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A PESSOA COM DEFICIÊNCIA: SUA ADAPTAÇÃO SOCIAL POR MEIO DE

DIREITOS DE ACESSIBILIDADE E IGUALDADE

Discente: Felipe de Luna Pessoa


Jurema/PE
UPE
felipe.luna@upe.br

RESUMO:

O presente trabalho tem como objetivo analisar, resumir e refletir sobre os direitos da
pessoa com deficiência estabelecidos na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(LBI), a fim de compreender a importância da existência de uma legislação que garanta às
pessoas com deficiência as mesmas condições, oportunidades e acessibilidades de vida que
uma pessoa sem deficiência possui na sociedade. Além disso, é crucial concluir que a lei deve
existir de fato nas vidas dessas pessoas, ou seja, deve funcionar na prática, no dia a dia, e não
somente na teoria.

PALAVRAS CHAVE: LBI; Legislação; Acessibilidade; Funcionar na prática.

INTRODUÇÃO:

A história da humanidade é repleta de adaptações. A sociedade contemporânea nada


mais é do que um conjunto de adaptações a outros sistemas sociais feitas pelos seus
membros. Em cada período histórico, existiram barreiras e dificuldades nas vidas de muitos
seres humanos, que foram sendo destruídas em prol de um bem comum, de uma boa
convivência, da formação de um mundo ideal de vida em que se é possível sobreviver com o
mínimo de problemas. Infelizmente, no meio desse processo, existiram e ainda existem
barreiras mais difíceis de se destruir, dependendo da diversidade de modos de vida que
existem no mundo. É o caso das vidas das pessoas portadoras de deficiências físicas e/ou
psicológicas.
Essas deficiências foram capazes de, literalmente, destruir muitas pessoas ao longo da
história. Um exemplo disso é a Grécia Antiga, onde as pessoas deficientes eram tão
desprezadas, que Aristóteles, um dos principais filósofos da época, discorreu acerca desse
assunto, em seu livro “A Política”:

A Política, Livro VII, Capítulo XIV, 1335 b – Quanto a rejeitar ou criar os


recém-nascidos, terá de haver uma lei segundo a qual nenhuma criança disforme será
criada; com vistas a evitar o excesso de crianças, se os costumes das cidades
impedem o abandono de recém-nascidos deve haver um dispositivo legal limitando a
procriação se alguém tiver um filho contrariamente a tal dispositivo, deverá ser
provocado o aborto antes que comecem as sensações e a vida (a legalidade ou
ilegalidade do aborto será definida pelo critério de haver ou não sensação e vida).
(GUGEL : 2007, p. 63).

Observa-se, portanto, que, se as pessoas sem deficiência já passaram por inúmeras


dificuldades, isso não se compara com os problemas vividos pelos deficientes em se adaptar à
sobrevivência na sociedade.
As razões para isso vão desde a ignorância dos poderes governamentais para com a
situação das vítimas, até a discriminação que elas sofrem por serem “diferentes” das pessoas
normais, gerando exclusão, indiferença, violência, etc.
Com todas essas obstruções, as pessoas com deficiência sofreram por séculos em
busca de adaptação na vida em comunidade com os demais, bem como com a falta de direitos
que o deixassem em condições de igualdade com as outras pessoas e que dessem a eles
acesso a serviços básicos da sociedade, necessários à vida.
Felizmente, com o passar do tempo, essas pessoas puderam ganhar seus direitos,
mesmo que em meio a árduas lutas. No Brasil, essas lutas resultaram num dos mais
importantes feitos para a pessoa deficiente: a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (LBI).
Portanto, para que as vidas das pessoas com deficiência estejam em reais condições de
igualdade em relação às outras pessoas, é indispensável analisar e refletir sobre a LBI e sua
importância na criação de um mundo melhor e mais adaptado ao deficiente, a fim de fazer
todo esse conhecimento ser presente no dia a dia de todas as pessoas que fazem parte da
comunidade global.
MATERIAL E MÉTODOS

O principal material que será utilizado como base teórica do trabalho será, então, a já
citada LBI. Ela será refletida de forma bastante resumida, para que haja uma compreensão
geral sobre a importância de sua existência e de sua praticidade no mundo real.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A LBI aplica e adapta diversas áreas sociais indispensáveis para uma vida em
comunidade às particularidades da pessoa com deficiência. Então, ela começa mostrando para
quem vai servir todo o conjunto de leis abordados em seguida:

Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento


de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Logo após, garante-se a proteção a essas pessoas contra a discriminação, que pode
agir por meio do abandono, tratamento desumano, tortura, negligência, etc., bem como o
direito à vida e à saúde. Essas leis cumprem sua função não apenas de proteger, mas também
de garantir acesso a atividades civis de forma digna. O casamento, a decisão pelo número de
filhos, a convivência familiar, o acesso igualitário ao atendimento de saúde, etc., são direitos
da pessoa com deficiência que não podem ser constrangidos, impossibilitados ou dificultados
por alguém no dia a dia.
O direito à Educação também necessita de particularidades, já que existem
deficiências que impossibilitam e/ou limitam o processo de aprendizado devido a certas
especialidades, como a cegueira, a surdez, a falta de movimento em membros, etc. Logo, o
poder público tem o dever de aprimorar o sistema educacional por meio dos mais variados
recursos, para criar uma relação de ensino-aprendizagem efetiva entre o professor e o aluno
especial.
O mesmo vale para o direito ao Trabalho, já que há a constante convivência com os
colegas de trabalho, bem como um acesso funcional à atividade laboral do deficiente que
devem ser garantidas de formas saudáveis pelo poder governamental.
Outro fator é a adição de recursos de acessibilidade às atividades de lazer, cultura,
esporte, turismo, informação, comunicação, ciência e tecnologia, bem como tudo que abrange
o processo de ir e vir, ou seja, o transporte e a mobilidade. Cada um desses deve ser analisado
a partir de um desenho universal, uma espécie de planejamento estrutural e psicológico
responsável por criar ideias de recursos dentro dessas áreas que auxiliem a pessoa com
deficiência a usufruí-las plenamente. Todas essas áreas devem ter estruturas acessíveis a fim
de possibilitar a participação de todas as pessoas.
O direito ao voto, bem como todos os direitos políticos e jurídicos também são
garantidos. Com isso, as práticas discriminatórias anteriormente citadas passam a virar crimes
passíveis de punição, algo indispensável para a proteção geral.
Por último, é criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência,
responsável por: “coletar, processar, sistematizar e disseminar informações georreferenciadas
que permitam a identificação e a caracterização socioeconômica da pessoa com deficiência,
bem como das barreiras que impedem a realização de seus direitos.”
Portanto, percebe-se que existem inúmeras dificuldades, e cada uma delas tem um
sistematizado processo para as extinguir. Por isso, a importância de uma lei que garanta todo
esse sistema é imprescindível na criação de um mundo melhor e mais justo àqueles que já
sofrem naturalmente com as diferentes condições especiais que possuem.

CONCLUSÃO

Conclui-se que todas as pessoas são iguais perante a lei, à medida que todas elas,
mesmo sendo diferentes umas das outras, possuam entre si o mesmo acesso às diversas áreas
sociais, ao respeito, à dignidade, ao cuidado igualitário um com o outro. É lamentável que um
mundo com todas essas características ainda não exista na prática, mesmo que haja uma
teoria que se preocupa em se tornar real.
Para finalizar, cabe a cada cidadão que sonha com um mundo melhor, colaborar para a
construção deste que seria um verdadeiro paraíso. Essa colaboração é possível a partir do
momento em que todos entendam o quão crucial é manter a coletividade, regida pelo respeito
e dignidade humanas.
REFERÊNCIAS

GUGEL, Maria Aparecida. Pessoas com Deficiência e o Direito ao Trabalho. Florianópolis :


Obra Jurídica, 2007.
GUGEL, Maria Aparecida. A pessoa com deficiência e sua relação com a história da
humanidade. Disponível em: https://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php.
Acesso em: 16 nov. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da
República, 2015.

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