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Por conseguinte, a teoria personalista tem méritos, mas nem por isso é
suficiente para explicar o desenvolvimento de uma ciência ou de uma
sociedade. A obra de cientistas, filósofos e eruditos é muitas vezes ignorada ou
negada num dado período de tempo, apenas para ser reconhecida bem depois.
Essas ocorrências implicam que a época determinava se uma idéia vai ser
seguida ou desdenhada, louvada ou esquecida. A história da ciência está
repleta de exemplos de rejeição as novas descobertas e percepções. Mesmo os
maiores intelectos (talvez especialmente os maiores) foram constrangidos por
um fator contextual chamado Zeitgeist, o espírito ou clima intelectual de uma
época. A aceitação e aplicação de uma descoberta pode ser limitada pelo
padrão dominante de pensamento de uma cultura, de uma região ou de uma
época, mas uma idéia demasiado nova para ser aceita num período pode sê-lo
prontamente uma geração ou um século depois. A mudança lenta parece ser a
regra do progresso científico.
Assim sendo,a noção de que pessoa faz a época não é inteiramente correta.
Talvez como diária a teoria naturalista da história científica, a época faça a
pessoa, ao menos possibilite e reconhecimento daquilo que uma pessoa tenha a
dizer. A não ser que o Zeitgeist esteja pronto para a idéia nova, o seu esteja
pronto para a idéia nova, o seu proponente pode não ser ouvido; pode ser alvo
de zombaria ou mesmo de condenação à morte. Isso também depende do
Zeitgeist.
Suponha que o clima tenha ficado significativamente mais frio ou que as águas
costeiras tenham ficado estéreis. Para sobreviver, os animais das áreas
afetadas têm de alterar suas formas. uma espécie sem pêlos, por exemplo,
precisará desenvolvê-los para enfrentar temperaturas mais frias; uma espécie
de pernas curtas precisará tomar-se uma espécie de pernas longas se o
alimento antes disponível em águas rasas só for encontrado em águas mais
fundas. Algumas espécies não se adaptaram às mudanças ambientais, e a
ciência só conhece seus vestígios históricos. Outras modificaram sua forma de
alguma maneira, mantendo, porém características básicas; nesses casos, as
formas mais novas revelam claramente seu vínculo com as mais antigas. Outras
ainda se modificam tão radicalmente que se tornam novas espécies, e sua
relação com os predecessores não são tão evidentes. Por mais branda ou
extrema que seja a alteração, o importante é que as espécies vivas podem
adaptar-se às exigências ambientais. Quanto mais o ambiente muda, tanto mais
a espécie deve transformar-se.
Assim, parece claro que, embora a evolução da psicologia deva ser considerada
em termos das teorias personalista e naturalista da história, o Zeitgeist parece
ter o papel mais importante. Por mais valiosas que suas contribuições sejam
consideradas hoje, se as figuras significativas da história e da ciência tivessem
tido idéias demasiado distantes do clima intelectual de sua época, suas
percepções teriam desaparecido na obscuridade. O trabalho criativo individual
se parece mais com um prisma que difunde, elabora e magnífica o espírito da
época – do que com um farol, embora um e outro lancem luz no caminho à
frente.