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A PESQUISA-AÇÃO

1. Histórico da Pesquisa-Ação

E difícil compreender os desdobramentos atuais da pesquisa-ação sem voltar a


seus fundamentos históricos. Destacam-se em função de seu processo de radicalização
epistemológica, dois períodos:
a) O período de emergência e de consolidação
Como toda disciplina cientifica, a pesquisa-ação tem suas raízes do passado,
especialmente dentro método de investigação científica do século 19 e 20. Neste
sentido, pensadores tais como: Kark Marx, Émile Durkheim e Marx Weber colocam em
discussão os fatos sociais dentro de suas obras.
Costuma-se sustentar que a pequisa-ação teve origem com Kurt Lewin pela sua
célebre pesquisa da Segunda Guerra Mundial em que incentivava as donas donas-de-
casa americanas a se abastecerem de pedaços de carne de preço baixo. Assim, à
pesquisa-ção tende apoiar-se na ação dos grupos e na necessidade de fazer com que as
pessoas participem na sua própria mudança de atitude ou de comportamento.
Alguns pensam que John Dewey e o movimento da Escola Nova, após a
Primeira Guerra Mundial, constituíram um primeiro tipo de pesquisa-ação pelo ideal
democrático, pelo pragmatismo e pela insistência a hábito de conhecimento científico.

b) O período de radicalização política e existencial


A pesquisa-ação supõe uma conversão epistemológica, isto é, uma mudança de
atitude da postura acadêmica do pesquisador em Ciências Humanas.
Esta atitude não se limita ao comodismo. Assim, há riscos institucionais e
pessoais, caso siga este caminho:
-Na carreira acadêmica;
-Pessoais na sua intersubjectividade porque leva o pesquisador para regiões de si
mesmo que ele, sem dúvida, não tinha vontade de explorar.

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2. Definição:
“a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é
concebida e realizada em estreita associação com uma ação o com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”
(Thiollent, p.14)

3. Diferenciação entre pesquisa-ação e pesquisa participante.


Existe uma questão discutida a respeito da diferença entre pesquisa-ação e
pesquisa participante. Isto pode ser uma questão de terminologia. Segundo Thiollent
(1947), toda pesquisa-ação é de tipo participativo. No entanto, tudo o que é chamado
pesquisa participante não é pesquisa-ação.
Em alguns casos, “a pesquisa participante é um tipo de pesquisa baseado numa
metodologia de observação participante na qual os pesquisadores estabelecem relações
comunicativas com pessoas ou grupos da situação investigada com o intuito de serem
mais bem aceitos. Assim, a participação é feita pelo pesquisadores e consiste em
identificação com os valores e os comportamentos que são necessários par a sua
aceitação pelo grupo considerado.”
Na pesquisa-ação a diferença consiste quando houver realmente uma ação por
parte das pessoas ou grupos implicados no problema sob a observação. O pesquisador
desempenha um papel ativo, e exige uma estrutura de relação entre pesquisadores e
pessoas da situação investigada que seja de tipo participativo. Os problemas de
aceitação dos pesquisadores no meio pesquisado têm que ser resolvidos no decurso da
pesquisa, ou seja, a participação do pesquisador é explicitada dentro da situação de
investigação, com cuidados necessários para que haja reciprocidade por parte das
pessoas e grupos implicados nesta situação.

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4. Contexto da aplicação.

1. A pesquisa-ação é organizada para realizar os objetivos práticos de um ator


social homogêneo dispondo de suficiente autonomia par encomendar e
controlar a pesquisa.
2. É realizada dentro de uma organização (empresa ou escola). E uma situação
complexa tanto no plano ético como no plano prático da pesquisa. Não pode
aceitar manipulação por porte da organização.
3. É organizada em meio aberto (bairro popular, comunidade rural). Ter
cuidado com as ações “missionárias”, sempre propícias à perda do mínimo
de objetividade que é requerida na pesquisa.

5. Tipos de objetivos.

a) Objetivo prático: contribui para o melhor equacionamento possível do problema


considerado como central na pesquisa, com levantamento de soluções e proposta
de ações correspondentes às “soluções” para auxiliar o agente (ou ator) na sua
atividade transformadora da situação.
b) Objetivo de conhecimento: obter informações que seriam de difícil acesso por
meio de outros procedimentos, aumentar nosso conhecimento de determinadas
situações (reivindicações, representações, capacidades de ação ou de
mobilização, etc).

6. Exigências científicas.

Entre os partidários da pesquisa-ação e da pesquisa participante é freqüente


valorização do espírito cientifico, tais como teorias, métodos, raciocínio, argumentação,
hipóteses, comprovação, inferências, generalização, conhecimento, ação, o alcance das
transformações, e uma função política e valores.
O grande desafio metodológico consiste em fundamentar a inserção da pesquisa-
ação dentro de uma perspectiva de investigação cientifica. Entretanto, diferentes autores
têm esta preocupação de dar um caráter de uma verdadeira ciência. Pois, a pesquisa-
ação não é apenas ação o pela participação. Este tipo de pesquisa produz conhecimento,
adquirir experiência, contribui para discussão.

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7. A diversidade dos tipos de pesquisa-ação

7.1. As pesquisas-ações de inspiração lewiniana ou neolewianiana

A aplicação de uma pesquisa num campo concreto confrontando um problema


de ação que constitui a contribuição essencial do pesquisador na sua relação com os
atores. Em troca, ele consegue o acesso direto ao campo no momento em que os
problemas surgem e durante o processo de sua elaboração e deu seu tratamento.

7.2. A consulta-pesquisa de inspiração analítica ou sócio-analítica.

Esta forma de pesquisa-ação refere-se principalmente à psicanálise freudiana e à


kleniana, tendo o desenvolvimento das relações de transferências e contratransferências
entre o pesquisador-analista ou terapeuta e os atores.
A mudança é concebida como uma socioterapia, uma análise da organização,
com finalidades dificilmente previsíveis.

7.3. A ação-pesquisa.

Esta pesquisa é utilizada para favorecer mudanças intencionais decididas pelo


pesquisador. O pesquisador intervém de modo quase militante no processo. Mas a
mudança não é imposta, mas resulta em que os atores se debruçam sobre eles mesmos.

7.4. A experimentação social.

São ações ou experiências concretas que se dizem inovadoras, prospectivas


(comunidades, grupos com autogestão...) e constituem em si mesmas uma forma de
pesquisa-ação. Assim, o termo “experiência” deve ser entendido não no sentido da
experimentação científica, mas no da experiência da vida.

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8. A nova pesquisa-ação

Ela integra as criticas feita a pesquisa-açao, mas abre-se para uma


psicossociologia clínica e pra uma etnografia do campo. Assim trata-se de uma pesqusa-
ção libertadora e crítica.
Para Carr e Kemmis (1986), a nova pesquisa-ação deve preencher a seguintes
cinco exigências:
1) deve rejeitar as noções positivistas de racionalidade, de objetividade e de verdade;
2) deve empregar as categorias interpretativas dos docentes e dos demais participantes
do processo;
3) deve encontrar os meios de distinguir as idéias e as interpretações deformadas pela
ideologia;
4) deve empenhar-se par identificar o que, na ordem social existente, bloqueia a
mudança racional e propor interpretações teóricas de situações.
5) esta fundada na assunção do fato de que se trata de um conhecimento prático.

9. O método em pesquisa-ação.
O método consiste em uma abordagem e espiral que a todas utiliza. Isto implica
o efeito recursivo em função de uma reflexão permanente sobre ação. Abordagem
espiral supõe igualmente que, mesmo se nos nunca nos banhamos duas vezes no rio,
segundo a fórmula heraclitiana, ocorre-nos olhar duas vezes o mesmo objeto sob
ângulos diferentes. Assim, na ação, o pesquisador passa e repassa seu olhar sobre o
“objeto”, isto é, sobre o que vai em direção ao fim de um processo realizando uma ação
de mudança permanente.

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REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BARBIER, René. A pesquisa-ação. Brasília: Líber Ed. 2004. 159p. (Série Pesquisa em
Educação, v.3).

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação.7. Ed. São Paulo: Cortez, 1996.


(Coleção temas básicos de pesquisa-ação).

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