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5) FUNDAMENTOS DA PSICOMETRIA

- A avaliação neuropsicológica pode ser definida como um método para se examinar o


encéfalo por meio do estudo de seu produto comportamental
- Psicologia cognitiva: a ênfase é no processamento da informação  nas diferentes operações
mentais necessárias para a execução de determinadas tarefas
- As operações mentais envolvem:
a) tomar uma representação como um input
b) executar algum tipo de processamento sobre ele
c) produzir uma nova representação - o output
- A teoria neuropsicológica deve apresentar explanações sobre o processamento subjacente às
atividades mentais superiores do ser humano que permitam a verificação neuroanatômica
(correlatos neuroanatômicos dos processos mentais) de tal processamento
- A avaliação neuropsicológica envolve o estudo intensivo do comportamento por meio de:
entrevistas, questionários e testes normatizados

- Pode se basear em duas perspectivas distintas: a idiográfica e a nomotética


* IDEOGRÁFICA: mais relacionada com procedimentos não padronizados/pouco estruturados
 visa a obtenção de informações aprofundadas sobre o sujeito, relacionando-as com seu
histórico específico e os contextos culturais e sociais nos quais está inserido
* NOMOTÉTICA: mais relacionada aos procedimentos mais estruturados, com padronização
estabelecida previamente  o foco é nos padrões, nas tendências populacionais, nas
informações sobre as pessoas que podem ser generalizadas
- O campo de estudo que se foca na perspectiva nomotética é a psicometria - conhecimentos
são altamente requeridos na avaliação psicológica

- Do ponto de vista clínico, é importante que o profissional considere as duas perspectivas no


momento da avaliação
- Utilização de procedimentos padronizados + não padronizados --> permite o acesso a
informações complementares/provenientes de diferentes naturezas
- A avaliação neuropsicológica padronizada tem sido muito influenciada pela psicometria
- Compartilha com a avaliação psicológica o objetivo de obter informações a respeito de
aspectos psicológicos de um determinado indivíduo ou grupo de indivíduos, possibilitando o
subsídio e a orientação do processo de tomada de decisão
- Envolve procedimentos diversos para coleta de informação
- Entre as opções, estão os testes padronizados -> ferramentas úteis dentro do processo de
avaliação (desde que propriedades psicométricas sejam verificadas e atinjam critérios
preestabelecidos)
- Na avaliação neuropsicológica as abordagens nomotética e idiográfica também devem ser
usadas de forma complementar
- A flexibilidade na aplicação dos instrumentos é um aspecto central da avaliação
neuropsicológica
- Além da administração de provas padronizadas + registro quantitativo das respostas = deve
ser realizada uma observação detalhada das respostas gerais do paciente: responsividade,
reconhecimento dos próprios erros, respostas emocionais e características de execução das
tarefas
- Assemelha-se à avaliação psicológica no que tange à necessidade da investigação das
qualidades psicométricas de seus instrumentos
- Como qualquer ferramenta de avaliação psicológica, os testes neuropsicológicos devem
apresentar parâmetros psicométricos adequados

PSICOMETRIA
- A psicometria refere-se ao campo de estudo das medidas psicológicas ou de processos
mentais
- Fundamenta-se prioritariamente na visão quantitativa para observação dos fenômenos
- Psicometria: engloba tanto os procedimentos para verificação das propriedades
psicométricas quanto as teorias psicométricas -> procedimentos + teoria
- Existem diferentes paradigmas a partir dos quais os profissionais podem se pautar

- Dois amplos paradigmas podem ser destacados: teoria clássica dos testes (TCT) e teoria de
resposta ao item (TRI)
* Teoria clássica dos testes - TCT: perspectiva macroscópica, foca nas propriedades
relacionadas aos instrumentos de medida como um todo
- O foco repousa no instrumento como um todo -> as propriedades verificadas se dão no nível
do teste: propriedades psicométricas
* Teoria de resposta ao item - TRI: foco nos elementos relacionados aos estímulos que
compõem os instrumentos, panorama mais microscópico
- O nível de especificidade da TRI é voltado preponderantemente aos estímulos componentes
de um teste

- Verificação das propriedades psicométricas de instrumentos neuropsicológicos: investigação


de determinados atributos (do ponto de vista da psicometria) de uma dada ferramenta
avaliativa
- É esperado que um teste apresente propriedades psicométricas adequadas com relação a
normatização, padronização, evidências de validade e índices de fidedignidade
- Ao se utilizar um instrumento para avaliação neuropsicológica, é necessário que se conheçam
minimamente suas características, sobretudo acerca do seu funcionamento
- Um instrumento deve avaliar com prioridade um determinado construto  uma primeira
verificação relevante busca observar se os estímulos que compõem o teste referem-se
suficientemente a um único construto
- Garantido isso, é importante assegurar que o construto avaliado é de fato aquele que se
espera que o teste avalie
- Existindo evidências de que o instrumento avalia prioritariamente um mesmo construto e
que o construto avaliado é o pretendido, o passo seguinte refere-se ao estabelecimento de
uma escala de medida e normas que possibilitem identificar a localização de um determinado
sujeito no construto avaliado
- Verificação das propriedades psicométricas dos instrumentos avaliativos: fidedignidade,
validade e normatização

FIDEDIGNIDADE
- A verificação da fidedignidade em um instrumento de avaliação está relacionada com a sua
capacidade de avaliar prioritariamente um único construto
- No uso de uma ferramenta para avaliar determinado construto, o profissional não acessa o
construto em seu nível verdadeiro no indivíduo, já que há sempre uma quantidade de erro
implicada
* Fórmula da fidedignidade: X = T + e
T = nível verdadeiro do indivíduo em determinado construto (true score)
e = aponta o erro, indicando a impossibilidade de se alcançar o T
X = em um processo avaliativo o que o profissional obtém é o X  escore observado do
indivíduo

- Quanto maior for o valor de e, mais o escore observado estará afastado do escore verdadeiro
de determinado sujeito
- Quanto menor o valor de e, mais próximo do escore verdadeiro do sujeito é possível chegar

- Erro de medida: tudo aquilo que o instrumento avalia, mas que não faz parte do construto-
alvo do instrumento
- Os indicadores de fidedignidade são indicadores de que o instrumento avalia de modo
prioritário um determinado construto  está suficientemente livre de erros de medida

1) Método por avaliadores: caracteriza-se por verificar a concordância entre duas ou mais
pessoas que corrigem ou atribuem pontuação a um determinado instrumento  objetiva
determinar o nível de concordância entre as atribuições dadas pelos avaliadores a um mesmo
instrumento respondido por um ou mais sujeitos
2) Teste-reteste: investiga o quão estável são os resultados obtidos em um teste respondido
mais de uma vez por uma mesma pessoa ou grupo de pessoas
3) Formas alternadas: trata da verificação da equivalência do conteúdo abordado por uma
ferramenta de avaliação, de modo que esse conteúdo é geralmente dividido em duas metades
equivalentes
4) Método das formas alternadas retardadas: diz respeito à integração do método de formas
alternadas e teste-reteste, isto é, verifica-se tanto a equivalência do conteúdo de um
instrumento que é dividido em formas equivalentes quanto a estabilidade das pontuações
obtidas ao longo do tempo

- Altos índices de fidedignidade sugerem que:


a) as variáveis que compõem o instrumento são consistentes: há indício de um construto
latente subjacente comum a essas variáveis
b) o conteúdo abordado em conjuntos de variáveis do instrumento (dois conjuntos) refere-se a
um mesmo construto (no caso, uma habilidade específica)
c) o desempenho dos sujeitos tende a ser avaliado adequadamente ao longo do tempo

VALIDADE
- Uma vez que o instrumento de avaliação apresente índices dentro do que é aceitável em
termos de quantidade de erro, indicando que se está avaliando um construto, é necessário
investigar qual é esse construto
- Se o instrumento de fato avalia determinado construto, então as interpretações que o
profissional faz das respostas dos sujeitos devem ser adequadas
- A propriedade que diz respeito a essa verificação é a validade, que se refere mais às
interpretações realizadas do que propriamente ao teste
- De fato, o instrumento deve funcionar como uma ponte entre o construto que se pretende
avaliar e as interpretações realizadas

= As

NORMATIZAÇÃO
- O processo de normatização de uma ferramenta de avaliação diz respeito ao estabelecimento
de uma escala de medida que possibilite localizar o sujeito no construto
= Realizado com base em três procedimentos distintos:
1. Referência à norma: compara os escores de um indivíduo com aqueles obtidos por um
grupo de referência (grupo normativo) e indica a posição relativa desse escore com relação ao
grupo
2. Referência ao critério: confere significado ao escore relacionando-o a alguma outra medida
que se queira prever, chamada critério externo (1 e 2 utilizadas com frequência em avaliação
psicológica e neuropsicológica)
3. Referência ao conteúdo: é utilizada quando o conjunto de problemas presente no
instrumento pode ser considerado uma amostra representativa do universo de problemas de
um determinado conteúdo (geralmente empregada na área educacional)

TABELAS NORMATIVAS: servem para consulta - o profissional transforma a pontuação bruta do


indivíduo em uma pontuação padronizada
- Independentemente de como foi calculado o dado normativo a partir do bruto, basta que o
avaliador identifique na tabela normativa o dado bruto obtido pela pessoa examinada e a
correspondente pontuação normativa
- A partir disso, o avaliador poderá realizar interpretações com base nas categorias propostas
para o instrumento

PADRONIZAÇÃO
- A padronização está relacionada com a uniformidade no uso das ferramentas avaliativas e
geralmente se refere ao momento da aplicação dos testes
- A padronização diz respeito à maneira como um instrumento de avaliação deve ser utilizado
no momento de aplicação
- Diz respeito ao grupo de regras estabelecidas para determinar como um teste deve ser
utilizado e, mais especificamente, aplicado
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Propriedades psicométricas típicas: fidedignidade, validade, normatização e padronização

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