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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DE VITÓRIA CENTRO UNIVERSITÁRIO

FAESA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

WALKIRIA VESPA MOREIRA

RESENHA FILME “ MEU PAI”

VITÓRIA, 2023
O filme Meu Pai, conta a história de um senhor de idade, Anthony, que começa a apresentar
falhas de memória esquecendo eventos mais recentes, e cujo o único contato pessoal é com a
filha mais velha, Anne. Nos primeiros minutos do filme vemos Anne tentando convencer o
pai para parar de criar situações desagradáveis com os cuidadores, que os forçavam a se
demitirem. O interesse de Anne é que o pai aceite cuidados externos para que ela possa se
mudar para a França onde conheceu uma nova pessoa.
Em seguida, um homem estranho aparece dentro da casa, dizendo ser esposo da filha, que,
reaparece na história com outra fisionomia e Anthony já não a reconhece mais. (Na verdade
até eu já estava ficando bem confusa, rssss). Um estranhamento acontece, neste momento
começa-se a entender os indícios do que está se passando.
Quando é revelado que Anthony está em um asilo nos é permitido olhar para trás, para o fil
me como um todo, e percebermos a natureza dos acontecimentos: sofrendo de demência, An
thony revive situações do passado sem distinguir lembranças e fatos atuais, como se estivess
e reencenando alguns acontecimentos e os misturando com elementos do presente. Anthony 
preenche os rostos que estão sendo esquecidos por personagens que agora fazem parte do
seu presente no cotidiano do asilo.  
O filme se passa sob à ótica dos delírios de Anthony na maior parte do tempo,
principalmente nos momentos de maiores confusões e descontinuidades, onde personagens
desaparecem abruptamente, ou surgem metamorfoseados, ou ocorrem elipses temporais que
se justificam pelos lapsos de sua memória. Porém, em alguns momentos revisitamos os
mesmos acontecimentos sob o ponto de vista de Anne, acessando cruamente a sua realidade.
Depois de assistir ao filme é difícil imaginar um retrato da demência tão cortante e fiel. Para
quem já viveu situações semelhantes com entes queridos, é quase impossível não se
identificar com os que rodeiam Anthony e perdem a paciência, dispensando suas confusões
como teimosias. Meu Pai é uma experiência sensorial importantíssima para compreender e
simpatizar com a situação. O filme é um relato arrasador da velhice, que deixa uma sensação
inquieta difícil de dispensar. Sentimos muita pena do pai, claro, mas, com os familiares que
precisam lidar com esta situação diariamente, não é nada fácil também
É chocante quando o pai pede para a filha não sair. Implora! Ela explica que só vai buscar
algo ali na cozinha. Mas aí quando retorna, a realidade da memória de Anthony já está toda
embaralhada e confusa.
A mensagem final do filme não é sobre demência ou Mal de Alzheimer. Nem simplesmente
sobre velhice ou idosos. A principal mensagem está relacionada à empatia. Colocar-se no
lugar do outro que está envelhecendo. Ou colocar-se no lugar do outro que cuida do pai
envelhecendo. Amor, cuidado, carinho. Mas, quando alguém não tem paciência para lidar
com a perda de memória de um idoso? Muito difícil, porque no filme deixa claro que a
demência, além da perda progressiva da memória, mas também compromete o pensamento,
julgamento e capacidade de adaptação a situações sociais, tudo isto complicando mais a
convivência.
Principalmente por retratar a solidão, retratar o que é envelhecer e também o que é cuidar. E
o quão difícil é cuidar do pai e ao mesmo tempo cuidar da própria vida. Meu sonho é me
mudar para Paris. Mas como vou realizar esse sonho com o meu pai aqui perdendo a
memória e precisando da minha ajuda?
Assistir Meu Pai foi emocionante.! Você vê a cuidadora de idosos pegando na mão do idoso
e dando carinho. Aí vem logo aquele pensamento: como seria esse cuidado no asilo que
acompanhamos?! Os idosos serem mais tocados, abraçados. Cuidar dos mais velhos é uma
tarefa difícil. Assim como temos a complexidade de envelhecer. Quando somamos tudo isso
fique ainda mais desafiador.
Para mim a cena mais emocionante do filme tem o pai no lar de idosos, ganhando colo da
cuidadora e pedindo 'mamãe'. Cena fortíssima!

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