Aula 3: 22 de fevereiro de 2013.

Continuação: aplicação dos testes psicológicos

3) Os direitos do testando:

- Deve ser obtido o “Termo de consentimento livre e esclarecido” antes da

realização da testagem, com exceção de:

a) Testagem por determinação da justiça

b) Testagem como parte de atividades escolares
c) Testagem de seleção em que a participação já implica consentimento.

4) Sigilo e divulgação dos resultados:

- Sigilo:
a) Os arquivos devem estar em locais seguros
b) As identidades devem ser codificadas de modo que só o psicólogo saiba
identificá-las.
c) Exceção: processos judiciais onde o juiz pode pedir a quebra do sigilo
d) Quem tem direito aos resultados?
e) O candidato (toda e qualquer informação numa linguagem acessível)
f) O solicitante (juiz ou dono da empresa no caso de seleção): direito somente às
informações necessárias à resposta da solicitação. Ex: está apto ou não

DIRETRIZES PARA O CORRETO USO DOS TESTES

● International Test Comission:

- Influenciada pelas instituições abaixo:

- Sociedade Australiana de Psicologia

- Sociedade Britânica de Psicologia
- Associação Canadense de Psicologia
- Associação Americana de Pesquisas Educacionais
- Associação Americana de Psicologia, entre outras

Porque é necessário traçar diretrizes para o uso de testes psicológicos?

1) Os países diferem amplamente em relação ao grau de controle legal que podem

exercer sobre o uso dos testes

2) Alguns testes têm sido veiculados na internet sem a autorização dos

autores/editoras, violando os direitos autorais e sem nenhuma preocupação com
a segurança dos instrumentos.

3) Em alguns países (EUA e Inglaterra), pesquisas estão sendo realizadas sobre a

avaliação a distância, via Internet, nas áreas do trabalho e da educação,
estimulando uma série de questionamentos sobre as normas de aplicação,
controle do processo de avaliação e da segurança dos resultados dos testes
O que o usuário (quem aplica) deve saber?

- Padrões éticos e profissionais no uso de testes;

- Direitos do testando;
- Escolha e avaliação de testes alternativos;
- Administração, correção e interpretação de testes;
- Relatório escrito e devolução de informações;

● Critérios para a construção de testes:

- Critérios para a forma de registro realizada pelo usuário, por exemplo manuais
técnicos para os usuários;
- Critérios para regulamentar a oferta, a disponibilidade e as informações sobre os
testes.

Responsabilidade para a utilização ética dos testes: p. 16 e 17

- Atuar de forma ética e profissional;

- Garantir o uso competente dos testes;
- Assumir responsabilidades no uso dos testes;
- Garantir segurança ao arquivar testes;
- Assegurar a confidencialidade dos testes.

● Práticas adequadas no uso dos testes:

- Avaliar o potencial dos testes;

- Selecionar testes tecnicamente confiáveis para cada situação;
- Prestar a devida consideração aos vieses culturais;
- Preparar cuidadosamente as sessões de aplicação dos testes;
- Administrar os testes adequadamente;
- Corrigir, analisar os resultados corretamente;
- Comunicar os resultados de forma clara e adequada.

HISTÓRIA DOS TESTES PSICOLÓGICOS

• Ernst Heinrich Weber: 1795-1878, médico alemão

• Gustav Theodor Fechner: 1801-1887, matemático e físico

“ O físico e o psíquico não seriam realidades opostas, mas aspectos de uma mesma
realidade essencial”

- 1860: Elementos de Psicofísica - uma lei estabelecendo a relação entre a quantidade de

excitação e a intensidade da sensação.

• Lei de Fechner-Weber: estabelece a relação entre estímulo e sensação,

permitindo a sua mensuração.
 • Essa lei teve muita importância na história da psicologia, porque instaurou a
possibilidade de medida do fenômeno Psicológico, o que até então era
considerado impossível.

• Dessa forma, os fenômenos Psicológicos vão adquirindo status de científicos,

porque, para concepção de ciência da época, o que não era mensurável não era
passível de estudo científico

NASCE A PSICOLOGIA ENQUANTO CIÊNCIA CIENTÍFICA

NASCE A PSICOLOGIA EXPERIMENTAL

• 1875: Wundt criou na Alemanha o Laboratório de Psicologia Experimental de

Leipzig (primeiro laboratório dedicado à pesquisa psicológica, marco inicial da
psicologia científica, nova ciência, recém emancipada da Filosofia)

• Tese: Sensibilidade táctil de pacientes histéricos utilizando o método de Weber

de discriminação limiar entre dois pontos

• Fundamentos da Psicologia Fisiológica: estudos sobre psicofísica, sensação e

percepção.

Lei de Wundt: O tempo de reação cresce em sentido inverso ao da intensidade

estimuladora e tanto mais rapidamente quanto mais se aproxima do limiar

UM DOS FUNDADORES DA PSICOLOGIA EXPERIMENTAL

• 1880: Francis Galton (Inglaterra) se interessou pela mensuração das funções

psicológicas, mais especificamente a avaliação das aptidões humanas através da
medida sensorial

• Galton entendia que a discriminação sensorial era a base do desempenho

intelectual, e que medidas adequadas, neste sentido, seriam capazes de indicar
diferenças entre os mais e os menos capazes

• Tinha conhecimentos de medicina, matemática, geografia, biologia (primo de

Darwin), meteorologia, psicologia (inteligência)

• Barras para medir a percepção de comprimento, apito para medir a percepção da

altura do tom, criação de escalas de atitude (escalas de pontos) e
desenvolvimento de métodos estatísticos (criou o conceito de correlação)

• 1890: James McKeen Cattell (EUA e Inglaterra)

• Também deu ênfase no estudo das medidas sensoriais
• Seu orientador era Wundt
• Elaborou uma bateria de testes que investigava áreas relacionadas à acuidade
sensorial, ao tempo de reação, julgamentos sobre intervalos de tempo, com o
objetivo de predizer o desempenho acadêmico
• Recebeu críticas: seus testes eram medidas exclusivamente sensoriais e não se
correlacionavam nem com o desempenho acadêmico e nem com o nível
intelectual.

• 1900: Alfred Binet (França)

• Crítica: os “testes” disponíveis eram puramente sensoriais e no máximo
avaliavam habilidades muito específicas, como memória.
• Testes de inteligência devem abranger e medir funções mais amplas (atenção,
concentração, memória, compreensão etc.)

• A pedido do departamento de educação do governo Francês, em colaboração

com Theodore Simon, Binet desenvolveu o primeiro teste para mensuração da
capacidade cognitiva geral, com o objetivo de identificar as crianças com
deficiência mental e compor um sistema diferenciado de educação para elas

• O teste era composto por 30 itens em ordem crescente de dificuldade

• 1912: Wilhelm Stern (EUA)

• Propôs o termo “QI” (quociente de inteligência) para representar o nível mental,

e introduziu os termos “idade mental" e “idade cronológica“

• QI: exprime numericamente e de forma padronizada a capacidade intelectual de

um sujeito, em comparação ao seu grupo etário

• Stern propôs que o QI fosse determinado pela divisão da idade mental pela
idade cronológica. Assim uma criança com idade cronológica de 10 anos e nível
mental de 8 anos teria QI 0,8, porque 8 / 10 = 0,8.

• 1916: Terman (EUA)

• Professor da Universidade de Stanford
• Binet-Simon + conceito de QI (Stern)
• Publicou a “Stanford Revision of the Binet-Simon Scale”
• Sugeriu multiplicar o QI por 100, a fim de eliminar a parte decimal

• 1900: Charles Spearman (Inglaterra)

• Conhecido pelo seu trabalho na área da estatística, como um pioneiro da análise

fatorial e pelo coeficiente de correlação de postos de Spearman

• Grande contribuição: fez bons trabalhos de modelos da inteligência humana,

incluindo a descoberta de um fator geral único, batizado de fator g.
A ERA DOS TESTES DE INTELIGENCIA

• Quatro grandes marcos:

1) O teste de inteligência de Binet-Simon (precursor): 1905
2) O artigo de Spearman sobre o fator g: 1904
3) O teste de Stanford-Binet (1916)
4) Primeira Guerra Mundial
 Neste período de guerra (anos 20), vários instrumentos foram desenvolvidos, novos
testes foram publicados e houve uma melhora na qualidade dos instrumentos, nos
procedimentos de administração e nas pontuações.

A PARTIR DA DÉCADA DE 20:

A testagem psicológica, até então muito focada exclusivamente nas capacidades
cognitivas ganha novos campos de atuação, como a testagem educacional, onde
foram desenvolvidas provas para avaliação de desempenho escolar e acadêmico

DECADA DE 30
Aliado ao crescimento de novos campos de atuação da testagem psicológica, o
entusiasmo com os testes de inteligência diminui muito.

Thorndike (1938 – EUA): sugeriu a existência de habilidades específicas e

independentes que não se organizavam em torno de uma habilidade geral

Discutido por anos por Cattell (1940), Horn (1991) e Carroll (1993): modelo
hierárquico das habilidades (TEORIA CHC)