Você está na página 1de 5

Centro Universitário Católica de Joinville

Psicologia do Desenvolvimento II
Prof. André Luiz Thieme
Nome: Clarine Dreya de Ramos
Kamila Abelino

Resenha Crítica

Apresentação
A obra analisada a seguir é uma produção do canal Globo, para o programa de
TV semanal Globo Repórter da mesma emissora, intitulado “Geração +50”.
Com duração aproximada de 35 minutos e exibido em abril de 2021.

Resumo
A reportagem “Geração +50” traz relatos de pessoas que passaram dos 50
anos de idade e que desafiam estereótipos etários. Léia, Jayron, Líbero,
Conceição, Monica, Veluma e Veronique, compartilham um pouco de suas
histórias e os benefícios e desafios de se ter mais de 50. Na reportagem, ainda
é possível conhecer a plataforma que conecta profissionais sêniores a
empresas, criadas pelo Sérgio. Além disso, conhecer o termo
“gerontolescência”, do gerontólogo e ativista Alexandre. Em “Geração 50+” fica
evidente que há várias maneiras de se envelhecer e que a imagem do
aposentado inativo é um conceito do passado.

Apreciação Crítica

A reportagem intitulada “Geração 50+” produzida pelo canal Globo e


exibida no programa Globo Repórter, tem como objetivo mostrar o estilo de
vida de quem já passou dos 50 anos de idade e ajudar a desmontar
estereótipos e preconceitos relacionados a essa fase da vida. Conforme Brito
et al. (2017) as representações sociais relacionadas a pessoa idosa e ao
envelhecimento enfatizam aspectos como: atividades (estar ativo/poder fazer),
família (suporte emocional/cuidado), desvalorização (em relação a juventude),
experiência (conhecimentos adquiridos/vivência) e perdas físicas (falta de
saúde/não poder fazer). Ainda de acordo com Brito et al. (2017), respondentes
da pesquisa do gênero feminino se voltaram mais a família e ao aspecto
positivo de envelhecer, como, a experiência de vida. Já respondentes do sexo
masculino se voltaram a desvalorização das pessoas mais velhas em relação a
juventude. Na reportagem se faz presente algumas destas representações
sociais, como: atividade, desvalorização e família. Demonstra, através de
alguns dos casos contados, que os filhos foram responsáveis por impulsionar
atividades. Também demonstra, a atividade como centro, a pessoa mais velha
ativa e independente que faz acontecer. E ainda, fala-se do preconceito com a
idade e a desvalorização com relação a juventude, principalmente quando se
fala em mercado de trabalho. É possível comprovar tais aspectos de
representações sociais, através das falas dos entrevistados. “Não quero
simplesmente aceitar a regra do mercado de trabalho: teu tempo acabou. Não.
Eu quero dizer quando meu tempo acabou.” (Líbero, 57 anos). “Ainda há tanto
a fazer, a descobrir, a viver” (Sandra, 52 anos). “Não quero ver a vida passar.
Quero fazer parte dela” (Veronique, 60 anos).

Durante a exibição da reportagem, é relatada a história de Dona Léia, de


69 anos, que se mantém ativa fisicamente. Ela acorda cedo e faz caminhadas
pelo bairro onde mora e revela que sua energia vem de comer comidas
saudáveis como frutas, verduras, legumes e leite. Frequenta o médico pelo
menos 1 vez ao mês. Dona Léia aconselha: “Saúde, agilidade e mostrar que
nós podemos fazer tudo”. Outro exemplo de vida ativa é a Conceição, de 55
anos, que pedala diariamente 30km por dia. Comenta que resolve todas as
pendências do dia andando de bicicleta. Conceição diz que a idade está na
cabeça de cada um. Ainda, há o Seu Jayron, de 63 anos, que após a
aposentadoria mudou-se para a área rural da cidade com a esposa. Lá fundou
um alambique e um engenho. Onde trabalha todos os dias ativamente, na
produção de mel e açúcar mascavo. Um trabalho que exige bastante esforço
físico e do qual ele se motiva a fazer todos os dias, da melhor forma. Jayron
comenta que não dá tempo de ter cansaço, é preciso encarar e fazer o que tem
que ser feito. Tais exemplos exibidos na reportagem, confirmam o que diz
Netto (2006) que os idosos que se propõe a fazer atividades físicas de forma
regular, diminuem ou desaceleram as vulnerabilidades que comprometem a
mobilidade corporal.

Outro ponto importante salientado pelos entrevistados é o aprender constante.


Dona Léia diz que precisou se reinventar várias vezes na vida e por isso se
apelida de “rainha da renovação”. Ela aconselha que é necessário sempre
aprender para poder fazer. Líbero, de 57 anos, entrou para a USP, depois de
se dedicar a um cursinho pré-vestibular junto do filho. Dona Tereza, esposa de
Jayron, diz que “A gente tem que viver eternamente estudando”. Aprender é
importante durante toda a vida, mas principalmente para as pessoas idosas.
Conforme Netto (2006), as funções intelectuais precisam de estímulos
contínuos para que continuem com um desempenho favorável. De modo que a
leitura, o estudo, o raciocínio, a reflexão e a meditação são bons exemplos de
tais estímulos.

A imagem da aposentadoria calma e inativa não combina nada com os


relatos da reportagem, que trazem histórias de atividade, aprendizagem e
empreendedorismo. Trabalhar, mesmo depois de aposentado. Redescobrir o
que fazer, mesmo depois dos 50. Para Veronique, de 59 anos, a tecnologia não
é uma barreira para trabalhar. Inclusive, a tecnologia é o meio pelo qual ela e a
sócia Marta, empreenderam. As duas criaram um modelo de negócio que se
encaixa na denominação de Start Up, sem nem saber o que era uma Start Up.
Elas gerenciam um site que conecta pessoas que buscam por parceiros para
dividir o aluguel. Desenvolveram o primeiro site da empresa, sozinhas. Ao
contrário do que diz o mercado, que pessoas mais velhas não sabem usar a
tecnologia, elas provaram que não só sabem usar como sabem aproveitar os
benefícios que a tecnologia oferece. Líbero, 57 anos, é estagiário de marketing
(uma área comumente ocupada por pessoas jovens, um sonho realizado após
muito tempo de dedicação e trabalho em um outro emprego. Sérgio, criou uma
plataforma para conectar profissionais com mais de 50 anos a empresas,
destacando que contratar pessoas mais velhas tem muitos benefícios, como:
inteligência emocional, assiduidade, um vínculo maior com o trabalho e a
experiência. Tais relatos colaboram com a orientação dada por Skinner e
Vaughan (1985), que manter-se ocupado é de fundamental importância na
velhice, inclusive, como um fator para evitar a depressão.

Contudo, as pessoas com mais de 50 anos sofrem com o preconceito


etário, chamado de “Idadismo” ou “Etarismo”. O mito de que a pessoa mais
velha não é capaz, não é bonita, não é produtiva. Mesmo com 1 trilhão de reais
sendo movimentados por essa faixa etária, na chamada Economia Prateada,
as pessoas insistem no preconceito. Sérgio, diz que um dos mitos mais
comuns em relação a profissionais sêniores é de que não são criativos e não
sabem usar a tecnologia. Patrícia, 56 anos, professora da FGV do curso de
Longevidade, tenta combater o Idadismo demonstrando o potencial que a
geração +50 tem. Promove, no curso que ministra, a integração entre mais
jovens e mais velhos e aconselha que nas empresas os ambientes de trabalho
também proporcionem tal integração. Já o ativista Alexandre, gerontólogo, diz
que não aceita brincadeirinha nenhuma com a idade. Combate o preconceito
de frente e motiva as pessoas a fazerem o mesmo. De acordo com Silva et al.
(2021) o preconceito com base na idade cronológica das pessoas, acontece
por parte de jovens e adultos, mas principalmente de adultos mais velhos.
Ainda de acordo com o Silva et al. (2021) a pandemia de COVID-19 acentuou o
Etarismo, com a constante exposição de idosos como sendo os principais
contaminados pelo vírus por parte da mídia. O preconceito etário traz prejuízos
sociais e psicológicos aos idosos, que podem ter seus direitos negligenciados.

Diante da reportagem e dos artigos estudados em sala de aula, pode-se


perceber que envelhecer é um processo multifatorial, diverso e complexo. Que
além dos aspectos biológicos, tão enfatizados, existem os aspectos culturais,
sociais e emocionais. Na reportagem Geração 50+ é possível acompanhar
diferentes relatos e histórias que envolvem diferentes jeitos de se encarar o
envelhecimento. A produção é recomendada para todos os públicos, inclusive,
necessária a discussão de paradigmas que envolvem a idade avançada.
Através de uma linguagem didática, de entrevistas bem conduzidas e imagens
do cotidiano dos entrevistados, a produção mostra que envelhecer não é
apenas ganhar mais idade, mas sim um conjunto de experiências.

Você também pode gostar