chegou no Rio de Janeiro em 1936 e logo
criou a Revista Catequética e, como assistente da Ação Católica, criou a Revista do Assistente
Eclesiástico. Em 1946, tornou-se Conselheiro da Nunciatura Apostólica. Como emissário do
Núncio, acompanhou o processo do desenvolvimento regional do Brasil, sobretudo no Nordeste, no
Vale do Rio Doce, no Vale do Paraíba e na Amazônia. No início do de 150 dedicou-se ao problema
das favelas do Rio, lutou pela Reforma Agrária. Esteve na fundação da CNBB em 1952, da qual foi
secretário por três mandatos consecutivos. Foi sagrado bispo auxiliar do Rio em abril de 1952.
Junto com D. Manuel Larraín, do Chile, ajudou a criar o CELAM. Na segunda metade de 1950,
lançou no Rio a primeira experiência de habitação popular no Brasil (Cruzada São Sebastião) e um
banco popular (o da providência). Em 1956, articulou o movimento dos bispos do Nordeste,
suscitando a criação da SUDENE. Junto com D. Eugênio Sales e Dom José Távora conseguiu que
Jânio Quadros criasse o MEB. Após 28 anos de Rio, em 1964 tomou posse como arcebispo de
Olinda e Recife. Teve uma atuação muito profética no Concílio Vaticano II.

5. PLANO DE EMERGÊNCIA.
5.1. Elaborado na Vª Assembleia Ordinária da CNBB (02-05/04/62) e publicado
oficialmente em 25 de setembro de 1962, com a apresentação de D. Hélder Câmara.
5.2. O Plano de Emergência nasce em reposta a uma carta do Papa João XXIII que pedia a
elaboração de “um plano de trabalho para a Igreja na América Latina; um plano que atendesse às
especiais condições da Igreja neste Continente e que indicasse as medidas a serem tomadas, a curto
e a longo prazo, no campo específico da ação pastoral da Igreja e também no que lhe cabe como
atuação no campo econômico-social” (PE). O Papa fala sobre “os perigos mortais” para a América
Latina:
 naturalismo que leva até cristãos a não terem, muitas vezes, a visão cristã da vida;5
 protestantismo que tenta entre nós seu esforço máximo de expansão e se acha, de
fato, em marés montantes;
 espiritismo cuja difusão, nas grandes cidades nos meios de miséria tem ares de
endemia;6
 marxismo que empolga as Escolas Superiores e controla os Sindicatos Operários”.7

O episcopado nacional agrega à essas preocupações do Papa:


 o individualismo no apostolado: salvo exceções honrosíssimas, cada Paróquia atua
isolada, como isoladas costumam agir as Dioceses;
 os convênios entre o Governo e a Igreja expõe os Bispos a esmolar, nas ante-câmaras
ministeriais, verbas orçamentárias, em bem do povo, como se fossem favores pessoais...
 a febre de construções e, por vezes, construções suntuosas;
 a falta do testemunho de autenticidade da presença da Igreja no setor educacional;

4
MARINS, José. Curso do Mundo Melhor. São Paulo: Melhoramentos, 1962, p. 346.
5
cf. “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin (1859).
6
cf. “O Livro dos Espíritos” (1857); “O Livro dos Médiuns” (1859); “O Evangelho Segundo o
Espiritismo” (1863); “O Céu e o Inferno” (1865); “A Gênese” (1868), todos de Allan Kardec.
7
cf. “Crítica da Política Econômica”, de Karl Marx (1859).
5
 as paróquias estão longe de atingir todo o território paroquial. E não nos referimos
tanto às paróquias rurais, onde por vezes as áreas são imensas: pensamos em paróquias de cidades,
onde o não-atendimento à paróquia total é menos compreensível e menos perdoável;
 a passividade com que o povo assiste à Missa na maioria de nossas Igrejas;
 o divórcio entre nossa pregação e a vida real: temas e linguagem, não raro, estão
longe dos interesses e do falar dos ouvintes, sobretudo dos meios humildes;
 a redução da colaboração dos leigos a proporções muito limitadas e inexpressivas;
 a falta de planejamento, sobretudo de conjunto;
 será sempre necessário perguntar o que se tem feito no sentido de: compreender,
orientar, ajudar, tentando a união de todos “num clima que leve à superação de visões
individualistas e a sacrifícios heroicos exigidos em horas de crise”;
 falta de uma hierarquia de valores - exigência maior em nossos dias: (Cuidamos mais
de abrir creches e patronatos do que de combater as raízes do mal. Preocupamo-nos mais em
distribuir alimentos, inclusive de Cáritas, do que de utilizá-los em favor da melhoria de nossas
obras, como ponto de apoio para uma modificação de nossa estrutura socioeconômica).
Por fim, os bispos fazem as seguintes advertências:
“Somos mais homens de obras do que da obra indispensável a todas as demais: a estrutura
administrativa. Sem esse alicerce, surgem as iniciativas, mas permanecem isoladas fracas, portanto
ou a exigirem grandes esforços por não, estarem engajadas na realidade paroquial, diocesana,
provincial ou regional.”
A organização da Diocese, flexível e eficiente, é a condição básica de funcionamento deste
Plano de Emergência. Para isso faz-se urgente uma revisão corajosa e cristã de nossas relações com
nossos sacerdotes, religiosas e leigos, tornando-os não meros executores de ordens, mas
companheiros no bom combate. Assim, conserva-se a hierarquia, elemento fundamental na Igreja
de Cristo, e desenvolve-se o espírito de equipe. É a vivência do ‘non veni ministrari sed
ministrare’.” Os problemas sociais estão na ordem do dia. A missão de Pastores pede dos Bispos
uma atenção especial neste campo, abrangendo todos os seus aspectos.
“Somos solícitos no combate ao Comunismo, mas nem sempre assumimos a mesma atitude
diante do capitalismo liberal. Sabemos ver a ditadura do Estado marxista, mas nem sempre sentimos
a ditadura esmagadora do econômico ou do egoísmo nas estruturas atuais que esterilizam nossos
esforços de cristianização” (PE).

5.3. O Plano de Emergência (PE) torna-se conhecido pela sua dimensão pastoral, que
apresentava quatro áreas como sendo prioritárias para a atuação eclesial:

1ª Renovação Paroquial - Princípios básicos:


- a diocese é a unidade fundamental da ação pastoral;
- a paróquia deve ser antes de tudo uma comunidade de Igreja (de fé, de culto e
caridade);
- a paróquia é fermento da comunidade humana;
- o pároco é o chefe da comunidade paroquial (mestre, sacerdote, pastor);
- o pároco é educador dos militantes leigos, engajados na construção do temporal;
- os leigos devem ser membros da comunidade paroquial;
- os leigos assumirão a iniciativa e a plena responsabilidade das tarefas temporais.

Requisitos para a renovação paroquial:


- decisão do pároco;
- conhecimento da realidade e exploração da potencialidade da paróquia;
- renovação planejada e continuada.

6
Para ser uma comunidade de fé, a paróquia precisa: valorizar a pregação, vitalizar e
dinamizar a catequese; promover e incentivar o movimento bíblico.
Para ser uma comunidade de culto, a paróquia precisa promover um intenso movimento
litúrgico.
Para ser uma comunidade da caridade, a paróquia precisa acionar o movimento da Ação
Católica especializada conforme os diversos meios de vida; as Congregações Marianas; o
Movimento Familiar Cristão; o Movimento de Vocações Sacerdotais; o Secretariado de
Ação Social; o Comitê Administrativo; o Conselho Paroquial.

Conselho paroquial. “É o órgão de coordenação de toda vida paroquial. Seu chefe natural é o
pároco. Dele devem participar ao menos um representante de cada frente pastoral e movimentos. É
o órgão responsável pela elaboração e execução do plano global da paróquia. É o instrumento
básico de inserção da paróquia na pastoral diocesana. Acompanhará, passo a passo, o andamento do
plano, somando a ação de cada um dos movimentos”.

2ª Para uma Renovação do Ministério Sacerdotal. O PE faz uma análise da situação dos
padres nos últimos anos da década de cinquenta e princípio da década de sessenta.
 “temos que considerar os padres já alquebrados pela idade e pela doença, e o número
talvez respeitável dos que consagram seu tempo, integral ou parcialmente, a tarefas não
sacerdotais”;
 “o número de sacerdotes tem aumentado nos últimos anos, mas o seu ritmo de
crescimento está muito aquém da explosão demográfica que atualmente registra, cada
ano, em nosso país, um aumento populacional de 2.000.000 de habitantes”;
 o desenvolvimento acelerado do país, com seus grandes desequilíbrios demográficos,
sociais, culturais, econômicos e políticos, os problemas se multiplicam, dia a dia; novas
correntes de ideias nascem, penetram, circulam, e agitam;
 O clero, sem apreender talvez suas verdadeiras dimensões, sente esta nova realidade no
contato direto com as almas, no exercício cotidiano do ministério, no clima que respira
por toda parte, dentro e fora da paróquia;
 muitos tomam consciência da insuficiente preparação recebida no seminário, e
reconhecem-se pouco preparados para enfrentar a complexidade da situação;
 O problema, porém, que mais pesa, que mais angustia e derrota é o problema do
isolamento; sentem-se muitas vezes, franco-atiradores; seu esforço é isolado; não há
plano de conjunto não há apoio;
 Os recursos são exíguos, há inaproveitamento e dispersão de forças. Se não fosse pelo
seu espírito de fé e a assistência do Espírito Santo, julgar-se-iam heróis da uma causa
perdida;
 o isolamento é, muitas vezes, um isolamento de vida: espiritual, intelectual e humana;
perdidos na imensidade das paróquias rurais, mergulhados na complexidade dos
conjuntos urbanos, raramente encontram outros colegas; alguém que viva a mesma vida,
sinta os mesmos problemas, vibre nos mesmos ideais; alguém com quem possam manter
um diálogo de alma para alma, numa comunhão de vida humana e sacerdotal; para
muitos, a vulgarização paulatina e insensível é um dos grandes escolhos;
 outros se encontram ainda enredados e paralisados por sérios problemas financeiros.

Diante desta situação, as reações manifestadas pelos sacerdotes são bem diversas e dignas de
reflexão.
 Encontramos os padres pessimistas. Mesmo abstraindo de influências de temperamento,
seu número tende a aumentar. São padres que lutaram. Durante alguns anos deram,
talvez, o melhor de suas energias. Sentiram-se desapoiados e desestimulados. Vieram os

7
fracassos. Os fundamentos espirituais foram abalados. Hoje estão decepcionados, alguns
recalcados, desiludidos de tudo e de todos. Pode ser um passo para a apostasia;
 Outro tipo são os padres conformistas. Passaram os primeiros anos de fervor sensível.
Várias ilusões desfizeram-se por terra. Encontram-se, hoje, frente a frente com uma dura
realidade. Acham inútil e ilusório empreender grandes esforços. Formam sua
consciência e estabelecem um padrão regular de vida. Alguns se tornam autênticos
funcionários do altar.
 Ao lado destes estão os padres ativistas. Levados talvez por inclinação temperamental
lançam-se a grandes empreendimentos exteriores. Sentem-se estimulados e envaidecidos
pelos aplausos e admiração do povo. Falta-lhes, porém, o fermento sobrenatural que
anime seus esforços numa autêntica construção do reino de Deus. Para alguns, conforme
depoimentos ouvidos, as obras exteriores são uma fuga, um derivativo de fracassos e
desânimos na vida de apostolado.
 Existem, ainda, os padres angustiados. Tomaram consciência do problema; são, talvez,
capazes de medir suas verdadeiras dimensões. Não estão desanimados. Querem agir.
Sentem aguçados seu espírito de fé e ideal apostólico. Mas não veem, claramente, as
pistas de solução.
 Muito comum é o tipo de padres dispersivamente apostólicos. Alguns são de uma
generosidade e dedicação heroicas. Trabalham, esgotam-se, consomem-se pela
construção do reino de Deus. Falta-lhes, porém, uma visão dos verdadeiros dados do
problema. Deixam-se arrastar pelo imediatismo. Empreendem várias atividades
paralelas, descoordenadas, sem plano de conjunto. Perdem-se em detalhes secundários e
acidentais e deixam de lado posições fundamentais e estratégicas.
 Existem e seu número vai aumentando os padres profundamente apostólicos. Têm
consciência clara da situação, visão global e apostólica, de todos os aspectos, intuição
das linhas mestras de solução, capacidade concreta de realização, profundo espírito
sobrenatural. Ressentem-se, às vezes, de uma mais ampla e efetiva coordenação em
plano interparoquial e diocesano. Alguns, com tenacidade, perseverança e espírito
sobrenatural, têm conseguido prepará-la e mesmo realizá-la. Precisaríamos multiplicá-
los.

Este quadro que acabamos de esboçar impõe uma séria, grave e decisiva reflexão. Coloca-
nos diante de um dos elementos mais fundamentais da vida da Igreja e de sua renovação pastoral.
Os sacerdotes são os colaboradores diretos e imediatos da hierarquia. Que poderá fazer um Bispo
sem sacerdotes? Ao mesmo tempo, os leigos, que também são Igreja, e nela devem assumir as
responsabilidades que lhes são peculiares e insubstituíveis, quase nada podem fazer sem a ação e
animação de um autêntico ministério sacerdotal. É questão de número, mas sobretudo de qualidade
e valor apostólico.
Impõe-se, pois, um esforço em toda linha para valorizar e desenvolver o talvez insuficiente,
mas considerável potencial de energias sacerdotais que Deus outorgou à Igreja em nosso país.
É preciso reacender as energias que fumegam, movimentar as que estão paralisadas, dar
substância às que se esvaziaram, coordenar as que se acham dispersas, incendiar as que estão vivas
e acesas, dispô-las todas para que Deus nos conceda um novo Pentecostes sacerdotal.
Para a renovação do ministério sacerdotal o PE apresenta:
- dois princípios: a colegialidade do sacerdócio e o ministério da Igreja particular;
- quatro requisitos: que o bispo se decida e assuma esse esforço; que os sacerdotes
despertem e desejem; que se parta da realidade e aproveitem-se as energias e os recursos existentes;
procure-se fazer da diocese uma unidade de ação pastoral – unidade visivelmente expressa num
aproveitamento e dinamização de todas as forças, uma ação planejada, organizada, coordenada e
continuada da pastoral diocesana.

8
- visamos uma compreensão do ministério sacerdotal que ajude os padres a serem: 1.
Adultos humana e sobrenaturalmente; 2. Profetas; 3. Pastores; 4. Sacerdotes; 5. Ministros de Cristo
e da Igreja.

3ª Renovação dos Educandários: a escola católica deve ser caracterizada por dois
princípios fundamentais e complementares: espírito de família e espírito missionário. A escola deve
ser um ambiente de formação de líderes e militantes cristãos. Como meios para se atingir esse
objetivo, o PE propõe: formação intelectual que exclua a mediocridade; formação religiosa, que se
fundamente numa cultura religiosa que acompanhe o desenvolvimento intelectual; formação da
vontade e dos sentimentos, baseado num ambiente sadio, com amor e compreensão, atendendo às
exigências de uma educação integral, com atenção à educação sexual positiva; formação cívica e
social, com base na encíclica de João XXIII – Mater et Magistra – que leva em conta as novas
situações sociais; atenção ao corpo docente e corpo administrativo.

4ª. Introdução a uma Pastoral de Conjunto


- O PE definia a PC como sendo “o esforço global e planificado, visando à
evangelização de áreas na Igreja de Deus”.
- Apresentava três justificativas: a) necessidade de pastores autênticos e atualizados; b)
vivemos uma época que exige visão global (época do comunitário; isolamento hoje é ridículo e
perigoso; hoje, impõe-se o planejamento de conjunto); c) raiz teológica da PC: teologia do Corpo
Místico.
A Pastoral de conjunto estrutura-se em plano geral para fazer surgir os trabalhos locais.
Organiza-os e dá-lhes vitalidade, como condição essencial ao realismo dos trabalhos na esfera mais
alta.
Um planejamento flexível, corajoso, realista, com subsequentes e constantes avaliação de
resultados e revisão de metas, garante o funcionamento da Pastoral de conjunto. Assim, no
planejamento de uma região, devem colaborar elementos dessa área e o resultado dos esforços deve
ser adaptado a cada Província ou Diocese. Esta fará as linhas gerais tomarem a coloração paroquial.
Assim, na base da pirâmide encontramos a célula Paróquia, para descobrirmos, no topo, a região ou
País.
Nos anexos, o PE recolhe uma rica experiência já existente no campo da pastoral de
conjunto e reporta-se a três textos muito interessantes, que justificam a urgência da implementação
de uma pastoral de conjunto:
- Descoberta da ruptura entre o mundo e a Igreja
- Descoberta da “vida interior” na pastoral de conjunto (revisão de vida)
- Descoberta da dimensão episcopal da pastoral (o Bispo deve suscitar, animar,
fortificar, harmonizar o esforço apostólico de todos os membros).

6. PLANO DE PASTORAL DE CONJUNTO (PPC - 1966-1970)

6.1. Foi aprovado na VII Assembleia Geral Extraordinária da CNBB, reunida em Roma,
durante os três meses da última sessão conciliar. Traz, no início, um trecho da Exortação de Paulo
VI ao episcopado latino-americano, por ocasião do X aniversário do CELAM (24.11.65), sob o
título de “A ação pastoral na América Latina”. Para sentir o clima da Igreja na época, vale a pena
ressaltar alguns tópicos desta Exortação.
 “A comunidade católica latino-americana vive em estado de debilidade orgânica quer no
campo da doutrina, quer no da prática; falta de sacerdotes; desproporções na distribuição do clero;
ineficiência das estruturas pastorais em relação às exigências da vida moderna nos centros urbanos;
problema de terras ociosas da Igreja”.

9
 Por outro lado, a exortação destaca alguns pontos positivos da caminhada eclesial do
Continente latino-americano. “No conjunto, a Igreja vive em um clima de liberdade e de paz
propício a um profícuo trabalho; representa a maior força capaz de salvar o continente, com o
prestígio social e moral que possui”. Ressalta o necessário espírito de confiança e coragem para o
empreendimento apostólico. “...seria prejudicial cair num estado de timidez, de medo e de falta
confiança, que desarma e constrange, mesmo no melhores homens, o ímpeto requerido para um
difícil trabalho construtivo”. Chama a atenção sobre o necessário “aggiornamento” e, por fim,
apresenta três critérios de ação:
1. Caráter extraordinário da ação pastoral “pelo empenho sério e profundo (sic) pelas
formas de ação decididas e rápidas que se colocarão em movimento para tornar mais difundido o
Evangelho e pelo emprego dos homens aos quais se recorrerá”;
2. Unitário: “como os problemas de hoje são gerais, requerem soluções de conjunto”.
Consequente valorização de órgãos colegiais;
3. Planificado: evitar acomodação e empirismo, definir prioridades, criar secretariados de
coordenação.

6.2. O PPC foi pensado para cinco anos e tinha por objetivo “criar meios e condições para
que a Igreja do Brasil se ajuste, o mais rápida e plenamente possível, à imagem do Vaticano II”.
Inaugurou o esquema das seis “linhas pastorais” às quais deu o nome de “seis objetivos
específicos da ação da Igreja” ou de “linhas fundamentais de trabalho”.

Promover:8
1ª ) uma sempre mais plena unidade visível no seio da Igreja Católica;
Objetivo: Levar à primeira conversão, à adesão pessoal a Cristo, à inserção consciente e
participante na comunidade visível.
Documentos: Lumen Gentium, Optatam Totius, Presbyterorum Ordinis, Christus Dominus,
Apostolicam Actuositatem, Perfectae Caritatis
2ª ) a ação missionária;
Objetivo: Levar os homens à primeira adesão pessoal a Cristo, através do anúncio
missionário da Palavra e do testemunho de vida evangélica.
Documentos: Ad Gentes
3ª ) a ação catequética, o aprofundamento doutrinal e a reflexão teológica;
Objetivo: Levar o povo de Deus a uma maior comunhão de vida em Cristo através da
Palavra e do testemunho de vida evangélica, que iluminam e alimentam.
Documentos: Dei Verbum
4ª ) a ação litúrgica;
Objetivo: Levar o povo de Deus a uma maior comunhão de vida em Cristo através do culto
litúrgico integral e das celebrações da Palavra.
Documentos: Sacrosanctum Concilium
5ª ) a ação ecumênica;
Objetivo: Levar o Povo de Deus a uma maior comunhão de vida em Cristo, através de uma
autêntica ação ecumênica.
Documentos: Unitatis Redintegratio, Orientalium Ecclsiarum, Nostra Aetate
6ª ) a melhor inserção do povo de Deus, como fermento na construção de um mundo
segundo os desígnios de Deus.
Objetivo: Levar o Povo de Deus a uma maior comunhão de vida em Cristo, através de sua
inserção como fermento ao construção de um mundo segundo os desígnios de Deus.

8
O PPC faz referência explícita somente aos primeiros documentos de cada Linha Fundamental, acrescentei os demais
documentos para poder contemplar os 16 documentos conciliares e os agreguei dentro da lógica de cada Linha
Fundamental.
10
Documentos: Gaudium et Spes, Inter Mirifica,Gravissimum Educacionis, Dignitatis
Humanae

7. Conclusão sobre o PE e o PPC. Enquanto o primeiro acentuava as dimensões da


estrutura eclesial interna, reforçando o aspecto da comunhão; o segundo, sem descurar deste
aspecto, dava um forte enfoque à dimensão da missão (conferir as linhas de ação da Igreja). Esse
binômio, comunhão e missão, tem se tornado um polo frequente na ação evangelizadora da Igreja.
Durante o tempo da ditadura militar, a Igreja foi encontrando meios de vivenciar sua missão,
como presença crítica na sociedade. Essa sua opção, às vezes, favorecia a comunhão, às vezes
desvelava conflitos internos. Iniciada a distensão na sociedade civil, com ampliação de canais de
participação nas decisões políticas do País, a Igreja começou um processo de demasiada
preocupação consigo mesma, em detrimento do seu quefazer pastoral, de sua presença pública.
Essa tensão é sadia, desde que se crie um clima favorável para buscas de novos caminhos
evangelizadores. É certo que supõe um bom nível de maturidade eclesial, calcado em estruturas que
favoreçam o diálogo e a mais ampla participação.

8. PPC-PLANOS BIENAIS. Previsto inicialmente para o período de 66 a 70, o PPC foi


prorrogado até 74. Como meio de tornar mais realizável as diretrizes pastorais contidas no PPC, o
episcopado decidiu pela elaboração de Planos Bienais (PB) de atividades para os organismos
nacionais. Sendo assim, o primeiro PB vigorou em 71/72; o segundo, 73/74. A partir de 1975, a
Igreja adotou as chamadas “Diretrizes da Ação Pastoral da Igreja no Brasil”, sem, no entanto,
abandonar a prática dos Planos Bienais.
As Diretrizes deixaram para os regionais e as dioceses o campo mais metodológico dos
planejamentos, e optaram por uma sistemática mais flexível em nível nacional. Limitaram-se a
oferecer luzes para o agir eclesial, com uma estrutura básica composta de um objetivo geral e seis
dimensões ou linhas pastorais. Assim caminhamos até as atuais Diretrizes, que afirmam “mais que
as anteriores, estas Diretrizes foram pensadas e formuladas fazendo da evangelização a prioridade
real e o eixo central da ação da Igreja. Neste sentido, depois de décadas de Diretrizes da Ação
Pastoral (1975, 1979, 1983, 1987, 1991), elas passaram a se chamar Diretrizes da Ação
Evangelizadora (1995-1998)”.
Da era das Diretrizes, o que mais penetrou na ação pastoral ou evangelizadora da Igreja no
Brasil foi o objetivo geral, presente em quase todos os planos diocesanos do país, e o esquema das
seis dimensões.

9. RUMO AO NOVO MILÊNIO

I. O Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo Milênio”

O Projeto se situa numa caminhada de planejamento pastoral e de esforço de conjunto que a


Igreja do Brasil empreendeu antes do Concílio, desde o “Plano de Emergência” (1962) e continuou
no Plano de Pastoral de Conjunto (1965) e nas diversas edições (1975, 1979, 1983, 1987, 1991,
1995 ... ) das “Diretrizes Pastorais”.
 Em 1983, Haiti, XIX Assembleia do CELAM, o Papa lançou o projeto “Nova
Evangelização” para o ano 2000;
 Outubro de 1984, Santo Domingo, abertura do novenário de anos em preparação à
celebração dos 500 anos da evangelização da América Latina;
 Maio de 1988, Salto - Uruguai, Nova Evangelização: nova em ardor (conversão do
coração, da vida), nova em método (cada fiel é missionário, anunciador de Jesus), nova em
expressão (em linguagem adaptada ao mundo moderno, aos MCS, de forma inculturada);
 Outubro de 1992, IV Conferência Geral do Episcopado Latino Americano: protagonismo
dos leigos e inculturação;
11
 Novembro de 1994, Tertio Millennio Adveniente pede uma renovação da fé e do
testemunho cristão;
 em maio de 1995, as Diretrizes da CNBB (DGAE) solicitam a passagem da “pastoral”
para a “evangelização”;
 Tudo isso aponta para a necessidade de um investimento real no laicato.

II. O objetivo geral

 o Projeto da CNBB “Rumo ao Novo Milênio” (doc. 56, 1996), que assume e prolonga os
projetos anteriores, visa fazer do ano 2000 o momento da “virada” em direção a um cristianismo
mais dinâmico e aberto, porque mais fiel a Jesus Cristo (NB.: o Papa solicita uma conversão, que
supere os erros do 2º Milênio: divisão dos cristãos, intolerância e violência, injustiças...TMA 33ss)

III. Os objetivos específicos

As Diretrizes da CNBB (1991-94) ressaltavam como objetivos específicos da ação pastoral


para a Igreja no Brasil:

 a presença da Igreja na dimensão pública da sociedade;


 a criação da rede de comunidades (com atenção ao pluralismo cultural);
 a espiritualidade personalizada.

As DGAE da CNBB (1995-98) enfatizam mais quatro exigências ou dimensões permanentes


da evangelização:

 serviço (solidariedade, pastoral social);


 diálogo intercultural, inter-religioso e ecumênico;
 anúncio explícito e missionário do Evangelho;
 testemunho da comunhão fraterna e da fé que se alimenta da Palavra e da Liturgia.

O Projeto:
 É a resposta brasileira ao apelo da realidade e do Papa;
 Situa-se numa caminhada de planejamento pastoral e de esforço conjunto da Igreja no
Brasil;
 É uma aposta no futuro e busca uma nova síntese entre fé e vida, fé e história, e apresenta
três passos significativos para atingir esse objetivo (PRNM, 90):

1. Favorecer a experiência pessoal de Deus em Jesus Cristo, refazendo a unidade entre a


dimensão contemplativa e orante e o quotidiano da vida, unidade enfraquecida ou mesmo perdida
no contexto do mundo secular;
2. Desencadear um processo para refazer o tecido cristão das comunidades eclesiais,
formando assim comunidades maduras, alimentadas pela escuta da Palavra de Deus e a celebração
da Liturgia;
3. Impulsar as comunidades cristãs para saírem de suas próprias fronteiras para um novo
compromisso com a missão da Igreja no mundo.

10. Sumário do Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio”

1. O contexto da virada do milênio


- A tecnologia deu passos gigantescos
- Do outro lado da história
12
2. A questão eclesiológica: as mudanças na religião
3. Novo vigor à nova evangelização
4. A escolha do texto dos Atos dos Apóstolos
5. As grandes linhas do Projeto SINM
6. Subsídios
7. Metodologia para os grupos de reflexão
8. Outras preocupações do SINM

1. O contexto da virada do Milênio


 Quais foram as grandes expectativas surgidas em relação ao ano 2000?
 Diante de expectativas frustradas em muitos níveis, mas sobretudo no social, o povo
tem uma sensação de impotência. constata o quanto é difícil mudar a sociedade. O peso é maior
para os cristãos habituados aos discursos que reforçam a leitura voluntarista das mudanças (Se você
quiser, tudo muda!). Constata-se também que não há muitos caminhos para a sociedade e para a
Igreja. Uma sensação semelhante a que tiveram os peregrinos de Emaús: “Esperávamos isso e
aquilo...”. Olhando a sociedade que, por um lado tudo massifica e, por outro, incentiva o
individualismo, percebe-se uma grande fragmentação, dificultando leituras mais globais, visões de
totalidade. Nesse contexto, os ideais comunitários estão bastante em baixa.
 Qual o sabor que se tem ao entrar num novo período histórico, um novo século, um
novo milênio, percebendo tão grandes contrastes sobretudo no campo sociocultural.

2. A questão eclesiológica: as mudanças na religião


 as repercussões das mudanças socioculturais penetram profundamente na religião,
mesmo quando a tradição aparentemente se mantém;
 o mundo cristão, particularmente o mundo católico, nos últimos 40 anos passou – em
parte, e não sem resistências - de uma religião baseada sobre a tradição e a instituição (religião de
obediência à autoridade da Igreja) para uma religião baseada sobre a escolha do indivíduo, às vezes
apenas sobre o sentimento individual (subjetivismo);
 as formas comunitárias, experimentadas intensamente desde os anos ’60, estão em
crise, embora haja a procura de outras formas de comunidade – não tradicionais ou “recebidas”,
mas fruto de escolha e de afinidades (comunidades eletivas e afetivas, emocionais).
 o critério da verdade tem se constituído, cada vez mais, na própria pessoa ou no
sentimento das pessoas (É verdade o que eu sinto!).
 outro fenômeno que assistimos um tanto despreparados é a chamada flexibilização
das fronteiras geográficas por obra dos MCS. Isso questiona e muito nossa estrutura eclesial ainda
tão centrada em parâmetros geográficos;
 como conviver com o fenômeno do pluralismo dentro do catolicismo (CEBs,
movimentos, novas comunidades etc?);
 o que dizer do pluralismo religioso dentro do cristianismo, com todas as suas
consequências? (Conferir o texto do Reginaldo Prandi sobre a religião como questão de opção e não
mais de herança);
 e o fenômeno do diálogo inter-religioso e as tendências do exclusivismo,
inclusivismo e pluralismo, em busca de uma teologia ecumênico-crítica!
 para uma instituição que insiste num modelo único de padre, torna-se também
preocupante o longo tempo que ela não consegue multiplicar seus quadros, e com qualidade, para
atender a demanda populacional que cresce sempre em ritmo mais acelerado. Mesmo com o atual
aumento de número de padres e o mais lento crescimento populacional, a Igreja no Brasil não
conseguiu nem mesmo repetir sua melhor correlação padre/população. Hoje há um padre para cada
10.265 habitantes; na década de 60, a proporção era de 1 padre para menos de 7.000 habitantes;

13
 conscientes dos desafios que se colocam à Igreja nesta virada do milênio, os
participantes de diversos encontros de avaliação do PRNM demonstraram a vontade de propor o
tema da Igreja para um próximo projeto.
 entenderam que, dentre outros, um grande desafio hoje é continuar mostrando a
beleza da proposta comunitária, sem deixar de atender às novas demandas da subjetividade; em
outras palavras, criar comunidades que sejam fiéis à Tradição (à Palavra, ao Evangelho) e, ao
mesmo tempo, acolhedoras das pessoas e de suas diferenças.

3. Novo vigor à nova evangelização


 Não podemos negar que estamos diante de um panorama um tanto confuso e que
pede de nós um novo vigor na tarefa de impulsar a Nova Evangelização.
 Nestes últimos anos, percebemos que o PRNM se constituiu numa experiência
bastante positiva, porém não faltaram queixas (muitos temas, muitos subsídios, muita rapidez...)
 O SINM quer ser uma resposta ao desafio que a conjuntura sócio eclesial coloca à
Igreja, em continuidade ao PRNM, mas de maneira mais enxuta e num ritmo que possibilite o
efetivo acompanhamento das comunidades.

4. A escolha do texto dos Atos dos Apóstolos


 Um livro escrito para uma época de transição, que enfrenta os desafios da
inculturação e da inovação.
 Um livro onde temos a experiência da passagem de um mundo cultural
marcadamente rural judaico-palestinense para o helênico urbano e politeísta.
 Um livro que coloca em evidência o ESSENCIAL:
 a fidelidade à vontade de Deus (= Espírito Santo);
 expressa na Palavra de Jesus (não na experiência subjetiva);
 IMPORTANTE! Nos Atos dos Apóstolos é Jesus que continua sua obra!
 que ajuda a ler as situações, a experiência da vida, sem modelos pré-fabricados;
 que ensina a perseverança na edificação da comunidade.
 Um livro capaz de RENOVAR AS COMUNIDADES CRISTÃS e nos ajudar a dar
respostas às questões que a sociedade coloca hoje para a Igreja.

 Por tudo isso, o livro dos Atos dos Apóstolos nos oferece uma gama significativa de
temas profundamente colados à realidade da experiência pessoal e eclesial dos primeiros seguidores
de Jesus Cristo. Desde a vocação e o ministério de Pedro, Paulo, Estevão, Filipe, Lídia até à
experiência das comunidades de Antioquia da Síria, Corinto, Chipre, Filipos, Tessalônica, Êfeso e
outras. Desde os conflitos com a questão do exercício do poder, da gestação e participação nos
ministérios, do enfrentamento de inúmeros conflitos internos e externos à vivência da fé até à busca
surpreendente de um consenso que permitisse a permanência no movimento de Jesus de grupos de
pensamento tão diverso (Conferir o anexo do subsídio “Que novidade é essa?”, p. 84-85 – Quadro
comparativo com os desafios dos Atos e da Igreja de Hoje).

11. SINM – 2ª. Etapa: O Projeto de Evangelização para 2003

1. Histórico

Desde 1996, a Igreja no Brasil, atendendo ao apelo do Papa João Paulo II para preparar a
celebração do Grande Jubileu de 2000, lançou o Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo
Milênio”. O Projeto incluía, entre outras ações, a proposta de uma reflexão bíblico-catequética, que
teve como tema Jesus Cristo (1996-97), o Espírito Santo (1997-98), Deus-Pai (1998-99), a

14
Santíssima Trindade (1999-2000). Como referência bíblicas, foram estudados os Evangelhos,
respectivamente Marcos, Lucas, Mateus, João.
Para os anos de 2001 e 2002, foi lançado o Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio”, tendo
como referência o livro dos Atos dos Apóstolos, cujo estudo foi proposto para esses dois anos.
Na Assembleia Geral do Episcopado de abril de 2002 foi proposta a continuação do Projeto
“Ser Igreja no Novo Milênio” durante 2003, para não deixar um vácuo nesse ano, enquanto se
aguardava a eleição de uma nova Presidência da CNBB (maio de 2003) e a aprovação das novas
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.
O subtema escolhido foi “Ser cristão no Novo Milênio” e como referência bíblica principal
foi indicada a I carta de Pedro.

2. Objetivos e intenções

Escolhendo um novo subtema para 2003, mesmo se dentro dos moldes do Projeto anterior
“Ser Igreja no Novo Milênio”, uma primeira preocupação era de garantir continuidade ao projeto de
evangelização da Igreja no Brasil, que vinha sendo desenvolvido com grande aceitação desde o 2º
semestre de 1996, inclusive continuando a oferecer os subsídios básicos a dioceses e comunidades,
e, ao mesmo tempo, apresentar um novo subtema de reflexão e de aprofundamento da catequese e
da formação bíblica.
Na escolha do novo subtema influenciaram diversos fatores, que é oportuno evocar aqui,
embora rapidamente, porque constituem “demandas” que o novo Projeto deve quanto possível
satisfazer:
1) Alguns bispos levantaram a sugestão de que houvesse uma continuidade no itinerário
catequético iniciado. Depois dos quatro anos dedicados aos artigos principais do Credo – a fé no
Filho de Deus encarnado, Jesus Cristo; no Espírito Santo vivificador; no Pai criador de todas as
coisas, culminando na reflexão-adoração diante da Trindade Santíssima – e depois de dois anos
dedicados à Igreja (“Credo unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam...”), parecia
oportuno voltar a atenção para a vida cristã.
2) Uma outra decisão do Episcopado fazia de 2003 o Ano Vocacional. Parecia então
oportuno que a escolha do subtema bíblico-catequético fosse relacionada ou próximo com a
vocação do cristão.
3) Uma outra aspiração frequente em nossas dioceses e comunidades (confirmada pela
recente pesquisa de avaliação das DGAE 1999-2002) é a busca de formação, que parece motivada
por um desejo muito difundido hoje, o de “cuidar” de si mesmo, da própria realização e felicidade,
e por uma necessidade de compreender melhor uma sociedade que muda rápida e radicalmente e de
se situar mais criticamente nela.
4) Foi também observado que essa exigência de formação não diz respeito principalmente a
questões de doutrina (mesmo que esta seja muitas vezes necessária), mas antes de tudo à
compreensão da condição humana e ao modo de vivê-la sadiamente hoje, em novos contextos, face
a novos desafios antes de tudo na dimensão antropológica.
5) Foi também considerado que todas essas demandas são reveladoras de um contexto social
e cultural que está mudando rapidamente, gerando frequentemente incerteza e até medo. Esse
contexto deverá ser levado em conta no estudo do tema proposto, inclusive porque torna mais agudo
o problema da identidade cristã.

3. A I Carta de Pedro

A I Carta de Pedro, como todos os textos do Novo Testamento, pode ser lida com enfoque
diversos. O enfoque aqui sugerido não pretende ser exaustivo ou único, mas apenas ressaltar alguns
temas que venha responder às interrogações e expectativas mencionadas acima e que pretendem
orientar o Projeto “Ser cristão no Novo Milênio”.

15
Nossa leitura parte da convicção que podem ser estabelecidas algumas analogias entre os
cristãos do final do século I, aos quais a 1Pd foi dirigida, e certas situações atuais., A sociedade do
século I é uma “sociedade de poderosos”, aonde as massas dos cidadãos e escravos são expostas à
precariedade, à opressão, à exclusão e ao abandono. Nesse contexto, os cristãos buscam construir
“um lar para quem não tem casa”, para quem vive na incerteza do seu futuro. Visam a oferecer uma
esperança, fundada nas promessas de Deus e na história do seu povo, àqueles aos quais a sociedade
apresenta apenas angústia e insegurança.
A I Carta de Pedro, em linhas gerais, conforme o consenso da exegese atualizada, é uma
carta de exortação dirigida pela comunidade de Roma - em nome do apóstolo Pedro, já mártir (5,1)
há anos - às comunidades da Ásia Menor. O texto (num grego literário e que usa a Bíblia grega dos
LXX) torna improvável que o autor direto da Carta seja o apóstolo Simão Pedro, pescador da
Galiléia e primeiro dos discípulos de Jesus. Além disso, o conteúdo da carta sugere um contexto
mais próximo do ano 90 dos que dos anos ’60 (época da estadia de Pedro em Roma) e supõe o
conhecimento de cartas paulinas, como Romanos e Efésios (ou, pelo menos, de tradições afins).

4. Temas da Carta a serem valorizados


Entre os temas da Carta que podem ser destacados em função da temática “Ser cristão no
Novo Milênio”, indicamos entre outros:
1) O tema da ESPERANÇA. A bênção inicial (1,3 ss.) louva e agradece a Deus, antes de
tudo, porque “nos regenerou para uma esperança viva” e para uma herança imperecível, que está
garantida no céu (1,4). Explicando o “novo nascimento” ou a vocação do cristão, a Carta se refere a
Deus, como àquele que ressuscitou Cristo dos mortos “a fim de que tenhais fé e esperança em
Deus” (1,21). No momento de exortar à coragem, a Carta convida os cristãos a estarem sempre
prontos “para responder a quem vos pedir uma palavra sobre a esperança que vos anima” (3,15). A
palavra “esperança” tem aqui, inicialmente (em 1,3), sentido objetivo: é o que esperamos, a
“herança” de Deus, a “salvação”. Ela se torna atitude subjetiva que anima o cristão (1,21 e 3,15) e
que lhe garante alcançar um dia este bem que Deus lhe promete. As numerosas referências ao
Antigo Testamento têm também esta finalidade de mostrar que Deus é fiel às suas promessas e
continua incansavelmente na obra empreendida desde a criação do mundo.
O tema da esperança dá o tom de toda a carta e, mais, de toda a vida cristã, apesar dos
obstáculos e sofrimentos que o cristão encontrava no século I, na sociedade romana, e encontra hoje
na sociedade moderna.
2) O tema da VOCAÇÃO. A identidade do cristão é definida como chamado ou “vocação”
(cf. 1Pd 1,15; 2,9; 5,10) ou, ainda, eleição (1,2; 2,4; 2,6; 2,9). O chamado se concretizou numa
“regeneração” ou novo nascimento (1,3.23). Temos aqui uma alusão ao Batismo. Estas alusões,
aliás, são tão frequentes que vários exegetas falaram da 1Pd como de uma “homilia batismal”. Isto
não parece correto, mas certamente o texto da carta se inspira também em trechos de pregações
feitas por ocasião do batismo. Trechos mais longos podem ser definidos como “características da
nova vocação” (1,13-25), “sublimidade da eleição como chamamento a uma vida cristã” (2,1-10);
“a vida cristã neste mundo” (2,11-3,12)9. A Carta não se limita a ressaltar os traços gerais e comuns
de toda vocação cristã. Há também a descrição de aspectos e situações particulares: nas relações
com os pagãos, com o poder, com os patrões (para os escravos), entre os esposos, na comunidade,
na hora da perseguição e do sofrimento...
3) O tema da IDENTIDADE CRISTÃ. A identidade do cristão é também descrita
eficazmente sublinhando as diferenças entre cristãos e pagãos, entre comunidade eclesial e meio
ambiente. O cristão é um “estrangeiro” ou um peregrino neste mundo (2,11). Situa-se aqui um apelo
ao inconformismo, a vigiar contra o perigo de se deixar seduzir e evolver pela vida pagã (daquela
época) e pelo consumismo e materialismo (de hoje). O cristão é diferente. O modelo e a referência

9
Cf. G.THEVISSEN, A Primeira Carta de Pedro, in: G.THEVISSEN e outros, As Cartas de Pedro, João e Judas.
Loyola, S. Paulo, 1999, p. 33 ss.
16
dessa diferença – da identidade cristã – é o próprio Cristo, continuamente citado (1,1.2.3.7-8.11
etc.; importantes as comparações do cristão com Cristo em 2,4-6; 2,21-24; 3,18-22; 4,1-2.13-14).
4) O tema da CASA ou templo de Deus. A vocação cristã não é descrita, na 1Pd, em termos
individuais. A insistência é sobre a coletividade, o povo de Deus no seu conjunto. As imagens
usadas são coletivas. Particularmente expressivo é o trecho de 2, 4-10. O cristão, regenerado no
Batismo, criança recém-nascida (2,2), é convidado a juntar-se a Cristo “pedra viva, escolhida por
Deus”, para ser construído como casa espiritual, templo de Deus, e tornar-se parte do povo de Deus,
“raça eleita, sacerdócio real, nação sagrada, povo propriedade (de Deus)” (2,9), chamado para “uma
maravilhosa luz”.
Mas “casa” tem também outro sentido, talvez menos explícito superficialmente, mas inscrito
no contexto e nos fundamentos da Carta. A “casa” – na época – não é apenas a construção de pedra;
é também a família, a grande família, o conjunto amplo de agregados que se estabelecem ao redor
de um poderoso: há a “casa de César” (cf. Fl 4,22 = os funcionários do Império), há as casas dos
ricos e poderosos, que protegem e são servidos por dezenas ou centenas de afilhados; há a sinagoga
que reúne e protege os judeus; há a “casa” de Deus, onde os cristãos encontram não somente a
esperança da vida futura, mas desde já a solidariedade concreta de irmãos (cf. 1,22; “Amai-vos de
coração, intensamente”; 3,8: “Sede todos unânimes, compassivos, fraternais, tolerantes, humildes”;
4,8-10: “Perseverai no amor mútuo... Sede mutuamente hospitaleiros... Cada um, conforme recebeu
algum dom, ponha-o a serviço dos outros...”.

12. QUEREMOS VER JESUS, CAMINHO, VERDADE E VIDA.


No enunciado do Projeto encontramos o seguinte: “A Igreja Católica está atenta às novas
questões e necessidades que surgem neste início do terceiro milênio. Ela quer anunciar o Senhor
Jesus levando em conta as características dos destinatários, percebendo os sinais dos tempos e
considerando a situação e os anseios de cada pessoa nas diferentes realidades. Por isso somos
convocados, agora, a um ardoroso empenho missionário a fim de bem realizar este novo Projeto
Nacional de Evangelização, lançado na reunião ordinária dos Bispos do Conselho Permanente da
CNBB, realizada de 28 a 30 de outubro de 2003.”
Profundamente voltado para a questão do anúncio querigmático, o novo projeto da Igreja
quer atingir especialmente os batizados que estão distanciados da vida e da comunidade eclesial e
também a todos os grupos cristãos e religiosos em geral.
Tinha como tempo de duração previsto de 2004 a 2007. Como o PRNM, tinha o evangelista
do ano como base de suas reflexões: 2004 – Lucas – Mateus; 2006 – Marcos; 2007 – João. Tomou
das DGAE a tríade dos ministérios da Palavra, da Liturgia e da Caridade e os âmbitos da
evangelização: Pessoa, Comunidade e Sociedade; com as exigências: serviço, diálogo, anúncio e
testemunho de comunhão. Por fim, procurava se centrar numa ideia forte da promoção do Encontro
Pessoal com Cristo. Cabe destacar dos subsídios publicados dentro do Projeto Queremos Ver Jesus
o comentário didático popular à Constituição Dogmática “Dei Verbum” – “Ler a Bíblia com a
Igreja”.

13. AS DIRETRIZES DA EVANGELIZAÇÃO:

As DGAE para o período (2015-2019) seguem o mesmo esquema das Diretrizes anteriores
(2011-2015) e refletem um momento da Igreja no Brasil onde se percebe certa dúvida quanto ao
método indutivo, colocando a partir de Jesus antes da análise da realidade. Esta é também muito
fraca e genérica. Tem-se a sensação de uma Igreja que se volta cada vez mais para si mesma. É o
que afirma o teólogo Paulo Suess, comparando os objetivos das DGAE anteriores com essa atual:
“A continuidade verbal das DGAE está na própria evangelização, na opção pelos pobres e no
anúncio do Reino de Deus e da Vida. As mudanças significativas que se percebem nos Objetivos
gerais de 2011 se encontram em seu cunho nitidamente introvertido. A Igreja das Diretrizes gira em
torno de si mesma e perdeu, aparentemente, o horizonte da "libertação integral do homem” (1979) e

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da "construção de uma sociedade justa e solidária” (2008) de outros tempos. As palavras-chave, na
ordem das Diretrizes de 2011 são: evangelizar, Jesus Cristo, Espírito Santo, Igreja discípula,
missionária e profética (sem respaldo significativo no próprio texto das Diretrizes), Palavra de
Deus, Eucaristia, (finalmente!) a opção preferencial pelos pobres, vida e Reino.” O mesmo se pode
dizer das atuais Diretrizes.
Quanto à estrutura das novas DGAE, Paulo Suess faz a seguinte observação: “A 49ª
Assembleia Geral, de 2011, considerou sumariamente "a mudança de época como maior desafio”
(27). O tópico da "mudança de época” faz, no mínimo, dez anos que aparece em documentos
eclesiais. Na estrutura das DGAE 2011 não somos mais confrontados com desafios do mundo, mas
com cinco urgências da Igreja na ação evangelizadora, urgências que representam escolhas caseiras
e reparos institucionais dos estragos que a mudança de época causa às Igrejas.” Essa observação
continua válida para as atuais Diretrizes.

Vejamos, pois, o esquema:


DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL
(2015-2019) OBJETIVO GERAL
Evangelizar, a partir de Jesus Cristo, na força do Espírito
Santo, como Igreja discípula, missionária, profética e
misericordiosa, alimentada pela Palavra de Deus e pela
Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos
pobres, para que todos tenham vida (Jo 10,10), rumo ao
Reino definitivo.
URGÊNCIAS NA PERSPECTIVAS INDICAÇÕES DE
AÇÃO DE AÇÃO OPERACIONALI
EVANGELIZADORA ZAÇÃO
IGREJA EM ESTADO IGREJA EM O PLANO COMO
PERMANENTE DE PERMANENTE ESTADO FRUTO DE UM
MISSÃO DE MISSÃO PROCESSO DE
PLANEJAMENTO

IGREJA: CASA DA IGREJA: CASA DA PASSOS


PARTIR MARCAS METODOLÓGICOS CONCLUSÃO
INICIAÇÃO À VIDA INICIAÇÃO À VIDA
DE DE NOSSO E
CRISTÃ CRISTÃ AOS SETE PASSOS
JESUS TEMPO INDICAÇÕES DE
METODOLÓGICOS
CRISTO IGREJA: LUGAR DE IGREJA: LUGAR DE
CORRESPONDEM SETE OPERACIONALI
ANIMAÇÃO BÍBLICA DA ANIMAÇÃO BÍBLICA
PERGUNTAS: ONDE ZAÇÃO
VIDA E DA PASTORAL DA VIDA E DA
ESTAMOS (1)? ONDE
PASTORAL PRECISAMOS ESTAR
(2)? QUAIS SÃO AS
IGREJA: COMUNIDADE IGREJA: COMUNIDADE
URGÊNCIAS PASTORAIS
DE COMUNIDADES DE COMUNIDADES
(3)? O QUE QUEREMOS
IGREJA A SERVIÇO DA IGREJA A SERVIÇO DA ALCANÇAR (4)? COMO

VIDA PLENA PARA VIDA PLENA PARA VAMOS AGIR (5)? O


QUE VAMOS FAZER
TODOS TODOS
(6)? COMO RENOVAR
AS ESTRUTURAS (7)?

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14. CONFERÊNCIAS GERAIS DO EPISCOPADO LATINO AMERICANO E
CARIBENHO – DO RIO DE JANEIRO À APARECIDA.

Desde a primeira Conferência Geral do Episcopado Latino Americano (Rio de janeiro 1955) até o
mais recente, acontecido em Aparecida no ano de 2007, o Brasil sempre se destacou como um país
que trabalha bem a recepção das conclusões de tais Conferências. Tal recepção sempre influencia
em seus projetos pastorais e Diretrizes Gerais do Episcopado Nacional.

I Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano – Rio de Janeiro, no Brasil (1955).


Destacou como o problema fundamental que aflige nossas nações a escassez de sacerdotes. “A
Conferência estima que a necessidade mais premente da América Latina é o trabalho ardoroso,
incansável e organizado em favor das vocações sacerdotais e religiosas, e faz, portanto, fervoroso
chamado a todos, sacerdotes, religiosos e fiéis, para que colaborem generosamente numa ativa e
perseverante campanha vocacional”. Pediu ao Papa Pio XII a licença para a criação de um
organismo que articulasse os trabalhos das Igrejas do Continente. Assim, em novembro desse
mesmo ano foi criado o CELAM (Conselho Episcopal Latino Americano).

I Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano – Medellín na Colômbia (1968). Sob o


tema “A Igreja na atual transformação da América Latina à luz do Concílio”, Medellín
apresentou-se como uma releitura do Vaticano II para a Igreja na América Latina. Destacou a
participação da Igreja na luta pela transformação social e política da realidade, a opção pelos pobres
e pelas comunidades eclesiais de base.

III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano – Puebla no México (1979). Sob o


tema “Evangelização no presente e no futuro da América Latina”, a terceira Conferência
reafirmou as opções de Medellín e deu ênfase à religiosidade popular e a juventude.

IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano – Santo Domingo na República


Dominicana (1992). Sob o tema “Nova evangelização, Promoção humana, Cultura cristã”, e
sob o lema “Jesus Cristo ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8), a quarta Conferência deu ênfase ao
processo de inculturação e ao protagonismo laical na evangelização.

IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano – Aparecida, Brasil, de 13 a 31 de


maio de 2007. Sob o tema: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos
povos tenham vida” e sob o lema “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6) destacou a
formação de discípulos e missionários para que a evangelização possa enfrentar os desafios do
mundo atual.

15. ALGUNS DESAFIOS ECLESIAIS ATUAIS

Vivemos uma situação nova sem respostas prontas. Olhar a história nos ajuda muito, mas é
preciso ter claro que se se olha para trás é em função do presente e do futuro que o fazemos.
Hoje, mais do que nunca, somos questionados quanto à nossa identidade cristã, o nosso
específico. Mas somos também chamados a dar resposta concreta do por que da comunidade. Bem a
gosto do pensamento pós-moderno, fala-se de um cristianismo sem instituição: “Jesus sim, Igreja
não”. Que Igreja se rejeita hoje, temos coragem de fazer essa pergunta? O bispo proscrito francês,
D. Gaillot, colocou como título de sua obra: “Uma Igreja que não serve, não serve para nada”. Uma
maneira de dizer que a Igreja existe para servir, a exemplo de Jesus que disse: “vim para servir, não
para ser servido”.

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Para que essa dimensão da Igreja seja bem explícita e transparente, terá ela que enfrentar,
segundo o teólogo espanhol, A. T. Queiruga, três desafios bastante fortes, nos próximos anos: 1) A
pobreza no mundo; 2) A democracia na Igreja; 3) A situação eclesial da mulher.
Pe. Benedetti costuma dizer que há um desafio novo e contundente para a Igreja hoje: o
pluralismo religioso. Enquanto os demais desafios lhes são, por assim dizer, vindo de fora; neste a
Igreja se sente questionada no seu próprio campo: o da religião.
O Papa Francisco lançou novo desafio à Igreja: sair da sacristia, ganhar a rua, ser uma Igreja
em saída. Sua Exortação Evangelii Gaudium é verdadeiramente um programa de ação, porém não
sabemos se há “mão-de-obra” com o mesmo ardor do Papa Francisco para tocar para frente tal
programa.
Não temos respostas prontas, mas alimentamos uma confiança enorme que Deus faz
conosco a travessia e que no diálogo vamos clareando a verdade.

Pe. Manoel Godoy


BSB, 20/01/2001
Revisado em 16/12/2018 – Belo Horizonte

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
1. ANTONIAZZI, Alberto. Planejamento Pastoral, Reflexões Críticas. In: Perspectiva Teológica 21 -
1989.
2. ANTONIAZZI, Alberto. Rumo ao Novo Milênio - Um plano de ação conjunta para Bispos, Padres,
Agentes de Pastoral e Comunidades. In: Revista Pastoral, nº 191. São Paulo: Paulus, 1996.
3. BEOZZO, José Oscar. Igreja no Brasil, Planejamento pastoral em questão. In: REB 42 (1982).
4. BRUNEAU, Thomas. O Catolicismo Brasileiro em Época de Transição. São Paulo: Loyola, 1974.
5. CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (2015-2019). São Paulo: Paulinas, 2015.
6. CNBB. Olhando para a frente - Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio”. São Paulo: Paulinas, 2000.
7. CNBB. Plano de Emergência. Rio de Janeiro: Livraria Dom Bosco Editora, 1962.
8. CNBB. Plano de Pastoral de Conjunto. Rio de Janeiro: Livraria Dom Bosco Editora, 1966.
9. CNBB. Queremos Ver Jesus – Caminho, Verdade e Vida. Projeto Nacional de Evangelização (2004-
2007). Brasília: CNBB, 2003, pp. 36.
10. CABELLO, M; ESPINOZA, E; GÓMEZ, J. Manual de Planejamento Pastoral. São Paulo: Paulinas,
1987.
11. CNBB. Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo Milênio”. São Paulo: Paulinas, 1996.
12. CNBB. Sociedade Brasileira e Desafios Pastorais - Preparação das Diretrizes Gerais da Ação
Pastoral, 91-94. São Paulo: Paulinas, 1990.
13. FREITAS, Maria Carmelita. Elementos para uma História do Planejamento Pastoral na Igreja do
Brasil. Subsídio da CNBB, 1993.
14. GONZALES FAUZ, José Ignácio. Desafio da Pós-Modernidade. São Paulo: Paulinas, 1996.
15. PAYÁ, Miguel. O Planejamento Pastoral a Serviço da Evangelização. São Paulo: Ave Maria, 2005.
16. QUEIRUGA, Andrés Torres. “O cristianismo no mundo de hoje” São Paulo: Paulus, 1994.
17. BRIGENTI, Agenor. A Desafiante proposta de Aparecida. São Paulo: Paulinas, 2007.
18. CELAM. Documento de Aparecida – Texto conclusivo da V Conferencia Geral do Episcopado
Latino-Americano e do Caribe. São Paulo: Paulus e Paulinas, 2007.
19.PAPA FRANCISCO. Exortação Apostólica do Sumo Pontífice Francisco. Evangelii Gaudium –
sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. Coleção Documento do Magistério – São Paulo: Paulus
e Loyola, 2013.

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