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3.

CONCEPÇÕES E CONCEITO ACERCA DO ENVELHECIMENTO E DA VELHICE

Ao falar sobre velhice lidamos com um tema até certo ponto controverso, uma
vez que saber ao certo quando uma pessoa é realmente idosa, para isto temos como
referencia a definição do Estatuto do Idoso (2003) que tratando da idade cronológica
define que a pessoa é idosa com idade igual ou superior a 60 anos.

A Organização Mundial da Saúde faz distinção entre a população de países


desenvolvidos, trazendo como idade limite para que uma pessoa seja considerada
idosa a idade de 65 anos, por outro lado fixa a mesma Organização, uma idade inferior
no que refere aos países em desenvolvimento, sendo estes considerados a partir dos
60 anos de idade. Essa definição foi definida pela Organização das Nações Unidas por
conta da Resolução 39/125, durante a Primeira Assembleia Mundial das Nações Unidas
sobre o Envelhecimento da População, relacionando-se com a expectativa de vida ao
nascer e com a qualidade de vida que as nações propiciam aos seus cidadãos.

Na época contemporânea, a velhice ainda é vista sob o ponto de vista negativo,


sempre associado a doenças e ainda a perdas de capacidades físicas e motoras, com
isto o idoso perde espaço com relação aos mais jovens no que e se refere a
oportunidades, uma vez que é visto como um ser ultrapassado e q não maneja bem as
ferramentas tecnológicas. É o que assevera, (SCHINEIDER e IRIGARAY P. 587).

As concepções de velhice nada mais são do que resultados do que uma


construção social e temporal feita no seio de uma sociedade com valores e
princípios próprios, que são atravessados por questões multifacetadas,
multidirecionadas e contraditórias. Na época contemporânea, florescer do
século XXI, ao mesmo tempo em que a sociedade potencializa a longevidade
ela nega aos velhos seu valor e a importância social.

Para compreender o que é envelhecimento e velhice faz-se necessário


conceituar, podemos ver na literatura que abordam o tema autores diferenciando o que
seja as duas fases do individuo, podemos citar, por exemplo, a definição trazida por
Costa (1998, p.26).
Envelhecimento: processo evolutivo, um ato contínuo, isto é, sem interrupção,
que acontece a partir do nascimento do indivíduo até o momento de sua morte
[...] é o processo constante de transformação. Velhice: é o estado de ser velho,
o produto do envelhecimento, o resultado do processo de envelhecer.

Declara ainda o autor referindo-se a contexto social do idoso no que se refere ao


aspecto econômico onde há uma valorização do novo, desta forma, tem-se em mente
que o velho seria ultrapassado, restringindo oportunidades para pessoas com idade
avançada. (SCHINEIDER e IRIGARAY P. 587)

Vive-se em sociedade de consumo na qual apenas o novo pode ser valorizado,


caso contrario, não existe produção e acumulação do capital. Nesta dura
realidade, o velho passa a ser ultrapassado, descartado, ou já está fora de
moda.

Para BEZERRA, apud Ribeiro, (2009) o envelhecimento não deve ser


considerado como um período de perdas e incapacidades, pois muitos idosos podem
ter a sua capacidade funcional preservada. O importante é a maneira como os
indivíduos percebem e lidam com as situações da vida e com as transformações do
envelhecimento, a qual determina, em grande parte, a pessoa ter uma velhice saudável
ou não.

Para Simone BEAUVOIR, (1970, p. 468). Um dos fatores preponderantes na


velhice que seria a experiência vivida, não há mais espaço no mundo atual, condições
para compartilhar de tais vivencias, uma vez que a sociedade atual parece não valorizar
o passado rico de aprendizado, já que o idoso é visto apenas como ser ultrapassado.

Muito longe de oferecer ao indivíduo um recurso contra seu destino biológico,


assegurando-lhe um futuro póstumo, a sociedade de hoje o rechaça, ainda vivo,
para um passado ultrapassado. [...] Outrora, imaginava-se que em cada um, ao
longo dos anos, acumulava um tesouro: a experiência.

Ainda segundo a autora, remediar as circunstâncias psicossociais dos idosos,


não poderia por si só, embora reconheça que seria importante melhorar o presente, não
seria a solução para o problema da ultima idade. BEAUVOIR, (1970, p. 663).
A entrada na velhice depende de vários aspectos que vão além do cronológico,
pode-se dizer que em países em que a expectativa de vida é de 40 anos, a concepção
de velhice é completamente diferente de outro cuja essa expectativa é de 70 anos de
idade. FARINATTI. (P. 14; 16). A velhice ainda segundo o autor, é constituída
paulatinamente para o que concorrem varáveis biológicas e sociais. (p. 22).

O envelhecimento causa algumas modificações naturais no individuo, quase


sempre confundidas com enfermidades, desde físicas até psicológicas, afetando assim
a locomoção bem como o raciocínio de pensa ou simples reflexos para realizar coisas
simples e cotidianas, denominada de senescência. Com isso percebe-se ao longo dos
anos aspectos que identificam o processo de envelhecimento que por si só não pode
ser visto como enfermidades. o que observado pelo Ministério da saúde (Brasília 2006);

Dois grandes erros devem ser continuamente evitados. O primeiro é considerar


que todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam decorrentes de
seu envelhecimento natural, o que pode impedir a detecção precoce e o
tratamento de certas doenças e o segundo é tratar o envelhecimento natural
como doença a partir da realização de exames e tratamentos desnecessários,
originários de sinais e sintomas que podem ser facilmente explicados pela
senescência.

Não se pode, entretanto, definir a velhice apenas sob um aspecto e sim verificar
as várias mudanças que acontecem ao longo dos anos, segundo SCHNEIDER e
IRIGARAY, (2008 p.585) a velhice pode ser compreendida a partir da relação que se
estabelece entre os diferentes aspectos, biológicos, psicológicos e sociais. Dos quais
serão abordados aqui os itens.
3.1 Elementos para compreensão do processo de envelhecimento

3.1.2 Aspecto Biológico

Definido por SCHNEIDER E IRIGARAY (2008 p.590) como idade biológica, está
ligada as transformações corporais e mentais que ocorrem ao longo do processo de
envelhecimento, tempo como base, lógico, o passar dos anos. Os autores ainda
apresentam alguns outros fatores externos de caráter biológico que segundo eles,
inicia-se desde o nascimento e perdura por toda existência;
A partir dos 40 anos, a estatura do indivíduo diminui cerca de um centímetro por
década, principalmente devido à diminuição da altura vertebral ocasionada pela
redução da massa óssea e outras alterações degenerativas da coluna vertebral.
A pele fica mais fina e friável, menos elástica e com menos oleosidade. A visão
também declina, principalmente para objetos próximos. A audição diminui ao
longo dos anos, porém normalmente não interfere no dia-a-dia.

Estás mudanças, vale salientar, acontecem de forma individual ou seja, como a


devida intensidade de acordo com o estilo de vida de cada um. É importante ressaltar
que tais alterações aconteceram individualmente em cada idoso. Coube-lhe aceitar,
adaptar-se ou modificar-se de acordo com as novas mudanças surgidas com a idade.
Veras M. L. M, et al. (2015, p. 116).
Para que os efeitos da idade biológica possam ser amenizados ou menos
sentidos se faz necessário e recomendado por profissionais que os idosos evitem a
ociosidade, com práticas de exercícios embora que leve, é o que pontua Veras, M. L.
M. et al; (2015, p. 116-117).

Os discursos mostram que a prática regular de atividade física proporciona


vários benefícios para os idosos. Dentre os benefícios, eles destacam a
melhoria de saúde, como uma melhor convivência com a dor além de contribuir
para o aumento da densidade óssea, auxílio no controle do diabetes, na artrite,
doenças cardíacas, diminuição da depressão, benefícios que os idosos podem
não tomar conhecimento, mas indubitavelmente irá influenciar diretamente na
sua qualidade de vida.

3.1.3 Aspecto psicológico

Levando em consideração a especificidade de cada individuo pode-se dizer que


a velhice por ser um processo contínuo e inevitável tem como característica também
fatores psicológicos como assim bem conceitua RODRIGUES (2012 p. 42)

Os aspectos psicológicos, nesta etapa da vida, são muitos e por vezes difíceis
de se lidar. A emoção torna-se mais complicada de gerir, a motivação que em
alguns casos deixa de existir e é substituída por desilusão e a própria
personalidade das pessoas Idosas se altera porque há um desfasamento entre
o ritmo e ao estilo da vida passada e o presente.
É claro que neste sentido está incluso a aceitação das mudanças biológicas já
citadas anteriormente que influenciam no psicológico do idoso, por perceber suas
limitações ao realizar pequenas tarefas, vem com isso a dificuldade de adaptar-se a
novas realidades.

São inúmeras as alterações psicológicas que um indivíduo sofre ao longo dos


anos segundo RODRIGUES (2012 p. 42), pode-se enumerar algumas delas;
- Certo declínio na manifestação da afetividade, dos interesses, das acções, das
emoções e dos desejos;

- Prejuízo da memória de fixação, como, por exemplo, esquecer nomes de


pessoas, coisas, ou mesmo onde colocou determinados objetos;

- Acentuação das características da personalidade. Traços do tipo, por exemplo:


rigidez, egocentrismo, desconfiança, irritabilidade, avareza, dogmatismo,
autoritarismo, que tenham existido na juventude, tendem a exacerbar-se;

- Dificuldade na assimilação ou mesmo aversão a ideias, coisas e situações


novas;

- Apego maior aos valores já conhecidos e convencionados, aos costumes e às


normas já instituídas;

- Depressão/ alteração de humor;

Ainda assevera a autora que é preciso levar em conta todas estas manifestações
uma vez que podem transformar-se em graves patologias, impedindo o Idoso de viver a
sua vida de maneira independente. Também é importante saber quais os aspectos
psicológicos de risco no Idoso. RODRIGUES (2012 p. 42).

Para SCHINEIDER e IRIGARAY (2018 P. 592) há uma significativa e clara


mudança na capacidade cognitiva do idoso levando-o ter lapsos de memória,
dificuldade de aprendizado e falhas de atenção, orientação e concentração,
comparativamente com suas capacidades cognitivas anteriores.
Ainda segundo SCHINEIDER e IRIGARAY (2018 P. 592) apud Neri (2001) define
a idade psicológica como “a maneira como cada indivíduo avalia em si mesmo a
presença ou a ausência de marcadores biológicos, sociais e psicológicos da idade, com
base em mecanismos de comparação social mediados por normas etárias”.
É preciso entender que deve haver um equilíbrio entre o envelhecimento
psíquico e biológico, isso é importante para melhorar qualidade de vida e as relações
com os outros. RODRIGUES (2012 p. 44).

BIBLIOGRAFIA

BEAUVOIR, Simone de. A Velhice, Tradução de Maria Helena Franco Monteiro. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira,1990.

BEZERRA, Andreia Cassia. Concepções sobre o processo de envelhecimento /


Andreia Cassia Bezerra. – 2012. Monografia (Bacharelado em Enfermagem) –
Universidade Federal do Piauí, Picos, 2012

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília : Ministério
da Saúde, 2006.

COSTA, Elizabeth M. Sene. Gerontograma: a velhice em cena – estudos clínicos e


psicodramáticos sobre o envelhecimento e a terceira idade. São Paulo: Agora,
1998.

FARINATTI, Paulo T. V, Envelhecimento, promoção da saúde e exercício, Barueri;


São Paulo: Manole, 2008.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Envelhecimento ativo: uma política


de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde; 2005

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Assembléia Mundial sobre


envelhecimento: resolução 39/125. Viena: Organização das Nações Unidas; 1982.

SCHNEIDER. Rodolfo Herberto, IRIGARAY. Tatiana Quarti, O envelhecimento na


atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Campinas
2018.
RODRIGUES. Ana Margarida Serôdio Monteiro, o Medo de Envelhecer, Escola
Superior de Educação João de Deus, LISBOA 2012.

VERAS. Mara Luiza de Melo, et al. Processo de envelhecimento: um olhar do idoso,


Revista interdisciplinar, 2015.

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