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1. TÍTULO PROJETO:

A afirmação da Justiça Restaurativa como meio de resolução de conflitos e


acesso à justiça para menores em conflito com a lei.

1.1 Problemas de Pesquisa:

Como a Justiça Restaurativa pode de forma eficiente dá celeridade aos processos


de menores em conflito com a Lei e pacificar as relações sociais como meio alternativos
de resolução de conflitos?

2. INTRODUÇÃO COM PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

É notório que no Brasil o sistema Judiciário é ineficiente para atender a


demanda, não atendendo às necessidades daqueles que o buscam com o intuito de
solucionar suas lides, isto se deve ao número insuficiente de serventuários da justiça,
bem como a estrutura muitas vezes precária, por estes e outros fatores o tramite
processual torna-se moroso e ineficaz.
Devido a esta problemática, várias foram as mudanças introduzidas no
ordenamento jurídico visando dá celeridade aos processos, como; a criação dos Juizados
especiais, dentre outras. Porém, estas medidas não foram suficientes.

A Justiça Restaurativa é um meio de resolução de conflitos, onde o objetivo


principal é restabelecer a comunicação entre as partes, tem por objetivo a resolução dos
conflitos penais através do diálogo, propiciando às partes envolvidas e à comunidade
diretamente interessada adotar a decisão que aparentar ser a mais adequada ao caso.
Dessa forma, propõe a retomada do conflito pelos particulares, ao invés de deixar nas
mãos do Estado a perseguição e punição do infrator.

Desta forma, a presente pesquisa visa analisar esse instituto de meio de


resolução de conflitos alternativos ao processo judicial penal em infrações cometidas
por menores.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral.


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Analisar a Justiça Restaurativa como meio de resolução de conflitos de menores


em conflito com a Lei, antes ou durante o processo.

3.2. Objetivos específicos.

Verificar os aspectos de celeridade que a Justiça Restaurativa traz aos processos


que os menores em conflito com a Lei são submetidos de forma mais efetiva do que uma
decisão judicial. 

. Discorrer sobre a aplicabilidade legal de Justiça Restaurativa sua eficácia na


pacificação das relações sociais e confiabilidade na resolução de conflitos de forma a
restaurar as relações na esfera penal.

Problematizar a realidade do Judiciário brasileiro bem como a morosidade na


resolução das lides no âmbito da infância e juventude e a importância da Justiça
Restaurativa.

4. Justificativa

A presente pesquisa se justifica por proporcionar uma ampla discussão sobre as


dificuldades que todos enfrentam em seus mais diversos aspectos quando ingressam no
Judiciário para resolução de suas lides. Em especial o adolescente em conflito com a lei
que quase sempre se deparam com dificuldades no acesso a justiça, quando buscam este
direito garantido pela Constituição Federal de 1988.

Ao infringirem a Lei, muitas vezes não são tratados como está expresso no
artigo 6º do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, como pessoas em
desenvolvimento. Com o processo, começa o longo e verdadeiro calvário dos
adolescentes em conflito com a Lei, uma vez que, prevalecem as práticas punitivas
como primeiras decisões a serem tomadas, sem levar em conta realmente o que pensa o
infrator ou o que o levou a prática de tais atos.

O presente projeto visa apresentar a Justiça Restaurativa como um modelo de


Justiça que mais se adéqua as situações em que adolescentes infratores podem ser
submetidos com vistas a real recuperação, capaz igualmente, de suprir as falhas e
existentes do sistema de processos punitivos. Visa ainda, um breve comparativo entre a
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Justiça Retributiva, ineficaz na restauração de adolescente e a Justiça Restaurativa,


apontando as principais falhas daquela e as soluções do ideal apresentadas por esta.
Abordar ainda, históricos de implementação da Justiça Restaurativa no Brasil,
em juizados voltados para infância e adolescência, que de certa forma tem posto em
prática o que aqui se propõe a pesquisar.

O tema em questão relacionado diretamente a resolução de lides dos


adolescentes de forma mais célere é a justificativa principal, pois não se pode falar em
justiça quando se tem apenas garantias às instituições e mesmo assim de forma precária,
como o exposto na narrativa do projeto, o que muitos querem é se redimir da infração
cometida estreitar os laços com a parte contraria, e encontrar uma chance de
restauração.

Ainda justifica-se este trabalho o intuito de trazer ao conhecimento daqueles que


buscam a justiça sem saberem ao certo o que seja Justiça Restaurativa, ou por
desconhecerem totalmente a matéria, sobretudo, nos Juizados da Infância e Juventude
cuja prática é mais utilizada em resoluções de conflitos de menor potencial. Desta
forma, o desconhecimento destas modalidades de justiça leva as pessoas se submeterem
a certas arbitrariedades promovidas pelas autoridades que deveriam resguardar os
direitos do cidadão enquanto representantes legítimos do Estado.

A eficácia e confiabilidade da Justiça Restaurativa na resolução de conflitos se


dão plenamente por seu amparo em Lei. Existem causas atinentes apenas ao Poder
Judiciário, àquelas mais significativas que exijam o controle da legalidade nos casos de
lesão ou ameaça de lesão ao direito. Pode-se então, entender que todas as outras
questões envolvendo conflitos, relações conflituosas, entre outras, podem encontrar
melhor solução fora da formalidade imposta pelo processo comum dentro do Judiciário,
por meio de meios consensuais de resolução.

5. Refencial Teórico

Acesso à justiça

É notório que no Brasil, o sistema Judiciário, é ineficiente para atender a


demanda, não suprindo às necessidades daqueles que o buscam com o intuito de
solucionar suas lides. Isto se deve ao número insuficiente de serventuários da justiça,
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bem como a estrutura muitas vezes precária, o aumento da população. Por estes e outros
fatores o tramite processual torna-se moroso e ineficaz.

Para Ferraz Neto, (2008, p 45,46) é longa a espera por um julgamento no Poder
Judiciário;

Quem já teve a necessidade de recorrer ao poder judiciário sabe quão penoso


é a espera para alcançar o almejado provimento jurisdicional, pois os
processos se arrastam, em média, de quatro a seis anos para serem julgados
em primeira instância, depois dessa espera, surge à via crúcis dos recursos –
na maioria dos casos procrastinatórios – que elevam o tempo médio de
julgamento para dez anos.

Devido a esta problemática, várias foram as mudanças introduzidas no


ordenamento jurídico brasileiro visando dá celeridade aos processos, como por
exemplo; a criação dos Juizados especiais, dentre outras. Porém, estas medidas não
foram suficientes.
O acesso à justiça é uma preocupação de toda sociedade em tempos atuais. Em
muitos países, o Poder Judiciário atende aos anseios da sociedade que quer ter suas lides
solucionadas de forma rápida e objetiva. No Brasil é uma garantia constitucional, está
previsto o artigo 5º, XXXV da Constituição Federal, que diz: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça de direito.”.

A Garantia de acesso à justiça não se restringe apenas ao texto da Constituição


Federal. É o que fica claro no art. 8°, da 1ª Convenção Pacto de São José da Costa Rica,
a qual foi acolhida pelo sistema jurídico brasileiro quando o Brasil tornou-se signatário.

Toda pessoa tem direito de ser ouvida, com as garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal
contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza
civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer natureza.

Desta forma, vemos o caráter de garantia fundamental de direitos humanos no


que se refere ao acesso à justiça e que abrange todas as áreas do direito. Entretanto,
embora esta garantia venha expressa na Constituição Federal e em outros dispositivos,
por si só não garante o êxito na realização da justiça.

A Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959 e a Convenção


Internacional sobre os Direitos da Criança de 1989, o Estado brasileiro com o advento
na carta Magna de 1988, assume a responsabilidade constitucional de garantir aos
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jovens dignidade. A Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do


Adolescente – Lei n. 8.069.90 - ECA trouxeram uma nova fase para o sistema jurídico
brasileiro, pois a partir destes dispositivos os jovens e crianças passaram a figurar como
sujeitos de direito, é o que estabelece o Estatuto da Criança e Adolescente no Art. 15. A
criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas
humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e
sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Para Liberati (2003 p. 140), “o acesso da criança ou do jovem à Justiça é livre e


incondicional, e qualquer obstáculo que se verifique à sua vontade será caracterizado
como abusivo e ilegal, podendo ser assegurado através de habeas corpus”.

O legislador visando garantir o direito da criança e adolescente à justiça fixou


uma série de órgãos a que a criança poderia ingressar;

Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria


Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus
órgãos.
§ 1º A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem,
através de defensor público ou advogado nomeado.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude
são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de
má-fé.

Esse acesso somente pode efetivar-se mediante a Assistência Judiciária, que deverá
ser prestada a quem dela precisar, sendo garantida a gratuidade as ações relacionadas à
criança e ao adolescente, com exceção das oriundas de má fé. Desta forma, segundo a
Constituição há igualdade se discriminação entre cidadão o que inclui a criança e
adolescente, que segundo o dispositivo goza de prioridade absoluta. (art. 227, CF).

Segundo Leonardo Greco apud Cesar (2002, p 75) “O acesso à justiça


não estará concretamente assegurado, se o Estado não oferecer a todos a possibilidade
de receber aconselhamento jurídico a respeito de seus direitos”.

Como a citação acima, entende-se que a justiça como traz a Constituição Federal
deve ser para todos sem distinção econômica, financeira, grau de instrução ou qualquer
outro tipo de situação que possa parecer impedimento.

A ineficiência em atingir os anseios da população por certo se constitui na


principal causa que barra o acesso à justiça de forma efetiva, pois se manifesta por
várias razões, como afirma Stumpf (2009, p 15),

A lentidão também conhecida com morosidade do Poder Judiciário, em regra


é atribuída com mais ênfase a causas externas, sem que se ignore existência
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de muitos outros fatores a influenciá-la, decisivamente ou não, como origem


e solução no próprio Judiciário.

Ainda segundo o autor, as causas internas, que poderiam melhorar o


atendimento, são aquelas que estão ao alcance do Judiciário, como por exemplo: as
questões administrativas, no que se refere ao desempenho de atividades burocráticas, de
juízes e servidores, em que aqueles têm um papel fundamental neste processo com o
objetivo de dar celeridade aos julgamentos.

O que se vê, é que a garantia de acesso à justiça, prevista na Carta Magna, não a
assegura, na verdade, se configura em acesso ao Judiciário, tendo em vista as
dificuldades do processo como aqui já exposto, seria necessário tornar o sistema mais
acessível, segundo Cappelletti e Garth, (1998 p. 03),

A expressão “acesso à Justiça” é reconhecidamente de difícil definição, mas


serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico — o
sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver
seus litígios sob os auspícios do Estado. Primeiro, o sistema deve ser
igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que
sejam individual e socialmente justos. (...) a justiça social, tal como desejada
por nossas sociedades modernas, pressupõe o acesso efetivo.

Desta forma, se faz necessário criar ou fazer uso de dispositivos que além de
assegurar o acesso, que também lhe assegure uma decisão justa, e célere. O que se vê
muitas vezes é um descontentamento pela demora e complexidade em muitos casos.

Segundo Ferraz Neto (2008, p 43) o acesso à justiça a que se refere: “...Não é o
acesso aos Tribunais, nem o simples ato de ajuizar o pleito. Vai além, traduzindo-se no
desejo de obtenção de provimento judicial, que é a justiça materializada,
consubstanciada no princípio da igualdade das partes”.

É claro que quem vai ao Judiciário não se contenta em apenas ter o direito de
ingressar ou até mesmo de ser ouvido, e sim, que sua lide seja resolvida e no menor
decurso de tempo possível e ainda, que a sentença seja satisfatória.

6.1.Justiça Restaurativa aplicada ao menor em conflito com a Lei

Menor em conflito com a Lei


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São considerados adolescentes em conflito com a lei pessoas na faixa etária de


12 a 18 anos incompletos de idade que cometeram atos infracionais – de pequenos
furtos a delitos graves, como homicídios.

Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, sempre que houver a prática de atos


infracionais por parte do adolescente serão aplicadas as medidas socioeducativas
previstas no Art 112 do dispositivo;

Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá


aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

I - advertência;

II - obrigação de reparar o dano;

III - prestação de serviços à comunidade;

IV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semi-liberdade;

VI - internação em estabelecimento educacional;

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de


cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de


trabalho forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão


tratamento individual e especializado, em local a equado às suas condições.d

Desta forma, mesmo ao trazer expressamente em seu conteúdo punição para o


ato infracional cometido, embora traga restrições para aplicação da mais grave no caso a
internação, O art. 122, o que predomina de fato é a Justiça retributiva, ou seja, a punição
pelo ato praticado definido como crime ou no caso de adolescente, ato infracional, nesta
justiça os julgadores vêem o ato que infringiu a lei como algo punitivo é o que assevera
Zehr, (p. 71-72)

Esse conceito de justiça tende a focalizar abstrações ao invés de se concentrar


no mal que foi feito Parte d o pressuposto do que em cada caso, o necessário
para acertar as contas é algo conhecido e atingível . Presume ainda que o
necessário para ajustar essa balança é a punição As autoridades do ramo
judiciário vêem seu trabalho com o de dispensar níveis adequados de punição
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O ofensores são levados a acreditar que, ao aceitar a punição, estarão


pagando sua dívida com a sociedade.

Ainda segundo Zehr, a justiça retributiva faz do Estado a Vítima define o


comportamento danoso como meras infrações as regras, ou seja, não consegue perceber
os lados nem da vítima nem do agressor, uma vez que se a regra foi quebrada a que se
pagar por tal dano. (2008, P.174).
Para Foucault, sistema punitivo, é falho principalmente no que se refere às
prisões, devido ao seu caráter destruidor, pois não visa na realidade a reabilitação dos
presos e sim meramente a punição. Segundo o autor, o sistema punitivo faz com que a
criminalidade aumente cada vez mais, mesmo com o controle do Estado, não traz
mudanças satisfatórias no âmbito da restauração penal do individuo. (1987 P. 55)

Em contrapartida ao argumentar com relação a Justiça Restaurativa, deixa claro


que as pessoas é que são vítimas, de alguma forma mesmo o ofensor por fatores
estranhos ou anteriores ao ato. Zehr (2008, P.174)
A lente restaurativa identifica as pessoas como vítimas e reconhece a
centralidade das dimensões interpessoais. As ofensas são definidas como
danos pessoais e como relacionamentos interpessoais. O crime é uma
violação de pessoas e relacionamentos.

Ainda segundo o autor, A experiência de justiça é uma necessidade humana


básica. Sem ela a cura e a reconciliação são difíceis ou até impossíveis. A justiça é pré-
condição para uma solução. (2008, P. 178)

O sentido de Justiça pleno dificilmente aconteceria, entretanto se faz necessário,


sobretudo com relação a adolescentes, adotar medidas que cause menos dor no processo
e que o sentimento de culpa seja amenizado pelo sentimento de pás e harmonia pelo
senso se responsabilidade. Zehr (2008, 178)
É claro que uma sensação plena de justiça é algo raro. No entanto, até uma
"justiça aproximada pode ser de ajuda? Mesmo uma experiência parcial pode
lançar as bases necessárias para obter uma sensação de recuperação e
encerramento do ciclo. Por exemplo, quando o ofensor não foi identificado,
ou quando ele se nega a assumir a responsabilidade, a comunidade pode
desempenhar o seu papel promovendo uma experiência de justiça. Ela pode
ouvir sinceramente e valorizar a vítima, concordando com suas queixas de
que o que aconteceu foi errado e atendendo e dando ouvidos às suas
necessidades. Uma quase justiça é melhor do que nenhuma justiça e ajuda o
processo de cura.
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Neste diapasão pode-se dizer que a Justiça Restaurativa é um processo voltado


para resolução de um conflito caracterizado pela existência de crime ou ato infracional
onde há a colaboração mútua e participativa maior do infrator e da vítima. Em linhas
gerais pela Resolução 255 do CNJ seria;

Art. 1º. A Justiça Restaurativa constitui-se como um conjunto ordenado e


sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à
conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais
motivadores de conflitos e violência, e por meio do qual os conflitos que
geram dano, concreto ou abstrato, são solucionados de modo estruturado na
seguinte forma.

Ainda segundo a Resolução, os conflitos seriam dirimidos com a participação


de ofensor e vítima com fim de restaura relação e recuperar o infrator, bem como
atribuir-lhe responsabilidades, Art. 1º;

I – é necessária a participação do ofensor, e, quando houver, da vítima, bem


como, das suas famílias e dos demais envolvidos no fato danoso, com a
presença dos representantes da comunidade direta ou indiretamente atingida
pelo fato e de um ou mais facilitadores restaurativos;
II – as práticas restaurativas serão coordenadas por facilitadores restaurativos
capacitados em técnicas autocompositivas e consensuais de solução de
conflitos próprias da Justiça Restaurativa, podendo ser servidor do tribunal,
agente público, voluntário ou indicado por entidades parceiras;
III – as práticas restaurativas terão como foco a satisfação das necessidades
de todos os envolvidos, a responsabilização ativa daqueles que contribuíram
direta ou indiretamente para a ocorrência do fato danoso e o empoderamento
da comunidade, destacando a necessidade da reparação do dano e da
recomposição do tecido social rompido pelo conflito e as suas implicações
para o futuro.

Para PINTO (2005), as relações entre pessoas são violadas quando há uma
prática delituosa, desta forma todos os envolvidos entram em um processo de
restauração sob o prisma da Justiça Restaurativa.

Ainda sobre as relações segundo Zehr apud shalom, assevera que o crime
dilacera os relacionamentos, ou mesmo que não se tenha antes, cria-se desta forma um
vínculo que geralmente pelo cometimento do crime, hostil. (2008, P. 171)

A visão de shalom também nos lembra que o crime representa uma


violação dos relacionamentos. Ele afeta nossa confiança no outro,
trazendo sentimentos de suspeita e estranheza, por vezes racismo. Não
raro ergue muros entre amigos, pessoas amadas, parentes e vizinhos. O
crime afeta nosso relacionamento com todosà nossa volta.
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O crime também representa um relacionamento dilacerado entre vitima


e ofensor. Mesmo se eles não tinham um relacionamento prévio, o delito cria
um vínculo, que em geral é hostil. Se não resolvido, esse relacionamento
hostil afetará, por sua vez, o bem-estar da vítima e do ofensor.

No olhar de JACCOUD, (2005), não há que se falar em Justiça Retributiva e a


Justiça Restaurativa de forma antagônica, e sim, que podem facilitar o tramite do
processo somando seus valores com fim de reparar as conseqüências oriundas de um ato
tipificado como crime ou ato infracional.

7. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo qualitativo, de revisão bibliográfica, cujo objetivo é;


investigar se e como os conhecimentos científicos nos diferentes campos do saber
podem auxiliar na compreensão do adolescente em conflito com a lei na abordagem
aqui proposta da Justiça Restaurativa.

A metodologia utilizada Para abordar o tema baseia-se em análise de livros, das


doutrinas e periódicos bem como artigos virtuais,

7.1.Procedimentos Metodológicos

Partindo da premissa de leis e normas, será utilizado na pesquisa o método


dedutivo, abordando no contexto geral o momento em que uma pessoa, no caso
adolescente em conflito com a Lei, necessitar do Judiciário para ingressar com ação
buscando solucionar uma lide particular, apresentando o problema encontrado com
relação ao aceso á justiça de forma célere e eficiente, bem como, com vistas a
restauração diante de uma relação prejudicada por ato infracional de cunho penal.

O conhecimento jurídico-teórico será técnica aplicada neste trabalho de pesquisa


tendo por objetivo principal analisar a problemática de acesso a justiça e as formas
contenciosas encontradas pelos postulantes da Justiça, quando se dirige ao Judiciário e
ao mesmo tempo propõe como alternativa célere e eficaz a Justiça Restaurativa,
trabalhando para tanto, com a aplicação na norma jurídica e sua especificidade, no
entendimento de saber se é válido a adesão por uma alternativa ao Poder Judiciário no
sentido de obter solução satisfatória, buscando na realidade social em que está inserida a
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problemática em questão, a resposta devidamente fundamentada nas normas


constitucionais, específicas e doutrinárias.

O estudo será focado principalmente na lei específica, Estatuto da Criança e do


Adolescente e Constituição Federal de 1988, com citações pontuais de outros
dispositivos que abordam o assunto, além de reflexões de renomados doutrinadores que
abordam o tema de forma clara e objetiva.

8. Cronograma

ATIVIDADES 2018

MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

X X
Levantamento
bibliográfico
Revisão da X
Literatura
Fichamento de X X
textos
Coleta de Fontes X X X

Desenvolvimento X X X X X X
do projeto
Organização do X
roteiro
Revisão X X X
bibliográfica
Organização do X X
roteiro

Projeto de pesquisa X X

Apresentação do X X X
projeto?orientador

ATIVIDADES 2019

MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

X X X
Redação de trabalho
Preparação para X X
dissertação
Desenvolvimeto da X X X
pesquisa
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Apresentação dos X X
resultados
Finalizando o X
trabalho
Preparo para X
dissertação
Ajustes X X

Entrega para análise X X

Correções X

Apresentação final X X
da dissertação

9. Referências

CESAR, Alexandre. Acesso à Justiça e Cidadania . Cuiabá. Ed. UFMT. 2002.

FERRAZ NETO, Jorge - Curso de arbitragem e processo arbitral / Fortaleza. ABC


editora, 2008.

STUMPF, Juliano da Costa, Poder Judiciário: morosidade e inovação, Porto Alegre.


Departamento de artes gráficas, Poder Judiciário, 2009.

SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. – Manual de arbitragem / 5. ed. rev., atual. e


ampl.- Rio de Janeiro: Forense, 2014

VASCONCELOS, Carlos Eduardo de, Mediação de Conflitos e práticas


restaurativas - São Paulo - Métodos, 2008.

LIBERATI, Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente.


7.ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 140.

JACCOUD, Mylène. Innovations pénales et justice réparatrice. Champ penal = Penal


field, [online], Seminar penal innovations, 27 set. 2007. Disponível

TOEWS, B. & Zehr, H. (2006). Maneiras de conhecer para uma visão restaurativa
de mundo.
In C. Slakmon, M. R. Machado, & P. C. Bottini (Eds.), Novas direções na governança
da justiça e da segurança (pp. 419-432). Brasília-DF: Ministério da Justiça

PINTO, R. S. G. (2005). Justiça Restaurativa é possível no Brasil? In C. Slakmon, R.


C. P. De Vitto & R. S. G. Pinto (Eds.), Justiça Restaurativa. Coletânea de artigos (pp.
19- 40). Brasília: Ministério da Justiça, Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento.
15

JACCOUD, M. (2005). Princípios, tendências e procedimentos que cercam a Justiça


restaurativa. In C. Slakmon, R. C. P De Vitto, & R. S. G. Pinto (Eds.), Justiça
Restaurativa: Coletânea de artigos (pp. 163-188). Brasília: Ministério da Justiça,
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça /
Howard Zehr ; tradução de Tônia Van Acker. -- São Paulo: Palas Athena, 2008.

FOUCAULT, Michel. F86v Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de


Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987

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