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Cacoal/RO
2018
JANE MARIA DOS SANTOS HOFFMANN BOHRER
Cacoal/RO
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Fundação Universidade Federal de Rondônia
Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a)
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CDU 364-78
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Bibliotecário(a) Naiara Raíssa da Silva Passos CRB 11/Nº891
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Autor desconhecido
6
RESUMO: A reinserção social do dependente químico após o ciclo de tratamento visa reintegrá-lo ao
convívio familiar, social e de trabalho, assim, este artigo tem como objetivo analisar as ações e atividades
desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas para a reinserção social do dependente químico no município de
Cacoal e Rolim de Moura/RO. A pesquisa apresenta método dedutivo, de caráter exploratório e descritivo com
abordagem qualitativa. A técnica de coleta de dados foi a entrevista estruturada, aplicada aos diretores responsáveis
pelas instituições. Os resultados demonstram que as duas instituições dispõem de programas que visam atender os
residentes dentro das normas legais, fazendo com que haja inclusão e interação social de forma a abranger as
relações familiares e sociais não só dentro da instituição, mas, preparando-os para enfrentar os desafios que
certamente virão, entretanto só uma instituição tem desenvolvido ações e atividades para a reinserção no mercado
de trabalho após o ciclo de tratamento. Acerca do papel da família no processo de tratamento foi possível constatar
a importância do apoio familiar ao interno por meio de visitas regulares, apesar de alguns familiares residirem
fora. Percebe-se que a reinserção do dependente químico no mercado de trabalho é possível, embora, as instituições
disponham de poucos recursos para prepará-los. Sugere-se que as comunidades terapêuticas busquem parcerias,
ainda que, a recolocação do indivíduo no mercado de trabalho torna-se um grande desafio, porém é primordial
para que se sinta valorizado e inserido ao meio social que associada ao apoio familiar possa se manter longe das
drogas.
INTRODUÇÃO
1
Artigo apresentado à Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus Professor Francisco
Gonçalves Quiles, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração sob orientação da
Prof.ª Ma. Miriã Gil de Lima Costa.
2
Acadêmica do 8º período do curso de Administração da UNIR – Fundação Universidade Federal de Rondônia.
E-mail: jane.bohrer3528@gmail.com.
7
O consumo de drogas tem feito com que indivíduos de várias idades, assim como suas
respectivas famílias percorram uma trajetória de tormenta nas relações entre si, culminando na
ruptura de laços familiares e sociais. Aos que consomem drogas em excesso, afastam-se do
caminho normal da vida, esse desvio ocorre pela dificuldade de aceitar um modo que lhe
propicie naturalmente as relações pessoais e organizacionais, portanto, o uso de droga em
demasia tem sido uma condição para muitas vidas serem destruídas (PEREIRA, 2012).
Para responder à pergunta problema em questão, esta pesquisa teve como objetivo
geral, analisar as ações e atividades voltadas para a reinserção social do dependente químico
após o ciclo de tratamento em comunidade terapêutica, no município de Cacoal e Rolim de
Moura/RO. E como objetivos específicos: identificar as ações e atividades desenvolvidas pelas
comunidades terapêuticas para a reinserção social do dependente químico; verificar o papel da
família no processo entre o tratamento e o retorno ao convívio familiar e social e levantar quais
foram os resultados da reinserção do dependente químico no mercado de trabalho.
Tais fatos, nos leva a necessidade de maior aprofundamento em relação a este tema,
pois são poucos os estudos que mostram as ações, seja por parte do governo, da comunidade
terapêutica ou até mesmo da sociedade, que sejam voltadas para a capacitação profissional e
reinserção social para os dependentes químicos após a recuperação.
O estudo proporcionará uma visão ampla com relação ao desempenho dos diretores
responsáveis pelas funções administrativas das instituições, que contam também com a
colaboração de uma equipe de funcionários e voluntários capacitados que buscam instituir e
realizar às ações e atividades desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas para reinserção do
indivíduo ao meio sócio familiar e no mercado de trabalho após o ciclo de tratamento,
contribuindo também para trazer conhecimento e despertamento à sociedade a fim de que todos
participem e colaborem de alguma forma para o êxito desse trabalho tão importante e necessário
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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A palavra droga leva ao entendimento de coisa ruim, mas há alguns critérios diferentes
para sua finalidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2002), droga é toda
substância que ao ser inserida no corpo vivente, causará mudanças em suas funções, seja lícita
ou ilícita, o que diferencia é como essa substância age em cada indivíduo, pois as drogas
possuem componentes que podem tanto ajudar a resolver determinado problema de saúde como
também podem alterar funções do organismo, causando dependência e maior controle sobre o
indivíduo. Assim, o consumo dessa substância se torna mais importante do que qualquer outra
ação antes prioritária.
O uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas não é um problema atual, ao contrário, sempre
estiveram presentes na sociedade humana, de modo que, desde a antiguidade se faz uso dessas
substâncias por várias razões, entre elas por motivos religiosos, medicinais, culturais, para se
isolar do sofrimento ou mesmo no anseio pelo prazer. A conjuntura que abrange as mudanças
motivacionais e as novas formas de aquisição dos elementos psicoativos diferenciam-se muito
com o passar do tempo. Atualmente, a característica do consumo de substâncias está
relacionada com o ambiente em que o indivíduo está inserido, levando em consideração a
instabilidade pessoal e social (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).
O que determina o uso e/ou abuso é a frequência com que o indivíduo consome a
substância, se é esporádico ou recorrente, em determinadas circunstâncias, não se caracteriza
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dependência, mas, se o consumo se torna excessivo e sem controle, tal atitude é a condição que
o leva para o começo da dependência (LARANJEIRA, 1996).
O crack é uma droga recente se comparada ao álcool por exemplo, mas que causa
danos terríveis, pois, são pequenas pedras feitas para serem fumadas, tornando seu efeito
imediato o que provoca uma rápida elevação de euforia, por ser uma droga barata e
extremamente viciante provocou uma rápida popularidade dessa substância que afeta áreas
físicas, psicológicas e comportamentais (KESSLER; PECHANSKY, 2008). É importante
destacar que o consumo do crack (derivado da cocaína) se tornou um dos maiores problemas
em termos de saúde pública nos últimos 25 anos (RIBEIRO; LARANJEIRA, 2012).
As drogas que atuam no SNC são as mais usadas, estão incluídas no grupo da
farmacologia, são usadas para fins terapêutico e com prescrição médica, mas é fato que também
são consumidas indiscriminadamente pelos indivíduos. As drogas lícitas como são conhecidas
e que são aceitas como, a cafeína, o álcool e o cigarro (nicotina) também provocam dependência
causando vários danos à saúde. Contudo, mesmo sabendo dos efeitos negativos, algumas
pessoas continuam fazendo uso pelo prazer que a substância proporciona (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, 2001).
a) Lícitas: são legalizadas, produzidas e negociadas livremente, sem risco de punição, entre
os principais exemplos de drogas lícitas existentes no Brasil destaca-se o: cigarro (nicotina),
álcool, anorexígenos (diminuidor de apetite) e benzodiazepínicos (fármacos usados a fim de
atenuar a ansiedade) entre outros;
b) Ilícitas: são os tipos de drogas, que por lei, a produção e a comercialização são proibidos,
a exemplo da cocaína, maconha e crack e demais drogas que vão surgindo com o passar do
tempo.
a) Alternância de comportamento;
b) Substituição de amigos e/ou companhias;
c) Diminuição de produção nos estudos ou no trabalho, além de faltas anormais;
d) Ausência ou exagero de apetite;
e) Falta de organização dos horários e do sono;
f) Desordem pessoal somado aos hábitos de higiene;
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Nadvorny (2006) expõe que o dependente químico procura provar de todas as formas
que o uso ou abuso de substâncias psicoativas não é prejudicial, negando os efeitos ruins,
tentando manter uma postura de aparente sobriedade, racionalização e controle. Essa atitude de
não reconhecer a real situação que afeta o físico e o psicológico e consequentemente perdas
pessoais e profissionais só levam a confirmar que o dependente químico pode manter a
consciência, mas não a razão de suas atitudes. Portanto, conscientizar o dependente químico de
que precisa buscar tratamento não é tarefa fácil, mas necessário.
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Para Dias (2012) políticas públicas são um conjunto de ações que o Poder Executivo
idealiza e implementa, visando a satisfação e o bem comum da sociedade. As ações que são
desenvolvidas através das políticas públicas influenciam e interferem na vida de todos de
alguma maneira.
Nas primeiras décadas do século XX, o governo brasileiro estabeleceu ações para o
controle de uso e de comércio de drogas, mesmo não havendo risco iminente à saúde pública,
tais ações eram voltadas principalmente para o combate do ópio e a cocaína, que determinavam
para os usuários de drogas ilícitas internação e isolamento social, para o consumo de álcool
havia permissão por parte dos governantes e da sociedade (MACHADO; MIRANDA, 2007).
De acordo com Duailibi, Vieira e Laranjeira (2011), a finalidade das políticas públicas
para o álcool, tabaco e outras drogas é minimizar ou prevenir as problemáticas que são
associados tanto para o indivíduo que consome a substância quanto para a sociedade, ou seja, é
um problema que atingidos a todos de alguma forma.
A política proibicionista de drogas, que teve os Estados Unidos como precursor dessa
política internacional, tem em torno de um século e tinha como objetivo acabar com a produção,
comércio e consumo de algumas substâncias psicoativas. Um dos grandes acontecimentos para
14
fortalecer o modelo proibicionista foi a Convenção das Nações Unidas sobre Entorpecentes de
1961, onde os países comprometeram-se a empenhar-se no âmbito nacional e
internacionalmente contra o “flagelo da droga” (FIORE, 2012). Pois o consumo, comercio e
drogas estavam se tornando se, controle.
Segundo Duailibi e Laranjeira (2007), cada país determina de acordo com os níveis
diferentes de governo, qual será a política do álcool e de outras drogas. São leis federais e
nacionais com bases legais para prevenção e políticas de tratamento.
No Brasil foi a partir da década de 80, que se constatou a total falência das estratégias
contra as drogas pois seu consumo aumentava numa velocidade incalculável e cada vez mais
precocemente, com debates e movimentos sociais em busca dos direitos humanos constituiu-se
então políticas públicas voltadas aos indivíduos usuários de drogas, em especial as ilícitas,
formalizando as drogas como problema de saúde pública, problema no qual se fundiu com o
fator destruidor da Aids (MACHADO; BOARINI, 2013).
Em 2001, foi aprovada a Política Nacional Antidrogas (PNAD), que segundo Alves
(2009), traz em sua denominação o velho discurso proibicionista, mas que também tinha como
foco a redução de danos, porém com destaque para prevenção de doenças infecciosas.
Em 2005, a PNAD traz algumas mudanças relevantes, com ações voltadas totalmente
para a prevenção, tratamento, reinserção social e repressão ao tráfico, em função dessa nova
visão, teve seu nome mudado para Política Nacional sobre Drogas (BRASIL, 2011).
Dias (2012) e Costa (2009) concordam que o Sistema Nacional de Políticas sobre
Drogas (SISNAD) criado pela Lei 11.343/2006 e regulamentado pelo Decreto nº 5.912/06, tem
como objetivos os descritos em sua lei instituidora (Lei 11.343/06), que são: “articular, integrar
e coordenar as atividades de prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas, repressão ao tráfico e alinhado com a Política Nacional sobre Drogas
(PND)”. Desse modo, os objetivos englobam todas as atividades necessárias contra as drogas.
De acordo com Câmara (2008) é um erro imaginar que se pode dividir a vida particular
do trabalho, quando na verdade tais atividades se complementam de forma que o trabalho traz
um importante sentido à existência do indivíduo, esse equilíbrio configura uma condição crucial
para o sucesso, portanto, não se pode pensar que um dependente químico possa ter um bom
rendimento no trabalho se estiver passando por problemas pessoais principalmente relacionado
as drogas.
A comprovação dos prejuízos pelo consumo de substâncias psicoativas fez com que
algumas organizações empresariais implantassem políticas de combate, assistência e prevenção
de álcool e drogas entre seus colaboradores, sendo possível de duas maneiras, primeiro, a
efetivação de políticas internas constituindo vínculos entre a empresa e colaboradores
melhorando a vida deles como um todo e segundo, tratar de forma clara e objetiva a
problemática do álcool e drogas, tendo como suporte três questões: políticas claras de proibição,
apoio e assistência aos dependentes e programas de prevenção (CAMPOS; FIGLIE, 2011).
Mesmo num bom ambiente de trabalho é possível haver colaboradores que apresentem
problemas relacionados à dependência de substâncias psicoativas, compete ao gestor verificar
e identificar esses problemas, se constatado é preciso que a organização procure dar apoio e
assistência para um tratamento, recuperação e a reinserção deste dependente de volta na
organização, ou seja, o empregador ou o responsável precisa identificar sinais e oferecer ajuda,
buscando dar todo apoio possível.
Para garantir a idoneidade de forma que alcance de maneira positiva os indivíduos que
passarem pelas CTs é preciso que haja fiscalização. Em 2001, a Agência Nacional de vigilância
Sanitária (ANVISA), verificou a inevitável necessidade de formular normas para este tipo de
serviço público e privado de atenção aos indivíduos com transtornos por causa do uso ou abuso
de substâncias psicoativas, adotou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 101/2001,
documento este que trouxe regulamento técnico para o funcionamento das CTs, em 2011, a
ANVISA revogou esta regulação e criou a RDC 29/2001, aproximando mais ainda o modelo
proposto pela FEBRACT que distancia a forma hospitalar de tratamento e trazendo um
ambiente mais residencial e familiar (FRACASSO, 2011).
egressos, pode ser científica que é composto por médicos, psicólogos, técnicos e voluntários e
a mista que é junção do espiritual com o científico.
Certas condutas básicas e que fazem parte da estrutura que compõe as CTs podem se
destacar: limites, ordem, horários e obrigações bem específicas, sendo comum serem
localizadas em regiões afastadas da cidade. É alicerçado na obediência e em princípios como:
realizar tarefas em grupo, terapia ocupacional, abstenção de drogas e sexo com penalidade aos
que infringirem as regras, os internos que estão há mais tempo em recuperação tem a missão de
apoiar de forma voluntária os novos integrantes. O eixo religioso de instituições católicas e
evangélicas são predominantes nessa área (RIBEIRO; MINAYO, 2015).
Damas (2013) concorda com Ribeiro e Minayo (2015) ao afirmar que no Brasil as
Comunidades Terapêuticas são em sua maioria instaladas em localidades da zona rural onde
recepcionam pessoas com problemas com uso ou abuso de substâncias químicas. As
metodologias utilizadas para o tratamento podem variar de modelo religioso a atividade laboral,
outras, o modelo médico e suas variáveis ou ainda o método misto que inclui parte de todas as
metodologias.
buscar todos os serviços disponíveis de apoio, para que, quando estiver em condições de
retornar ao convívio social, o dependente possa ter recursos, capacitação e soluções para
enfrentar os desafios que podem aparecer.
Os familiares são importantes na fase de tratamento, onde tem que ter conhecimento
para lidar com fatos estressantes, prevenindo circunstâncias como comentários críticos ou
proteção exagerada ao dependente; duas circunstâncias que ocasionam recaídas. Com o
conhecimento e diagnóstico, a família passa a auxiliar melhor o processo de tratamento,
juntamente com a medicação e profissionais especializados (MATOS, 2017). Desse modo, a
importância da presença e do apoio da família é indiscutivelmente essencial para que o
tratamento seja finalizado dentro do tempo estabelecido.
A reinserção no mercado de trabalho tem como uma das funções, resgatar projetos e
sonhos interrompidos pela dependência. Na opinião de Beck e David (2007), o consumo
abusivo de substâncias químicas leva ao acúmulo de vários problemas como, falta de lucidez
que reflete na organização, no desenvolvimento das tarefas e o absenteísmo, mesmo que possa
empenha-se para manter-se no emprego, consequentemente o desempenho profissional é
prejudicado, essas tentativas de manter-se no emprego leva o indivíduo a retardar o tratamento
em uma unidade de reabilitação.
Para obter êxito num processo de reinserção do dependente químico, é preciso que se
tenha objetivos formados numa visão voltada a assegurar ao indivíduo que busca mais do que
a recuperação física e psicológica do vício, busca também autossuficiência financeira e social,
aceitação familiar com absoluta atuação na sociedade, com seus direitos de cidadão
assegurados, assim como o cumprimento de seus deveres, trata-se de um processo sem limite
de tempo (REBELO, 2007).
Rebelo (2007), ainda explica que, a reinserção social terá que possibilitar ao
recuperando a combinação de recursos necessários para um trabalho digno, proporcionando
através do trabalho um estilo de vida sadio e liberto das drogas. Outros métodos que também
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colaboram com a recuperação é o de voltar aos estudos que foram deixados, oferecendo
habilidades em áreas específicas, com o objetivo de preencher todo tempo livre prevenindo
possíveis recaídas.
Filho, Almeida e Santos (2017) que englobam os atendimentos ofertados pelas comunidades
terapêuticas que se inicia com a triagem seguindo atendimento psicológico e familiar,
atividades grupais e esportivas, momentos de leitura e oração, apoio educacional, trabalhos
artesanais e direcionamento ao mercado de trabalho entre outros, ou seja, atividades que tem
grande importância no sucesso do tratamento da dependência química e fazem parte do trabalho
desenvolvidos através das equipes multiprofissionais e pelos próprios internos.
De acordo com Pereira (2012), as instituições precisam oferecer aos residentes projetos
socioeducativos e profissionalizantes que o leve a pensar a respeito de sua prática, valorizando
o lugar onde está inserido e aproveitando as oportunidades para a sua inserção produtiva na
sociedade.
Na pesquisa realizada pelos autores Souza et al. (2016), na qual foram objetos de
estudos 43 comunidades terapêuticas de natureza privada, obteve-se como resultados uma
porcentagem baixa, no que diz respeito, às atividades desenvolvidas para que o residente
estivesse preparado para voltar ao trabalho, em que, cerca de 39,5% ofertavam cursos
profissionalizantes, que se dividiam em atividades diárias e/ou semanais como o curso de
informática, os percentuais também são equilibrados em relação ao apoio educacional que é
oferecido em 32,6% dessas comunidades tanto na forma diária como semanal.
2 METODOLOGIA
O método utilizado foi o dedutivo que segundo Medeiros (2009) é o método que se
inicia a partir da percepção como um todo para a delimitação específica, ou seja, parte do todo
para o particular. A abordagem foi a qualitativa pois não foi requerido resultados estatísticos, é
usado um ambiente pré-definido onde o pesquisador terá como meio de coleta o contato direto
com o objeto de estudo (PRODANOV; FREITAS 2013).
Ressalta-se que o pré-teste não se fez necessário haja vista que foram apenas 2
entrevistados ambos com experiência na área de gestão em comunidades terapêuticas.
Foi levantado o perfil das comunidades terapêuticas participantes que buscam acolher,
tratar, recuperar e reinserir o dependente químico no meio social, familiar e de trabalho.
A preocupação dos diretores em atender dentro das suas reais condições é notória,
visto que o principal objetivo das instituições segundo Chiavenato (2010) é que, a organização
busque obter e utilizar de forma correta seus colaboradores para que estes fiquem muito tempo
na organização, assegurando-lhes a qualidade de vida que engloba um ambiente físico,
psicológico e social de trabalho agradável e seguro. Situações estas de suma importância para
uma comunidade terapêutica.
instituição anteriormente, a função como gestos em comunidades terapêuticas traz a eles grande
experiência e conhecimento na área.
Assim como nas organizações, os gestores têm o papel fundamental nas relações
interpessoais dos residentes e colaboradores, fazendo com que os conflitos sejam resolvidos ou
minimizados. Sobre o questionamento de como o gestor intermedia os conflitos que
inevitavelmente pode ocorrer entre os residentes, M1 e M2 fizeram as seguintes considerações,
conforme exposto no quadro a seguir:
De acordo com o responsável pela C1, a instituição acolhe pessoas com idade a partir
de 18 anos, porém ressalta que a maior parte dos residentes variam na faixa de idade entre 20 e
29 anos seguidos daqueles que têm entre 40 a 49 anos. Em relação a C2, o responsável diz que
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nunca fez uma avaliação sobre a faixa de idade com maior destaque, visto que a instituição
recebe indivíduos a partir de 14 anos até mais de 69 anos. Apesar da C1 não atender indivíduos
menores de 18 anos é possível perceber a necessidade de que haja o acolhimento desses
menores, pois é evidente que o início do uso de drogas tem começado cada vez mais cedo.
Umas das faixas etárias declaradas por M1 vai de encontro ao estudo feito por Duarte,
Stempliuk e Barroso (2009), que observou que a maior incidência de afastamento do trabalho
ocorre entre outros da faixa de idade entre 25 e 49 anos, com maior incidência para o sexo
masculino, sendo que as drogas mais associadas para o afastamento do trabalho está relacionada
ao álcool e cocaína, é importante observar que essas drogas são a porta de entrada para o uso
de outras drogas.
Questionado sobre a forma mais comum em que os residentes são encaminhados para
as comunidades terapêuticas, tanto M1 quanto M2 diz que precisa ser feito de acordo com a lei,
onde prevê que todas as internações têm que ser encaminhadas por meio de uma avaliação
médica que é requerido na maioria das vezes pela família. Toda conjuntura de documentos e
laudos dos internos gera um protocolo que é importante para que a aprovação do convênio e
repasse das verbas feita pelos órgãos públicos.
A respeito dos tipos de drogas que são tratadas nas comunidades, M1 declara que as
problemáticas atendidas são tipos como: abuso de álcool, cocaína, tabaco e crack, pondera que
o uso da maconha e tabaco por exemplo geralmente está associada a outro tipo de droga. De
igual modo, a M2 diz que a instituição oferece tratamento para todos tipos de drogas como:
álcool, cocaína, maconha, crack, tabaco e outros como o opiáceo, avalia que desde que o
indivíduo esteja disposto e motivado, a instituição oferece a estrutura necessária para o
tratamento.
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Dos motivos mais comum que levaram os residentes ao início do consumo de drogas
observados pelos responsáveis, M1 afirma que é a curiosidade, por isso ressalta a importância
dos programas de prevenção às drogas, avalia ainda que os problemas familiares também
influenciam os indivíduos. Para M2 todas alternativas como: curiosidade, solidão, problemas
familiares, separação conjugal e outros podem intervir na decisão de usar drogas. Destacam a
importância das ações de prevenção as drogas no âmbito escolar, pois é nessa fase que as
crianças têm maior vulnerabilidade, avalia os diretores.
Como foi explicado por Matos (2017), a família é a primeira a sentir as sequelas que
a droga faz, de forma que prejudique a qualidade de vida do usuário e de sua família. Isso
evidencia que a iniciativa de grande parte das famílias em buscar tratamento e recuperação para
os seus entes.
meses de separação.
Dentre os critérios pré-estabelecidos que devem ser seguidos para que o momento das
visitas familiares seja proveitoso para todos, algumas ponderações são consideradas conforme
o quadro a seguir:
Todas essas e outras orientações não objetivam ser vistas como violação a liberdade,
mas sim como forma de manter a ordem e fazer com que a visita seja tranquila e prazerosa para
todos, a conquista ou não do tratamento resultará em parte dos relacionamentos construídos
dentro e fora da comunidade terapêutica.
Matos (2017) explica que os familiares sofrem com sentimento de tristeza e culpa,
sendo importante receberem apoio, para auxiliar o residente nesse momento difícil.
Compreende-se que a instituição tem um importante papel no amparo a essas famílias, visto
que, quando o indivíduo chega a uma comunidade terapêutica o vínculo familiar provavelmente
já está comprometido, o que explica o fato de que um dos principais problemas causados por
conta do uso de drogas são os conflitos familiares.
Quadro 5: Como as famílias podem contribuir para sucesso do tratamento e recuperação dos
dependentes químicos na visão dos gestores
ENTREVISTADOS RESPOSTAS DOS ENTREVISTADOS
M1 O tratamento é voluntário, de forma que as atitudes e/ou informações trazidas pelas
famílias podem afetar diretamente o residente e até fazer com que este desista do
tratamento, sendo importante que as famílias se orientem sobre a condição do
interno, pois a direção procurará transmitir-lhe o que ele precisa saber, mas de uma
maneira que tenha suporte para que não desista do tratamento.
M2 Precisam se informar a respeito da dependência química, se envolver, buscar ajuda
e expor o problema, que é muito complexo, pois a maioria das famílias não tem
conhecimento sobre assunto. Enfatiza que a família precisa estar aberta a mudança
de atitudes não só durante o tratamento, mas principalmente ao retorno familiar.
Fonte: dados da pesquisa (2018).
É notável que nem todas as famílias possui condições de fazer as visitas regularmente
por morarem distantes, prejudicando a participação dos mesmos no processo de recuperação do
interno, aos que podem estar presentes neste processo é importante na visão dos diretores que
as famílias conheçam e compreendam a importância das diretrizes das comunidades
terapêuticas para o sucesso do tratamento do indivíduo
As ações preventivas fazem parte das políticas públicas que segundo Dubiali, Vieira e
Laranjeira (2011) tem a finalidade de minimizar ou prevenir os problemas associados ao álcool,
tabaco e outras drogas que prejudicam tanto quem consome quanto a sociedade em geral.
É possível verificar que as comunidades terapêuticas têm realizado uma gama de ações
e atividades afim de proporcionar ao interno um ambiente favorável ao seu tratamento e
recuperação, esse ponto de vista foi estudado por Moraes Filho e Santos (2017), onde afirmam
que os programas de atendimento se inicia com a triagem, seguindo com atendimento
psicológico e familiar, atividades grupais e esportivas, [...] ou seja, atividades que fazem parte
do tratamento e que são desenvolvidos através das esquipes multiprofissionais e pelos internos
.
Sobre os projetos desenvolvidos para reinserir os dependentes químicos no mercado
de trabalho, M1 declara que a instituição já fez alguns encaminhamentos, mas que atualmente
36
não tem desenvolvido nenhum meio para reinseri-los no mercado de trabalho, haja vista a
resistência das organizações, questionado se pretende desenvolver essas parcerias, diz que
existem muitos projetos e sonhos, porém, destaca que a sociedade e os empresários precisam
estar abertos a colaborar. Em relação aos cursos/capacitações como: informática, educação
básica, profissionalizantes e outros, M1 alega que não está sendo feito, embora tenha buscado
esses recursos.
O desemprego é algo que preocupa a todos e para os residentes que precisam se afastar
por um tempo é mais difícil ainda, partindo deste princípio Pereira (2102) explica que as
comunidades terapêuticas precisam oferecer aos residentes ações e atividades socioeducativas
e profissionalizantes que os leve a valorizar o lugar onde estão e aproveite as oportunidades
para sua reinserção produtiva na sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
negativos estão relacionados a uma instituição que não tem desenvolvido nenhuma ação com
relação a capacitação do residente para o mercado de trabalho.
Diante do panorama que abrange a reinserção social agravada pela questão de ser um
dependente químico em constante recuperação, sugere-se que as comunidades terapêuticas
continuem buscando parcerias junto a sociedade, a iniciativa privada e instituições de forma
que estes possam contribuir, seja oferendo capacitação, seja possibilitando uma nova
oportunidade no mercado de trabalho, ações essas que trarão conhecimento sobre o tema
facilitando o retorno do indivíduo à sociedade.
REFERÊNCIAS
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Esc. Anna Nery, n.2, 2011, p.339-345.
39
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Metodologia: um guia para a iniciação científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1986
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trabalho: possibilidades de atuação para o enfermeiro. Escola Anna Nery Revista de
Enfermagem. Rio de Janeiro, n 4, dez. p. 707-711, 2007.
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substâncias focada no indivíduo e no ambiente. Porto Alegre: Artmed, 2011.
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ecomapa como instrumental na assistência em saúde. Revista da rede de enfermagem do
Nordeste, vol. 13, núm. 2, 2012, pp. 321-331.
21 DIAS, Maria Angélica Beltrani. Políticas públicas para o combate às drogas no Brasil.
Monografia (Graduação em Direito) - Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC,
São Paulo, 2012.
27 GANEV, Eliane; LIMA, Wagner de Lorence. Reinserção social: processo que implica
continuidade e cooperação. Serviço Social e Saúde, n. 1, vol. 10, 2011.
28 GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Altas, 2002.
29 ___________. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: Atlas S.A., 2008.
37 MACHADO, Letícia Vier; BOARINI, Maria Lúcia. Políticas sobre drogas no Brasil: A
Estratégia da Redução de Danos. Paraná. 2013. Psicologia: Ciência e Profissão. p. 580-585.
44 MESQUITA, Fábio. Aids e drogas injetáveis: in a. lancetti (org). Saúde loucura 3. São
Paulo, Ed. Hucitec, 1991. p. 46-53.
45 Minayo, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 21 ed.
Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
47 MOARES FILHO, Iel Marciano de; ALMEIDA, Rogério José; SANTOS, Osmar Pereira.
Atividades oferecidas por comunidades terapêuticas estabelecidas na cidade de Goiânia
e caracterização de suas esquipe. Revista Vita et Sanitas. Goiás, n.2, Jul/dez. 2016. p.20.
ANEXOS
45
OBJETIVOS:
Identificar as ações e atividades voltadas para a reinserção social do dependente
químico.
Verificar o papel da família no processo entre o tratamento e o retorno ao convívio
familiar.
Levantar quais são os resultados da reinserção do dependente químico no mercado de
trabalho.
APÊNDICE
48
I PERFIL DA COMUNIDADE
II PERFIL DO GESTOR
9. Cargo/Função:
_________________________________ 10. Sexo
( ) Feminino
( ) Masculino
22. Dentre os motivos, qual o mais comum relatado pelos internos, que os levaram ao
início do uso de drogas?
( ) Solidão
( ) Prazer proporcionado pelas drogas
( ) Separação Conjugal
( ) Problemas familiares
( ) Morte de algum familiar
( ) Outros____________
23. Quais os problemas mais comuns relatados pelos internos decorrentes do uso de
drogas?
( ) Conflitos familiares
( ) Perda do trabalho
( ) Problemas de saúde
( ) Problemas com a justiça
( ) Problemas financeiros
( ) Outro __________
IV-FAMÍLIA
24. Os familiares realizam visitas aos
residentes?
25. Qual a frequência permitida para as 27. No que diz respeito à participação
visitas de familiares aos internos? familiar no tratamento, a instituição
( ) Semanal realiza algum tipo de apoio com os
( ) Quinzenal familiares do residente?
( ) Mensal
( ) Anual ( ) Sim. Quais?
( ) Outros _________________ __________________
29. Em sua opinião, de que forma as famílias podem contribuir para que haja êxito no
tratamento e recuperação do dependente químico?
5
30. Esta comunidade terapêutica busca 34. Caso a comunidade terapêutica não
realizar palestras de prevenção em? tenha projetos, deseja ter futuramente?
( ) Escolas Justifique.
( ) Igrejas ( ) Sim
( ) Associações ( ) Não
( ) Empresas Justifique___________________________
( ) Universidades
( ) Outros________________ 35. Qual a frequência em que são
realizadas as ações e atividades?
31. Quais os programas de atendimento ( ) Diário
oferecidos aos dependentes e familiares ( ) Semanal
nesta CT? ( ) Quinzenal
( ) Projeto terapêutico individualizado ( ) Mensal
( ) Palestras bíblicas ( ) Anual
( ) Palestras sobre drogas e prevenção à ( ) Esporádico
recaídas
( ) Atividades práticas 36. A comunidade terapêutica tem
( ) Atividades esportivas, recreativas parcerias com empresas para empregar
( ) Oficinas artísticas e artesanato os ex- residente?
( ) Acompanhamento médico e ( ) Sim
medicamentoso ( ) Não
( ) Apoio a reinserção social
( ) Terapia de grupo ou individual 37. Caso não tenha, pretende realizar
( ) Outros__________________ parcerias?
( ) Orientação e aconselhamento de ( ) Sim
familiares ( ) Não
( ) Encaminhamento para outras formas de
atendimento como: hospitalar 38. A comunidade terapêutica recebe
incentivos governamentais para realizar
32. Esta comunidade terapêutica tem ações e atividades para a reinserção do
algum projeto para reinserir os dependente químico no mercado de
dependentes químicos no mercado de trabalho?
trabalho? ( ) Sim. Qual (is)? ______________
( ) Sim ( ) Não
( ) Não
39. Ao desenvolver e aplicar as ações e
33. Se sim, dentro do projeto, quais atividades de reinserção, a CT faz o
atividades/ações são desenvolvidas: acompanhamento dos resultados dessas
( ) Cursos de informática ações quando o ex-residente volta para o
( ) Profissionalizantes meio familiar, social e de trabalho?
( ) Educação básica ( ) Faz o acompanhamento por 1 ano
( ) Todas as atividades mencionadas ( ) Faz o acompanhamento por 6 meses
( ) Outros_____________ ( ) Faz o acompanhamento por 3 meses
( ) Não faz acompanhamento