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CAPACITISMO EDUCACIONAL
Sendo assim, tratar uma pessoa com qualquer tipo de deficiência de forma
infantilizada por aquele exigir do serviço público acessibilidade e inclusão de ir e vir, na
tentativa de afastá-la do convício público é uma forma de enquadramento pelo capacitismo.
Como resta demonstrado na descrição dos fatos da exordial, o autor foi constrangido
por parte da ré pelo simples fato de ser uma pessoa com deficiência visual e não ter
conseguido suprir suas necessidades quanto à acessibilidade ao material acadêmico
disponibilizado aos demais colegas.
A instituição de ensino tem o dever de disponibilizar recursos que atendam a todos os
seus acadêmicos e em casos específicos adequar para aqueles que de alguma forma possuem
suas limitações.
Isto porque, a Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) em seu art. 27
determina que os setores públicos e privados se adequem e criem mecanismos de inclusão
para pessoas com deficiência.
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https://www.jusbrasil.com.br/processos/313647769/peca-peticao-inicial-acao-indenizacao-por-dano-moral-
1133168651.
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No Brasil, os direitos das pessoas com deficiência são garantidos por lei, de
acordo com o estatuto da pessoa com deficiência e a convenção internacional
da pessoa com deficiência. Entretanto, pela falta de divulgação e pela falta
da implementação desses direitos na prática, muitas pessoas com deficiência
os desconhecem, e se tornam reféns de injustiças. “A previsão dos direitos
da pessoa com deficiência já existe no ordenamento jurídico. A dificuldade é
a implementação e a divulgação desses direitos na prática, para que as
pessoas com deficiência possam acessa-los".
Importante salientar que o art. 2º da Convenção sobre os direitos das pessoas com
deficiência, define a discriminação por motivo de deficiência como:
Furtado (2016) comenta que a busca pelo corpo perfeito, o controle sobre o próprio
corpo é mencionado por diversos filósofos, quando coleciona a ideia sobre o biopoder, ou o
poder sobre a vida.
Entende-se que este poder esta associado à medicalização da vida ou a visão criada por
patologias para os corpos que saem da normalidade. Pois segundo Furtado (2016), a referida
normalidade tem haver com uma vida normal, produtiva e de funcionalidade normal.
Em 6 de julho de 2015 foi promulgada a Lei n. 13.146/15, conhecida como a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência. A
norma inovou na ordem jurídica em diversos aspectos da vida social, determinando a inclusão
das pessoas com deficiência e garantindo proteção as ações causadas pelo capacitismo.
Sendo assim, o capacitismo é sim uma forma discriminatória em desfavor de pessoas
que não adequam a padrões corporais vistos normais e funcionais. Em decorrência desse tipo
de pensamento, pessoas com deficiências são apontados como limitadas e consequentemente
sofrem discriminações, sofrendo com barreiras físicas e emocionais, excluídas nos espaços em
que precisam se deslocar.
Políticas públicas devem ser criadas, comissões políticas devem garantir que essas
pessoas sejam entendidas em suas particularidades e que seus direitos como cidadãos devem
ser reafirmados e exercidos em todo momento.
O conhecimento sobre o capacitismo pode até ainda ser desconhecido por muitos, mas
suas garantias não devem ser negadas às pessoas com deficiências em diversas esferas da vida
social, que buscam conviver de forma harmoniosa com os demais integrantes da sociedade.
Sendo assim, seu desrespeito deve ser visto como afronta aos direitos humanos, sendo
questionado tanto na esfera cível, como na criminal.
O contexto na qual o capacitismo encontra-se inserido tem haver com fatores sociais,
uma vez que suas consequências refletem em toda a sociedade, e o desrespeito às pessoas com
deficiência geram consequências cíveis e criminais, a depender das ações.
Sendo o capacitismo considerado uma forma de discriminação, além de se enquadrar
nas normas de direito civil, responsabilizando aqueles que de alguma forma ofertaram
constrangimento ou ofensas à pessoas com deficiência, também pode ser enquadrado no crime
de racismo. Tal tipificação encontra-se descrito na lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que
define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, em seu art. 20: “Praticar, induzir
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REFERÊNCIAS
JUSNBRASIL. Petição inicial - ação indenização por dano moral. 2020. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/processos/313647769/peca-peticao-inicial-acao-indenizacao-
por-dano-moral-1133168651. Acesso em: 13 de fev. 2022.
SABATINI, Gabriela. Sou pessoa com deficiência e passei em concurso público. Como
garantir as adaptações necessárias ao meu trabalho? 2021. Disponível em:
https://valentereispessali.com.br/tag/capacitismo/. Acesso em: 10 de fev. 2022.
SASSE. Cintia. Capacitismo: subestimar e excluir pessoas com deficiência tem nome.
Agência Senado. 2020. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2020/11/capacitismo-subestimar-e-excluir-
pessoas-com-deficiencia-tem-nome. Acesso em: 11 de fev. 2022.