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Psicologia em

estabelecimentos penais
Conceitos em Psicologia Jurídica
 PSICOLOGIA JURÍDICA
 Aplicação do saber psicológico às questões relacionadas ao
saber do Direito.
 PSICOLOGIA FORENSE
 Psicologia aplicada no âmbito de um processo ou
procedimento em andamento no Foro.
 PSICOLOGIA CRIMINAL
 Estuda as condições psíquicas do criminoso e o modo pelo
qual ocorre a ação criminosa.
 PSICOLOGIA JUDICIÁRIA
 Prática psicológica realizada a mando e a serviço da justiça
(perícia).
PSICOLOGIA JURÍDICA: ÁREAS DE
ATUAÇÃO (Leal, 2008)
 Infância e Juventude: adoção, risco, abrigo, infratores.
 Direito da Família: separação, disputa guarda, visitas.
 Direito Civil: interdições, indenizações, dano psíquico.
 Direito Penal: perícia, insanidade mental e crime.
 Trabalho: acidente de trabalho, indenizações.
 Testemunho: estudo do testemunho, falsas memórias.
 Penitenciária: penas alternativas, intervenção ao recluso.
 Policial e das Forças Armadas: seleção e formação policial.
 Mediação: mediador em direito penal e família.
 Direitos Humanos: defesa e promoção dos direitos.
 Proteção a Testemunhas: atendimento psicológico.
 Formação/atendimento aos Juízes e Promotores: seleção.
 Vitimologia: avaliação e atendimento a vítimas de violência.
 Autópsia Psicológica:avaliação por informação de 3ºs.
Conceitos em Psicologia Jurídica
 PSICOLOGIA PENITENCIÁRIA (Huss, 2011)
 Não atua diretamente como perito em processos, mas atua
em instituições correcionais (prisões e cadeias).
 PSICOLOGIA POLICIAL (Huss, 2011)
 Traçar perfil criminal, adequação para avaliações de
responsabilidade, negociação de reféns.
 PSICOLOGIA CRIMINAL (Leal, 2008)
 Estuda as condições psíquicas do criminoso e o modo pelo
qual ocorre a ação criminosa.
 PSICOLOGIA INVESTIGATIVA (De Leo et al., 2000)
 Envolve traçar perfil criminológico, estudo vitimológico,
psicologia do testemunho.
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA FINS
JURÍDICOS
 Psicólogo contratado por uma das partes, sem
haver nomeação de perito.Caso haja solicitação de
perícia psicológica, o psicólogo pode se tornar um
assistente técnico.
 Ao final de seu trabalho elabora-se um
relatório/laudo psicológico, pois é resultado de seu
trabalho avaliativo.
O trabalho do psicólogo consiste em
quê?

Diferenciar o puramente
criminológico do psicopatológico.

Distinguir o “normal” do
“patológico”.
Quando alguém responde por seus
atos?
IMPUTABILIDADE
 Imputar:
 •Significa atribuir a um sujeito como causa, uma ação, um fenômeno,
como efeito.

 Imputabilidade:
 •É uma qualidade que tem em si uma ação ou um fenômeno qualquer
que o torna atribuível àquela causa

 A imputação, ou imputabilidade, estabelece uma relação causal


entre um sujeito e uma ação, no caso, uma ação delituosa.
(Peres & Filho, 2002)
INIMPUTABILIDADE
 Quando a capacidade de imputação for nula, isto
quer dizer que o agente era, à época do delito,
incapaz de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

 Quem pode ser inimputável?


 Aquele que por anomalia psíquica e/ou retardo
mental não pode responder por si judicialmente
(Código Penal Brasileiro, Artigo 26, 1940).
 Os menores de 18 (Art. 104 do Estatuto da Criança
e do Adolescente, Lei nº 8.069, 1990).
SEMI-IMPUTABILIDADE
 São aqueles que, sem ter o discernimento ou
autocontrole abolidos, te-los reduzidos ou
prejudicados por doença ou transtorno mental
no momento do ato ilícito.
 Pessoas com transtornos mentais ou retardo
mental (Código Penal Brasileiro, Artigo 26,
1940).
 Não impede a culpabilização, mas a pena pode
ser reduzida de um a dois terços.
Avaliação Psicológica Forense
 Como?

 Entrevista Clínica
 Observação do comportamento
 Escalas (poucas e com falhas psicométricas)
 Testes (poucos e com falhas psicométricas)
Exame do estado mental (alterações das
funções psicológicas)
 Funções Psicológicas Básicas
Atenção
Sensopercepção
Consciência
Orientação
Exame do Estado Mental Memória
Pensamento
Linguagem
Inteligência
Conduta
Afetos e humor
Juízo crítico
Exame do Estado Mental -
ENTREVISTA CLÍNICA

Aparência: Comportamento: Atitude frente ao


Modo de andar, Psicomotor:
examinador:
postura, roupas, normal, acelerada
Reservado,
adornos, higiene ou retardada.
envergonhado,
pessoal, cabelos Movimentos
(alinhados ou estereotipados, reticente, aberto,
não), atitude maneirismos, hostil, bajulador,
(amigável/hostil), negativismo, sedutor, amigável,
humor, ecopraxia e cooperativo,
modulação flexibilidade irônico, defensivo,
afetiva, etc. cérea. ambivalente, etc.
Aspectos do Paciente na Entrevista
Inicial
Coerência: Sentimentos
Comunicação:
Coerência da despertados:
Características da
história e Impressão geral
fala (quantidade,
respostas transmitida pelo
velocidade e
apresentadas, das paciente:
qualidade).
razões atribuídas e tristeza, pena,
Normalmente
das explicações. irritação, desejo
responsivo, loquaz,
Coerência entre o de ajudar. São
taciturno, prolixo,
sentimento pistas para a
volúvel, não
manifesto e o psicopatologia
espontâneo.
assunto abordado. subjacente.
Funções Psicofisiológicas
Sono/Vigília:
Insônia inicial, terminal, ou no meio da noite; hipersonia; sonambulismo; terror
noturno; apnéiado sono; alterações do ciclo sono-vigília, diminuição da necessidade
de sono.

Apetite:
Aumento ou diminuição, com ou sem alteração no peso (considerar variações maiores
que 5% do peso usual).

Sexualidade:
Diminuição ou aumento do desejo ou da excitação (depressão e mania); incapacidade
de atingir o orgasmo; parafilias; ejaculação
precoce, retardada, vaginismo.

Alterações súbitas de hábitos:


Alterações em padrões de sono, alimentação, apetite ou humor que tenham sido
observados sem explicação externa aparente.
Quais são os estabelecimentos penais?

 Os estabelecimentos penais são destinados aos


condenados (regime fechado, semiaberto e
aberto), aos submetidos à medida de segurança,
ao preso provisório e ao egresso. Em resumo,
abrangem:
a) Penitenciária (destina-se ao condenado à pena de
reclusão, em regime fechado);

b) Colônia Agrícola, Industrial ou Similar (destina-


se ao cumprimento da pena em regime semiaberto);
Quais são os estabelecimentos penais?

c) Casa do Albergado (destina-se ao cumprimento de pena


privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação
de fim de semana);

d) Centro de Observação (onde se realizam os exames gerais e o


criminológico);

e) Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (destina-se


aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo 26 e seu
parágrafo único do Código Penal);

f) Cadeia Pública (destina-se ao recolhimento de presos


provisórios).
CREPOP
 O Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas
Públicas [CREPOP] é um dispositivo técnico-político de
pesquisa do Sistema Conselhos de Psicologia criado em 2006.

 Presente em todos os Conselhos Regionais de Psicologia, o


CREPOP tem por escopo proporcionar maior capilaridade do
saber e da prática da Psicologia na esfera pública.

 O conjunto de ações em pesquisa desenvolvidas pelo Sistema


Conselhos de Psicologia, por meio do CREPOP, está organizado
a partir da diretriz Investigação Permanente em Psicologia e
Políticas Públicas, que consiste em pesquisar nacionalmente o
fazer dos psicólogos diante das especificidades regionais.
CREPOP
 A proposta de investigar a atuação profissional em
políticas públicas visa apreender o núcleo de
saberes e práticas do cotidiano de trabalho dos
psicólogos (CAMPOS, 2000). As áreas escolhidas
para as pesquisas são eleitas a partir de critérios
como: inserção da Psicologia em dada política;
abrangência territorial; existência de marcos lógico
legais e o caráter social e/ou emergencial dos
serviços prestados.
Atuação do Psicólogo no Sistema
Prisional

Conselho Federal de Psicologia, Brasília-DF, 1°Edição, 2010.


O trabalho do psicólogo...
 Não é terapêutico;
 Sua intervenção não se restringe às pessoas em execução de
pena. Muito pelo contrário, tal profissional atua em prol de
todo o sistema;
 O Conselho Federal de Psicologia, por meio da resolução CFP
012/2011, ressalta que “os psicólogos deverão ter sempre em
vista a observância dos direitos humanos daqueles
encarcerados, os quais deverão ser reinseridos na vida
social.” Em outras palavras, os profissionais deverão atuar
em prol da construção da cidadania, afastando a cultura
relativa à ideia de vingança. 
A Função do Psicólogo na Prisão

1. Participar de Comissões Técnicas de Classificação (CTCs);


 As CTCs, são compostas por profissionais técnicos e
agentes penitenciários, funcionam como mini tribunais
em que o preso é ouvido e julgado por faltas disciplinares,
entre outras coisas;
 Nos coloca como profissionais de controle ou no lugar de
juízes, pois temos que apurar e emitir pareceres sobre
infrações disciplinares, opinando quanto à culpabilidade
do apenado e propondo punições, que vão desde
advertência verbal até restrição de direitos e isolamento,
podendo este chegar a 30 dias sem sair da cela.
A Função do Psicólogo na Prisão

2. Realizar Exames Criminológicos (EC);


 Visa avaliar se o apenado tem ou não condição de
progredir de regime ou ganhar a liberdade;
 Pretende inferir sobre a periculosidade do sujeito,
tendendo a naturalizar as determinações do crime,
ocultando os processos de produção social da
criminalidade.
Exame Criminológico
 Como é feito?
 Entrevista semiestruturada e observação;
 Roteiro de perguntas sobre a história do sujeito
(onde nasceu, por quem foi criado, relação familiar,
etc..)
 Examina a vida laborativa e criminológica;
 Seus planos futuros.
 Obs: É necessário avaliar a capacidade crítica e
forma que o sujeito relata sobre o delito.
Observação Pessoal
 Muitos presos assumem e questionam seus atos. Fazem
várias críticas ao sistema prisional, mas paradoxalmente
dizem que a prisão foi válida, foi o que os fez parar o ato e
parar para pensar, rever seus valores;
 A trajetória de muitos está diretamente ligada ao contexto
sociocultural precário, enquanto outros dizem que sua
motivação não foi a necessidade, e sim a ambição, o poder, a
emoção ou a adrenalina. Enquanto alguns dizem não ter
pensado nas consequências, outros assumem ter consciência
do que faziam, mas agiam compulsivamente. Estes chegam
à conclusão de que “a vida do crime é uma ilusão”.
Recorte do Vídeo: A
Psicologia e o Direito
Penal

A doutora em Direito
Penal e mestre em
Psicologia, Valdirene
Daufemback, debate o
uso dos saberes
psicológicos no contexto
da culpabilidade e da
dosimetria da pena no
Tribunal do Júri. Na
dissertação apresentada
no programa ela
questiona como os
conceitos psicológicos
estão presentes no
sistema penal, quais
seus pressupostos e para
que são usados.
Sobre o sistema ...
Em PSICOLOGIA E SISTEMA PRISIONAL
Maria Lucia Karam
Gostaríamos que quem causou um dano ou um prejuízo sentisse
remorsos, pesar, compaixão por aquele a quem fez mal. Mas, como
esperar que tais sentimentos possam nascer no coração de um
homem esmagado por um castigo desmedido, que não compreende,
que não aceita e não pode assimilar? Como este homem
incompreendido, desprezado, massacrado, poderá refletir sobre as
consequências de seu ato na vida da pessoa que atingiu? (...) Para o
encarcerado, o sofrimento da prisão é o preço a ser pago por um ato
que uma justiça fria colocou numa balança desumana. E, quando sair
da prisão, terá pago um preço tão alto que, mais do que se sentir
quites, muitas vezes acabará por abrigar novos sentimentos de ódio
e agressividade. (...) O sistema penal endurece o condenado,
jogando-o contra a ‘ordem social’ na qual pretende reintroduzi-lo.
(Louk Hulsman, Penas perdidas, p.71-72)
Um mundo sem prisões
é possível? Fernanda Otoni de Barros
 “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo
que cativas!” Disse a raposa ao pequeno príncipe.
“Mas o que é cativar?” Perguntou o principezinho.
“Cativar é criar laços”, respondeu a raposa. “Ah! É
isso!”. No lugar de cativeiros de seres humanos, a
oferta de laços que prendam o sujeito à vida. Esta é
a aposta que faz possível pensar no fim das prisões.
Grupo:

Amanda Romano

Analaura Aguera

Ana Larissa Canosso

Giovanna Moura

Josimara Alves

Milena Belli

Patrícia Mattos

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