Você está na página 1de 2

Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos - UNICEPLAC

Curso de Psicologia

Discentes: Aurylene Gomes de Andrade


Suyzi Gomes Ferreira Silva

RESENHA CRITICA - MILAGRE NA CELA 7

O filme turco intitulado “Milagre na cela 7” foi lançado pela Mundial em


outubro de 2019, dirigido por Mehmet Ada Oztekin e baseado no filme Sul Coreano,
Miracle in Cell No. 7 (2013) de Lee Hwan-kyung. Milagre na cela 7 foi um líder de
bilheteria nos cinemas, não somente turcos, em 2019, com mais de 5,3 milhões de
ingressos vendidos. Também fez sucesso e teve bom público mundial devido ao seu
lançamento na Netflix, principalmente na França e na América Latina, onde teve vários
acessos e boa crítica.

Memo (Aras Bulut Iynemli) é um pastor de ovelhas com deficiência mental,


possivelmente um atraso cognitivo, pois vive com algumas limitações em seu
funcionamento intelectual e social. Embora cuide com muito amor e carinho de sua filha
com a ajuda de sua avó em uma vila na costa turca do mar Egeu, não oferecendo perigo
algum as pessoas, um dia sua vida sofre uma reviravolta, quando a filha do comandante
sofre um acidente fatal e Memo é acusado injustamente dessa morte, obrigado a
confessar, sendo preso e condenado à morte.

Os temas centrais abordados por esse filme são a intolerância e o preconceito,


vivenciada pelo personagem principal que apresenta uma deficiência, sendo diferente
das pessoas, assim como o bullying sofrido pela sua filha na escola, quando o pai ia
buscá-la, a injustiça social que afeta a camada mais vulnerável da sociedade. Trata-se de
uma família com poucas condições financeiras, as relações entre pais e filhos, que
apesar de todas as dificuldades e limitações conseguem demonstrar seu grande amor,
cuidado e carinho um pelo outro, assim como as relações familiares como a importância
da rede de apoio aos portadores de deficiências intelectuais, dentre outras.

Os problemas mentais do protagonista Memo, sendo um distúrbio cognitivo, o


faz agir como uma criança e o que parece ser uma dificuldade é então transformada em
uma relação de cumplicidade entre ele a filha, Ova (Nisa Sofyia Aksongursa), órfã
desde o nascimento. Eles constroem uma relação entre pai e filha diferente de todas as
outras, enquanto a relação de outros pais e filhos é retratada no filme como fria e
distante, pois os pais são autoritários e truculentos. O pai de Ova se preocupa em vê-la
feliz e está sempre presente em sua rotina, inclusive conciliando seu trabalho de
pastorear as ovelhas e brincando com a filha, o que a deixa muito feliz suprindo a falta
que a mãe faz.

Além do pai, se reveza nos cuidados a Ova, a avó de Memo, Fatma (Celile
Toyon Uysal), que teme um dia morrer e deixá-los sem amparo e cuidados, pois entende
que é a única responsável por uma criança e um portador de deficiência. A avó promete
a Ova que viveria pelo menos até que ela ficasse adulta.

As relações de poder também são constantemente questionadas no filme, tanto


por parte das autoridades, quanto pelos presos da cela, que tentam fazer justiça com as
próprias mãos sem saber o que realmente aconteceu. Ao chegar à prisão, Memo é
covardemente agredido e quase morto pelos companheiros de cela, que ao passar do
tempo percebem que Memo é inocente e que precisa de ajuda para não ser condenado à
morte pelo exército.

Para amenizar a falta da filha morta, o tenente com um falso senso de justiça,
para dar o exemplo a toda a vila, mesmo depois de encontrar e ouvir uma testemunha
que diz ter sido um acidente, talvez para ele, tenha sido uma forma de demonstrar amor
e cuidado pela sua filha. Outra forma de demonstrar amor pela filha foi retratada por um
companheiro de cela, que vivia culpado pela morte da própria filha se declarando não
digno de viver, enquanto a filha estaria morta. Outra situação é retratada com outro
assassino companheiro de cela, que após ver a relação entre Memo e a filha muda de
atitude com seus próprios filhos.

Diferentes formas de amor são retratadas no filme que tem uma sensibilidade
para abordar essas relações e faz os seus telespectadores avaliarem suas próprias
relações e sua maneira de enxergar a vida e as pessoas. É uma história que retrata de
forma sensível o lado bom do ser humano, de onde menos se espera e é viável evocar a
esperança nos indivíduos e cabe ressaltar que podemos evoluir como pessoas em termos
de conscientização.

Referência

O Milagre na Cela 7. Direção: Mehmet Ada Oztekin. Produção: Sinan Turan; Saner
Ayar, 2019.

Você também pode gostar