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Definição de transação, suas

divisões e subdivisões. Um
exemplo de transações
transferencial e angular
Por José Silveira Passos

Segundo Berne (ATP) “As manifestações da relação social são chamadas


transações. Estas ocorrem especificamente em cadeias: um estímulo
transacional procedente de X faz emergir uma resposta transacional de Y;
esta resposta torna-se um estímulo para X, e a resposta de X, por sua vez,
torna-se um novo estímulo para Y”, p. 82. A transação é a unidade de ação
social, que envolve um estímulo e uma resposta.

Segundo Thomas A. Harris (EU ESTOU OK), “A transação consiste num


estímulo de parte de uma pessoa e numa reação de outra, que por sua vez
se torna um novo estímulo para a primeira pessoa”, p. 77.

Segundo Woollams e Brown (Manual Completo), “Transação é a troca de


carícias entre duas pessoas, e consiste num estímulo e numa resposta
entre dois estados de Ego específicos”, p. 71.

Se não houver resposta ao estímulo, não há transação. Qualquer estímulo


origina-se de um dos estados de Ego do emissor e dirige-se a um
determinado estado de Ego do receptor. Da mesma forma, a resposta
origina-se de um estado de Ego do receptor e dirige-se a um estado de Ego
do emissor. O estudo das transações tem por finalidade diagnosticar qual o
estado de Ego que implementa o estímulo e qual o que emite a resposta,
permitindo compreender a dinâmica do relacionamento do sistema PAC.

As transações são analisadas através de diagramas estruturais de primeira


ordem ou de diagramas funcionais. Os diagramas funcionais fornecem
maior número de informações e são utilizados para resolução de problemas
concretos.

Divisões e subdivisões:

Segundo Berne (ATP) as transações podem ser Simples e Ulteriores:

1) Simples – Constituem uma transação simples aquelas em que os


fenômenos são observáveis, aparentes, permitindo uma avaliação objetiva
dos mesmos. Essas transações podem ser complementares ou cruzadas:
Complementares ou paralelas – São aquelas em que tanto o estímulo
como a resposta atingem os estados de Ego visados:

Tipo I – São representadas mediante vetores paralelos horizontais no


diagrama (P-P; A-A; C-C);

Tipo II – São representadas mediante vetores inclinados no diagrama (P-C;


C-P);

Tipo III – São representadas mediante vetores inclinados ocupando apenas


a metade inferior do diagrama (C-A; A-C);

Tipo IV – São representadas mediante vetores inclinados ocupando apenas


a metade superior do diagrama (A-P; P-A).

Cruzadas – São aquelas em que o estímulo é recebido por um estado de


Ego diferente daquele que se visava atingir, e a resposta é dirigida a um
estado de Ego diferente daquele que emitiu o estímulo:

Tipo I – Chamada de transferencial, em que um estímulo racional (A-A),


vem uma resposta infantil em busca de apoio (C-P);

Tipo II – Chamada de contra-transferencial, em que um estímulo racional


(A-A) vem uma resposta parental, provavelmente em busca de obediência
(P-C);

Tipo III – São aquelas em que o Adulto não participa, envolvendo apenas o
Pai e a Criança dos interlocutores. O estímulo parte da C para o P e a
resposta vem também da C para o P (Queixa mútua);

Tipo IV – Também o Adulto dos interlocutores não participam, sendo que


neste caso, o estímulo é de P para C e a resposta também é de P para C
(Infinito).

2) Ulteriores – Constitui uma transação ulterior aquela em que os


fenômenos não são aparentes, não aparecem na superfície, ocorrem
subjacentes, por “debaixo dos panos” em concomitância ao aparente (ao
observado). Apresentando, assim, dois níveis de comunicação: um a nível
social (aparente), representados por vetores com linhas cheias, e outro a
nível psicológico (subjacente), representado por vetores com linhas
pontilhadas. Podem ser:

Duplex – Envolve quatro estados de Ego na transação, sendo que dois a


níveis aparentes e dois a níveis subjacentes.

Angulares – Envolve três estados de Ego, sendo um a nível subjacente e


dois a níveis aparentes.
Exemplo de transações transferencial e angular.

– Transferencial:

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TERAPEUTA (dirigindo-se a um cliente):


E – Como passou a semana?
CLIENTE (em resposta ao terapeuta):
R – Ah… Dr. Só o senhor me entende… lá em casa ninguém quer saber de
mim…

– Angular:

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TERAPÊUTA (dirigindo-se a um grupo de estudantes de psicologia):


Mensagem aparente:
E – Tenho uma vaga no grupo de terapia às terças-feiras. Mas só poderá
participar quem tiver coragem.
Mensagem Subjacente (desafiando a Criança do estudante):
E’ – Quem é você para ter coragem de participar de um grupo de terapia!
ESTUDANTE (em resposta à mensagem subjacente):
R – A vaga é minha!

Bibliografia:

1 – Berne, E. Análise coragem Transacional em Psicoterapia, Editorial


Summus, São Paulo, 1985.
2 – Woollams S. e Brown, M. Manual Completo de AT, Ed. Cultrix, São
Paulo, 1976.
3 – Harris, T. A. Eu Estou OK Você Está OK, Editora Artenova, Rio de
Janeiro, 1977.

Representação gráfica de um
egograma, "hipótese da constância"
e nossa abordagem com um cliente
com este egograma
Por José Silveira Passos

Criado por John Dussay (Os Egogramas e a “Hipótese de Constância”, in:


Prêmios Eric Berne), “Os egogramas representam a intensidade e a
freqüência dos estímulos que procedem de um estado de Ego e provêm de
símbolos visuais dos estados de Ego predominantes”, p. 37. O Egograma é
um gráfico de barras, em que cada barra representa um estado de Ego,
conforme representado abaixo.

Cliente sexo masculino, 39 anos, estrangeiro (está no Brasil há 4 anos), vive


maritalmente há 3 anos, sem filhos, a mulher sustenta a casa, não trabalha
atualmente.

Queixa inicial: dificuldades de relacionamentos em geral, inclusive com a


mulher.

O Egograma a seguir foi traçado após a terceira consulta:

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Dussay, (Os Egogramas e a “Hipótese de Constância”, in: Prêmios Eric


Berne), descreve que “Tem-se como hipótese que quando um estado de
Ego aumenta em intensidade, um outro deve decrescer, por causa da
mudança na energia psíquica, cujo total deve ser um fator constante”, p. 38.
Afirma, ainda, que alguns fatores biológicos e sociais são importantes em
relação a intensidade, resultando assim na equação psicofisiológica: (P + A
+ C)mm = K, onde:

P A C – São as partes dos estados de Ego que podem ser separadas.

mm – Variável relacionada aos fatores biológicos e sociais.

K – Constância da energia psíquica total.

Observamos no Egograma em questão, que os estados de Ego do cliente


estão poucos catexados com exceção do estado de Ego CA. Entretanto, o
cliente apresenta sintomas de inibição, apatia e pessimismo, evidenciando
que grande parte da energia interna está sendo gasta, pelo cliente, para se
deprimir, conforme afirma Dussay (Os Egogramas e a “Hipótese de
Constância”, in: Prêmios Eric Berne), citando as pesquisas de Tissot e do
grupo de Michael Reese em apoio às suas observações clínicas.

Mesmo que esse Egograma não fosse do meu cliente, ou seja, se não
conhecesse a pessoa, poderia interpretá-lo sem nenhuma dificuldade e
saber como é a vida dessa pessoa, bem como suas dificuldades e
patologias. A hipótese da constância nos permite afirmar que o
desenvolvimento do estado de Ego Adulto dessa pessoa é fundamental
para que ele possa prover os meios de sua subsistência, bem como
desenvolver os demais estados de Ego (PN e CL), com isso garantir que
sua CA irá diminuir (aumentando um ou mais estados de Ego, outro ou
outros estados de Ego irão diminuir, mantendo assim, a energia psíquica
total constante).
Nossa abordagem com esse cliente foi inicialmente fornecendo carícias
positivas de tal modo que foi possível iniciar os trabalhos de
descontaminação de seu estado de Ego Adulto. Após três sessões
individuais, o cliente foi inserido em um grupo de terapia, onde pode receber
as carícias do grupo pelos seus comportamentos positivos. Continuou,
inicialmente, com a terapia individual onde permitiu-se trabalhar a
descontaminação de seu Adulto até o ponto em que ficou somente com a
terapia de grupo (onde permanece até hoje).

Na medida em que seu estado de Ego Adulto foi sendo fortalecido,


informações a respeito de análise estrutural e funcional foram sendo
fornecidas, e em paralelo, contratos foram sendo propostos com a finalidade
de corroborar no fortalecimento de seu Adulto.
Três meses após o início da terapia o cliente iniciou sua atividade
profissional (artesanato com prata), começou a pagar a sua própria terapia
(até então quem pagava era a sua mulher).

Bibliografia:

1 – Berne, E., Análise Transacional em Psicoterapia, Editorial Summus, São


Paulo, 1985.
2 – Dussay, J. M., Os Egogramas e a “Hipótese de Constância”, in: Prêmios
Eric Berne.
3 – Dussay, J. M., A Evolução da Análise Transacional, in: As Escolas de
Análise Transacional, Apostila da UNAT-BR.

As regras de comunicação segundo


Berne. Como utilizamos estas
regras em nossa prática
Por José Silveira Passos

Primeira regra – Sempre que há transações complementares, a


comunicação prossegue indefinidamente e/ou atinge os objetivos.

Segunda regra – Sempre que há transações cruzadas, a comunicação é


interrompida ou muda de rumo.

Terceira regra – O resultado das transações ulteriores é determinado a


nível psicológico e não a nível aparente, desse modo, não há uma maneira
de predizer o comportamento através do processamento do nível social
resultante de uma transação ulterior; a predição depende em todos os
casos do conhecimento do nível psicológico.
Para que a comunicação se processe sem desvios, as transações mais
apropriadas são as complementares, desde que envolvam todos os estados
de Ego. Quando isto não ocorre, estaremos diante de uma transação
fechada, típica de um relacionamento simbiótico. Daí a utilização da
primeira regra da comunicação.

As transações cruzadas são as responsáveis pela maioria dos


desentendimentos e conflitos entre os seres humanos, seja no trabalho, no
lar, na escola, entre amigos, etc. Entretanto, passam a ser adequadas,
quando a sua utilização tem por finalidade interromper transações fechadas
ou simbióticas, interromper jogos, confrontar, etc.

Quanto as transações ulteriores, seus efeitos são duplamente negativos


para o processo de comunicação, pois não só causam confusão, mas
também produzem a interrupção do processo. A confusão gerada pela
duplicidade de estímulos que exigem uma escolha de resposta, em geral, é
dada pelo estado de Ego mais ativo do receptor. Quando este responde à
mensagem social, cruzar a psicológica e vice-versa, resulta sempre em
algum tipo de quebra da comunicação. Além disso, as transações ulteriores
constituem um convite para os Jogos Psicológicos.

Em nossa prática utilizamos as regras da comunicação academicamente em


cursos e palestras com a finalidade de aclarar os entraves do processo de
comunicação.
Na prática clínica, geralmente quando abordamos com o cliente os aspectos
da análise funcional, introduzimos os conceitos de transações explicitando
as regras da comunicação, incentivando os clientes a levá-las em conta na
comunicação do dia-a-dia.

Outro aspecto que temos em mente, durante o processo psicoterápico, é


transacionar com o cliente nos diversos estados de Ego, ainda que não
estejamos trabalhando com análise das transações propriamente dita,
evitando assim, ater-nos ao uso predominante do estado de Ego Adulto, o
que segundo Berne (ATP), há a possibilidade de ocorrer transações
cruzadas (diferentemente do modelo Psicanalítica).

Usamos, sempre que necessário, o conceito da segunda lei da


comunicação no contexto das “Opções” de Karpman, no sentido de cruzar
uma transação com o objetivo de interromper ou não permitir entrar em
jogos psicológicos, bem como às vezes interromper transações fechadas,
etc.

Consideramos o uso dos conceitos das leis da comunicação de grande


utilidade na composição de diagnósticos, bem como no planejamento e no
prognóstico do tratamento, como por exemplo o cliente que utiliza
predominantemente transações cruzadas em sua comunicação,
provavelmente estruturará o seu tempo de modo negativo, ficando a maior
parte do tempo em isolamento (diálogos internos), terá dificuldades em se
abastecer com carícias positivas (é provável que receba carícias
agressivas). Por outro lado, se o cliente utiliza com freqüência transações
ulteriores, certamente recebe carícias negativas em abundância, através
dos jogos psicológicos, ficando assim, “impedido” de desfrutar de intimidade
com as pessoas que o rodeiam.

Procuramos manter-nos consciente, no processo da terapia, do nível


psicológico da comunicação, pois se assim não procedermos, poderemos
correr o risco de reforçar as patologias do cliente através de mensagens
embutidas nas transações que poderão funcionar como reforçadores de
comportamentos.

Bibliografia:

1 – Berne, E., Análise Transacional em Psicoterapia, Editorial Summus, São


Paulo, 1985.
2 – Berne, E., Introducción al Tratamiento de Grupo, Adiciones Grijalbo S/A,
Barcelona, Buenos Aires, México, D. F.

Transação redefinidora (de


redefinição): definição,
classificação, exemplos e aplicação
prática.
Por José Silveira Passos

Definição:

Segundo Ken Mellor e Eric Schiff, (Redefinição, in: Prêmios Eric Berne)
“Redefinição refere-se ao mecanismo que as pessoas usam para manter
uma visão estabelecida de si próprios, de outras pessoas e do mundo, de
modo a levar adiante seus roteiros. É o meio pelo qual as pessoas se
defendem contra estímulos que são inconsistentes com seu quadro de
referência e definem os estímulos para ajustá-los ao quadro”, p. 123.

Segundo os autores, três aspectos são observados no processo de


redefinição:

1°) Quando o indivíduo redefine, é possível que esteja estruturando o seu


tempo em jogos psicológicos ou está em um comportamento de seu
argumento;
2°) A redefinição é usada em concomitância com os quatro comportamentos
passivos, tendo como objetivo confirmar ou reforçar o tipo de relação
simbiótica requerido pelo indivíduo para caminhar dentro de seu roteiro;

3°) Quando o indivíduo redefine, suas opções ficam limitadas em função


das relações simbióticas estruturadas pelas suas redefinições, bem como
pelos seus comportamentos.

Quando algo ameaça o quadro de referência do indivíduo, ele busca se


defender através da redefinição do estímulo, que é inconsistente, com a
finalidade de adequá-lo ao seu quadro de referência.

O indivíduo quando criança, estabelece uma relação simbiótica com a mãe


ou com pessoas que tenham influência sobre ela com a finalidade de
sobrevivência. Quando estas questões de sobrevivência da infância não são
totalmente resolvidas, a tendência é o indivíduo procurar se relacionar com
pessoas que possam formar uma estrutura simbiótica semelhante à de sua
infância, que é o seu quadro de referência. Assim sendo, a simbiose tanto é
a causa como é também o efeito da redefinição.

Classificação e exemplos:

Os autores (Redefinição, in: Prêmios Eric Berne) constataram que as


pessoas usam dois tipos distintos de transações quando elas redefinem.
São as transações tangenciais e as bloqueadoras.

Transações tangenciais são transações nas quais o estímulo e a resposta


se dirigem a diferentes emissores ou se dirigem a mesma emissão de
diferentes perspectivas. Conversações envolvendo estas transações se
caracterizam por uma constante mudança de foco, afastando-se do ponto
que está sendo discutido.

Exemplo: “Quem fez isto?”


Resposta: “Foi feito antes do jantar”. (mudança de “quem” para “quando”).

Transações bloqueadoras são transações nas quais o propósito de levantar


uma questão é evitado pela discordância sobre a definição do resultado.
Transações bloqueadoras são freqüentemente o primeiro movimento em
uma cadeia de transações de redefinição e são usualmente competitivas.

Exemplo: “Pare de se agitar e pense”.


Resposta: “Eu não estava me agitando, estava só dando tempo para
sintonizar minha cabeça”. (definição de agitação).

Aplicação prática:

Em nossa prática clínica procuramos não permitir que o cliente continue


redefinindo, seja tangenciando ou bloqueando. Usamos a confrontação para
interromper a redefinição, como por exemplo: Você não respondeu a minha
pergunta! Quer responder ao que perguntei? Isto possibilita a
descontaminação de seu Adulto, bem como evita desviar do ponto inicial.
Utilizamos este procedimento, para confrontar qualquer tentativa de
redefinição, tendo atenção ao estado de Ego usado para confrontar, com a
finalidade de evitar simbiose doentia, uma vez que a origem da redefinição
está no relacionamento simbiótico de infância.

O indivíduo ao redefinir significa que algo está ameaçando o seu quadro de


referência, assim sendo, procuramos averiguar qual é a ameaça que está
por traz da redefinição, buscando levar o indivíduo a uma posição de
responsabilidade sobre seus sentimentos, pensamentos e comportamentos,
levando-o a investir na resolução do conflito.

Outro aspecto que damos atenção quando estamos trabalhando com o


processo de redefinição é quanto as desqualificações e grandiosidades,
bem como as desordem de pensamentos, envolvidas no contexto. Este
procedimento auxilia o cliente a tomar consciência e manter contato com
questões internas relevantes para si na situação, pois facilita o seu
desenvolvimento na responsabilidade de resolução do problema.

Biblografia:

1 – Ken, M. e Schiff, E., Redefinição, in: Prêmios Eric Berne.

O uso deliberado de transações


cruzadas. Como utilizamos esse
conceito na prática
Por José Silveira Passos

O uso de transações deliberadamente cruzadas é uma técnica de


abordagem psicoterapeutica utilizada com a finalidade de resolver
problemas de transações “fechadas”, ou seja aquelas transações que se
desenvolvem sempre envolvendo os mesmos estados de Ego. Em geral
estas transações “fechadas” ou “cerradas” se estabelecem entre o Pai e a
Criança dos interlocutores, embora possam ocorrer também entre outros
estados de Ego como entre C-C e P-P.

Karpman (Opções, in: Prêmios Eric Berne), afirma que muitos clientes
estabelecem transações “cerradas” em seus relacionamentos e buscam
terapia com a finalidade de resolver essa situação. A Análise Transacional
oferece uma abordagem de fácil compreensão para o problema e fornece
uma gama considerável de opções para essas pessoas.
A dificuldade que os indivíduos encontram para romper uma transação
“cerrada”, reside no fato de que existe um componente emocional envolvido
na comunicação, levando as pessoas a imaginar que é impossível
desvencilhar da armadilha que sempre dispara a flecha no momento exato.
Daí em diante, parece uma mosca presa à teia de aranha: quanto mais se
debate na tentativa de escapar, fica cada vez mais grudada nos fios que
foram tecidos pacientemente pela aranha.

Numa transação “fechada” típica (P-C) normalmente toda tentativa de


manipular a situação é infrutífera, pois essas tentativas giram em torno de
variações de afirmações tanto da Criança como do Pai, o que vem reforçar
ainda mais os sentimentos inadequados resultantes do relacionamento
tipicamente simbiótico em que estão envolvidos.

Daí, o uso da transação cruzada ser efetivo no rompimento desses


relacionamentos simbióticos, pois muda completamente o circuito “viciado”
em que ambos os indivíduos estão envolvidos, deixando de reforçar os
sentimentos inadequados e ao mesmo tempo fornecendo outras opções de
relacionamento mais agradáveis.

Outras possibilidades do uso de transações deliberadamente cruzadas, são


por exemplo cruzar uma transação ulterior para a interrupção de um jogo,
na confrontação quando se cruza a transação com o Adulto, etc.

Karpman (Opções, in: Prêmios Eric Berne), afirma que o objetivo deve ser
cruzar a transação deliberada e efetivamente e que para tal, é necessário
observar os quatros critérios seguintes:

1 – Um ou ambos os estados de Ego devem mudar realmente – significa


que um dos envolvidos deverá realmente mudar o seu estado de Ego, com
isso convidar o outro a mudar também de estado de Ego.

2 – A transação deve ser cruzada – Com o auxílio da terapia o indivíduo


irá escolher o estado de Ego mais adequado para cruzar a transação, ou
qual o estado de Ego que melhor seria atingir no outro, ou ainda ambas as
coisas. Essas possibilidades, Karpman (Opções, in: Prêmios Eric Berne)
chama de opções transacionais.

3 – O assunto deve mudar – significa que é fundamental que se mude o


assunto. Caso o assunto inicial fosse em torno de que uma pessoa é ou não
“má”, o assunto deveria ser mudado, por exemplo, para o que a outra
pessoa pode fazer.

4 – O tópico anterior deve ser esquecido – significa que a mudança de


assunto, bem como a mudança do estado de Ego devem continuar
direcionando o novo tópico abordado, que deverá ser mais interessante do
que o anterior.
É importante que a decisão da escolha da transação cruzada seja feita pelo
Adulto do cliente (ou do terapeuta), uma vez que é dele a decisão de que
efeito quer obter na outra pessoa, que estado de Ego quer atingir, que
estado de Ego é melhor para ele no contexto, ou ainda de que maneira quer
sair da transação “cerrada”. Isso implica em mudança de atitude para com a
outra pessoa e não apenas representar ou simular situações.

Em nossa prática corrente usamos o conceito de transações


deliberadamente cruzadas em cursos e palestras com a finalidade de evitar
jogos e transações “cerradas” com participantes, que muitas vezes buscam
enganchar o estado de Ego Pai ou Criança do instrutor/palestrante.

Em nossa prática clínica procuramos também mostrar ao cliente que há


opções que podem ser utilizadas e que outras pessoas as utilizam. Sempre
que surgem situações envolvendo transações “cerradas”, seja em terapia de
grupo ou individual, buscamos direcionar o trabalho para resolver o
problema de imediato, tornando a terapia mais prática e dando
possibilidades ao cliente de testar, durante a semana, e trazer na sessão
seguinte os resultados positivos ou negativos obtidos, momento em que
será verificado sua habilidade ou não em aplicar o que aprendeu.

Um exemplo prático: mulher de 36 anos; sua queixa básica era o seu


relacionamento com a sua chefe. Reclamava que não estava agüentando
mais a carga imposta por ela:

Cliente (C)- Quando penso que está tudo bem, ela aparece com uma crítica
a alguma coisa que eu fiz.
Terapeuta (T)- O que por exemplo?
C – São tantas coisas. Hoje por exemplo, estávamos numa reunião e ela
me criticou na frente de todos dizendo que eu não tinha que me meter nos
assuntos da tesouraria, pois a responsável é a funcionária fulana de tal.
T – E você está se metendo no trabalho que é de responsabilidade da
funcionária fulana de tal?
C – É Claro que se eu não verificar tudo, vai sair tudo errado, ela é uma
incompetente.
T – Você não respondeu ao que lhe perguntei. Quer responder agora!
C – Não estou me metendo. Acontece que a responsável pelo setor onde a
tesouraria está inserida sou eu. Quando acontece algo errado ela é a
primeira a dizer que a culpa foi minha de não ter verificado.
T – Qual é a sua função?
C – Sou assistente dela ( sua chefe é diretora de uma instituição ligada à
Secretaria de …). Sou uma espécie de pau para toda obra. Se eu não tomar
a frente as coisas não andam.
Durante as sessões seguintes ficou claro que sua chefe agia como se fosse
sua mãe e ela (cliente) como se fosse a sua filha. Estavam se relacionando
como se fossem mãe e filha. Sua chefe agia no PC e ela na maioria das
vezes com CAR e algumas vezes na CAS.
A situação estava ainda mais crítica parece-nos que em virtude de sua
chefe ser uma senhora com 65 anos de idade, solteira, sem filhos e morava
sozinha. A cliente por sua vez solteira, sem filhos e também morava sozinha
(sua família morava em outro estado). Inclusive dizia ter muita pena de sua
chefe, pois ela era uma senhora idosa e muito só.

Direcionamos inicialmente a terapia no sentido de descontaminar o seu


Adulto e fornecendo dados sobre os estados de Ego, transações e carícias,
até o momento em que ela tinha adquirido informações e elementos
suficientes para iniciar as investidas no rompimento das transações
“cerradas”.

Em nossa prática corrente utilizamos ainda este conceito para confrontar


situações como por exemplo frente a uma sedução (C-C), frente a uma
transação últerior para interromper um jogo, etc.

Bibliografia:

1 – Karpman, S., Opções, in: Prêmios Eric Berne.

Simbiose em Análise Transacional,


suas vantagens e desvantagens. Os
tipos de simbiose e o manejo
terapêutico; um exemplo prático.
Por José Silveira Passos

Simbiose é o fenômeno que se dá quando um dos indivíduos utiliza dois


estados de Ego e o outro apenas um. A Simbiose inibe a capacidade de
desenvolvimento de ambos.

Segundo Schiff, (Passividade, in: Prêmios Eric Berne), “A simbiose é uma


condição normal no estágio oral de desenvolvimento da criança. É vivida
por ambos, mãe e filho, como o fundir ou compartilhar de suas
necessidades”, p. 41. Assim sendo, trata-se de uma necessidade que
garante a sobrevivência da criança até que ela tenha condições de tornar-se
independente como indivíduo capaz de resolver seus próprios problemas. A
patologia (simbiose patológica, segundo a autora), resulta de perturbações
na relação simbiótica natural ou de indiferenciação entre a criança e a mãe,
tais como negligência e superproteção ou em circunstâncias onde os pais
não possuem condições adequadas para preparar o filho para funcionar
como pessoa independente, capaz de resolver seus próprios problemas.
Segundo a autora, os Jogos Psicológicos desenvolvem-se à partir de
relações simbióticas não resolvidas, utilizando mecanismo de
desqualificação para se manter e de grandiosidade como justificativa para a
manutenção da simbiose.

A desqualificação é um mecanismo que é deflagrado por um diálogo interno


que incapacita o indivíduo de agir sobre determinados aspectos da
realidade em si mesmo, no outro ou no meio. Ou seja, o indivíduo pode
desqualificar em três áreas: ela mesma, os outros ou a situação, e, de
quatro modos em cada uma delas: a existência do problema, o significado
do problema, a possibilidade de resolução do problema e a própria pessoa.

A grandiosidade, que envolve um exagero (minimização e /ou


maximização), é utilizada como justificativa para a manutenção da simbiose.
A grandiosidade “evita” que o indivíduo assuma responsabilidades por
determinados comportamentos em situações específicas, ele a descreve
como sendo a responsável pelo seu comportamento.

Schiff (Passividade, in: Prêmios Eric Berne), identifica quatro


comportamentos passivos: não fazer nada, sobreadaptação, agitação e
incapacidade ou violência. Estes comportamentos o indivíduo utiliza para
estabelecer ou manter a simbiose, cujas respostas a eles são também
simbióticas.

Segundo Woollams e Brown, (Manual Completo), há um relacionamento


especial entre o pai primitivo e o bebê, que eles chamam de “dependência
normal”, em que não há necessidade da mãe e nem o filho desqualificar
nenhum de seus estados de Ego para que haja autonomia do filho à medida
que ele vai amadurecendo.

Woollams e Brown (Manual Completo), comentam que a base da simbiose


se estabelece, que por sua vez constituem relacionamentos patológicos,
quando a mãe não satisfaz as necessidades de sua própria Criança e, isto
acarreta uma sensibilidade excessiva às necessidades do filho. Ou seja, à
medida que o filho se desenvolve ela continua a provê-lo, sem ensinar e
permitir que ele próprio se cuide. Com isso, o filho não tem a oportunidade
de desenvolver e catexar seus estados de Ego Adulto e Pai. Quando
cresce, irá manipular terceiros com a finalidade de obter a satisfação de
suas necessidades.

Outras vezes, o filho aprende a assumir o papel original, da mãe, na


simbiose, continuam os autores. Como por exemplo, se ele sentir oprimido,
poderá optar por excluir o seu próprio estado de Ego Criança, utilizando os
estados de Ego Pai e/ou Adulto para se proteger. Ou ainda se a mãe, de
tanto desqualificar as suas próprias necessidades e carências, resolve
“inverter os papéis”, recusando-se a cuidar do filho em detrimento de suas
próprias necessidades. Nesse caso, o filho tomará conta da mãe,
desqualificando as suas próprias necessidades (da Criança).
A principal vantagem, a meu ver, diz respeito a Simbiose Primária Resolvida
(Kertész) ou “dependência normal” (Woollams e Brown) ou Simbiose Natural
(Schiff) em que a mãe, sem desqualificar seus estados de Ego, cuida
adequadamente do bebê, permitindo que este se desenvolva adquirindo
autonomia.

Outra vantagem, é quando a simbiose for estabelecida conscientemente, ou


seja, no caso dos trabalhos desenvolvidos por Schiff, em que ela própria
“entra na simbiose” com o cliente para conseguir reparentalizá-lo, e
posteriormente ir rompendo-a gradativamente sobre controle.

Sua principal desvantagem é quando tratar-se de simbiose patológica, ou


seja, aquela em que de um lado um indivíduo desqualifica seu estado de
Ego Criança e o outro desqualifica seus estados de Ego Pai e Adulto, tendo
em vista que a desqualificação é anti-vida.

Tipos de simbiose

Kertész (Manual de Análisis Transaccional), descreve três tipos de


simbiose:

Simbiose Primária Resolvida – é quando a simbiose natural do bebê com


a mãe vai se desfazendo gradativamente até a adolescência, época em que
o filho tem condições de manejar seus estados de Ego (PAC) com
autonomia, possuindo permissão para ser ele mesmo;

Simbiose Primária Não Resolvida – se por exemplo, a mãe age de


maneira a superproteger o filho, não permitindo o desenvolvimento
completo de seus estados de Ego Pai e Adulto, impedindo o rompimento da
simbiose natural, o que acarretará a tendência de continuar, durante a vida,
reproduzindo a estrutura de relação simbiótica não resolvida com a mãe. O
mandato básico, “não cresça”, servirá de apoio para a tendência do
indivíduo repetir a relação de dependência que teve com a mãe com outras
pessoas similares a ela (chefe, esposa/marido, etc.).

Simbiose Secundária – onde a mãe necessita da proteção do filho, muito


embora ele seja ainda pequeno. O mandato básico “Apressa-te a crescer”
faz parte das mensagens parentais (no caso, da mãe) em que o filho
apoiará, para mais tarde atuar na simbiose usando seus estados de Ego Pai
e Adulto.

Schiff (Leitura do Cathexis) descreve dois tipos de relacionamento


simbiótico:
O primeiro deles leva em conta o aspecto estrutural e o segundo o aspecto
funcional.
Aspecto estrutural – é quando os relacionamentos resultantes são
competitivos ou são complementares, caracterizando dois tipos de simbiose:
competitiva e complementar.
– Simbiose competitiva – é quando cada um dos indivíduos está
competindo pela mesma posição na simbiose. É o caso de uma criança
dependente, onde poderá haver com freqüência uma progressão de raiva,
agitação, incapacitação, etc.

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– Simbiose complementar – é quando ambos os indivíduos concordam


com suas posições mútuas.

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Segundo a autora (Leitura do Cathexis) na relação simbiótica competitiva, o


objetivo da escalada é definir qual das partes conseguirá a posição que é
considerada mais favorável por ambos, quando o relacionamento
complementar for estabelecido.

Na simbiose estrutural de primeira ordem, continua a autora, ambos os


indivíduos no relacionamento ou excluem totalmente alguns estados de ego
ou desqualificam alguns aspectos de um estado de ego. Esse
relacionamento se dá através de contaminação ou através de exclusões.

No caso da simbiose competitiva, ambos percebem a mesma posição como


sendo preferível para definir a realidade. Nesse caso, cedo ou tarde, um
cederá ou ambos renunciarão ao relacionamento.

– Simbiose de segunda ordem – Segundo Schiff (Leitura do Cathexis) a


simbiose estrutural de segunda ordem é mais importante do que uma de
primeira ordem. Diz que tanto o tipo competitiva como o complementar
podem ser utilizados para a simbiose estrutural e que cada uma delas é
fixada na infância do indivíduo.

A autora (Leitura do Cathexis) cita o exemplo das mães que exigem que os
filhos atendam às necessidades delas. Nesse caso, quando eles acreditam
que deviam realmente atender esses desejos da mãe para sobreviver,
poderá levar a um desenvolvimento acelerado de A1 e P1, ocorrendo
inicialmente um relacionamento como diagramado abaixo:

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Aspecto funcional – esse tipo de simbiose ocorre, segundo Schiff (Leitura


do Cathexis), quando os indivíduos decidem que a função é mais importante
do que estados de ego. Diz a autora que nesse caso pode ser de maneira
moderada ou de uma maneira rigorosa. Acrescenta que os papéis do sexo
masculino e feminino são, em geral, uma variação branda. Cita um exemplo:
“como homem desta casa, ficarei fora da cozinha, e como mulher, você
ficará fora da oficina”. Isso pode ser traduzido mais ou menos assim: “posso
usar o meu Adulto na oficina, mas não cozinha. Você pode usar o seu
Adulto na cozinha, mas não na oficina”, p. 12.

Acrescenta a autora que um exemplo de variação extrema é o caso de uma


estrutura familiar maníaco-depressiva.

Manejo terapêutico e um exemplo prático

Lidamos com a simbiose, em nosso trabalho clínico, confrontando


constantemente a desqualificação, cruzando transações quando adequado,
dando carícias positivas aos comportamentos OK e carícias negativas, por
exemplo desaprovação, aos comportamentos passivos, de modo a evitar
que o cliente entre em jogos e atue em simbiose conosco. Outro aspecto
que procuramos ficar atentos ao lidar com o processo simbiótico de um
cliente é não agir passivamente com o mesmo, pois isto resultaria em
reforçar a sua patologia.

Cliente do sexo feminino, 36 anos, solteira.


Queixa: dificuldade no relacionamento com a sua chefe.
Histórico: Filha mais velha, tem um irmão de 25 anos de idade que
atualmente está usando drogas (há suspeita de que está traficando
também).

Viveu com os pais até os 19 anos, época em que saiu de casa e foi para a
“cidade grande tentar a vida”. Os pais se separaram quando ela tinha 6
anos de idade (atualmente o pai voltou a viver com a mãe). Diz que amava
muito o seu pai e por isso sentiu muito com a separação, pois passou a
viver somente com a mãe que a cobrava muito. Diz que até hoje não
agüenta olhar para a mãe, pois é como se ela tivesse cobrando dela o
tempo todo algo que ela não fez.

Acredita que sua mãe não gosta dela porque ela sempre defendeu o pai.
Quando a sua mãe falava mal dele ela o defendia. Disse que saiu de casa
fugindo e jurou que nunca mais iria voltar a morar com a mãe. Até hoje
apenas se falam, mas guarda muita mágoa dela.

Afirma ter lutado muito para sobreviver sozinha e para terminar os seus
estudos. Há dez anos trabalhou como professora e há três foi aproveitada
no (……) como acessora de diretoria em uma instituição ligada à Secretaria
de ……. Diz que quando começou seu trabalho como acessora, se dava
maravilhosamente bem com sua chefe. Sua chefe é uma senhora de 65
anos de idade, solteira, sem filhos e mora sozinha. Disse que encontrou
nela uma mãe que nunca teve. Disse que na maioria das vezes passavam o
final de semana juntas, passeando, viajando, etc. Era como se fosse da
família.

Tudo começou quando ela arrumou um namorado e confidenciava para ela


(chefe) tudo o que acontecia na relação com ele. A partir de determinado
momento começaram a se desentender. Sua chefe começou a dar palpites
em sua vida… começou a não lhe dar atenção… notava que ela a tratava
friamente. Começou a fazer de tudo para reverter a situação. Até terminou o
namoro, mas não adiantou nada. Sua chefe cada vez mais a ignorava.
Reclama que atualmente faz de tudo no trabalho para ser reconhecida, pelo
menos como boa profissional que é, mas sua chefe está cada vez mais
distante dela, só faz criticá-la. “Disse outro dia que eu estou doente e que
precisava me tratar. Fiquei uma arara com ela”, comentou a cliente.

Disse que ultimamente está completamente sem ânimo para fazer as


coisas, sente-se muito só, não tem namorado e nem amigos. Fica
angustiada com tudo isto. Diz que não sabe mais o que fazer para reverter a
situação com a sua chefe e ao mesmo tempo sente muita pena dela, pois
ela é uma senhora sozinha…

Disse ter dificuldades em gostar de seus namorados. Começa tudo bem,


dali a pouco… vai ficando de saco cheio e termina. Normalmente é ela
quem toma a iniciativa de terminar o namoro.

A cliente, apresentava inicialmente um pensamento confuso e um profundo


sentimento de desconforto com a situação entre ela e sua chefe. Buscava
compensar isto fumando e bebendo desesperadamente, freqüentando
locais agitados como boites localizadas em zonas de prostituição, shows de
travestis e lésbicas, etc.

Em seu trabalho vivia “correndo” de um lado para outro, mas na realidade


não produzia quase nada de concreto. Ficava claro que grande parte de
suas atividades era sem propósito, sem um objetivo aparente.

Tais atividades evidenciava um Comportamento Passivo de Agitação que


estava sendo usado na tentativa de defender a simbiose contra a ameaça
de rompimento pela sua chefe.

Este Comportamento Passivo de Agitação estava na eminência de se


transformar em um Comportamento Passivo de Violência, pois a cliente
relatou que chegou a “explodir” algumas vezes em seu trabalho, faltando
muito pouco para “esganar” quem estivesse em sua frente, Chegou
inclusive a chutar a parede, quase fraturando o dedo do pé.

Inicialmente atuamos como pai da cliente, com o intuito de diminuir o fluxo


da energia, antes que fosse descarregada, conforme vinha fazendo. Isto
facilitou a restauração de um Comportamento Passivo mais favorável, que
foi a Super Adaptação, onde foi possível iniciar alguns trabalhos de
Parentalização.

Durante esta fase do tratamento algumas vezes a cliente ligou-nos de seu


trabalho pedindo orientações de como proceder em algumas situações.
Procuramos orientá-la, com cuidado nessas situações, pois com este
procedimento reforçamos ainda mais nossos vínculos oriundos da Super
Adaptação.

A partir daí os trabalhos foram intensificados no fornecimento de dados e


confrontações. Todas as Transações Tangenciais e Bloqueadoras foram
firmemente confrontadas, dificultando assim, qualquer desqualificação.
Nesta época convidamos a participar de um curso 101 (Curso Introdutória
de AT) que foi muito proveitoso no andamento dos trabalhos terapêuticos.
Procuramos recorrer à algumas técnicas de Ecologia Humana para
descarregar a energia acumulada provenientes de situações traumáticas da
infância.

As técnicas utilizadas pela Ecologia Humana não tem nada de novo, ou


extraordinário, o que há de novidade (pelo menos para nós) é o como são
aplicadas. É um processo de individualização que devolve ao indivíduo toda
a responsabilidade pelo seu SER, que não entraremos aqui em maiores
explanações. Acrescentamos apenas, que o uso de tais técnicas possibilita
trabalhar diretamente o Script do indivíduo, ou melhor dizendo, permite
colocá-lo em CAUSA ( fora do Script), ao invés de mantê-lo em EFEITO
(dentro do Script).

Após este enfoque nos trabalhos terapêutico percebemos que o Adulto da


cliente fortaleceu de tal modo que ela passou a resolver com êxito seus
problemas profissionais com a sua chefe, parou de fazer jogos do tipo “Se
não fosse por você” ( o que fazia com muita freqüência com a sua chefe).
Ao invés disto, passou a se relacionar dentro de seu papel profissional,
começou a freqüentar ambientes agradáveis como festas e reuniões em
casas de amigos. Começou a namorar e fazer planos para o futuro. O mais
importante, naquele momento, foi a decisão de fazer uma viagem para
visitar a sua mãe. Segundo ela, pela primeira vez havia sentido saudades
de sua mãe (lembrando que elas mal se falavam).

Continuamos nosso trabalho terapêutico por mais ou menos quatro meses,


época em que após muita dedicação, conseguiu uma bolsa de estudos na
Europa, onde permanece até o presente.

Acreditamos que a simbiose tenha se rompido por completo. Acreditamos,


ainda, que os trabalhos de descargas energéticas teve um papel importante
no desencadeamento de fechamentos de ciclos abertos no passado
(Ecologia Humana), ou seja, facilitou o fechamentos das Gestalts primárias
que estavam incompletas, ou ainda em linguagem transacional, foram feitas
Redecisões atuando no Sistema de Crenças que possibilitaram a mudança
do Sistema NOK para o Sistema OK.

Bibliografia:

1 – Schiff, J. L. e Schiff, A. W. “Passividade”, in: Prêmios Eric Berne.


2 – Schiff, J. L. Análise Transacional – Tratamento de Psicoses – Leitura do
Cathexis; 1986; Apostila adquirida na UNA T- BRASIL, no Congresso
Nacional de 1993 em Vitória – ES.
3 – Woollams, S. e Brown, M. Manual Completo de AT, Ed. Cultrix, São
Paulo, 1979.
4 – Kertész, R. Manual de Análisis Transaccional, Editora Conantal, B.
Aires.

As seis formas de estruturação do


tempo segundo Eric Berne; suas
relações com quantidade e
qualidade.
Por José Silveira Passos

As seis (6) formas de estruturar o tempo, segundo Berne (Jogos da Vida)


são:

1 – Alheamento (ou isolamento);


2 – Ritual;
3 – Passatempo;
4 – Atividade;
5 – Jogos Psicológicos; e
6 – Intimidade.

Estas seis (6) formas de estruturar o tempo, tem uma relação com a
quantidade e a qualidade das carícias envolvidas em cada uma delas:

– Alheamento (Isolamento) – O ser humano sente a necessidade de ter


determinado tempo reservado para estar consigo mesmo, organizar seus
pensamentos, refletir sobre suas experiências, seus pensamentos e seus
sentimentos, planejar, tomar decisões, mergulhar em suas fantasias, etc.
Isto é considerado uma prática saudável. Embora as carícias envolvidas são
auto-carícias que normalmente não atendem as necessidades de
reconhecimento. Entretanto, esta forma de estruturar o tempo passa a ser
considerada não OK quando o indivíduo faz dela uma forma predominante
de estruturar o seu tempo. Com isso, irá provocar um déficit de carícias,
quebrando o contato com a realidade do “aqui-e-agora”, vivendo
basicamente recordando o passado ou fantasiando sobre o futuro.

Numa forma mais grave, o isolamento pode refletir comportamentos


autistas.
– Ritual – Os rituais propiciam a manutenção dos canais de comunicação
abertos através de transações complementares simples e estereotipadas
que fornecem carícias superficiais. Os rituais são programados pelo estado
de Ego Pai, tem um início, um desenvolvimento e um fim previsível,
propiciando uma troca de reconhecimento. Através dos rituais os indivíduos
estruturam o tempo sem se comprometerem com a autenticidade e a
espontaneidade, restringindo-se apenas à obediência às normas sociais
vigentes.

Quando o indivíduo estrutura o seu tempo preponderantemente através de


rituais, como por exemplo, com formaturas, recepções, reuniões formais,
casamentos, enterros, missas, etc., tende a sentir-se só, pois os rituais
fornecem carícias de pouca potência ou de manutenção em função do
relacionamento superficial que é mantido nesse caso.

– Passatempo – Assuntos em torno de temas inócuos como coquetéis,


tempo, juventude, moda, inflação, problemas urbanos, esportes, política,
empregadas, crianças, etc., caracterizam os passatempos que são
mantidos através de transações paralelas ou cruzadas, usadas apenas para
passar o tempo.

É através do passatempo que as pessoas selecionam os parceiros para se


relacionarem, através de intimidade ou através de jogos psicológicos.

A troca de caricias positivas e/ou negativas envolvidas nos passatempos


são de baixa intensidade.

– Atividade – Corresponde ao fazer alguma coisa ou trabalho propriamente


dito, como por exemplo: tomar banho, projetar uma casa, escrever um livro,
fazer uma prova, podar a grama, etc. A atividade propicia o uso do tempo
lidando com a realidade exterior.

O indivíduo quando envolvido em estruturar o tempo em atividades, poderá


também, envolver-se com outras formas de estruturar o tempo, com Jogos
Psicológicos, rituais, passatempos, isolamento e intimidade.

Assim sendo, as atividades podem ser fonte de carícias positivas ou


negativas, pois podem ser utilizadas para manter o contato com as pessoas
ou para isolar-se. Através da atividade o indivíduo obtém carícias
substanciais, que na maioria das vezes, envolve somente carícias
condicionais.

– Jogos Psicológicos – Segundo Berne (Os Jogos da Vida), um jogo


“Pode ser descrito como um conjunto repetido de transações, não raro
enfadonhas, embora plausível e com uma motivação oculta”, p. 49.

Os Jogos Psicológicos, normalmente estão situados entre os passatempos


e a intimidade. Fugindo da monotonia dos passatempos, mas sem se expor
aos riscos propiciados pela intimidade, grande número de pessoas aderem
aos jogos como sendo a maneira mais segura de estruturar o tempo.

Os Jogos Psicológicos propiciam carícias potentes e em abundância, porém


todas de baixa qualidade por serem negativas.

– Intimidade – Berne (Os Jogas da Vida), fala em autonomia como sendo a


capacidade do indivíduo em exercer plenamente a consciência, a
espontaneidade e a intimidade. Intimidade, entende Berne, como a
capacidade do indivíduo consciente de estruturar o tempo em
relacionamentos sinceros e sem jogos no aqui-e-agora. Intimidade é a
forma de troca de carícias positivas mais potente que existe. Ou seja, é o
nível mais profundo de relacionamento entre os indivíduos e na maioria das
vezes envolve muitas carícias incondicionais positivas.

Aplicamos este conhecimento em nossa prática clínica, em primeiro lugar


observando a forma predominante que o cliente estrutura o seu tempo. Com
isto estaremos também visualizando sua ou suas fontes de carícias e
verificando quais das leis de economia de carícias (Steiner) ele está
obedecendo. A partir daí direcionamos a terapia no sentido de introduzir o
cliente nas leis de abundância de carícias (Steiner).

Eqüivale dizer que construimos o tempograma do cliente (papéis de par,


social, profissional e familiar), o que facilita compor o diagnóstico, planejar
as intervenções e delinear o prognóstico. Exemplo:

Cliente: sexo masculino, 56 anos, executivo.


Queixa: depressão.

Cliente disse ter ido ao médico por se sentir sem ânimo, sem disposição
para ir para o trabalho, sem paciência com as pessoas, etc. O médico disse
que ele estava com um quadro de depressão e aconselhou que procurasse
fazer uma terapia para resolver o problema.

Disse trabalhar em uma empresa multinacional há 25 anos. A empresa está


renovando seu quadro de executivos. Para isto a direção criou um plano de
demissão voluntária para os executivos substituídos. Disse que foi desviado
de suas funções há 2 meses. Está agora como encarregado de um
almoxarifado. Coisa que ele detesta.

Disse também que daqui a um mês estará assinando a sua demissão, pois
já foi tudo providenciado, inclusive já sabe quanto irá receber de
indenização, quando vai receber e tudo o mais… Acrescentou que já deu
entrada nos papéis para a sua aposentadoria (pois já possui tempo o
suficiente para se aposentar). Disse que fica apavorado só de pensar na
idéia de levantar de manhã e não ter o que fazer.
A partir dessas informações direcionamos a entrevista no sentido de
verificar como ele estrutura o seu tempo. Disse que sempre trabalhou muito,
é o único filho homem, tem 3 irmãs solteironas que dependem dele para
orientações esporádicas de como gerir seus negócios (elas tem uma loja de
móveis). Seu pai era judeu e morreu muito cedo. Ele foi quem praticamente
assumiu o seu lugar, tomando conta de sua mãe e de suas irmãs. Casou e
logo se separou, não tem filhos. Seu dia-a-dia consiste em trabalhar na
empresa, quando volta para casa tem que cuidar da mãe que já está muito
velhinha. Suas irmãs moram juntas em um bairro próximo. Sua mãe não
quer morar com elas, pois elas brigam muito entre si. Disse não ter
namorada atualmente, pois as que arrumou não durou muito tempo. Acha
que é porque elas acham sua mãe muito chata.

Comentários:

Verificamos trata-se de um cliente que estrutura o seu tempo basicamente


em atividade (trabalho e cuidar da mãe). Sua fonte de carícias era no
trabalho quando exercia a função de executivo. Foi desviado de sua função
para uma secundária (almoxarifado) que ele detesta. Com isso perdeu sua
principal fonte de carícias vindas de seus colegas executivos e dos clientes
com quem mantinha interação constante no dia-a-dia (2 meses foram
suficiente para entrar em depressão). Ainda para agravar a situação terá
que desligar-se definitivamente da empresa e se aposentar em seguida.
Restará apenas a atividade de cuidar da sua mãe e vez em quando orientar
suas irmãs nos negócios da loja de móveis.

Trabalhamos durante 3 meses desmistificando seus medos e fantasias no


sentido de descontaminar o seu Adulto. Daí em diante a terapia foi
direcionada no sentido de elevar sua auto-estima e assumir sua autonomia
de vida. Um ano pós, o cliente já havia montado o seu próprio negócio (loja
de móveis, à semelhança de suas irmãs) e estava se preparando para
casar, época em que se deu alta da terapia. Mais ou menos um ano após, a
sua alta da terapia, fomos surpreendidos com sua visita juntamente com
sua mulher e um bebê. Disse que estava nos fazendo uma visita surpresa,
pois queria muito que conhecessemos o seu filho, uma vez que era a
melhor coisa que já lhe acontecera na vida, e que isto só foi possível graças
ao trabalho terapêutico que havíamos feito.

Bibliografia:

1 – Berne, E. Os Jogos da Vida, Editora Artenova, Rio de Janeiro.


2 – Steiner, C., Os Papéis Que Vivemos na Vida, Editora Artenova, Rio de
Janeiro, 1976
Pesquisas de Spitz, Harlow, estudos
de privação sensorial e as
conclusões citadas por Berne em
supor
Por José Silveira Passos

Spitz concluiu através de seus experimentos que a privação de contato


físico em crianças, por tempo prolongado, poderá levar ao enfraquecimento
e até à morte. É o que Spitz chamou de privação afetiva e sugere que a
forma mais eficaz de suprir essas carícias é através da intimidade física.

Berne cita um fenômeno correlato observado em adultos quando


submetidos à privação sensorial, em que o indivíduo pode apresentar
psicose passageira ou distúrbios mentais temporários, como é o caso de
indivíduos condenados a longos períodos em solitárias, sendo este o
castigo mais temido até mesmo pelos prisioneiros endurecidos pela
brutalidade física. Cita também, em em sua obra “Sexo e Amor”, p. 158, o
isolamento total como sendo uma das formas mais eficazes, usada como
tortura, para obter confissões.

A privação emocional e sensorial poderá produzir modificações no


organismo, continua Berne, citando que se parte do “sistema reticular” não
for suficientemente estimulado, as células novas podem degenerar-se.
Assim sendo, pode-se fazer uma ligação biológica a partir da privação
afetiva e sensorial até alterações degenerativas e morte. A pertir dessas
observações, Berne estabeleceu uma ligação em que a fome de estímulos
ou de relacionamento pode ser comparada à fome de comida em termos de
sobrevivência do organismo.

Segundo Berne, tanto biológicamente como psicológica e socialmente,


estas fomes correspondem de várias formas. Cita os termos tais como
desnutrição, saciedade, voracidade, jejum, apetite e outros, como sendo
fácilmente transferíveis do campo da nutrição para o das emoções. A
superestimulação tem o seu correspondente no comer em demasia e no
passar mal em decorrencia.

À medida que a criança vai se desenvolvendo, vai se processando também


a separação de sua mãe, terminando assim, a fase de estreita intimidade
com ela. Daí para frente seu destino e sobrevivência estarão
constantemente em jogo. Um aspecto é a mudança social em termos de
intimidade física no estilo infantil para o estilo adulto, e, o outro aspecto é a
luta constante para consegui-lo de volta. Ou suja, há uma mudança de
modo que êle aprenderá a se satisfazer com outras formas de contato físico
mais sútis. Contudo, o anseio de continuar recebendo contato físico (como
recebia quando criança) permanece.

Em decorrência disso, há uma transformação parcial da fome infantil de


estímulo em anseio de reconhecimento. É este anseio de reconhecimento
que tornam as pessoas diferentes uma das outras e, por outro lado, são
estas diferenças que imprimem condições para que haja relacionamento
social e norteia o destino de cada um. Como por exemplo um ator de
cinema que precisa de centenas de estímulos de seus admiradores todas
as semanas, enquanto que um cientista necessita apenas de um estímulo
por ano, vindo de um mestre respeitado.

“Estímulos” segundo Berne, pode ser usado como expressão para designar
contato físico íntimo e em consequência, “estímulo” pode ser usado para
caracterizar relacionamento, ou seja, “qualquer ato que implique no
reconhecimento da presença de outra pessoa” (Berne, Os Jogos da Vida, p.
19) e que o “estímulo” pode ser entendido como a “unidade básica da ação
social” (Berne, idem p. 19). “Uma troca do estímilos constitui uma transação,
que por sua vez é a unidade básica do relacionamento sicial” (Berne, idem,
p. 19).

No que concerne aos Jogos Psicológicos, Berne afirma que “qualquer


relacionamento social representa uma vantagem sobre a ausencia de
relacionamento” (Berne, idem, p. 19). Este fato baseia-se nos experimentos
de S. Levine com ratos, no qual foi notado alterações favoráveis no
desenvolvimento físico e químico do cérebro pela estimulação do contato
físico. Com os resultados desses experimentos verificou-se que tanto os
estímulos delicados como os dolorosos foram igualmente eficientes,
mantendo a saúde dos animais, sendo que a falta destes trazia
consequências negativas para a saúde.

Harry F. Harlow em seu laboratório experimental, criou uma imitação de


uma macaca feita com armação de arame e outra imitação também de
armação de arame, porém, esta última foi forrada com pano felpudo e
macio. Na imitação de arame puro, êle colocou o alimento (mamadeira) e na
com forração não colocou nenhum tipo de alimento. Observou que os
filhotes de macacos preferiam se aninharem na imitação com forração, indo
até a outra apenas para saciarem a fome.

O resultado desta e de outras experiências, permitiram Harlow concluir que


a variável contato reconfortante suplementava a variável amamentação.

Harlow observou também, que os macacos rhesus com mães reais,


demonstravam comportamentos social e sexual mais adiantados dos que os
criados com mães substitutas, de arame com forração, e que estes últimos
apresentavam comportamentos sociais e sexuais normais se diariamente
tivessem oportunidade de brincar no ambiente estimulador dos outros
filhotes. Harlow menciona que não se deve subestimar o papel
desempenhado pelo relacionamento dos filhotes entre si, como
determinante dos ajustamentos na adolescência e idade adulta. Harlow
também sugere que a afetividade dos filhotes estre si seja essencial para
que o animal possa responder de maneira positiva ao contato físico com
seus semelhantes, sendo que esses contatos entre si, são provàvelmente,
tanto no homem quanto no macaco, fatores preponderantes na identificação
dos papéis sexuais.

Os experimentos e conclusões de Harlow serviram de embasamento


ciêntífico às conclusões de Berne a respeito de fomes primitivas como a de
contato físico, que podem ser comparadas a fome de comida.

Vários outros experimentos como os de Patton e Gardner, Escalona,


Schanberg e colaboradores, e muitos outros (in Tocar – O significado
Humano da Pele) demonstram que as evidencias assinalam que as
necessidades físicas básicas que devem ser satisfeitas para que o
organismo sobreviva, são as de oxigênio, líquido, comida, descanso, sono,
eliminações vesicais e intestinais, fuga do perigo e evitação da dor.
Observaram também que o sexo não é uma necessidade física básica,
sòmente é observada em certo número de organismos em que as tensões
sexuais necessitam ser satisfeitas para que a espécie possa sobreviver.

Indiscutivelmente, sem sobra de dúvidas, o fato é que nenhum organismo


consegue sobreviver, por muito tempo, sem estimulação cutânea de origem
externa. O que vem corroborar e confirmar de uma vez por todas, as idéias
de Berne sobre a necessidade de carícias.

Bibliografia:

1 – Berne, E. Os Jogos da Vida, Editora Artenova, Rio de Janeiro.


2 – Berne, E. Sexo e Amor, Tradução de Pedro Lourenço Gomes, José
Olympio Editora, 2ª Edição, Rio de Janeiro, 1988.
3 – Montagu, Ashley Tocar – O Significado Humano da Pele – Summus
Editorial 2a. Edição.
4 – Spitz, R. A. O Primeiro Ano de Vida, Editora Martins Fontes, São Paulo

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