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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

CÂMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES


DEPARTAMENTO ACADÊMICO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

JANE MARIA DOS SANTOS HOFFMANN BOHRER

AÇÕES E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELAS COMUNIDADES


TERAPÊUTICAS PARA A REINSERÇÃO SOCIAL DO DEPENDENTE
QUÍMICO APÓS O CICLO DE TRATAMENTO, NO MUNICÍPIO DE
CACOAL E ROLIM DE MOURA/RO

Cacoal/RO
2018
JANE MARIA DOS SANTOS HOFFMANN BOHRER

AÇÕES E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELAS COMUNIDADES


TERAPÊUTICAS PARA A REINSERÇÃO SOCIAL DO DEPENDENTE
QUÍMICO APÓS O CICLO DE TRATAMENTO, NO MUNICÍPIO DE
CACOAL E ROLIM DE MOURA/RO

Artigo de Conclusão de Curso apresentado à


Fundação Universidade Federal de Rondônia –
UNIR, Câmpus Professor Francisco Gonçalves
Quiles, como requisito parcial para a obtenção
do título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Profª Ma. Miriã Gil de Lima Costa

Cacoal/RO
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Fundação Universidade Federal de Rondônia
Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a)
_____________________________________________________________________________

B677a Bohrer, Jane Maria dos Santos Hoffmann.


Ações e atividades desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas para reinserção social do
dependente químico após o ciclo de tratamento no município de Cacoal e Rolim de Moura/RO /
Jane Maria dos Santos Hoffmann Bohrer. -- Cacoal, RO, 2018.
43 f. : il.
Orientador(a): Prof.ª Ma. Miriã Gil de Lima Costa

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) Fundação Universidade


Federal de Rondônia
1.Dependência química. 2.Comunidades terapêuticas. 3.Reinserção social. I. Costa, Miriã
Gil de Lima. II. Título.

CDU 364-78
_____________________________________________________________________________
Bibliotecário(a) Naiara Raíssa da Silva Passos CRB 11/Nº891
3

Dedico a Deus, autor da minha vida e também


a minha mãe, Ermenilda Mª Hoffmann (in
memoriam), que sempre foi e continuará sendo
minha força e inspiração.
4

Agradeço a Deus por ter me dado saúde e força


para superar as dificuldades, cuidando de cada
detalhe durante esta caminhada.

Agradeço ao meu pai Roque Marcolino, meus


irmãos, Geovane Hoffmann, Rogério
Hoffmann e Greice Santos, minhas cunhadas
Lucélia Santos e Noelia Melo pelo apoio e
estímulo, em especial ao meu esposo Eliseu
José Bohrer, aos meus filhos Vinícius dos
Santos Hoffmann Bohrer e Victória Hoffmann
Bohrer que compreenderam minhas ausências e
me ajudaram a concluir mais esta etapa de
minha vida, obrigada pela paciência,
compreensão, incentivo e carinho. Amo todos
vocês.

Agradeço a todos os professores que


contribuíram de forma primorosa para a
realização deste artigo, em especial as
professoras e orientadoras, Ma. Jane Aparecida
Nunes de Araújo e Ma. Miriã Gil de Lima Costa
que acreditaram na relevância deste tema.

Agradeço aos diretores das comunidades


terapêuticas de Cacoal e Rolim de Moura –
Rondônia pela receptividade e disposição em
contribuir para esta pesquisa.

Agradeço aos meus amigos Alex Ramos, Aline


da Silva e Paula Apª C. Silva Foli, que me
incentivaram todos os dias e ofereceram apoio
nos momentos difíceis.
5

“O vencedor sabe que o caminho da vitória é


longo, mas nunca desvia os olhos da sua meta.”

Autor desconhecido
6

AÇÕES E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELAS COMUNIDADES


TERAPÊUTICAS PARA A REINSERÇÃO SOCIAL DO DEPENDENTE
QUÍMICO APÓS O CICLO DE TRATAMENTO, NO MUNICÍPIO DE
CACOAL E ROLIM DE MOURA/RO 1

Jane Maria dos Santos Hoffmann Bohrer 2

RESUMO: A reinserção social do dependente químico após o ciclo de tratamento visa reintegrá-lo ao
convívio familiar, social e de trabalho, assim, este artigo tem como objetivo analisar as ações e atividades
desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas para a reinserção social do dependente químico no município de
Cacoal e Rolim de Moura/RO. A pesquisa apresenta método dedutivo, de caráter exploratório e descritivo com
abordagem qualitativa. A técnica de coleta de dados foi a entrevista estruturada, aplicada aos diretores responsáveis
pelas instituições. Os resultados demonstram que as duas instituições dispõem de programas que visam atender os
residentes dentro das normas legais, fazendo com que haja inclusão e interação social de forma a abranger as
relações familiares e sociais não só dentro da instituição, mas, preparando-os para enfrentar os desafios que
certamente virão, entretanto só uma instituição tem desenvolvido ações e atividades para a reinserção no mercado
de trabalho após o ciclo de tratamento. Acerca do papel da família no processo de tratamento foi possível constatar
a importância do apoio familiar ao interno por meio de visitas regulares, apesar de alguns familiares residirem
fora. Percebe-se que a reinserção do dependente químico no mercado de trabalho é possível, embora, as instituições
disponham de poucos recursos para prepará-los. Sugere-se que as comunidades terapêuticas busquem parcerias,
ainda que, a recolocação do indivíduo no mercado de trabalho torna-se um grande desafio, porém é primordial
para que se sinta valorizado e inserido ao meio social que associada ao apoio familiar possa se manter longe das
drogas.

PALAVRAS-CHAVE: Dependência química. Comunidades Terapêuticas. Reinserção Social.

INTRODUÇÃO

O fenômeno do uso de drogas sempre existiu na cultura humana, contudo, as


características do consumo dessas substâncias transformaram-se consideravelmente nas últimas
décadas. Nesse contexto, Cavalcante et.al (2012) afirmam que a civilização tem feito uso de

1
Artigo apresentado à Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus Professor Francisco
Gonçalves Quiles, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração sob orientação da
Prof.ª Ma. Miriã Gil de Lima Costa.
2
Acadêmica do 8º período do curso de Administração da UNIR – Fundação Universidade Federal de Rondônia.
E-mail: jane.bohrer3528@gmail.com.
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substâncias psicoativas, desde a antiguidade, com propósitos unicamente terapêuticos ou


religiosos. No início do século passado começou a haver alterações químicas nas composições
dessas substâncias, propiciando associação ao abuso, dependência e consequentemente a
criminalização. Diante desta situação, a sociedade como um todo tem discutido sobre o tema
cobrando soluções por meio de políticas de enfrentamento e contenção desta problemática que
são as drogas.

O consumo de drogas tem feito com que indivíduos de várias idades, assim como suas
respectivas famílias percorram uma trajetória de tormenta nas relações entre si, culminando na
ruptura de laços familiares e sociais. Aos que consomem drogas em excesso, afastam-se do
caminho normal da vida, esse desvio ocorre pela dificuldade de aceitar um modo que lhe
propicie naturalmente as relações pessoais e organizacionais, portanto, o uso de droga em
demasia tem sido uma condição para muitas vidas serem destruídas (PEREIRA, 2012).

A dependência de drogas tem trazido aos indivíduos consequências danosas nas


relações familiares e diminuição de perspectivas dos projetos de vida afetando o indivíduo em
várias áreas trazendo perdas no meio familiar e social, prejudicando o desenvolvimento no
trabalho, tornando-se limitado para a execução de suas atividades dentro da empresa, assim, às
pessoas que sofrem com dependência química recomenda-se um tratamento adequado.

Conforme Souza et al. (2016), o tratamento realizado em comunidades terapêuticas


busca a restauração física e psicológica, reabilitação por meio da compreensão como cidadão e
a reinserção do dependente ao meio familiar, social e profissional por intermédio de programas
terapêuticos individualizado ou em grupos que podem incluir, convívio em grupo, terapia
ocupacional, momentos de reflexão espiritual, cursos profissionalizantes por meio de parcerias
e encaminhamentos ao mercado de trabalho, entre outras.

As Comunidades Terapêuticas assim como os Centros de Atenção Psicossocial


(CAPS) fazem parte das políticas sociais de atendimento ao dependente químico desenvolvidas
pelo poder público, que são recentes se comparada a problemática das drogas e do álcool que
atinge pessoas de diferentes idades e classes sociais. A proposta do governo é oferecer suporte
e capacitar as instituições para que ofereçam ao dependente químico toda assistência, o cuidado
prioritário e contínuo tanto para usuários quanto para suas famílias que também necessitam de
suporte.
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A busca pelo tratamento e recuperação precisa proporcionar ao dependente a


conscientização de uma mudança de comportamento e atitudes por meio de ações e atividades
que o leve a se recuperar e continuar longe das drogas. Nesse contexto, esta pesquisa buscou
responder: quais as ações e atividades voltadas para a reinserção do dependente químico ao
meio social após o ciclo de tratamento em comunidades terapêuticas em Cacoal e Rolim de
Moura/RO?

Para responder à pergunta problema em questão, esta pesquisa teve como objetivo
geral, analisar as ações e atividades voltadas para a reinserção social do dependente químico
após o ciclo de tratamento em comunidade terapêutica, no município de Cacoal e Rolim de
Moura/RO. E como objetivos específicos: identificar as ações e atividades desenvolvidas pelas
comunidades terapêuticas para a reinserção social do dependente químico; verificar o papel da
família no processo entre o tratamento e o retorno ao convívio familiar e social e levantar quais
foram os resultados da reinserção do dependente químico no mercado de trabalho.

A presente pesquisa foi proposta pela necessidade de se tornar mais amplamente


conhecidas as ações e as atividades desenvolvidas em favor do dependente químico, que busca
recolocar-se no âmbito social, familiar e no mercado de trabalho, processos que contribuem
para prepará-lo para os desafios, após terminar o ciclo de tratamento em comunidades
terapêuticas no município de Cacoal e Rolim de Moura/RO, pois este modelo de tratamento e
recuperação tem crescido proporcionalmente ao aumento do consumo de substância químicas.

Tais fatos, nos leva a necessidade de maior aprofundamento em relação a este tema,
pois são poucos os estudos que mostram as ações, seja por parte do governo, da comunidade
terapêutica ou até mesmo da sociedade, que sejam voltadas para a capacitação profissional e
reinserção social para os dependentes químicos após a recuperação.

O estudo proporcionará uma visão ampla com relação ao desempenho dos diretores
responsáveis pelas funções administrativas das instituições, que contam também com a
colaboração de uma equipe de funcionários e voluntários capacitados que buscam instituir e
realizar às ações e atividades desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas para reinserção do
indivíduo ao meio sócio familiar e no mercado de trabalho após o ciclo de tratamento,
contribuindo também para trazer conhecimento e despertamento à sociedade a fim de que todos
participem e colaborem de alguma forma para o êxito desse trabalho tão importante e necessário
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que é a reinserção social do dependente químico.

Possibilitará também, a aplicação de conteúdos desenvolvidos durante a graduação,


contribuindo na área de pesquisa, visto que, existem poucos estudos na região que seja voltado
para a área de administração em comunidades terapêuticas e de reinserção social, colaborando
para a universidade que em algum momento poderá usufruir das informações disponibilizadas
por esta pesquisa.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 DEPENDÊCIA QUÍMICA

A palavra droga leva ao entendimento de coisa ruim, mas há alguns critérios diferentes
para sua finalidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2002), droga é toda
substância que ao ser inserida no corpo vivente, causará mudanças em suas funções, seja lícita
ou ilícita, o que diferencia é como essa substância age em cada indivíduo, pois as drogas
possuem componentes que podem tanto ajudar a resolver determinado problema de saúde como
também podem alterar funções do organismo, causando dependência e maior controle sobre o
indivíduo. Assim, o consumo dessa substância se torna mais importante do que qualquer outra
ação antes prioritária.

O uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas não é um problema atual, ao contrário, sempre
estiveram presentes na sociedade humana, de modo que, desde a antiguidade se faz uso dessas
substâncias por várias razões, entre elas por motivos religiosos, medicinais, culturais, para se
isolar do sofrimento ou mesmo no anseio pelo prazer. A conjuntura que abrange as mudanças
motivacionais e as novas formas de aquisição dos elementos psicoativos diferenciam-se muito
com o passar do tempo. Atualmente, a característica do consumo de substâncias está
relacionada com o ambiente em que o indivíduo está inserido, levando em consideração a
instabilidade pessoal e social (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

O que determina o uso e/ou abuso é a frequência com que o indivíduo consome a
substância, se é esporádico ou recorrente, em determinadas circunstâncias, não se caracteriza
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dependência, mas, se o consumo se torna excessivo e sem controle, tal atitude é a condição que
o leva para o começo da dependência (LARANJEIRA, 1996).

De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas-


CEBRID (2011), as drogas psicotrópicas são aquelas que atuam no cérebro, alterando de
alguma forma o psiquismo refletido no comportamento e interferindo nas funções do Sistema
Nervoso Central - SNC. Quanto às ações sobre o SNC, as drogas classificam-se em:
depressoras, estimulantes e perturbadoras, conforme descritas no quadro 1.

Quadro 1: Classificação das drogas quanto à atuação no Sistema Nervoso Central


Classificação Características Exemplos

São as que agem em algumas funções Álcool


cerebral, pode ocorrer diminuição motora, da Barbitúricos,
Depressoras ansiedade e da dor, é comum o efeito de Benzodiazepínicos,
euforia no início e depois a sonolência. Opiáceos Solventes ou
inalantes
São as que aumentam a atividade e o Cigarro (nicotina),
funcionamento do cérebro, fazendo com que Cocaína,
Estimulantes haja um estado de alerta exagerado, insônia e Cafeína, Anfetaminas
aceleração dos processos psíquicos.
(anorexígenos)
Crack
São as que provocam alterações cerebral THC (Maconha)
causando efeito alucinógeno que varia entre Psilocibina (alguns
alucinação e delírio. cogumelos), Ayahuasca
(chá do Santo Daime),
Perturbadoras Anticolinérgico LSD-25
“Êxtase”

Fonte: adaptado pela autora (2018)

O crack é uma droga recente se comparada ao álcool por exemplo, mas que causa
danos terríveis, pois, são pequenas pedras feitas para serem fumadas, tornando seu efeito
imediato o que provoca uma rápida elevação de euforia, por ser uma droga barata e
extremamente viciante provocou uma rápida popularidade dessa substância que afeta áreas
físicas, psicológicas e comportamentais (KESSLER; PECHANSKY, 2008). É importante
destacar que o consumo do crack (derivado da cocaína) se tornou um dos maiores problemas
em termos de saúde pública nos últimos 25 anos (RIBEIRO; LARANJEIRA, 2012).

Portanto, verifica-se que as drogas depressoras têm o efeito de diminuir a ansiedade, a


dor, entre outras; as estimulantes aumentam a atividade e o funcionamento do cérebro,
mantendo o dependente em estado de alerta; e as perturbadoras são as de efeito alucinógeno.
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As drogas que atuam no SNC são as mais usadas, estão incluídas no grupo da
farmacologia, são usadas para fins terapêutico e com prescrição médica, mas é fato que também
são consumidas indiscriminadamente pelos indivíduos. As drogas lícitas como são conhecidas
e que são aceitas como, a cafeína, o álcool e o cigarro (nicotina) também provocam dependência
causando vários danos à saúde. Contudo, mesmo sabendo dos efeitos negativos, algumas
pessoas continuam fazendo uso pelo prazer que a substância proporciona (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, 2001).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 1998), vinculada ao Ministério


da Saúde, de acordo com a portaria-PRT nº 344, determina quais as substâncias que são:

a) Lícitas: são legalizadas, produzidas e negociadas livremente, sem risco de punição, entre
os principais exemplos de drogas lícitas existentes no Brasil destaca-se o: cigarro (nicotina),
álcool, anorexígenos (diminuidor de apetite) e benzodiazepínicos (fármacos usados a fim de
atenuar a ansiedade) entre outros;

b) Ilícitas: são os tipos de drogas, que por lei, a produção e a comercialização são proibidos,
a exemplo da cocaína, maconha e crack e demais drogas que vão surgindo com o passar do
tempo.

Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2014), a


dependência química é uma doença complexa que antes era vista como “desvio de caráter” e
no início do século XX passou a ser considerada como doença crônica, que afeta os aspectos
físicos, psicológicos, comportamentais e sociais como especificados na Classificação
Estatísticas Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a saúde, também
conhecida como Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Segundo Monteiro (2000)
existem alguns indícios evidentes de uso de drogas:

a) Alternância de comportamento;
b) Substituição de amigos e/ou companhias;
c) Diminuição de produção nos estudos ou no trabalho, além de faltas anormais;
d) Ausência ou exagero de apetite;
e) Falta de organização dos horários e do sono;
f) Desordem pessoal somado aos hábitos de higiene;
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g) Surgimento de objetos incomuns encontrados em bolsas pessoais do indivíduo como:


seringa, comprimidos, cachimbos e etc.
h) Minúsculos grãos e/ou partículas de folha seca com forte aroma de erva;
i) Olhos avermelhados, pequenos ou projetados sem problema de saúde aparente.

Entre os adolescentes é mais comum o desaparecimento, sem motivo aparente de


objetos pessoais ou de casa, além de atos estranhos de rebeldia, pedidos de dinheiro e práticas
de pequenos furtos, essas ações são justificadas, porque precisam de qualquer moeda de troca
para manter o vício, visto que não tem renda própria como os jovens e adultos (FIORELLE;
MANGINI, 2015).

Duarte, Stempliuk e Barroso (2009) realizaram um estudo feito no período de 2001 a


2006, em 108 cidades com mais de 200 mil habitantes que mostra o número de afastamento do
trabalho, onde pôde se observar que dentre os transtornos mentais que mais causaram
afastamento está o uso de substâncias psicoativas como o consumo do álcool e cocaína. De
forma que o abuso de drogas pode influenciar de forma direta e indiretamente nas relações com
o trabalho.

Em relação, à faixa etária e de gênero observou-se que a maior incidência de


afastamento do trabalho ocorre na faixa de 25 a 49 anos, com maior porcentagem para o sexo
masculino que é superior a 90%, com destaque para o álcool que é a substância mais associada
a ausência do trabalho, em segundo lugar a cocaína é a responsável pelo afastamento e que mais
de 50% dos pesquisados têm idade entre 20 e 29 anos e destes, 90% são do sexo masculino,
nota-se que essa droga está relacionada com idades mais jovens, enquanto o álcool ocorre com
mais frequência em faixa de idade mais adiantada pois já mostram padrão de abuso/dependência
(DUARTE; STEMPLIUK; BARROSO, 2009).

Nadvorny (2006) expõe que o dependente químico procura provar de todas as formas
que o uso ou abuso de substâncias psicoativas não é prejudicial, negando os efeitos ruins,
tentando manter uma postura de aparente sobriedade, racionalização e controle. Essa atitude de
não reconhecer a real situação que afeta o físico e o psicológico e consequentemente perdas
pessoais e profissionais só levam a confirmar que o dependente químico pode manter a
consciência, mas não a razão de suas atitudes. Portanto, conscientizar o dependente químico de
que precisa buscar tratamento não é tarefa fácil, mas necessário.
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1.1.1 Políticas Públicas

As políticas públicas foram sendo desenvolvidas ao longo do tempo conforme a


necessidade de controle e combate às drogas, visto que o crescimento dessas substâncias já
existentes e o surgimento de novas drogas aumentavam em ritmo acelerado. Conforme Alves
(2009), na antiguidade o consumo de substâncias psicoativas era regulado somente sobre o
contexto sociocultural com fins específicos, que se limitavam ao uso por meio de normas e não
representavam uma ameaça à saúde pública.

A partir do século XIX, essas substâncias começaram a passar por processos de


industrialização que resultaram em produtos mais potentes havendo um crescimento desses
elementos com fins terapêutico e recreativo, diante da expansão desenfreada fez-se necessária
a intervenção reguladora do Estado, que resultaram na formulação e implementação de políticas
pública (ALVES, 2009)

Para Dias (2012) políticas públicas são um conjunto de ações que o Poder Executivo
idealiza e implementa, visando a satisfação e o bem comum da sociedade. As ações que são
desenvolvidas através das políticas públicas influenciam e interferem na vida de todos de
alguma maneira.

Nas primeiras décadas do século XX, o governo brasileiro estabeleceu ações para o
controle de uso e de comércio de drogas, mesmo não havendo risco iminente à saúde pública,
tais ações eram voltadas principalmente para o combate do ópio e a cocaína, que determinavam
para os usuários de drogas ilícitas internação e isolamento social, para o consumo de álcool
havia permissão por parte dos governantes e da sociedade (MACHADO; MIRANDA, 2007).

De acordo com Duailibi, Vieira e Laranjeira (2011), a finalidade das políticas públicas
para o álcool, tabaco e outras drogas é minimizar ou prevenir as problemáticas que são
associados tanto para o indivíduo que consome a substância quanto para a sociedade, ou seja, é
um problema que atingidos a todos de alguma forma.

A política proibicionista de drogas, que teve os Estados Unidos como precursor dessa
política internacional, tem em torno de um século e tinha como objetivo acabar com a produção,
comércio e consumo de algumas substâncias psicoativas. Um dos grandes acontecimentos para
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fortalecer o modelo proibicionista foi a Convenção das Nações Unidas sobre Entorpecentes de
1961, onde os países comprometeram-se a empenhar-se no âmbito nacional e
internacionalmente contra o “flagelo da droga” (FIORE, 2012). Pois o consumo, comercio e
drogas estavam se tornando se, controle.

O proibicionismo e a redução de danos (RD), prevê duas maneiras diferentes de tratar


o problema das drogas. De um lado está o primeiro, que tem a função de reprimir o comércio
de substâncias psicoativas (SPAS) e do outro lado a RD, que busca tratar esse problema de
forma sensata, levando em consideração os problemas de saúde, sociais e econômicos sem
taxação moral (ANDRADE, 2000).

Segundo Duailibi e Laranjeira (2007), cada país determina de acordo com os níveis
diferentes de governo, qual será a política do álcool e de outras drogas. São leis federais e
nacionais com bases legais para prevenção e políticas de tratamento.

No Brasil foi a partir da década de 80, que se constatou a total falência das estratégias
contra as drogas pois seu consumo aumentava numa velocidade incalculável e cada vez mais
precocemente, com debates e movimentos sociais em busca dos direitos humanos constituiu-se
então políticas públicas voltadas aos indivíduos usuários de drogas, em especial as ilícitas,
formalizando as drogas como problema de saúde pública, problema no qual se fundiu com o
fator destruidor da Aids (MACHADO; BOARINI, 2013).

A estratégia da redução de danos (RD), teve início em meados de 1989, em Santos,


local que havia elevado número de casos de Aids ocasionado pelo uso de seringas contaminadas
que eram compartilhadas, dentre as estratégias uma era a distribuição de seringas para uso
individual que foi duramente criticada, sob a ótica de que essas ações facilitaria o consumo e
gastos de dinheiro público (MESQUITA, 1991).

Após muitos conflitos e debates, só em 1994, o Ministério da Saúde reconheceu a


redução de danos como estratégia de saúde pública, assim como o propósito de prevenção da
AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), DSTs (Doenças Sexualmente
Transmissíveis) e de hepatite entre os usuários de drogas injetáveis, metas apoiadas pelo
Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas (UNDCP) (BRASIL,
2003).
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Com o reconhecimento da importância da redução de danos, houve a incorporação


progressiva das políticas de saúde à legislação brasileira, que se deu pela aprovação da Lei
Federal n° 10.216/2001 (BRASIL, 2001). Conforme Machado e Miranda (2007), isso deu
legalidade para o renovo no campo da psiquiatria para assistir a área da saúde mental e os
usuários de drogas, através desta Lei foi criado os Centros de Atenção Psicossocial álcool e
drogas (CAPSad) voltado para os cuidados fora dos hospitais.

Em 2001, foi aprovada a Política Nacional Antidrogas (PNAD), que segundo Alves
(2009), traz em sua denominação o velho discurso proibicionista, mas que também tinha como
foco a redução de danos, porém com destaque para prevenção de doenças infecciosas.

Em 2005, a PNAD traz algumas mudanças relevantes, com ações voltadas totalmente
para a prevenção, tratamento, reinserção social e repressão ao tráfico, em função dessa nova
visão, teve seu nome mudado para Política Nacional sobre Drogas (BRASIL, 2011).

Dias (2012) e Costa (2009) concordam que o Sistema Nacional de Políticas sobre
Drogas (SISNAD) criado pela Lei 11.343/2006 e regulamentado pelo Decreto nº 5.912/06, tem
como objetivos os descritos em sua lei instituidora (Lei 11.343/06), que são: “articular, integrar
e coordenar as atividades de prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas, repressão ao tráfico e alinhado com a Política Nacional sobre Drogas
(PND)”. Desse modo, os objetivos englobam todas as atividades necessárias contra as drogas.

O Fundo Nacional Antidrogas (FUNAB) que é administrado pela Secretaria Nacional


sobre Drogas (SENAD) é uma entidade que recebe recursos através de bens móveis e imóveis
que são apreendidos do narcotráfico e que depois de liberados pela justiça são leiloados
captando recursos, recebem também fundos provenientes da União. O dinheiro arrecadado é
usado para desenvolver operações de contenção, tratamento, recuperação e reinserção de
dependentes de substâncias psicoativas no Brasil (DIAS, 2012).

No estado de Rondônia, a SEPOAD (Superintendência de Estado de Políticas sobre


Drogas) é o órgão estabelecido sob o decreto nº 17.000 de agosto de 2012 no qual é responsável
por desenvolver o Programa Rondônia Acolhe que é estruturado em três eixos: prevenção,
tratamento/recuperação e reinserção social, além de coordenar os Centros de Referência de
Prevenção e Atenção à Dependência química-CREPAD que busca preparar e habilitar os
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municípios do estado para introdução e melhoramento da rede de atenção ao usuário e


familiares (GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA, 2018).

Conclui-se que, as drogas psicoativas não representavam perigo à sociedade. Com o


surgimento de políticas públicas houve várias mudanças, como na área da segurança, com ações
de repressão e o proibicionismo, na área da saúde houve um retardamento para que se criassem
ações para tratamento dos indivíduos em dependência, após a epidemia da Aids em que
houveram diversas contaminações pelo uso de seringas compartilhadas foi implementada a
estratégia de redução de danos ampliando as ações voltadas para o tratamento de drogas.

1.2 O MERCADO DE TRABALHO E O DEPENDENTE QUÍMICO

Um ambiente de trabalho satisfatório segundo Chiavenato (2010), é a organização que


além de obter e utilizar de forma correta seus colaboradores também os conservam contentes
por muito tempo na instituição, para isso é preciso que exista uma série de cuidados especiais
que asseguram a qualidade de vida na organização que engloba um ambiente físico, psicológico
e social de trabalho agradável e seguro.

É por meio do trabalho que o indivíduo se evidencia e se realiza demostrando sua


capacidade, agilidade, inteligência e sensatez, constatando sua personalidade para vencer as
oposições, essa prática traz benefícios a quem o faz e a quem recebe dentro dos princípios éticos
(Siqueira, 2008). Contudo, é no ambiente de trabalho que o problema de dependência química
tem trazido consequências danosas para o empregador e mais ainda para o empregado.

De acordo com Câmara (2008) é um erro imaginar que se pode dividir a vida particular
do trabalho, quando na verdade tais atividades se complementam de forma que o trabalho traz
um importante sentido à existência do indivíduo, esse equilíbrio configura uma condição crucial
para o sucesso, portanto, não se pode pensar que um dependente químico possa ter um bom
rendimento no trabalho se estiver passando por problemas pessoais principalmente relacionado
as drogas.

É possível identificar alguns sinais no ambiente de trabalho que segundo Vaissman


(2004), podem estar ligados à dependência de álcool de outras drogas como: ausências durante
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o horário de trabalho, absenteísmo, queda na produtividade, empréstimos de dinheiro, atitude


ruim com colegas de trabalho, hábitos de chegar cheirando álcool pela manhã, entre outros.

A comprovação dos prejuízos pelo consumo de substâncias psicoativas fez com que
algumas organizações empresariais implantassem políticas de combate, assistência e prevenção
de álcool e drogas entre seus colaboradores, sendo possível de duas maneiras, primeiro, a
efetivação de políticas internas constituindo vínculos entre a empresa e colaboradores
melhorando a vida deles como um todo e segundo, tratar de forma clara e objetiva a
problemática do álcool e drogas, tendo como suporte três questões: políticas claras de proibição,
apoio e assistência aos dependentes e programas de prevenção (CAMPOS; FIGLIE, 2011).

Mesmo num bom ambiente de trabalho é possível haver colaboradores que apresentem
problemas relacionados à dependência de substâncias psicoativas, compete ao gestor verificar
e identificar esses problemas, se constatado é preciso que a organização procure dar apoio e
assistência para um tratamento, recuperação e a reinserção deste dependente de volta na
organização, ou seja, o empregador ou o responsável precisa identificar sinais e oferecer ajuda,
buscando dar todo apoio possível.

1.3 COMUNIDADES TERAPÊUTICAS

Comunidades terapêuticas são instituições de acolhimento sem fins lucrativos de caráter


privado que oferecem atendimento em regime residencial. A classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE), é um instrumento de padronização nacional dos códigos de
atividade econômica e dos critérios de enquadramento utilizados pelos diversos órgãos da
Administração Tributária do país e classifica as comunidades terapêuticas com o código 8720-
4/99, que se enquadra como Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos com
Alojamento. O CNAE resulta de um trabalho conjunto das três esferas de governo, elaborada
sob a coordenação da Secretaria da Receita Federal e orientação técnica do IBGE, com
representantes da União, dos Estados e dos Municípios, na Subcomissão Técnica da CNAE,
que atua em caráter permanente no âmbito da Comissão Nacional de Classificação - CONCLA.
(IBGE, 2018).

O tratamento em comunidades terapêuticas é caracterizado por fazer com que o


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indivíduo seja acolhido em regime de internato. De acordo com Fracasso (2011), as


comunidades terapêuticas (CTs) são instituições que foram inseridas no Brasil por volta de
1970, porém nem sempre eram adequadas com a proposta original, que era o método
psicossocial idealizado pelo Pe. Haroldo J. Rahan, para regularizar e instituir normas que
fizessem com que o tratamento fosse adequado ao método psicossocial, o Padre Haroldo fundou
a Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT), em 16 de outubro de 1990.

Para garantir a idoneidade de forma que alcance de maneira positiva os indivíduos que
passarem pelas CTs é preciso que haja fiscalização. Em 2001, a Agência Nacional de vigilância
Sanitária (ANVISA), verificou a inevitável necessidade de formular normas para este tipo de
serviço público e privado de atenção aos indivíduos com transtornos por causa do uso ou abuso
de substâncias psicoativas, adotou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 101/2001,
documento este que trouxe regulamento técnico para o funcionamento das CTs, em 2011, a
ANVISA revogou esta regulação e criou a RDC 29/2001, aproximando mais ainda o modelo
proposto pela FEBRACT que distancia a forma hospitalar de tratamento e trazendo um
ambiente mais residencial e familiar (FRACASSO, 2011).

Na percepção psicossocial, principalmente, da área da saúde mental, o tratamento que


as comunidades terapêuticas oferecem estabelecem diversas formas de violação. Esse conceito
é baseado em acusações, que vão de maus tratos a violações de direitos humanos, fato que
coloca algumas CTs de encontro às modernas políticas de tratamento da saúde mental
(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2011).

Sabino e Cazevane (2005) explicam que o objetivo das comunidades terapêuticas é


promover uma mudança da personalidade, um crescimento interior e direcionar a reinserção do
indivíduo na sociedade através da criação de novos princípios morais e sociais.

Na visão de Sabino e Cazevane (2005) existem três modelos de tratamento terapêutico


que são: a primeira é baseada em internações em hospitais que dura pouco dias com possível
administração de medicamentos, cuidados alimentares e descanso, a segunda são as clínicas de
alto padrão e privadas onde o tratamento dura de médio a longo prazo, com atendimento voltado
para pessoas com poder econômico alto e pôr fim a terceira que são as comunidades
terapêuticas, que possuem a capacidade de acolher pessoas de diferentes níveis econômico,
cultural e social, onde o tratamento pode ser no campo espiritual, com liderança de religiosos e
19

egressos, pode ser científica que é composto por médicos, psicólogos, técnicos e voluntários e
a mista que é junção do espiritual com o científico.

Ribeiro e Minayo (2015) reafirmam que os três principais modelos de comunidades


terapêuticas existentes no Brasil são as de, caráter religioso-espiritual, que tem sob sua
responsabilidade a atuação de religiosos e egressos, o modelo Científico, que conta com uma
equipe formada por médicos, psicólogos e assistentes sociais e os modelos de atuação mista,
que engloba todas as modalidades citadas nos modelos anteriores, a metodologia Minessota
também tem contribuído como base religiosa que busca a cura por meio da esperança e
confiança no poder divino, e o método Synanom de fundamento totalmente analítica,
fundamentada na autoconfiança e na laborterapia.

Ribeiro, Figlie e Laranjeira (2004) complementam que os modelos Minessota e


Synanon de tratamento para dependentes, citados anteriormente, surgiram a partir de 1960. O
Modelo de Minnesota tem a visão institucional dos Alcoólicos Anônimos (AA) com tratamento
voltado principalmente para o lado espiritual, apoiado na assistência e nos doze passos, varia
entre 28 dias podendo chegar a vários meses e por fim procurava inserir um poder divino
elevado por meio da esperança e da confiança.

O Modelo de Synanon de Charles Dederich tem predominância analítica, que afirma


que o desvio para a dependência só seria reparado com novas maneiras de convivência e
métodos terapêuticos, a ideia era um modelo como uma nova casa, um novo ciclo de pessoas
para os dependentes químicos e suas famílias, mesmo com traços instituídas do AA, não tinha
o ser superior como essência, mas estimulava a autoconfiança do indivíduo usando muitas vezes
de humilhação, encargo de culpa tendo a laborterapia como base principal deste método
(RIBEIRO; FIGLIE; LARANJEIRA, 2004).

A saber é compreensível e necessário que muitas atividades, atitudes e desempenho


social são restringidos ao adentrar em uma instituição, já que o intuito principal é a recuperação
do indivíduo, para isso o propósito terapêutico deve ser o mais individualizado possível,
contudo observa-se que este distanciamento social pode levar à perdas de laços afetivos, como
as relações com a família e amigos mas que podem ser reatados ao fim do tratamento, porém
há perdas que não se pode recuperar como, perdas financeiras, demissão do trabalho, entre
outras (DAMAS, 2013).
20

O papel dos responsáveis pelas comunidades terapêuticas equipara-se com a função


de gestores de qualquer outra organização, desse modo Chiavenato (2010) destaca que as ações
para um bom convívio entre todos que compõem a organização devem ter regras claras para a
solução de possíveis conflitos criando um ambiente de confiança, respeito e consideração,
buscando atender a todos com respeito oferecendo meios de atender as necessidades pessoais e
familiares de todos. Para administrar uma comunidade terapêutica é preciso dispor de todo
conhecimento na área de gestão de pessoas bem como ter a capacidade de fazer com que todos
cumpram as políticas organizacionais internas e externas.

Certas condutas básicas e que fazem parte da estrutura que compõe as CTs podem se
destacar: limites, ordem, horários e obrigações bem específicas, sendo comum serem
localizadas em regiões afastadas da cidade. É alicerçado na obediência e em princípios como:
realizar tarefas em grupo, terapia ocupacional, abstenção de drogas e sexo com penalidade aos
que infringirem as regras, os internos que estão há mais tempo em recuperação tem a missão de
apoiar de forma voluntária os novos integrantes. O eixo religioso de instituições católicas e
evangélicas são predominantes nessa área (RIBEIRO; MINAYO, 2015).

Damas (2013) concorda com Ribeiro e Minayo (2015) ao afirmar que no Brasil as
Comunidades Terapêuticas são em sua maioria instaladas em localidades da zona rural onde
recepcionam pessoas com problemas com uso ou abuso de substâncias químicas. As
metodologias utilizadas para o tratamento podem variar de modelo religioso a atividade laboral,
outras, o modelo médico e suas variáveis ou ainda o método misto que inclui parte de todas as
metodologias.

Segundo Ribeiro e Minayo (2015) é dever do Estado acompanhar e avaliar as


instituições, além disso deve ter prioridade no que diz respeito à consolidação e aumento dos
serviços ligados a saúde mental, com destaque para o CAPSad, afirma ainda que, não se deve
apoiar projetos terapêuticos embasado somente em concepções religiosas-morais como é em
algumas comunidades terapêuticas, mas é também responsabilidade do Estado estruturar
atividades de tratamento individuais, com prioridade para um tratamento com princípios de
respeito, com direito a escolha do indivíduo de modo que ele possa escolher o método de
tratamento em que melhor se enquadra.

Portanto, para o sucesso do tratamento em comunidades terapêuticas é importante


21

buscar todos os serviços disponíveis de apoio, para que, quando estiver em condições de
retornar ao convívio social, o dependente possa ter recursos, capacitação e soluções para
enfrentar os desafios que podem aparecer.

1.3 PAPEL DA FAMÍLIA

Problemas como, perdas do elo familiar, limitações no relacionamento com os pais,


irmãos ou cônjuge fazem parte das consequências desenvolvidas pelo uso compulsivo de drogas
quando um integrante da família entra no mundo da dependência de drogas.

A primeira célula elementar social é a família, onde a pessoa aprimora competências,


inteligência, sentimentos e crenças. É a família, a primeira a sentir as sequelas que a droga faz.
Essas substâncias prejudicam a qualidade de vida do usuário e de sua família (MATOS, 2017).
Beck Júnior e Schneider (2012) complementam ainda que a família se estabelece como a base
de maior cuidadora, em que é responsável pelo crescimento de seus integrantes, porém, ao se
tratar de dependência química esta família pode ser seriamente abalada.

A questão das drogas é difícil, porém, a família desempenha um papel fundamental na


criação do indivíduo e se estabelece como a primeira a instituir meios de prevenção, do mesmo
modo que há esforços de enfrentamento às substâncias psicoativas há uma grande importância
da família como meio de prevenção e combate ao uso indevido de drogas (BECK JUNIOR;
SCHNEIDER, 2012). No entanto, é possível que mesmo tendo conhecimento dos males que as
drogas causam, alguns indivíduos tornam-se dependentes.

Para recuperar a qualidade de vida e reinserir o indivíduo dependente na sociedade, é


fundamental que a família participe do processo de recuperação. Pois, os problemas decorrentes
do uso excessivo de entorpecentes pelo usuário detêm uma amplitude que adoece os membros
familiares (GANEV; LIMA, 2011). Esse fato, é confirmado por Matos (2017) ao complementar
que os familiares sofrem com sentimento de tristeza e culpa, sendo importante receberem
tratamento para auxiliar nesse momento difícil.

Há situações em que a reabilitação não tem êxito para o dependente, entretanto a


informação ao grupo familiar estimula melhorias em suas vidas. São comuns relatos de
22

familiares que desenvolveram vício em medicamentos, transtorno de ansiedade e tentaram


contra a própria vida, na tentativa de conter as atividades do componente familiar dependente
de drogas. Dessa forma, o restabelecimento dos vínculos familiares é importante na reinserção
social (GANEV; LIMA, 2011).

Os familiares são importantes na fase de tratamento, onde tem que ter conhecimento
para lidar com fatos estressantes, prevenindo circunstâncias como comentários críticos ou
proteção exagerada ao dependente; duas circunstâncias que ocasionam recaídas. Com o
conhecimento e diagnóstico, a família passa a auxiliar melhor o processo de tratamento,
juntamente com a medicação e profissionais especializados (MATOS, 2017). Desse modo, a
importância da presença e do apoio da família é indiscutivelmente essencial para que o
tratamento seja finalizado dentro do tempo estabelecido.

1.4 REINSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

A reinserção no mercado de trabalho tem como uma das funções, resgatar projetos e
sonhos interrompidos pela dependência. Na opinião de Beck e David (2007), o consumo
abusivo de substâncias químicas leva ao acúmulo de vários problemas como, falta de lucidez
que reflete na organização, no desenvolvimento das tarefas e o absenteísmo, mesmo que possa
empenha-se para manter-se no emprego, consequentemente o desempenho profissional é
prejudicado, essas tentativas de manter-se no emprego leva o indivíduo a retardar o tratamento
em uma unidade de reabilitação.

Para obter êxito num processo de reinserção do dependente químico, é preciso que se
tenha objetivos formados numa visão voltada a assegurar ao indivíduo que busca mais do que
a recuperação física e psicológica do vício, busca também autossuficiência financeira e social,
aceitação familiar com absoluta atuação na sociedade, com seus direitos de cidadão
assegurados, assim como o cumprimento de seus deveres, trata-se de um processo sem limite
de tempo (REBELO, 2007).

Rebelo (2007), ainda explica que, a reinserção social terá que possibilitar ao
recuperando a combinação de recursos necessários para um trabalho digno, proporcionando
através do trabalho um estilo de vida sadio e liberto das drogas. Outros métodos que também
23

colaboram com a recuperação é o de voltar aos estudos que foram deixados, oferecendo
habilidades em áreas específicas, com o objetivo de preencher todo tempo livre prevenindo
possíveis recaídas.

A condução para o sucesso do tratamento do dependente químico, está principalmente


relacionado ao campo do trabalho, através do emprego obtém-se retornos clínicos favoráveis
como, diminuir ou acabar totalmente com o consumo de substâncias psicoativas, maior
comprometimento ao tratamento e minimização de delitos, também ajuda na estruturação diária
constituindo planos importantes, eleva a confiança em si mesmo, reflete através das finanças
um nova fase no meio social, sem a interferência da droga. Na visão dos empregadores, os
funcionários que estão em processo de recuperação trazem vantagem financeira, pois tendem a
não faltar, a não se atrasar e não têm tendência a conflitos com outros no local de trabalho
(RIBEIRO; LARANJEIRA, 2012).

As dificuldades encontradas para a introdução no mercado de trabalho fazem parte das


realidades adversas. Fato este que, Hildebrandt (2004), diz que a partir do momento em que o
empregador ou funcionários passam a saber sobre o histórico de dependência do empregado,
estes começam a ter atitudes preconceituosas, reduzindo sua capacidade diante de seus líderes,
fazendo com que sua presença no ambiente de trabalho fique insustentável, terminando em
demissão, que pode ser, por não atender o perfil que a empresa esperava ao selecioná-lo, por
causa da dependência que traz prejuízo à saúde causando limitações ou pelo risco de ter
recaídas.

A falta de preparação para a volta ao mercado de trabalho é sentida quando o


dependente bate à porta das empresas e percebe que não preenche as condições exigidas de
qualificação que o mercado espera, esse triste fato se dá em grande maioria porque o indivíduo
nunca se qualificou em uma determinada área ou por ter passado por diferentes serviços, o que
pode ser entendido como falta de compromisso (HILDEBRANDT, 2004).

1.4.1 Ações e atividades desenvolvidas pelas comunidades para a reinserção no mercado de


trabalho.

As ações e atividades individuais ou em coletivo foram objetos de estudo de Moraes


24

Filho, Almeida e Santos (2017) que englobam os atendimentos ofertados pelas comunidades
terapêuticas que se inicia com a triagem seguindo atendimento psicológico e familiar,
atividades grupais e esportivas, momentos de leitura e oração, apoio educacional, trabalhos
artesanais e direcionamento ao mercado de trabalho entre outros, ou seja, atividades que tem
grande importância no sucesso do tratamento da dependência química e fazem parte do trabalho
desenvolvidos através das equipes multiprofissionais e pelos próprios internos.

De acordo com Pereira (2012), as instituições precisam oferecer aos residentes projetos
socioeducativos e profissionalizantes que o leve a pensar a respeito de sua prática, valorizando
o lugar onde está inserido e aproveitando as oportunidades para a sua inserção produtiva na
sociedade.

Na pesquisa realizada pelos autores Souza et al. (2016), na qual foram objetos de
estudos 43 comunidades terapêuticas de natureza privada, obteve-se como resultados uma
porcentagem baixa, no que diz respeito, às atividades desenvolvidas para que o residente
estivesse preparado para voltar ao trabalho, em que, cerca de 39,5% ofertavam cursos
profissionalizantes, que se dividiam em atividades diárias e/ou semanais como o curso de
informática, os percentuais também são equilibrados em relação ao apoio educacional que é
oferecido em 32,6% dessas comunidades tanto na forma diária como semanal.

Bassani e Fernandes (2017) afirmam que é de suma importância elaborar estratégias e


desenvolvê-las junto aos internos para que quando saírem haja oportunidades no mercado de
trabalho, baseado nessa necessidade de criar oportunidades, os autores então desenvolverem
junto a uma comunidade terapêutica um caminho para a reinserção por meio do trabalho com
reciclagem de resíduos sólidos, propiciando alternativas de trabalho com essa atividade.

De acordo com Azevedo e Miranda (2011), as oficinas terapêuticas possibilitam


ressaltar a discussão por meio de atividades artísticas, enaltecendo a capacidade de imaginação,
expressão e criação do indivíduo, destaca ainda que ao acolher o usuário desenvolve-se o plano
terapêutico individual, de acordo com suas necessidades específicas definidas pelos gestores e
outros profissionais da área, posteriormente é inserido nas atividades coletivas em que todas as
atividades e ações estão voltadas para a reabilitação e a possibilidade de o indivíduo trabalhar
redescobrindo suas competências e conquistando lugar na sociedade. Essas atividades
certamente devolverão ao indivíduo a consciência do seu valor como pessoa.
25

A reinserção no mercado de trabalho é um dos grandes obstáculos que as comunidades


terapêuticas enfrentam, a maioria (76,7%), se esforçam para direcioná-los ao fim do ciclo de
tratamento, porém com todo o esforço das instituições a receptividade dos empregadores não
eram boas, devido à pouca preparação dos indivíduos durante o processo de recuperação,
mesmo as empresas parceiras tinham resistência com relatos de desconfiança, preconceito,
desqualificação além de receio desses egressos, dessas instituições (51,2%) mantinham registro
e supervisão do ex-interno no processo de reinserção social (SOUZA et al., 2016). Assim, as
ações e atividades desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas fazem com que se abram
novas oportunidades pessoais e profissionais que precisam ser melhoradas e ampliadas.

2 METODOLOGIA

Os tipos de pesquisa utilizados foram o de caráter exploratório e descritivo. O


exploratório busca levantar informações para maior compreensão e análise do problema
exposto. De acordo com Gil (2008) esta pesquisa tem como objetivo, expandir, elucidar e
transformar opiniões, ideias e percepções, propiciando uma visão aproximada do problema em
estudo, que geralmente abrange pesquisas bibliográficas, documentais e entrevistas, ainda de
acordo com Gil (2008) a pesquisa descritiva tem como função principal o detalhamento das
características do perfil de certa comunidade ou fato ou a relação entre eles.

O método utilizado foi o dedutivo que segundo Medeiros (2009) é o método que se
inicia a partir da percepção como um todo para a delimitação específica, ou seja, parte do todo
para o particular. A abordagem foi a qualitativa pois não foi requerido resultados estatísticos, é
usado um ambiente pré-definido onde o pesquisador terá como meio de coleta o contato direto
com o objeto de estudo (PRODANOV; FREITAS 2013).

Para alcançar os objetivos propostos foi aplicado a pesquisa bibliográfica a partir da


consulta em obras como livros, artigos, dissertações, revistas eletrônicas, dentre outras,
disponíveis em sites, repositórios nas bibliotecas de faculdades em Cacoal. A pesquisa
bibliográfica foi o alicerce para este projeto.

O estudo de campo foi utilizado com a função de captar informações sobre um


questionamento, trazendo conhecimento sobre um problema para o qual se buscou uma resposta
26

(MARCONI; LAKATOS, 2008). O instrumento para a coleta de dados foi a entrevista


estruturada que serviu de base para captar as informações. Minayo (2002) e Severino (2010)
concordam que as entrevistas estruturadas são questões previamente elaboradas, com perguntas
mais diretas obtém-se respostas mais fáceis de qualificar, trazendo facilidade no levantamento
dos dados.

As entrevistas estruturadas foram aplicadas aos gestores das comunidades


terapêuticas, para verificar as ações e atividades que são desenvolvidas em relação ao
tratamento, recuperação e acompanhamento do dependente químico, assim como a promoção
de reinserção social por meio de projetos e parcerias com a comunidade e organizações. A
entrevista foi composta de (3) perguntas abertas e (36) perguntas fechadas, totalizando 39
perguntas.

Ressalta-se que o pré-teste não se fez necessário haja vista que foram apenas 2
entrevistados ambos com experiência na área de gestão em comunidades terapêuticas.

A amostragem não probabilística não se baseia em dados estatísticos, o pesquisador


decide que critério usará para validar seus resultados, a vantagem dessa amostra é representada
pela seleção de um subgrupo que representará o todo, além de favorecer o baixo custo e a
melhor administração do tempo (GIL, 2008). Portanto o pesquisador vai intencionalmente ao
encontro dos elementos em que se dispôs a pesquisar (BARROS; LEHFELD, 1986).

Para desenvolver um projeto científico é preciso antes de tudo respeitar os aspectos


éticos da pesquisa, entre eles, dignidade, respeito e sigilo dos participantes (MARCONI;
LAKATOS, 2010). As instituições participantes da pesquisa não foram identificados e serão
compreendidas pelo codinome C1 e C2, assim como os gestores responsáveis que serão
atendidos pelo codinome de M1 e M2. Contudo, os mesmos assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A) concordando em aceitar fazer parte da
pesquisa.

O pesquisador assinou o Termo de Isenção de Responsabilidade (ANEXO B), em que


isenta integralmente à Fundação Universidade Federal de Rondônia – Unir, o orientador (a) e
os professores que compõem o ato de defesa presencial de toda e qualquer responsabilidade
sobre a escrita, não ocorrendo plágio nesse projeto.
27

A pesquisa foi realizada em uma Comunidade Terapêutica, que está localizado no


município de Cacoal e outra no município de Rolim de Moura/RO.

A análise dos dados envolve determinados procedimentos necessários que consiste na


interpretação dos dados apoiados em teorias sólidas e estabelecer comparação com outras
pesquisas (GIL, 2002). A interpretação, classificação e tabulação das informações foi realizada
mediante a organização dos dados coletados a partir da aplicação das entrevistas estruturadas,
convertendo em textos e quadros para demonstrar os resultados.

Este artigo foi estruturado conforme o Manual do Artigo Científico do curso de


Administração da Universidade Federal de Rondônia, Campus Professor Francisco Gonçalves
Quiles (SILVA; TORRES NETO; QUINTINO, 2010).

3 RESULTADOS E ANÁLISES DOS DADOS

A pesquisa foi realizada em uma comunidade terapêutica em Cacoal e outra em Rolim


de Moura/RO, estas, iniciam-se como o primeiro grupo do sujeito da pesquisa que foram
selecionadas de forma intencional por serem referência no tratamento e recuperação de
dependentes químicos no qual estão codificadas em C1 e C2 respectivamente, os dados foram
coletados por meio de entrevista estruturada na sede da instituição no mês de outubro de 2018.
Assim, o desenvolvimento e organização dos dados coletados foram organizados e
correlacionados com a pesquisa bibliográfica e complementado com a análise da pesquisadora.

3.1 PERFIL DAS COMUNIDADES TERAPEUTICAS

Foi levantado o perfil das comunidades terapêuticas participantes que buscam acolher,
tratar, recuperar e reinserir o dependente químico no meio social, familiar e de trabalho.

Em relação a constituição jurídica, a comunidade terapêutica C1 diz ser de caráter


filantrópica, pois se mantém por meio de convênio com o governo estadual e doações. A C2
declara ser de caráter pública e privada, pois se sustenta com ajuda de custo das famílias dos
residentes, doações e convênio público com o estado.
28

Percebeu-se que as comunidades terapêuticas valorizam os ensinamentos espirituais


como parte fundamental para mudança de vida, essa visão está relacionada a associação das
instituições com princípios cristãos, dessa forma pode-se dizer que se enquadram como
entidades espirituais cristã.

Sobre a localização, as 2 comunidades terapêuticas se encontram instaladas em área


rural. Quanto ao tempo em que atuam no município em que está inserida, a C1 afirmou ter 12
anos e a C2 15 anos de atividade.

As somatórias de colaboradores estão divididas em, 5 funcionários e 5 voluntários para


C1, por sua vez a C2 dispõe de 10 funcionários e 10 voluntários. Vale ressaltar que funcionários
são os contratados pelo governo ou pela própria instituição, que são: coordenadores, psicólogos,
assistentes sociais, enfermeiros e monitores. Os voluntários são os que atuam de forma assídua
dentro da comunidade, porém sem remuneração, há outras pessoas que também prestam apoio
como dentistas, advogados, contadores, fisioterapeutas, palestrantes, médicos clínico geral e
outros.

O trabalho proposto pelas instituições visa obter uma equipe de colaboradores e


profissionais que atendam a capacidade máxima de indivíduos, porém para C1 essa não é a
realidade se comparado a C2, no entanto, mostra preocupação em atender cada residente de
forma íntegra.

As lideranças destas instituições são predominantemente de religiosos, pois o diretor


da C1 exerce ocupação na igreja que participa e a C2 é dirigida por um pastor evangélico. Esse
tipo de liderança está baseado na visão de Ribeiro e Minayo (2015) que afirma que um dos
modelos de comunidades terapêuticas tem sob responsabilidade a atuação de religiosos e
egressos. É possível observar que todos que fazem parte da hierarquia são cristãos.

A C1 tem capacidade para atender 40 pessoas do sexo masculino e 20 do sexo


feminino, porém não estão atendendo com a capacidade máxima, justificado pela direção de
que não há colaboradores suficiente para a demanda. Diferentemente, a C2 afirma que está
atendendo com sua capacidade total, sendo, 53 pessoas do sexo masculino e 12 do sexo
feminino, onde destaca que já se encontra em construção uma nova ala feminina afim de
aumentar o número de atendimento e proporcionar maior conforto às residentes.
29

A preocupação dos diretores em atender dentro das suas reais condições é notória,
visto que o principal objetivo das instituições segundo Chiavenato (2010) é que, a organização
busque obter e utilizar de forma correta seus colaboradores para que estes fiquem muito tempo
na organização, assegurando-lhes a qualidade de vida que engloba um ambiente físico,
psicológico e social de trabalho agradável e seguro. Situações estas de suma importância para
uma comunidade terapêutica.

3.2 PERFIL DOS GESTORES

Para complementar as informações averiguou-se o perfil dos gestores que administram


as comunidades terapêuticas, de modo que, o da instituição de Cacoal está codificado pelo
codinome de M1 e o de Rolim de Moura M2.

Em relação ao cargo e/ou função, M1 declarou ser diretor e responsável técnico, é


casado, do sexo masculino e a faixa etária é de 31 anos. M2 afirmou ser o fundador, coordenador
e responsável técnico, também é casado, do sexo masculino e a faixa etária é de 52 anos.

Na área que compreende a escolaridade/formação acadêmica, tanto M1 quanto M2


possuem ensino superior completo, no qual, M1tem graduação em Enfermagem e M2 em
Psicologia, sobre a importância de se ter capacitação na área de gestão voltada para o âmbito
de comunidades terapêuticas, M1 argumentou que fez um curso de gestão de pessoas oferecido
pelo governo, porém, considera de suma importância maior aprofundamento na área,
ressaltando que logo fará a capacitação em saúde mental e dependência química, M2 é
especialista em terapia cognitiva comportamental.

Embora seja notório a diferença em termos de experiência na área de comunidades


terapêuticas, compreendido pela diferença de idade e de tempo de atuação, os diretores têm
buscado conhecimento e aprofundamento na área que passa por constante mudanças e
atualizações. A administração dessas instituições é feita de forma empírica.

A respeito do tempo de trabalho dedicados às comunidades terapêuticas pesquisadas,


M1 considerou um período compreendido entre 1 a 3 anos de trabalho e M2 declarou um
período de 12 a 15 anos, sobre essa questão, M2 revelou ainda, ter trabalhado em uma outra
30

instituição anteriormente, a função como gestos em comunidades terapêuticas traz a eles grande
experiência e conhecimento na área.

Assim como nas organizações, os gestores têm o papel fundamental nas relações
interpessoais dos residentes e colaboradores, fazendo com que os conflitos sejam resolvidos ou
minimizados. Sobre o questionamento de como o gestor intermedia os conflitos que
inevitavelmente pode ocorrer entre os residentes, M1 e M2 fizeram as seguintes considerações,
conforme exposto no quadro a seguir:

Quadro 2: Como o gestor intermedia os conflitos entre os residentes


ENTREVISTADOS RESPOSTAS DOS ENTREVISTADOS
Procura saber primeiro a origem do conflito, que é sempre causado pela abstinência
seguido de mal comportamento, busca resolvê-lo da melhor forma possível, nos
pequenos atritos procura mostrar ao residente a insignificância do problema de
forma que ele desista do conflito, leva-o a refletir sobre a mudança e valorização de
M1 vida que está sendo lhe proporcionado. Destacou também que é comum as
discussões entre o recém-chegado e o que já está adaptado, quando isso ocorre
ambos são ouvidos separadamente, pois considera que o confronto direto pode
piorar o atrito, algumas medidas são adotadas afim de contornar a situação de forma
que fique bom para todos.
Considera que as palestras de prevenção a recaídas e relação entre os pares ajuda no
desenvolvimento das habilidades sociais do residente, levando-os a superar as
M2 dificuldades de relacionamento que cada um tem, destaca que uma boa equipe de
profissionais o ajuda na intermediação dos conflitos, com aconselhamentos, terapia
de grupo, mostrando o amor ao próximo através da espiritualidade, ressalta que o
ambiente é tranquilo apesar do grande número de residentes, salvo problemas de
cunho pessoal e as vezes com familiares.
Fonte: dados da pesquisa (2018).

O gestor é aquele que busca solucionar problemas burocráticos e de conotação


interpessoal numa organização. Neste âmbito, Sá (2017) explica que é através do trabalho, neste
caso gerenciando pessoas, que se evidenciam e se realizam demonstrando sua capacidade,
agilidade, inteligência e sensatez, mostrando sua personalidade para vencer as oposições,
prática essa que traz benefícios a quem o faz e a quem o recebe dentro dos princípios éticos.

3.2 PERFIL DOS DEPENDENTES QUÍMICOS NA PERCEPÇÃO DOS GESTORES

De acordo com o responsável pela C1, a instituição acolhe pessoas com idade a partir
de 18 anos, porém ressalta que a maior parte dos residentes variam na faixa de idade entre 20 e
29 anos seguidos daqueles que têm entre 40 a 49 anos. Em relação a C2, o responsável diz que
31

nunca fez uma avaliação sobre a faixa de idade com maior destaque, visto que a instituição
recebe indivíduos a partir de 14 anos até mais de 69 anos. Apesar da C1 não atender indivíduos
menores de 18 anos é possível perceber a necessidade de que haja o acolhimento desses
menores, pois é evidente que o início do uso de drogas tem começado cada vez mais cedo.

Umas das faixas etárias declaradas por M1 vai de encontro ao estudo feito por Duarte,
Stempliuk e Barroso (2009), que observou que a maior incidência de afastamento do trabalho
ocorre entre outros da faixa de idade entre 25 e 49 anos, com maior incidência para o sexo
masculino, sendo que as drogas mais associadas para o afastamento do trabalho está relacionada
ao álcool e cocaína, é importante observar que essas drogas são a porta de entrada para o uso
de outras drogas.

O grau de escolaridade dos residentes em C1 está em sua maioria na faixa do


fundamental incompleto e médio completo com alguns casos de analfabetos. Quanto a C2, o
grau de escolaridade está na faixa do fundamental incompleto, médio completo e uma parte
considerável de superior completo. Esses dados demonstram que o problema evidenciado pelas
drogas não está associado a nenhuma classe específica, mas está relacionada com ambiente em
que o indivíduo está inserido, levando em consideração a instabilidade pessoal e social
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Questionado sobre a forma mais comum em que os residentes são encaminhados para
as comunidades terapêuticas, tanto M1 quanto M2 diz que precisa ser feito de acordo com a lei,
onde prevê que todas as internações têm que ser encaminhadas por meio de uma avaliação
médica que é requerido na maioria das vezes pela família. Toda conjuntura de documentos e
laudos dos internos gera um protocolo que é importante para que a aprovação do convênio e
repasse das verbas feita pelos órgãos públicos.

A respeito dos tipos de drogas que são tratadas nas comunidades, M1 declara que as
problemáticas atendidas são tipos como: abuso de álcool, cocaína, tabaco e crack, pondera que
o uso da maconha e tabaco por exemplo geralmente está associada a outro tipo de droga. De
igual modo, a M2 diz que a instituição oferece tratamento para todos tipos de drogas como:
álcool, cocaína, maconha, crack, tabaco e outros como o opiáceo, avalia que desde que o
indivíduo esteja disposto e motivado, a instituição oferece a estrutura necessária para o
tratamento.
32

Dos motivos mais comum que levaram os residentes ao início do consumo de drogas
observados pelos responsáveis, M1 afirma que é a curiosidade, por isso ressalta a importância
dos programas de prevenção às drogas, avalia ainda que os problemas familiares também
influenciam os indivíduos. Para M2 todas alternativas como: curiosidade, solidão, problemas
familiares, separação conjugal e outros podem intervir na decisão de usar drogas. Destacam a
importância das ações de prevenção as drogas no âmbito escolar, pois é nessa fase que as
crianças têm maior vulnerabilidade, avalia os diretores.

Quanto aos problemas mais comuns decorrentes do uso de drogas observados,


M1assegura que é um conjunto de situações que se inicia com a perda do trabalho, problemas
financeiros, conflitos familiares chegando em alguns casos os problemas com a justiça, ou seja,
um problema certamente levará a outro se não houver a busca imediata pelo tratamento. De
acordo com M2 os conflitos familiares são os problemas mais comum relatados pelos internos,
pois são diretamente afetados.

Como foi explicado por Matos (2017), a família é a primeira a sentir as sequelas que
a droga faz, de forma que prejudique a qualidade de vida do usuário e de sua família. Isso
evidencia que a iniciativa de grande parte das famílias em buscar tratamento e recuperação para
os seus entes.

3.3 PARTICIPAÇÃO FAMILIAR

No tocante a participação e o apoio familiar ao residente durante o processo de


tratamento os responsáveis pelas instituições apontaram que os familiares realizam visitas que
podem ocorrer de forma semanal, quinzenal e em feriados, a frequência com que são feitas
essas visitas depende da condição de locomoção de que cada familiar, pois muitos moram em
outras cidades e até em outros estados de maneira que, em alguns casos o contato é feito
somente via telefone, M1 salienta que a primeira visita só é aconselhada após 30 dias de
adaptação na instituição.

É possível perceber a importância que a família tem durante o período de tratamento,


estabelecer e manter essa ligação mesmo que muitas vezes a distância é essencial para que o
interno se sinta amparado e o leve a concluir o tratamento, visto que é um tempo de 9 a 12
33

meses de separação.

No que diz respeito a assistência familiar do residente, M1 declara que a instituição


não tem oferecido nenhum apoio, sob alegação de que algumas famílias moram longe, no
entanto, pretende desenvolver alguma forma de dispor desse auxilio com aqueles que podem
realizar as visitas. Ao contrário, M2 desenvolve esse suporte por meio de reuniões com os
familiares que estão acessíveis, isso porque alguns também moram longe.

Dentre os critérios pré-estabelecidos que devem ser seguidos para que o momento das
visitas familiares seja proveitoso para todos, algumas ponderações são consideradas conforme
o quadro a seguir:

Quadro 4: Orientações que devem ser seguidos para as visitas familiares


ENTREVISTADOS RESPOSTAS DOS ENTREVISTADOS
É direcionado a cada interno receber cinco visitas por vez, é aconselhado que fiquem
em lugar visível aos monitores, se a família deseja comemorar o aniversário de
M1 algum residente não há problema, desde que todos possam participar, essa questão
parte do princípio da inclusão e da reinserção social.
É orientado que as visitas sejam de pessoas mais próximas como mãe, pai, irmãos e
que seja no máximo quatro pessoas por vez, não é feito nenhum tipo de revista, mas
M2 os orienta na questão de que as atitudes durante a visita devem ser positivas para o
residente.
Fonte: dados da pesquisa (2018).

Todas essas e outras orientações não objetivam ser vistas como violação a liberdade,
mas sim como forma de manter a ordem e fazer com que a visita seja tranquila e prazerosa para
todos, a conquista ou não do tratamento resultará em parte dos relacionamentos construídos
dentro e fora da comunidade terapêutica.

Matos (2017) explica que os familiares sofrem com sentimento de tristeza e culpa,
sendo importante receberem apoio, para auxiliar o residente nesse momento difícil.
Compreende-se que a instituição tem um importante papel no amparo a essas famílias, visto
que, quando o indivíduo chega a uma comunidade terapêutica o vínculo familiar provavelmente
já está comprometido, o que explica o fato de que um dos principais problemas causados por
conta do uso de drogas são os conflitos familiares.

As famílias têm um papel fundamental na recuperação e reinserção, pois o apoio do


dependente químico. Indagados de como as famílias poderiam contribuir para o êxito no
34

tratamento e recuperação do dependente químico os gestores consideram as seguintes atitudes


conforme indica o quadro a seguir:

Quadro 5: Como as famílias podem contribuir para sucesso do tratamento e recuperação dos
dependentes químicos na visão dos gestores
ENTREVISTADOS RESPOSTAS DOS ENTREVISTADOS
M1 O tratamento é voluntário, de forma que as atitudes e/ou informações trazidas pelas
famílias podem afetar diretamente o residente e até fazer com que este desista do
tratamento, sendo importante que as famílias se orientem sobre a condição do
interno, pois a direção procurará transmitir-lhe o que ele precisa saber, mas de uma
maneira que tenha suporte para que não desista do tratamento.
M2 Precisam se informar a respeito da dependência química, se envolver, buscar ajuda
e expor o problema, que é muito complexo, pois a maioria das famílias não tem
conhecimento sobre assunto. Enfatiza que a família precisa estar aberta a mudança
de atitudes não só durante o tratamento, mas principalmente ao retorno familiar.
Fonte: dados da pesquisa (2018).

Os diretores são unanimes em considerar a importância da família no tratamento e


recuperação do dependente químico, afirmando a visão de Matos (2017) que, os familiares são
importantes na fase do tratamento, buscando conhecimento para lidar com fatos estressantes,
prevenindo situações como, comentários críticos ou proteção exagerada ao dependente, duas
ações que ocasionam recaídas. Com conhecimento e diagnóstico, a família passa a auxiliar
melhor o processo de tratamento [...]. Ganev e Lima (2011) complementa ainda que o resgate
dos vínculos familiares é essencial na reinserção social.

É notável que nem todas as famílias possui condições de fazer as visitas regularmente
por morarem distantes, prejudicando a participação dos mesmos no processo de recuperação do
interno, aos que podem estar presentes neste processo é importante na visão dos diretores que
as famílias conheçam e compreendam a importância das diretrizes das comunidades
terapêuticas para o sucesso do tratamento do indivíduo

3.5 AÇÕES E ATIVIDADES UTILIZADAS PELAS COMUNIDADE TERAPEUTICAS

Em relação ao papel da comunidade terapêutica na sociedade foi perguntado se tem


feito atividades como palestras de prevenção fora da instituição. M1 declarou que não está
fazendo no momento, mas já tem projeto em conjunto com a psicóloga para voltar a fazer, pois
considera fundamental conscientizar as crianças, adolescentes e jovens do mal que as drogas
fazem. M2 afirma que procura desempenhar com certa regularidade as palestras preventivas em
35

escolas, empresas, igrejas, universidades e associações.

As ações preventivas fazem parte das políticas públicas que segundo Dubiali, Vieira e
Laranjeira (2011) tem a finalidade de minimizar ou prevenir os problemas associados ao álcool,
tabaco e outras drogas que prejudicam tanto quem consome quanto a sociedade em geral.

Foi enfatizado pelos diretores que as normas e regimentos que compõem as


comunidades terapêuticas passam por constantes mudanças de forma que precisam estar dentro
da lei e se adaptar aos órgãos fiscalizadores, uma mudança importante é o uso do termo
“laborterapia” que tem conotação de trabalhos forçados, não sendo este o intuito das instituições
pesquisadas, que tem como objetivo principal proporcionar ao residente a valorização de suas
capacidades de forma inclusiva.

Em referência aos programas de atendimento desenvolvidas e oferecidas pelas


comunidades terapêuticas aos residentes como forma de proporcionar mudanças
comportamentais e qualidade de vida, M1 destacou alguns programas como, projeto terapêutico
individualizado, atividades esportivas e recreativas pelo menos 3 vezes por semana, terapia de
grupo e/ou individual, palestras bíblicas, atendimento médico por meio de convênio com SUS
(Sistema Único de Saúde).

M2 cita várias atividades como, projeto terapêutico individualizado, palestras sobre


drogas e prevenção à recaídas, atividades esportivas e recreativas, acompanhamento médico,
terapia de grupo ou individual, orientação e aconselhamento de familiares, encaminhamento
para outras formas de atendimento como hospital, CAPS e CRAS, palestras bíblicas e etc.

É possível verificar que as comunidades terapêuticas têm realizado uma gama de ações
e atividades afim de proporcionar ao interno um ambiente favorável ao seu tratamento e
recuperação, esse ponto de vista foi estudado por Moraes Filho e Santos (2017), onde afirmam
que os programas de atendimento se inicia com a triagem, seguindo com atendimento
psicológico e familiar, atividades grupais e esportivas, [...] ou seja, atividades que fazem parte
do tratamento e que são desenvolvidos através das esquipes multiprofissionais e pelos internos
.
Sobre os projetos desenvolvidos para reinserir os dependentes químicos no mercado
de trabalho, M1 declara que a instituição já fez alguns encaminhamentos, mas que atualmente
36

não tem desenvolvido nenhum meio para reinseri-los no mercado de trabalho, haja vista a
resistência das organizações, questionado se pretende desenvolver essas parcerias, diz que
existem muitos projetos e sonhos, porém, destaca que a sociedade e os empresários precisam
estar abertos a colaborar. Em relação aos cursos/capacitações como: informática, educação
básica, profissionalizantes e outros, M1 alega que não está sendo feito, embora tenha buscado
esses recursos.

M2 afirmou que tem desenvolvido meios para reinserir os ex-residentes no mercado


de trabalho, pois oferece a casa de apoio para aqueles que querem ficar na cidade para trabalhar,
perguntado sobre as capacitações visando a recolocação dos internos no mercado de trabalho
M2 diz que são desenvolvidos cursos profissionalizantes como panificação, jardinagem,
artesanato, fábrica de móveis rústicos, e etc. Questionado se tem parcerias com organizações
para encaminhá-los ao mercado de trabalho, argumenta que, a cidade tem pouco mercado de
trabalho por ser pequena, mas, uma parceria com o Sistema Nacional de Emprego (SINE) seria
uma questão a ser pensada.

O desemprego é algo que preocupa a todos e para os residentes que precisam se afastar
por um tempo é mais difícil ainda, partindo deste princípio Pereira (2102) explica que as
comunidades terapêuticas precisam oferecer aos residentes ações e atividades socioeducativas
e profissionalizantes que os leve a valorizar o lugar onde estão e aproveite as oportunidades
para sua reinserção produtiva na sociedade.

Em relação aos incentivos financeiros do governo estadual e federal que as


comunidades terapêuticas recebem, M1 é enfático em dizer que auxilia somente para custear o
tratamento do residente, de modo que não há um projeto que de fato dê condições financeiras
para oferecer as ferramentas para capacitá-los, preparando-os para sua reinserção social e
principalmente no mercado de trabalho. M2 discorre de que os incentivos governamentais são
poucos diante das necessidades que abrange uma comunidade terapêutica, contudo, ambas as
instituições receberam veículos para serviços burocráticos e outro para transporte dos residentes

Pode-se observar que as instituições pesquisadas possuem convênio com órgãos


governamentais, onde a C1 depende totalmente dos convênios e doações, enquanto a C2
também atende residentes de forma particular o que é possível diante de uma excelente estrutura
física e de profissionais que dispõe.
37

No que diz respeito ao acompanhamento ao ex-residente M1 afirma que os de Porto


Velho são acompanhados diretamente pela SEPOAD, os de outras cidades há um contato via
telefone e os da cidade local são os mais vistos, pois voltam à instituição para visitas e
momentos de lazer. M2 argumenta que faz acompanhamento por 1 ano por meio do psicólogo,
se for de outra cidade faz contato com uma instituição ou uma igreja para dar suporte necessário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dependência química é justificada pelas alterações que as substâncias psicoativas


provocam no indivíduo de modo que o leve ao desejo compulsivo de obtê-la a qualquer custo,
os autores estudados nesta pesquisa compreendem a dependência química como uma doença
que afeta as funções físicas, psicológicas e comportamentais, o consumo dessas substâncias não
está relacionado com a classe social, mas sim com o ambiente em que o indivíduo está inserido.
Com o tempo as alterações ocasionadas pela dependência romperão, prejudicando as relações
familiares, sociais e profissionais, sendo imprescindível a busca pelo tratamento afim de
resgatar seus valores.

Em relação aos objetivos apresentados verifica-se que foram alcançados, embora a


amostra tenha sido pequena, representada nesta pesquisa pelos diretores de duas comunidades
terapêuticas. Os resultados demonstram que as instituições apresentam programas internos de
atendimento, assistência e tratamento a dependentes químicos dentro das normas legais, de
maneira que haja inclusão e interação nas relações familiares e social, preparando-os para
enfrentar os desafios, entretanto só uma instituição tem desenvolvido ações e atividades que
facilite a reinserção no mercado de trabalho após o ciclo de tratamento. Quanto ao papel da
família no processo de tratamento, foi possível observar a importância do apoio familiar ao
interno por meio de visitas regulares, fundamental para a segurança emocional e social. A
reinserção no mercado de trabalho é possível, embora, há uma série de limitações e
consequentemente resultados reduzidos.

Os pontos positivos concernentes aos resultados desta pesquisa são os programas de


atendimento que são aplicados por uma equipe de profissionais capacitados afim de
proporcionar aos residentes um conjunto de ações e atividades que visam a saúde física e
espiritual, interação e inclusão social, respeitando a individualidade de cada um. Os pontos
38

negativos estão relacionados a uma instituição que não tem desenvolvido nenhuma ação com
relação a capacitação do residente para o mercado de trabalho.

Diante do panorama que abrange a reinserção social agravada pela questão de ser um
dependente químico em constante recuperação, sugere-se que as comunidades terapêuticas
continuem buscando parcerias junto a sociedade, a iniciativa privada e instituições de forma
que estes possam contribuir, seja oferendo capacitação, seja possibilitando uma nova
oportunidade no mercado de trabalho, ações essas que trarão conhecimento sobre o tema
facilitando o retorno do indivíduo à sociedade.

Houve limitações quanto a abrangência de entrevistados, pois optou-se por escolher a


amostragem não probabilística intencional, desse modo as respostas foram obtidas mediante a
percepção dos diretores das instituições. Para as próximas pesquisas aconselha-se buscar a
percepção de toda a equipe de profissionais que fazem parte do corpo da comunidade
terapêutica, verificando também a percepção dos residentes quanto a instituição em que está
inserido.

REFERÊNCIAS

1 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Portaria/SVS nº 344, de 12 de maio


de 1998: Regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle
especial. 1998. Disponível em: <http://www.portal.anvisa.gov.br/documents /10181/ 271
8376/%29 PRT_SVS_ 344_1998_COMP.pdf/7d1e5c81-ee60-45d4-a08f-074cf75bef31>.
Acesso em: 15 mai. 2018.

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drogas: discursos políticos, saberes e práticas. Cadernos de saúde pública. Salvador, nov.
2009. p. 2.

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elaboração de trabalhos na graduação. São Paulo: Atlas. 1993.

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de drogas: desafios e perspectivas. São Paulo. Hucitec. 2000.

5 AZEVEDO, Dulcian Medeiros de; MIRANDA, Francisco Arnoldo Nunes de. Oficinas
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39

6 BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos da
Metodologia: um guia para a iniciação científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1986

7 BASSANI, Marlise A.; FERNANDES, Fabiana Coelho. Psicologia clínica ambiental em


comunidades terapêuticas: intervenção por meio de capacitação profissional. Rev. Nuffen,
Belém, n.1, jan. 2017. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci _
arttext&pid=S2175-25912017000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 20 mai. 2018.

8 BECK, Lucia Maria; DAVID, Helena Maria S. Leal. O abuso de drogas e o mundo do
trabalho: possibilidades de atuação para o enfermeiro. Escola Anna Nery Revista de
Enfermagem. Rio de Janeiro, n 4, dez. p. 707-711, 2007.

9 BECK JUNIOR, Aldo; SCHNEIDER, Jacó Fernando. Dependência do crack:


repercussões para o usuário e sua família. Rev. Saúde e desenvolvimento. v.1, p. 60-79, 2012.

10 BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria Executiva. Coordenação Nacional de DST/Aids.


A política do ministério da saúde para atenção integral a usuários de álcool e outras
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11 ______. ______. Lei nº 10.216 de 6 de abril de 2001. Disponível em: <http://www.


planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm>. Acesso em 21de mai. 2018.

12 ______. Ministério da justiça. Secretaria Nacional de políticas sobre drogas. Legislação e


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13 CAMARA. Pedro B. da. Gestão de pessoas: em contexto internacional. Lisboa. Portugal:


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14 CAMPOS, Geraldo Mendes de; FIGLIE, Neliana Buzi. Prevenção ao uso nocivo de
substâncias focada no indivíduo e no ambiente. Porto Alegre: Artmed, 2011.

15 CAVALCANTE, Layana de Paula et. al. Rede de apoio social ao dependente químico:
ecomapa como instrumental na assistência em saúde. Revista da rede de enfermagem do
Nordeste, vol. 13, núm. 2, 2012, pp. 321-331.

16 Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID). Livreto


informativo sobre drogas psicotrópicas: leitura recomendada para alunos a partir do 7º ano
do ensino fundamental. 5 ed. Brasília. 2011.Disponível em: <http://www.justica.gov.br
/central-de-conteudo/politicas-sobre-drogas/cartilhas-politicas-sobre-drogas/
drogaspsicotropicas.pdf>. Acesso em: 16 mai.2018.

17 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 3 ed. São Paulo: Elsevier, 2010.

18 Conselho Federal de Psicologia. Relatório da 4ª Inspeção Nacional de Direitos


40

Humanos: locais de internação para usuários de drogas. 2 ed. Brasília, 2011.

19 COSTA, Selma Frossard. As Políticas públicas e as comunidades terapêuticas nos


atendimentos à dependência química. Serviço Social em Revista, n. 2, vol. 11, jan./jun.
2009.

20 DAMAS, Fernando Balvedi. Comunidades terapêuticas no Brasil: expansão,


institucionalização e relevância social. Revista de Saúde Pública de Florianópolis, n. 1, vol. 6,
jan./mar. 2013, p. 50-65.

21 DIAS, Maria Angélica Beltrani. Políticas públicas para o combate às drogas no Brasil.
Monografia (Graduação em Direito) - Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC,
São Paulo, 2012.

22 DUAILIBI, Sérgio; LARANJEIRA, Ronaldo. Políticas públicas relacionadas às bebidas


alcóolicas: Rev. Saúde Pública. São Paulo, 2007. p. 839-848.

23 DUAILIBI, Sérgio; VIEIRA, Denise Leite; LARANJEIRA, Ronaldo. Dependência


Química: Políticas públicas para o controle de álcool, tabaco e drogas ilícitas. Porto Alegre:
Artmed, 2011.

24 DUARTE, Paulina do Carmo A. Vieira; STEMPLIUK, Vladimir de Andrade; BARROSO,


Lúcia Pereira. Relatório Brasileiro sobre Drogas: Brasília, 2009. Disponível em:<http://
justica.gov.br/central-de-conteudo/politicas-sobre-drogas/relatorios-politicas-sobre-drogas
/relatoriobrasileirosobredrogas-2010.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2018.

25 FIORE, Maurício. O lugar do Estado na questão das drogas: o paradigma proibicionista


e as alternativas. Novos estudos. São Paulo. 2012.

26 FRACASSO, Laura. Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas.


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27 GANEV, Eliane; LIMA, Wagner de Lorence. Reinserção social: processo que implica
continuidade e cooperação. Serviço Social e Saúde, n. 1, vol. 10, 2011.

28 GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Altas, 2002.

29 ___________. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: Atlas S.A., 2008.

30 GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA. Superintendência de Estado de Políticas


sobre Drogas-SEPOAD. Disponível em: <http://www.rondonia.ro.gov.br/sepoad/>. Acesso
em: 19 jun. 2018.

31 GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA. Superintendência de Estado de Políticas


41

sobre Drogas-SEPOAD. Disponível em <http://www.rondonia.ro.gov.br/governo-anuncia-


intencao-de-oferecer-suporte-as-familias-com-vitimas-de-alcool-e-drogas/>. Acesso em 21
mai. 2018.

32 HILDEBRANDT, Mário. A Reinserção Social do Dependente Químico após o


Tratamento em Comunidades Terapêuticas: o caso do Cerene de Blumenau/SC. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço social), 2004. Disponível em:<http:// www.
bc.furb.br /docs/MO/2004/271403_1_1.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2018.

33 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Pesquisa nacional de saúde do


escolar: Rio de Janeiro. 2012. Disponível em: < https://ww2.ibge.gov.br/home/ estatistica
/populacao /pense/2012/default_pdf_tabela_2_6.shtm>. Acesso em: 19 mai.2018.

34 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Disponível em <https://concla.ibge.


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>. Acesso em: 08 jul.2018.

35 KESSLER, Félix; PECHANSKI, Flávio. Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do


crack na atualidade. Rev. Psiquiatr. Porto Alegre.2008. p. 96-98.

36 LARANJEIRA, Ronaldo. Bases para uma política de tratamento dos problemas


relacionados ao álcool e outras drogas no estado de São Paulo. J Bras Psiquiatr. 1996. p.
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37 MACHADO, Letícia Vier; BOARINI, Maria Lúcia. Políticas sobre drogas no Brasil: A
Estratégia da Redução de Danos. Paraná. 2013. Psicologia: Ciência e Profissão. p. 580-585.

38 MACHADO, Ana Regina; MIRANDA, Paulo Sérgio Carneiro. Fragmentos da história


da atenção à saúde para usuários e álcool e outras drogas no Brasil: da justiça à saúde
pública. História, Ciências, Saúde. Manguinhos. n.3, jul-set 2007. p. 801-821.

39 MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS. DSM-


5: American Psychiatnc Association. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento et al. Porto
Alegre: Artmed, 2014.

40 MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho


científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório publicações e
trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 2010.

41 MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa:


planejamento, execução e amostragens. Elaboração e interpretação de dados. 7 ed. São Paulo:
Atlas, 2008.

42 MATOS, Sabrina. Participação da família no processo de tratamento do dependente


42

químico. 2017. Disponível em: < http: // www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/


2017/02/Artigo-Sabrina.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2018.

43 MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,


resenhas. São Paulo: Atlas, 2009.

44 MESQUITA, Fábio. Aids e drogas injetáveis: in a. lancetti (org). Saúde loucura 3. São
Paulo, Ed. Hucitec, 1991. p. 46-53.

45 Minayo, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 21 ed.
Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

46 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia estratégico para o cuidado de pessoas com


necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas: Guia AD. Brasília: MS.
2015. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.gov.br/images /pdf/2015/dezembro/15/
Guia-Estrat--gico-para-o-Cuidado-de-Pessoas-com-Necessidades-Relacionadas-ao-Consumo-
de---lcool-e-Outras-Drogas--Guia-AD-.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2018.

47 MOARES FILHO, Iel Marciano de; ALMEIDA, Rogério José; SANTOS, Osmar Pereira.
Atividades oferecidas por comunidades terapêuticas estabelecidas na cidade de Goiânia
e caracterização de suas esquipe. Revista Vita et Sanitas. Goiás, n.2, Jul/dez. 2016. p.20.

48 MONTEIRO, Walmir. O tratamento psicossocial das dependências. Belo Horizonte:


Novo Milênio, 2000.

49 NADVORNY, Boris. Freud e as dependências: drogas, jogos, obesidade. Porto Alegre.


AGE, 2006.

50 Organização Mundial da Saúde (OMS). Gestão de abuso de substâncias. Síndrome de


dependência. 2002.Disponível em: <http://www.who.int/substance_abuse /terminology
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51 ______. Transtornos devido ao uso de substâncias: In Organização Mundial da Saúde.


Organização Pan-Americana da Saúde. Orgs. Relatório sobre a saúde no mundo. Saúde
mental: nova concepção, nova esperança. Brasília. Brasil, 2001.

52 PEREIRA, Elaine Lúcio. Processo de reinserção social dos ex-usuários de substâncias


ilícitas. 2012. Disponível em: <http://www.mpdft.mp.br/saude/ images/ saude_mental / .../
Processo_reinsercao_social.pd>. Acesso em: 10 jun. 2018.

52 PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho


científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico.
Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
43

53 REBELO, Jorge Manuel Valença. A Reinserção Social: Experiências de Percursos de


Toxicodependentes (Análise Qualitativa). Dissertação de Mestrado. 2007. Disponível em:
<http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/7463/9/MDISDissertao%20de%20
mestrado%20de%20Jorge%20Rebelo.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018.

54 RIBEIRO, Fernanda Mendes Lages; MINAYO, Maria Cecília de Souza. As Comunidades


Terapêuticas religiosas na recuperação de dependentes de drogas: o caso de Manguinhos,
RJ, Brasil. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, n. 54, vol. 19, Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, 2015, pp. 515-526.

55 RIBEIRO, M.; FIGLIE, N. B.; LARANJEIRA, R. Organização de serviços de


tratamento para a dependência química. In: FIGLIE, N. B.; BORDIN, S.; LARANJEIRA,
R. (Orgs.). Aconselhamento em dependência química. São Paulo: Roca, 2004.

56 RIBEIRO, Marcelo; LARANJEIRA, Ronaldo. O tratamento do usuário de crack. 2 ed.


Porto Alegre: Artmed, 2012.

57 SABINO, Nathalí Di Martino; CAZEVANE, Sílvia de Oliveira Santos. Comunidades


terapêuticas como forma de tratamento para a dependência de substâncias psicoativas:
Estudos de Psicologia, n. 2, vol. 22, Campinas, 2005.

58 SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho Científico. 23 ed. São Paulo:


Cortez, 2010.

59 SOUZA, Kévin da Silva et al. Reinserção social de dependentes químicos residentes


em comunidades terapêuticas. São Paulo, jul.-set. 2016. SMAD, p. 171-177.

60 SIQUEIRA, Mirlene Maria Matias. Medidas do comportamento organizacional:


ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008.

61 VAISSMAN, Magda (Coord.). Alcoolismo no trabalho. Coleção Loucura XXI. Rio de


Janeiro. RJ: Garamond. 2004.
44

ANEXOS
45

ANEXO A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar, como voluntário, da pesquisa Ações e


atividades desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas para a reinserção social do
dependente químico após o ciclo de tratamento, no município de Cacoal e Rolim de
Moura/RO, no caso de você concordar em participar, favor assinar ao final do documento. Sua
participação não é obrigatória, e, a qualquer momento, você poderá desistir de participar e
retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com a
pesquisadora ou com a instituição.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e endereço do
pesquisador (a) principal, podendo tirar dúvidas do projeto e de sua participação.

PROGRAMA: Título de Bacharel em Administração – Fundação Universidade Federal de


Rondônia - UNIR
PESQUISADORA RESPONSÁVEL: Jane Mª dos Santos Hoffmann Bohrer
ENDEREÇO: Rua Brilhantes, Nº703, Cacoal/RO
TELEFONE: (69) 99262-7790

OBJETIVOS:
Identificar as ações e atividades voltadas para a reinserção social do dependente
químico.
Verificar o papel da família no processo entre o tratamento e o retorno ao convívio
familiar.
Levantar quais são os resultados da reinserção do dependente químico no mercado de
trabalho.

PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: Os dados coletados serão tabulados e analisados para


fechamento do Artigo para Graduação no curso de Administração da Universidade Federal de
Rondônia.

RISCOS E DESCONFORTOS: a pesquisa não oferece nenhum risco ou prejuízo ao


participante.

BENEFÍCIOS: Tornar publicamente conhecidos as ações e atividades desenvolvidas pelas


comunidades terapêuticas que atuam sob regime de acolhimento, que tem como missão
proporcionar a recuperação e a reinserção dos dependentes químicos, fazendo com que a
sociedade em geral também abrace essa causa com intuito de contribuir na recuperação
proporcionando uma nova oportunidade no meio social, familiar e no mercado de trabalho.

CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: Não haverá nenhum gasto ou


pagamento com sua participação.

CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Garantia de sigilo que assegure a sua privacidade


quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa. Os dados e o seu nome não serão
divulgados.

Assinatura do Participante: _______________________________


47

APÊNDICE
48

APÊNDICE A: ENTREVISTA ESTRUTURADA

Público Alvo: Gestores responsáveis pelas comunidades terapêuticas


Depois de respondida, esta entrevista que será utilizada como instrumento de coleta de dados
servirá para analisar e tabular as informações que irá compor a pesquisa do trabalho de
Conclusão de Curso com o tema de: “Ações e atividades desenvolvidas pelas comunidades
terapêuticas para a reinserção social do dependente químico após o ciclo de tratamento, no
município de Cacoal e Rolim de Moura – Rondônia” da acadêmica Jane Mª dos Santos
Hoffmann Bohrer. Sob orientação da Prof.ª Ma. Miriã Gil de Lima Costa no curso de
Administração pela Fundação Universidade Federal de Rondônia, campus de Cacoal-RO.

I PERFIL DA COMUNIDADE

1. Qual o caráter da instituição? 5. Qual o quadro profissional de


( ) Pública colaboradores?
( ) Filantrópica ( ) Fixos. Quantidade__________
( ) Privada ( )Voluntários. Quantidade___________
( ) Entidade religiosa civil, sem fins
lucrativos
( ) Outro________________ 6. A liderança desta comunidade é
realizada por:
2. Há quantos anos esta comunidade atua ( ) Religiosos
no município? ( ) Médicos
( ) Egressos
( ) Psicólogos
( ) Outros________________

7. Qual a capacidade total de


3. Sobre a localização da comunidade atendimento da CT?
terapêutica: ( ) Masculino Quantidade _____
( ) Zona rural ( ) Feminino Quantidade_____
( ) Zona urbana
8. Estão atendendo com a capacidade
4. Como a Comunidade Terapêutica se máxima? Se não, justifique!
mantém? ( ) Sim
( ) Convênio ( ) Não
( ) Doações Justifique___________________________
( ) Campanhas __________________________________
( ) Outros________________________

II PERFIL DO GESTOR

9. Cargo/Função:
_________________________________ 10. Sexo
( ) Feminino
( ) Masculino

11. Idade? __________


3

12. Estado Civil 15. Há quanto tempo trabalha nesta


( ) Casado (a) comunidade terapêutica:
( ) Solteiro (a) ( ) 1 a 3 anos
( ) Divorciado (a) ( ) 4 a 7 anos
( ) Viúvo (a) ( ) 8 a 11 anos
( ) Outros ( ) 12 a 15 anos
( ) 16 a 19 anos
13. Escolaridade: ( ) Mais de 20 anos
( ) Fundamental incompleto
( ) Médio incompleto 16. Como o gestor desta CT intermedia os
( ) Superior incompleto conflitos que podem ocorrer entre os
( ) Fundamental completo internos?
( ) Médio completo
( ) Superior completo 17. O gestor desta comunidade fez, está
fazendo ou pretende fazer cursos de
14. Há quanto tempo trabalha em formação/capacitação na área de gestão
comunidades terapêuticas: voltada para a área de Comunidades
( ) 1 a 3 anos terapêuticas?
( ) 4 a 7 anos
( ) 8 a 11 anos
( ) 12 a 15 anos
( ) 16 a 19 anos
( ) Mais de 20 anos

III- PERFIL DOS DEPENDENTES ATENDIDOS


18. Faixa etária dos residentes:
( ) Menos de 19 anos 20. De que forma são feitos a maioria dos
( ) 20 a 29 anos encaminhamentos para a internação dos
( ) 30 a 39 anos dependentes nesta CT?
( ) 40 a 49 anos ( ) Por iniciativa própria do dependente
( ) 51 – 59 anos ( ) Por meio da empresa em que trabalha
( ) Mais de 60 anos ( ) Por meio da família
( ) Por meio de órgãos governamentais
19. Escolaridade dos residentes:
( ) Fundamental incompleto 21. Quais os tipos de drogas que são
( ) Fundamental completo tratadas na comunidade?
( ) Médio incompleto ( ) Álcool
( ) Médio completo ( ) Maconha
( ) Superior incompleto ( ) Tabaco
( ) Superior completo ( ) Cocaína
( ) Crack
( ) Outros________________________
4

22. Dentre os motivos, qual o mais comum relatado pelos internos, que os levaram ao
início do uso de drogas?
( ) Solidão
( ) Prazer proporcionado pelas drogas
( ) Separação Conjugal
( ) Problemas familiares
( ) Morte de algum familiar
( ) Outros____________

23. Quais os problemas mais comuns relatados pelos internos decorrentes do uso de
drogas?
( ) Conflitos familiares
( ) Perda do trabalho
( ) Problemas de saúde
( ) Problemas com a justiça
( ) Problemas financeiros
( ) Outro __________

IV-FAMÍLIA
24. Os familiares realizam visitas aos
residentes?

25. Qual a frequência permitida para as 27. No que diz respeito à participação
visitas de familiares aos internos? familiar no tratamento, a instituição
( ) Semanal realiza algum tipo de apoio com os
( ) Quinzenal familiares do residente?
( ) Mensal
( ) Anual ( ) Sim. Quais?
( ) Outros _________________ __________________

26. Quais os critérios devem ser seguidos ( ) Não. Pretende realizar?


para as visitas familiares?
28. As famílias dos residentes participam
do processo de recuperação com que
frequência?
( ) Participam constantemente
( ) Raramente participa
( ) Participam às vezes
( ) Nunca participam

29. Em sua opinião, de que forma as famílias podem contribuir para que haja êxito no
tratamento e recuperação do dependente químico?
5

V- AÇÕES E ATIVIDADES REALIZADAS PELAS CTs

30. Esta comunidade terapêutica busca 34. Caso a comunidade terapêutica não
realizar palestras de prevenção em? tenha projetos, deseja ter futuramente?
( ) Escolas Justifique.
( ) Igrejas ( ) Sim
( ) Associações ( ) Não
( ) Empresas Justifique___________________________
( ) Universidades
( ) Outros________________ 35. Qual a frequência em que são
realizadas as ações e atividades?
31. Quais os programas de atendimento ( ) Diário
oferecidos aos dependentes e familiares ( ) Semanal
nesta CT? ( ) Quinzenal
( ) Projeto terapêutico individualizado ( ) Mensal
( ) Palestras bíblicas ( ) Anual
( ) Palestras sobre drogas e prevenção à ( ) Esporádico
recaídas
( ) Atividades práticas 36. A comunidade terapêutica tem
( ) Atividades esportivas, recreativas parcerias com empresas para empregar
( ) Oficinas artísticas e artesanato os ex- residente?
( ) Acompanhamento médico e ( ) Sim
medicamentoso ( ) Não
( ) Apoio a reinserção social
( ) Terapia de grupo ou individual 37. Caso não tenha, pretende realizar
( ) Outros__________________ parcerias?
( ) Orientação e aconselhamento de ( ) Sim
familiares ( ) Não
( ) Encaminhamento para outras formas de
atendimento como: hospitalar 38. A comunidade terapêutica recebe
incentivos governamentais para realizar
32. Esta comunidade terapêutica tem ações e atividades para a reinserção do
algum projeto para reinserir os dependente químico no mercado de
dependentes químicos no mercado de trabalho?
trabalho? ( ) Sim. Qual (is)? ______________
( ) Sim ( ) Não
( ) Não
39. Ao desenvolver e aplicar as ações e
33. Se sim, dentro do projeto, quais atividades de reinserção, a CT faz o
atividades/ações são desenvolvidas: acompanhamento dos resultados dessas
( ) Cursos de informática ações quando o ex-residente volta para o
( ) Profissionalizantes meio familiar, social e de trabalho?
( ) Educação básica ( ) Faz o acompanhamento por 1 ano
( ) Todas as atividades mencionadas ( ) Faz o acompanhamento por 6 meses
( ) Outros_____________ ( ) Faz o acompanhamento por 3 meses
( ) Não faz acompanhamento

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