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FACULDADE SANTA RITA DE CÁSSIA

CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA

Alline Schineider Ribeiro de Andrade

Resenha Crítica do Documentário


“Juventude eterna: preconceito e medo da velhice”

ITUMBIARA, GO.
2022
ALLINE SCHINEIDER RIBEIRO DE ANDRADE

Trabalho para verificação de aprendizado de conteúdo


Resenha crítica referente ao documentário
“Juventude eterna: preconceito e medo da
velhice”, ministrado na, disciplina de Análise
Teórica do Desenvolvimento (Adultez e Velhice),
sob a orientação da professora Luana Pimentel.

ITUMBIARA, GO.
2022
1. Introdução

O documentário brasileiro “Juventude eterna: preconceito e medo da velhice”, produzido


pela TV Justiça, tem como referência, o livro da francesa Simone Beauvoir, “A velhice”, onde
a autora deste livro, explora a percepção dos idosos pela sociedade. Uma obra que alcançou
repercussão em todo o mundo, pois busca desmistificar as hipocrisias que cercam a velhice,
levantando questões para os idosos. Essa mesma autora, escreveu, também , o livro “Todos os
homens são mortais”, que também serviu de inspiração para a realização do documentário.
Neste outro livro, Simone Beauvoir conta a história de um homem que ganhou a possibilidade
de viver para sempre, sem envelhecer e nem ficar doente. A leitura traz o questionamento
sobre a fonte da juventude ser uma benção ou uma maldição. O documentário, lançado em
Janeiro de 2022, traz diversos depoimentos de pessoas, que descrevem a velhice, de diferentes
formas e levantam questões sobre o envelhecimento, sob diferentes pontos de vista.

2. Desenvolvimento

O envelhecimento é um processo que faz parte da condição do ser humano; começa-se a


envelhecer assim que nascemos. Segundo a OMS (2002), a terceira idade tem início
entre os 60 e os 65 anos. É um fenômeno que possui como características principais
as mudanças ocorridas no âmbito biológico, psicológico e social. Apesar de ser
um tocante universal e uma certeza absoluta este processo só ganha sua
importância a partir de certa idade, a saber, quando suas características se tornam mais
visíveis.

Além do anseio por uma poção mágica, uma fonte da juventude, há o medo, não tanto da
idade cronológica, mas do envelhecimento biológico: perda da saúde e das energias físicas.
Há também uma preocupação não apenas com a longevidade, mas também com a qualidade
de vida. O documentário mostra que as próprias políticas públicas têm olhado com mais
carinho e atenção, para essa parcela da população, que tem crescido exponencialmente.
Desde 1900, a expectativa de vida vem aumentando e o número de mulheres idosas
vem sendo maior que o de homens idosos. Alguns depoimentos, ao longo do documentário,
trazem essa tentativa de desmistificar que esta etapa seja conceituada como uma época
nebulosa, decadente, com temores recorrentes acerca da morte, doenças, caracterizada pelo
afastamento do indivíduo do seu meio social, até o fim da vida. E, sim, consideram a velhice
como uma fase de descanso, de aproveitamento do tempo, de novas aprendizagens.

Profissionais da saúde levantam o termo “gerontofobia”, que é a aversão ou o medo


patológico de pessoas idosas ou do processo de envelhecimento. É sabido que todos vão
envelhecer, caso não morram antes, por algum motivo de doença ou fatalidade; mas nem
todos envelhecem da mesma forma.
Sabe-se que senescência é o processo natural do envelhecimento, o qual compromete
progressivamente aspectos físicos e cognitivos. Senescência é o processo natural de
envelhecimento ao nível celular ou o conjunto de fenômenos associados a este processo. A
senescência é um processo metabólico ativo associado ao processo do envelhecer.

Este processo não se caracteriza como sendo atraente, de acordo com Hamilton(2002),
pois nesta fase da vida a perda geral dos componentes orgânicos são acentuadas. A pele e os
músculos se tornam mais rígidos acometendo na flexibilidade corporal do indivíduo, isto
porque as células corporais perdem sua eficiência em gerar energias específicas.

Este ciclo é marcado por mudanças físicas, como a pele que se torna mais pálida e menos
elástica, a gordura e os músculos encolhem, a pele fica enrugada. É normal o aparecimento de
varizes nas pernas, o cabelo fica mais fino, grisalho e depois branco , e os pelos do corpo
ficam mais ralos. Há mudanças na postura do tronco e das penas, acentuando ainda mais a
curvatura da coluna, devido ao enfraquecimento do tônus muscular e da constituição óssea.
Ao atingir os 80 anos, o indivíduo já perdeu aproximadamente 2cm de altura. As alterações
ósseas criam um risco maior de fraturas. É comum mudanças que afetem o organismo em
geral, o cérebro e o funcionamento sexual, motor e sensorial.

Essas mudanças impactam de forma geral todos os sistemas orgânicos e funcionais.


Como Hamilton (2002) aponta, o sistema urinário se torna mais lento e menos eficiente, o
sistema gastrointestinal perde sua eficiência na absorção de nutrientes, o sistema respiratório é
impactado na produção e absorção de oxigênio e o cardiovascular sofre danos irreparáveis,
tendo como consequências perda de força e o endurecimento das artérias que dificulta o
bombeamento do fluxo sanguíneo pelo corpo; dentre outras mudanças.

Muitos são os benefícios que a prática da atividade física proporciona ao organismo. A


sua prática regular influencia tanto nas variáveis fisiológicas quanto nas psicológicas e
sociais. O aumento da força muscular, o aprimoramento da flexibilidade e amplitude dos
movimentos, a diminuição do percentual de gordura, a melhora dos aspectos neurais, a
redução dos fatores que causam quedas, no controle e na prevenção do diabetes, a
manutenção ou melhora da densidade corporal óssea, diminuindo, assim, o risco de
osteoporose, podem ser considerados alguns dos benefícios fisiológicos que a atividade física
propicia ao organismo. (CARNEIRO,2016). Os benefícios psicológicos podem ser percebidos
como a satisfação com a aparência, a melhora da autoestima, autoimagem e autoconceito, a
diminuição da ansiedade, a diminuição de casos de depressão e a melhora de alguns aspectos
cognitivos. Quanto à relação social, a integração social possui grande importância para a
saúde física e mental dos idosos. A falta destes pode ocasionar grandes transtornos na velhice,
podendo contribuir para a formação de um quadro depressivo. Ainda de acordo com o autor, a
interação social possibilita o fortalecimento aos acessos das fontes de ajuda e contribui
também para que as relações de suporte possam ser desenvolvidas fora do âmbito familiar.

Percebe-se que o estilo de vida adotado por cada pessoa, pode diminuir o declínio de suas
capacidades, fazendo com que o indivíduo envelheça com mais saúde.
O documentário também aborda o tema: “Etarismo”, que é o ato de discriminação,
baseado em critérios de idade. Interessante a fala de uma das entrevistadas, dizendo que
“Etarismo é um nome novo para algo que já existe há muito tempo, um novo nome, para um
velho preconceito”. Lembrando que esse preconceito (etarismo) é para qualquer pessoa,
independente da idade. Porém, a maior incidência é entre a população idosa. Especialmente
no Brasil, onde os corpos estão mais à mostra, do que em outros países, há uma busca pela
“juventude eterna”, a busca desenfreada por padrões de beleza inatingíveis. Aponta-se uma
necessidade de falar mais sobre esse assunto. Especialmente, para os futuros psicólogos, é
uma parcela da população que precisa ser acolhida, em suas subjetividades, para que tenham
uma perspectiva mais real e otimista, em relação à sua idade.

O envelhecimento bem sucedido, segundo uma das entrevistadas no documentário, tem


muito mais relação com fatores emocionais, psicológicos, até mesmo fatores espirituais e
religiosos do que, propriamente, com a ausência de doenças.

Aponta-se também a necessidade de um diálogo maior entre as diferentes gerações, para


que a velhice perca esse estereótipo de decadência, inutilidade, doença e morte. E que possa
ser vista como saberes adquiridos com a maturidade, que podem contribuir com a sociedade.

A própria inserção tecnológica da população idosa é uma conquista, pois aumenta a


comunicação, ultrapassa barreiras que, antes, existiam.

3. Conclusão

O fato é que todo ser vivo envelhece, embora nem todos envelheçam na mesma
proporção. Biologicamente , eventos determinam o envelhecimento, mas não somente o
tempo é a causa desses eventos.
Cada vez mais, as pesquisas revelam que o processo de envelhecimento é vivido como
uma experiência individual. Algumas pessoas, aos 60 anos, já apresentam alguma
incapacidade; enquanto outras estão cheias de vida e energia, aos 85 anos.
O ser humano, como um todo, sempre se preocupou com o envelhecimento, encarando-o
de formas diferentes. Assumindo assim, uma dimensão heterogênea. Alguns o caracterizaram
como uma diminuição geral das capacidades da vida diária, outros o consideram como um
período de crescente vulnerabilidade e de cada vez maior dependência no seio familiar.
Outros ainda veneram a velhice, como o ponto mais alto da sabedoria, bom senso e
serenidade.
Envelhecer com qualidade de vida é o que pode motivar a prática de atividades físicas,
uma alimentação mais saudável, vínculos sociais harmoniosos, entre outras práticas. Quanto
mais ativo o idoso, maior satisfação com a vida e, consequentemente, melhor sua qualidade de
vida.

4. Referências
CARNEIRO, R. S. et al. Qualidade de vida, apoio social e depressão em idosos;
relação com habilidades sociais. Psicologia Reflexão e Critica, Rio Grande do Sul,
v. 20, n. 02,13 mar. 2016.

HAMILTON, I. S. A Psicologia do Envelhecimento: uma introdução. 3ª ed. Porto


Alegre: Artmed, 2002. IGBE. Metodologia das estimativas das populações
residentes nos municípios brasileiros para 1º de julho de 2008. Uma abordagem
demográfica para estimar o padrão histórico e os níveis de subenumeração de
pessoas nos censos demográficos e 2 contagem da população. Rio de Janeiro.
<www.ibge.gov.br/home/estatistica/populaçao/estimativa2008/metodolog ia.pd f>.
Acesso em: 12 mar. 2016.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Envelhecimento ativo: um projeto de


política de saúde. Madrid: OMS, 2002.

PAPALIA, E. D., OLDS, W. S.; FEDMAN, D. R. Desenvolvimento humano. In:


GLENN, H. J. Desenvolvimento Físico e Cognitivo na Terceira Idade. 8 º ed. cap .
17-18, pp. 674-688. Porto Alegre: Artmed, 2006.

TV JUSTIÇA, Juventude Eterna: preconceito e medo da velhice, 2022.

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