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PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
E A CRIAÇÃO DA RAPS
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA E INSTITUCIONAL
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A Reforma Psiquiátrica no Brasil e a Rede
de Atenção Psicossocial
• A Reforma Psiquiátrica no Brasil é um processo que surge no contexto
da redemocratização, no final da década de 1970, e tem como
fundamentos não apenas uma crítica conjuntural ao subsistema
nacional de saúde mental, mas também – e principalmente – uma
crítica estrutural ao saber e às instituições psiquiátricas clássicas.
• Foi inspirada no referencial teórico-prático da Reforma Psiquiátrica
Democrática italiana sob o paradigma da desinstitucionalização como
desconstrução e se pauta por uma ética de inclusão social,
solidariedade e de resgate da cidadania do louco, que foram
sistematicamente negadas pela Psiquiatria e pelo Estado.
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Um processo social complexo
• Segundo Rotelli, a Reforma Psiquiátrica é um Processo Social
Complexo, que comporta quatro dimensões:
• epistemológica-conceitual
• técnico-assistencial
• político-jurídica
• sócio-cultural, envolvendo diversos movimentos, atores e saberes.
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A dimensão epistemológica-conceitual
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A dimensão técnica-assistencial
A partir da Reforma, foram criados novos serviços com
experiências inovadoras, orientados por uma ética de inclusão
social e afirmação do direito de cidadania das pessoas com
transtornos mentais. Foram chamados de serviços
substitutivos pelas rupturas operadas com o modelo
manicomial e seus referenciais e abriram novo campo de
construção de saberes, práticas, cultura e formas de se
relacionar com a loucura.
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Serviços substitutivos
• Segundo Rotelli (2001), são denominados substitutivos os serviços que
trazem em sua gênese a desmontagem do manicômio e a supressão
(substituição) de suas práticas preexistentes, usando e transformando
recursos materiais e humanos ali depositados. A sua inovação se coloca
diante das rupturas com determinado paradigma que orienta o método
epistêmico da psiquiatria tradicional. Propõe a organização dos serviços
substitutivos a partir de três perspectivas:
• 1. Responsabilidade em responder à totalidade das necessidades de saúde
mental de uma população determinada;
• 2. Mudança nas formas de administrar os recursos para a saúde mental;
• 3. Multiplicar e tornar mais complexa a profissionalidade dos operadores.
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Serviços inovadores
Segundo Amarante, os serviços de atenção psicossocial não
deveriam ser pensados apenas como novos serviços e sim
como serviços inovadores; isto é, como espaços de produção
de novas práticas sociais para lidar com a loucura, o
sofrimento psíquico, a experiência diversa; para a construção
de novos conceitos, de novas formas de vida, de invenção de
vida e saúde.
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Os primeiros serviços
• Os primeiros serviços que passam a operar nessa lógica de
intervenção frente à loucura e o sofrimento psíquico foram o Centro
de Atenção Psicossocial (CAPS) Prof. Luís da Rocha Cerqueira, em São
Paulo, e o Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS), em Santos.
• Simultaneamente ao surgimento destes serviços, várias outras
experiências foram produzidas no Brasil na busca de constituir uma
Rede Substitutiva ao modelo manicomial. Cidades como Porto Alegre,
Belo Horizonte, Campinas, São Paulo dentre outras cidades se
aventuram nesta construção.
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Em São Paulo
• Mais especificamente na cidade de São Paulo, na gestão da prefeita Luiza
Erundina, 1989 a 1992, constituiu-se um modelo assistencial com base na
diversidade dos espaços institucionais e na diversidade das necessidades
dos usuários dos serviços.
• “... buscou-se, de um lado, potencializar e redirecionar as ações nos
equipamentos de saúde já existentes, como Unidades Básicas de Saúde, os
Prontos Socorros e Hospitais Municipais. De outro, criar equipamentos de
atenção específica, como os Hospitais Dia, e também ações em espaços
públicos, ampliando a possibilidade de inclusão de alguns grupos
populacionais alijados do convívio social e das relações de lazer, a partir da
instalação de Centros de Convivência e Cooperativas nos parques e clubes
municipais. (SCARCELLI, 1998).
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CAPS Prof. Luís da Rocha Cerqueira - 1987
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O conceito de território
• Nesta perspectiva entra em cena o conceito de território, que se
torna a base das ações e das intervenções dos serviços substitutivos.
• É só no território que o serviço pode promover uma mudança na
cultura, apresentando novas formas de lidar com a loucura,
estimulando seu acolhimento pelos atores sociais e diminuindo sua
estigmatização.
• O geógrafo Milton Santos afirma que o território está muito além da
demarcação territorial e sua descrição. Para ele, o território é a base
sobre a qual a sociedade produz sua própria história, configurando-se
em um espaço dinâmico e de vida.
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Articulação no território
• “O trabalho no território se articula sob duas formas:
• De forma direta (redes e suporte social): inclui visitas
domiciliares, vínculo com familiares, diálogos com a
vizinhança e bairro, movimentos sociais, ação cultural, etc;
• De forma indireta (intersetorialidade): trabalhando com
instituições localizadas nesse território, no sentido de
confrontar resistências e ampliar possibilidades” (ANAYA,
2004).
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Do Modo Asilar ao Modo Psicossocial
• A Reforma Psiquiátrica contrapõe ao Modo Asilar o Modo Psicossocial, que
tem como pressupostos:
• o planejamento do modelo assistencial coletivizado, produzido no espaço
multiprofissional com qualidade interdisciplinar ou transdisciplinar.
• a superação da rigidez da especificidade profissional com a flexibilidade
para gerar o produto de saúde mental compatível com a necessidade do
consumidor de produto de saúde mental.
• essa posição visa à reorientação do modelo de atenção que define a
concepção de saúde como processo e não como ausência de doença, na
perspectiva de produção de qualidade de vida, enfatizando ações integrais
e de promoção da saúde.
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Uma rede de cuidados
• Em contraponto ao Modelo Asilar, que tem a pretensão de ser uma
instituição total e autossuficiente, o Modo Psicossocial parte do
entendimento da necessidade da constituição de uma Rede de
Cuidados.
• “Uma rede de cuidados no âmbito da micropolítica se forma por
fluxos entre os próprios trabalhadores, que no ambiente de trabalho
estabelecem conexões entre si. Estas redes são ativadas e se mantêm
funcionando pelos trabalhadores e seu funcionamento acontece
mediante um determinado projeto terapêutico” (FRANCO, 2006).
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O Centro de Atenção Psicossocial CAPS
• “Defendo aqui que o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), o
principal instrumento de implementação da política nacional de
saúde mental, deve ser entendido como uma estratégia de
transformação da assistência que se concretiza na organização de
uma ampla rede de cuidados em saúde mental. Neste sentido, não se
limita ou se esgota na implantação de um serviço. O CAPS é meio, é
caminho, não fim. É a possibilidade da tessitura, da trama, de um
cuidado que não se faz em apenas um lugar, mas é tecido em uma
ampla rede de alianças que inclui diferentes segmentos sociais,
diversos serviços, distintos atores e cuidadores” (YASUY, 2006).
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A oficialização da Rede de Atenção
Psicossocial
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Diretrizes da RAPS
I - respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das
pessoas;
II - promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;
III - combate a estigmas e preconceitos;
IV - garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado
integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;
V - atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas;
VI - diversificação das estratégias de cuidado;
VII - desenvolvimento de atividades no território, que favoreçam a inclusão
social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania;
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Diretrizes da RAPS
VIII - desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos;
IX - ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e
controle social dos usuários e de seus familiares;
X - organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com
estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do
cuidado;
XI - promoção de estratégias de educação permanente; e
XII - desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos
mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular.
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Objetivos Gerais da RAPS
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Referências Bibliográficas