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Aula 05

PESQUISA:
PROCESSO DE COLETA E
SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS

De acordo com Bastos e Keller (1195, p. 53) apud Fiorentini & Lorenzato (2006) a
pesquisa cientíca é uma investigação metódica a respeito de um determinado assunto, com
objetivo de esclarecer aspectos do objeto em estudo. Na mesma linha, Trujillo (1982, p. 167)
arma que pesquisa é uma atividade humana, honesta cujo propósito é descobrir respostas
para as indagações ou questões signicativas que são propostas. Assim, pesquisar signica
perseguir uma interrogação, problema ou pergunta de modo rigoroso, sistemático sempre
andando em torno dela, buscando todas as dimensões... qualquer que seja a concepção de
pesquisa assumida pelo pesquisador (BICUDO, 1993, p. 19).
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ALGUMAS MODALIDADES DE PESQUISA - TIPOS DE PESQUISA E/OU


ESTUDO EM EDUCAÇÃO

Os estudos e ou pesquisas de campo requerem a utilização de variados instrumentos


para coleta de dados, que consiste na construção e desenvolvimento de modos de investigar
o objeto de estudo. Podemos destacar: formulários, questionários, entrevistas, observações,
observação participante ou etnográca. Também é importante destacar que o pesquisador
para denir o instrumento para coleta de dados é preciso denir o tipo de pesquisa (estudo)
que será delineado:

1 – pesquisa bibliográca ou de revisão de literatura: é a modalidade de estudo


que se propõe a realizar análises históricas e ou de revisão de estudos tendo como material
de análise documentos escritos ou produções culturais selecionadas a partir de arquivos
e acervos. Também é desenvolvida principalmente, a partir de livros e artigos cientícos
publicados em periódicos especializados, embora em quase todos os estudos seja exigido
esse tipo de pesquisa. Contudo, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes
bibliográcas.
OBS.: Essa modalidade de estudo compreende quanto ao tipo de “pesquisa do estado-
da-arte”, principalmente, quando procuram inventariar, sistematizar e avaliar a produção
cientíca numa determinada área do conhecimento (FIORENTINI, 2006).
OBS.: A pesquisa puramente bibliográca, de acordo com o Regulamento da
Faculdade de Educação da UNIGRAN, não é permitida.

2 – pesquisa experimental ou de laboratório: caracterizam-se pela realização de


um experimento. Consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que
seriam capazes de inuenciá-lo, denir as formas de controle e de observação dos efeitos que
a variável produz no objeto. Pode ser desenvolvida também na área de ciências humanas e
ciências sociais (RUIZ, 1991 apud CASTILHO, 2008).

3 – pesquisa de campo: de acordo com Fiorentini e Lorenzato (2006) a denominação


“pesquisa naturalista ou de campo” normalmente é utilizada para designar que os dados
dos estudos são coletados diretamente “no campo”, em contraste com aqueles realizados
em biblioteca, museu ou em laboratórios e/ou ambientes especiais. É aquela modalidade de
investigação na qual a coleta de dados é realizada diretamente no local em que o problema
ou fenômeno acontece e pode se dar por amostragem, entrevista, observação participante,
pesquisa-ação, aplicação de questionário e outros.
De acordo com Gil (2008) no estudo de campo, o pesquisador realiza a maior parte
do trabalho pessoalmente, pois é enfatizada a importância de o pesquisador ter tido ele mesmo
uma experiência direta com a situação de estudo. Também se exige do pesquisador que
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permaneça o maior tempo possível no campo, pois somente com essa imerção na realidade é
que se pode entender as regras, os costumes e as convenções que regem o grupo estudado.

4 – estudo de caso: De acordo com Castilho (2008) é a pesquisa que se faz sobre
determinado indivíduo, família, grupo, instituição, empresa ou comunidade com o objetivo
de realizar uma indagação em profundidade, para examinar o ciclo de sua vida ou aspecto
particular desta.
Já Fiorentini e Lorenzato (2006) citando Gil (1988) destaca que é um estudo profundo
e exaustivo de um ou de poucos objetos com contornos claramente denidos, permitindo seu
amplo e detalhado conhecimento. Para o autor, o “caso” não signica apenas uma pessoa,
grupo de pessoas ou uma escola. Pode ser qualquer “sistema delimitado” que apresenta algumas
características singulares, por merecer uma investigação especial por parte do pesquisador.
Nesse sentido, o autor enfatiza que o caso pode ser também uma instituição, um programa,
uma comunidade, uma associação, uma experiência, um grupo de professores, uma classe de
alunos e até mesmo um aluno ou um professor, etc. Por isso, o estudo de caso tende a seguir
uma abordagem de pesquisa qualitativa.
A abordagem qualitativa busca investigar e interpretar o caso como um todo orgânico,
uma unidade em ação com dinâmica própria, mas que guarda uma forte relação com seu
entorno ou contexto sócio-cultural.

5 – pesquisa-ação e ou pesquisa colaborativa: De acordo com os estudos de


Thiollent, Barbier, Fiorentini e Chizotti, pode-se armar que pesquisa-ação é um tipo de
pesquisa colaborativa e ativa, em que o pesquisador se introduz no ambiente a ser estudado
não só para observá-lo e compreendê-lo, mas sobretudo para mudá-lo em direções que
permitam a melhoria das práticas dos envolvidos no processo de pesquisa (sujeitos).
Portanto, é constituída como um procedimento voltado para a resolução de problemas
práticos e que envolve uma ação conjunta ou cooperativa do pesquisador e pesquisados
envolvidos nos problemas. Sendo assim, trata-se de um processo investigativo de intervenção
em que caminham juntas prática investigativa, prática reexiva e prática educativa.
Isto posto, a pesquisa-ação possui uma METODOLOGIA própria, de acordo com as
etapas descritas abaixo:

1. A Fase Exploratória (Diagnóstico da situação a ser pesquisada, levantamento


dos problemas prioritários, estudo da viabilidade da pesquisa-ação no campo de pesquisa
selecionado)
2. Realização de Seminário para apresentar a proposta preliminar em forma de
projeto de pesquisa ao grupo de pesquisado e solicitar autorização e estabelecer o termo de
aceite, e apresentação de tarefas entre o pesquisador e os pesquisados, ou seja, constituir os
grupos de estudo e equipes de pesquisa.
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3. Delimitação do campo de observação e seleção da amostragem (representatividade


qualitativa de números de sujeitos que serão envolvidos com a pesquisa).
4. Coletas de Dados (Denição dos instrumentais para a coleta de dados) Ex.:
Observação, entrevista coletiva, entrevista individual, aplicação de questionário, observação
do participante.
5. Plano de Ação (elaboração e apresentação da proposta de ação). Alguma forma
de ação conjunta e planejada por meio cooperativo dos pesquisadores e dos demais membros
envolvidos no problema. Contribuição do pesquisador visando a contribuir com a resolução de
problemas que podem ser solucionados ao alcance do pesquisador, podendo ser desenvolvido
pelo pesquisador e/ou outros colaboradores externos. O plano de ação supõe um plano de
execução de uma ação, tendo acompanhamento, execução e avaliação.
6. Análise e Interpretação dos Dados à luz da teoria estudada (Contrapor as
informações colhidas com a teoria estudada para pesquisa).
7. Organização do trabalho escrito (elaboração própria e individual do pesquisador)
– Formatação da Monograa.
8. Divulgação dos resultados. (apresentação dos resultados em seminários da linha
de pesquisa, banca avaliadora de apresentação nal e outros eventos pertinentes ao tema da
pesquisa).

6 – pesquisa documental: De acordo com Gil (2008) a pesquisa documental


assemelha-se muito à pesquisa bibliográca. A diferença essencial entre ambas está na natureza
das fontes, enquanto a pesquisa bibliográca se utiliza fundamentalmente das contribuições
dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais
que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de
acordo com os objetos da pesquisa.
E de acordo com Marconi e Lakatos (2007), as características principais da pesquisa
documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escrito ou não
constituído o que se denomina de fontes primárias.

7 – pesquisa participante: Segundo Grossi (1981), a pesquisa participante é um


processo de pesquisa no qual a comunidade participa na análise de sua própria realidade,
com vistas a promover uma transformação social em benefício dos participantes. Portanto,
é uma atividade de pesquisa educacional orientada para a ação. A Pesquisa Participante é
vista como uma abordagem que pode resolver a tensão contínua entre o processo de geração
de conhecimento e o uso deste conhecimento, entre o mundo “acadêmico” e o “irreal”, entre
intelectuais e trabalhadores, entre ciência e vida.
Já Brandão (1984) trata a pesquisa participante como um enfoque de investigação
social por meio do qual se busca plena participação da comunidade na análise de sua própria
realidade, com objetivo de promover a participação social para o benefício dos participantes
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da investigação. Estes participantes são os oprimidos, os marginalizados, os explorados.


Trata-se, portanto, de uma atividade educativa de investigação e ação social.
Lakatos e Marconi (1991) denem a pesquisa participante como um tipo de pesquisa
que não possui um planejamento ou um projeto anterior à prática, o que só será construído
junto aos participantes (objetos de pesquisa) os quais auxiliarão na escolha das bases teóricas
da pesquisa de seus objetivos e hipóteses e na elaboração do cronograma de atividades. (http://
giselacastr.vilabol.uol.com.br/pesquisapart.htm)
De acordo com Gil (2008) a pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação,
caracteriza-se pela interação entre os pesquisadores e membros das situações investigadas.
A pesquisa participante por sua vez, envolve a distinção entre ciência popular e ciência
dominante. Envolve também posições valorativas, sobretudo do humanismo cristão e
concepções marxistas. Assim, a pesquisa participante é bastante desenvolvida nos meios dos
grupos religiosos voltados para ação comunitária. Denir as etapas da pesquisa participante
constitui tarefa difícil, se não impossível. Dessa forma, torna-se possível denir algum tipo
de planejamento, pelo menos da forma como é percebida.

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