Você está na página 1de 13

04/04/2022

Unidade Curricular:
Análise e Intervenção em Psicologia
Social

Prof. Dra Tayane Lino

Psicologia Social e
suas perspectivas:
Psicossociologia e
Intervenção
Psicossocial

1
04/04/2022

O QUE É, AFINAL,
PSICOSSOCIOLOGIA?

E INTERVENÇÃO
PSICOSSOCIOLÓGICA?

Psicossociologia X Intervenção Psicossociológica

 Uma resposta, um tanto esquemática, mas elucidativa,


para a primeira questão é que se trata da psicologia
social com fundamentação na psicanálise, ou seja,
uma disciplina científica que espelha, teórica e
metodologicamente, as disciplinas mães, sendo,
portanto, simultaneamente, clínica do social, processo de
pesquisa e de construção teórica.

 Nesse sentido, é quase sinônimo, também, de


intervenção psicossociológica.

2
04/04/2022

Psicossociologia X Intervenção Psicossociológica

 As duas noções se distinguindo apenas pela ênfase


maior que cabe à prática no momento em que a
intervenção é feita.

 Ambas são construídas por meio de escuta e análise


de demandas de ajuda, entrevistas, análises de
discursos, interpretações, devoluções, observação,
reflexões, criação coletiva de conceitos e de articulações
teóricas que, por sua vez, atuam sobre novas escutas,
observações, intervenções, teorizações.

Pesquisa-Ação X Pesquisa Participante


 É comum discussões, questionamentos e inclusive estudiosos
definirem Pesquisa-ação e Pesquisa Participante como
sinônimas.

 Segundo Soares e Ferreira (2006), para certos autores a


expressão pesquisa participante é portadora da mesma
acepção de outras expressões, tais como, pesquisa-ação,
pesquisa participativa, investiga-ação, investigação
participativa, investigação militante, auto-senso, estudo-
ação, pesquisa-confronto, investigação alternativa,
pesquisa popular, pesquisa ativa, intervenção sociológica,
pesquisa dos trabalhadores, enquete-participação, dentre
outros.

3
04/04/2022

Pesquisa-Ação X Pesquisa Participante

 A definição de pesquisa-ação, segundo Tripp (2005),


revela que uma das muitas diferentes formas de
investigação-ação é definida como toda tentativa
continuada, sistemática e empiricamente
fundamentada de aprimorar a prática.

 A pesquisa participante é definida por Brandão


(1998, p. 43) como sendo “a metodologia que
procura incentivar o desenvolvimento autônomo
(autoconfiante) a partir das bases e uma relativa
independência do exterior”.

Pesquisa-Ação/Pesquisa Participante X
Pesquisa Tradicional
 Para Thiollent (1997), a Pesquisa-Ação, deve preocupar-se com a
elaboração de diagnósticos, identificação de problemas e busca de
soluções para os mesmos;

 Enquanto na Pesquisa Básica/Tradicional os objetivos são diferentes:


a produção de conhecimento através de verificação de hipóteses e
elaboração de teorias.

 Segundo o mesmo autor, a Pesquisa-Ação “exige conhecimentos,


métodos e técnicas que são bastante diferentes dos recursos
intelectuais mobilizados em pesquisa básica. Em particular, são
exigidas maiores habilidades de comunicação e trato com pessoas
e grupos” (op. cit., p. 49).

 A pesquisa-ação, contribui para a fixação dos conhecimentos na


prática.

4
04/04/2022

Características e considerações referentes a


pesquisa-ação e pesquisa participante

Para Gil (2012), a pesquisa-ação e a pesquisa participante


apresentam as seguintes características em comum:
 são modelos alternativos de pesquisa que vem sendo
propostos com o objetivo de obter resultados socialmente mais
relevantes;
 caracterizam-se pelo envolvimento do pesquisador e
pesquisado;
 o relacionamento entre pesquisador e pesquisado não se dá
como mera observação do primeiro pelo segundo, mas ambos
acabam identificando-se, sobretudo, quando os objetivos são
sujeitos sociais também, o que permite desfazer a ideia de
objeto que caberia apenas em ciências naturais;

Pesquisa-Ação : Pioneiros
 Não há nitidez sobre quem inventou a pesquisa-ação,
quando e onde, também são dados incertos. Segundo
Tripp (2005, p. 445), “pouco provável que algum dia
venhamos a saber quando ou onde teve origem esse
método, simplesmente porque as pessoas sempre
investigaram a própria prática com a finalidade de
melhorá-la”.

 Se em relação à pesquisa-ação não há consenso sobre


sua origem, na pesquisa participante a realidade não é
diferente, o que provavelmente está relacionado com as
diversas contribuições históricas ao seu desenvolvimento
(Soares; Ferreira, 2006).

5
04/04/2022

Pesquisa-Ação : Pioneiros
 No entanto, Brandão e Streck (2006) reconhecem que a
pesquisa participante existiu e existe hoje em diferentes
tradições.
 De acordo com os autores, as experiências pioneiras estão
relacionadas a Orlando Fals Borda e Paulo Freire, e
somente pode ser compreendida em suas origens quando
relacionada aos contextos sociais e políticos dos tempos de
sua instauração entre os anos 70 e 80 na América Latina.
 Ainda, observa-se vinculação histórica com projetos de
emancipação social.

 Estudiosos do tema costumam apontar origens da pesquisa


ação nos estudos Kurt Lewin e de outros cientistas sociais, nos
Estados Unidos da América ou Europa. Outros, citam trabalhos
realizados ao redor da enquete operária de Karl Marx.

Pesquisa-Ação : O que é?

 A pesquisa-ação é, nesse âmbito,


[...] um tipo de pesquisa social com base empírica
que é concebida e realizada em estreita associação
com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do
problema estão envolvidos do modo operativo ou
participativo. (Thiollent, 2011, p. 14)

6
04/04/2022

Pesquisa-Ação : O que é?

 Para Thiollent (1997), “a pesquisa-ação é uma


concepção de pesquisa e intervenção em
determinados setores de atuação social (...) junto
aos atores significativos em processos de
mudança” (op. cit., p.140).

 Trata-se de uma pesquisa metodológica sobre como


conduzir uma pesquisa aplicada.

 Para conduzir a pesquisa-ação é preciso ter objetivos


claramente definidos.

Pesquisa-Ação : O que é?

A pesquisa-ação tem como princípios teórico-metodológicos:


a participação, o processo coletivo, a conscientização.

Para ter relevância científica e social, refere-se também à


articulação radical entre teoria e prática.

Dito de outra forma: a pesquisa-ação-participativa é práxis


social
(TOZONI-REIS, 2008).

7
04/04/2022

Pesquisa-Ação : O que é?

A pesquisa ação é compreendida entre a estreita relação entre uma ação


estabelecida para dar resposta a uma situação problema diagnosticada, ou
seja, aquela que irá orientar uma mudança em determinada realidade.

Segundo Le Boterf (1984), na pesquisa participante a população envolvida


objetiva identificar seus problemas, analisá-los e buscar as soluções adequadas.

É importante, portanto, salientar que os participantes não têm suas funções


resumidas a delegação de tarefas, pois todos são detentores do
conhecimento produzido e colaboradores na pesquisa.

Do que depende o sucesso da pesquisa-ação?

 O sucesso da pesquisa-ação depende de como


será “gerenciado” o conflito entre a
“aparente liberdade da abordagem e a
necessidade de clareza e foco” (Westbrook, 1995,
p.13).

 O excesso de foco priva o pesquisador de obter


uma melhor compreensão do fenômeno
estudado, enquanto no caso contrário, o
pesquisador ficará confuso se não tiver seus
objetivos definidos com clareza.

8
04/04/2022

Do que depende o sucesso da pesquisa-ação?

 O mais importante na pesquisa-ação não é encontrar


uma solução ótima, como em outros métodos, e sim,
conseguir o compromisso com a mudança a ser feita,
para depois relatar a aplicação da teoria e também a
resistência à aplicação de determinada técnica. Além
disso, cabe ressaltar que existe uma meta bem maior
que o resultado que se deseja alcançar: a geração e
estruturação do conhecimento (Westbrook, 1995)

 O ganho de conhecimento na pesquisa-ação é obtido


através da observação e avaliação das ações definidas
com os participantes e dos obstáculos encontrados.

A metodologia da pesquisa
pesquisa--ação refere-
refere-se a
um tipo especial de produção de
conhecimentos, comprometida com a
ação/intervenção no espaço social em que
realiza a investigação.
investigação.

9
04/04/2022

O lugar do pesquisador
 Segundo Benbasat, Goldstein & Mead (1987), a pesquisa-
ação pode ser considerada um
tipo de estudo de caso, com a diferença que o pesquisador
deixa de ser um simples observador para ser:

“(...) um participante na implementação de um sistema,


embora simultaneamente queira avaliar uma certa técnica
de intervenção...O pesquisador não é um observador
independente, mas torna-se um participante, e o processo
de mudança torna-se seu objeto de pesquisa. Portanto, o
pesquisador tem dois objetivos: agir para solucionar um
problema e contribuir para um conjunto de conceitos para
desenvolvimento do sistema” (Benbasat, Goldstein &
Mead, 1987, p. 371).

Os objetivos e conhecimentos potencialmente


alcançáveis na Pesquisa-Ação:

1) A possibilidade de coletar informações originais, em situações e


atores no mundo real;
2) A efetivação de conhecimentos teóricos, obtida da interação entre
pesquisadores e membros da organização;
3) Confronto entre o saber formal e o saber informal, nas tentativas
de solução dos problemas;
4) A geração de regras práticas, na resolução de problemas e
planejamento de ações;
5) Os resultados e ensinamentos positivos e negativos em relação
ao êxito das ações colocadas em prática;
6) A possibilidade de generalizações a partir de várias pesquisas
semelhantes e do ganho de experiência dos pesquisadores
 (Thiollent, 1994)

10
04/04/2022

Fases de uma Pesquisa-Ação


Apesar da pesquisa-ação possuir uma estrutura flexível, é possível
identificar quatro fases que compõem o estudo/intervenção
(Thiollent 1997; Susman & Evered, 1978):

1) A fase exploratória, na qual são identificados os atores e


realizado o diagnóstico para identificar os problemas, as
capacidades de ação, e intervenção na organização;
2) A fase de pesquisa aprofundada, na qual ocorre a coleta de dados
de acordo com o projeto de pesquisa;
3) A fase de ação onde, a partir dos resultados da fase anterior, é
realizado o planejamento da ação, através da discussão de
objetivos alcançáveis por meio de ações concretas, considerando
ações como alternativas para resolver o problema;
4) A fase de avaliação consiste da observação, redirecionamento das
ações e resgate do conhecimento adquirido durante o processo.

Fases de uma Pesquisa-Ação


 Cabe salientar que estas fases não são rígidas,
principalmente as três últimas onde existe uma
simultaneidade de pesquisa e ação.
 Além disso, a questão da aprendizagem não está
presa a uma fase e, sim, difusa ao longo do
processo de pesquisa.
 A geração de conhecimento e o desenvolvimento
de teorias acontecem em todas as etapas, devido
ao caráter dinâmico da pesquisa (Thiollent, 1997).

11
04/04/2022

Fases de uma Pesquisa-Ação


 A sequência com as etapas de pesquisa para o presente estudo são apresentadas
na figura abaixo:

Concluindo
 Um aspecto importante a ser lembrado é como a
objetividade científica é alcançada na
Apesquisa-ação.
pesquisa-ação é um dos tipos de investigação-
ação, na qualconvencionais,
As pesquisas se aprimora a prática pela
normalmente, exigem oscilação
princípios
entre agir no campo
de objetividade do tipo: da completa
prática eseparação
investigarentre
a
observador e observado, total substituibilidade
respeito dela. Pode-se definir quatro fases do ciclo dos
pesquisadores
básico de umaeinvestigação-ação:
quantificação das informações.
 Sem abandonar a cientificidade, a pesquisa-ação pode
observar aspectos como, compreensão do problema,
- Planejar uma melhora
priorização da prática;busca de soluções e
dos problemas,
aprendizagem dos participantes.
- Agir para implantar a melhora planejada;
 Estas características qualitativas não são anticientíficas.
- Monitorar e descrever os eleitos da ação;
(Thiollent, 1994)
- Avaliar os resultados da ação.

12
04/04/2022

Referências Bibliográfica
AFONSO, Maria Lúcia. Como construir uma proposta de oficina. In: AFONSO, Maria Lúcia (Org.). Oficinas em dinâmica de
grupo na área da saúde. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. (Livro digitalizado no Ulife)
BENBASAT, I., GOLDSTEIN, D. K., MEAD, M. The case research strategy in studies of information systems. MIS Quarterly, p.
369-386, Sep., 1987.
Brandão, C. R. (1998). Participar-pesquisar. In: Brandão, Carlos Rodrigues (org). Repensando a pesquisa participante. 3 ed.
São Paulo: Brasiliense Brandão, Carlos Rodrigues; Streck, Danilo Romeu (Org). (2006). Pesquisa participante: a partilha do
saber. Aparecida, SP: Ideias & Letras.
MACHADO, M. N. M. A pesquisa-intervenção psicossocial. In: MACHADO, M. N. M. Práticas psicossociais: pesquisando e
intervindo. Belo Horizonte: Edições do Campo Social, 2004.
NEIVA, K. M. C. O que é intervenção psicossocial? In: NEIVA, K. M. C. Intervenção Psicossocial: aspectos teóricos,
metodológicos e experiências práticas. São Paulo: Vetor, 2010.
NEIVA, K. M. C. Caracterização institucional e diagnóstico das necessidades psicossociais. In NEIVA, K. M. C. Intervenção
Psicossocial: aspectos teóricos, metodológicos e experiências práticas. São Paulo: Vetor, 2010. (Texto digitalizado no Ulife)
NEIVA, K. M. C. Desenvolvimento da Intervenção Psicossocial. In: NEIVA, K. M. C. Intervenção Psicossocial: aspectos teóricos,
metodológicos e experiências práticas. São Paulo: Vetor, 2010. (Texto digitalizado no Ulife)
NEIVA, K. M. C. Elaboração do Projeto de Intervenção Psicossocial. In: NEIVA, K. M. C. Intervenção Psicossocial: aspectos
teóricos, metodológicos e experiências práticas. São Paulo: Vetor, 2010. (Texto digitalizado no Ulife)
Tripp, David. (2005). Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a09v31n3.pdf Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005
THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. 6 ed. São Paulo: Cortez, 1994.
THIOLLENT, M. Pesquisa-Ação nas Organizações. São Paulo: Atlas, 1997.

13

Você também pode gostar