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O QUE É O

CAPACITISMO?

O PAPEL DOS NAPNE’S NA LUTA
ANTICAPACITISTA

By Me. José Ricardo Mota


O fenômeno da deficiência

Deficiência não é mais uma simples
expressão de uma lesão que impõe restrições
à participação social de uma pessoa.
Deficiência é um conceito complexo que
reconhece o corpo com lesão, mas que
também denuncia a estrutura social que
oprime a pessoa deficiente.

Assim como outras formas de opressão
pelo corpo, tais como o sexismo ou o
racismo, os estudos sobre deficiência
descortinaram uma das ideologias
mais opressoras de nossa vida social: a
que humilha e segrega o corpo
deficiente. (DINIZ, 2007, p. 1)
Perspectiva direta
X

Perspectiva indireta

Deve-se entender que os discursos
acerca da deficiência não são retratos
dela, mas retratos de como ela é
interpretada, por meio de uma
ideologia da deficiência, subjacente a
práticas sociais destinadas ao
deficiente. (OMOTE 2021, p. 121)
Perspectiva direta

A deficiência é considerada como um
atributo da pessoa deficiente, como
algo inerente ao comportamento ou
ao organismo dela. Certas diferenças
são consideradas como sendo por si
mesmas deficiências.
Perspectiva indireta

A deficiência não é atributo da pessoa
deficiente. É uma condição atribuída a
essa pessoa ou nela reconhecida em
função da perspectiva assumida pela
audiência. Certas diferenças são
interpretadas como deficiências em
função dessa perspectiva.
Perspectiva direta

O foco de
atenção
recai sobre a
pessoa
deficiente.
Perspectiva indireta

O foco de atenção recai
sobre as circunstâncias
sociais nas quais essa pessoa
é identificada, reconhecida e
tratada como deficiente.
Perspectiva direta

Os objetos de estudo giram em
torno da própria deficiência, das
consequências da deficiência e
dos modos de minimização da
deficiência e/ou das suas
consequências
Perspectiva indireta

A inteligibilidade da deficiência é
buscada nas próprias perspectivas
assumidas pelas audiências que
consideram alguém como deficiente.
Deve-se estudar o conhecimento que
fundamenta a prática vigente e os modos
de produção desse conhecimento.
Perspectiva direta

A conceituação
“oficial” é
considerada
como correta e
universal.
Perspectiva indireta

Qualquer conceituação da
deficiência é contingencial.
Deve-se buscar a significação
dessa conceituação na ordem
social estabelecida para
administrar as divergências.
Perspectiva direta

A intervenção significa
modificar o deficiente.
Perspectiva indireta

O alvo da intervenção é
todo o conjunto do qual o
deficiente faz parte,
desempenhando o papel
social de deficiente.
Transversalidade da deficiência
com outros marcadores sociais

Interdependência e
dependência

O que é o capacitismo?

Você trabalha? Parabéns!
“Tem gente que não tem perna e trabalha, e
você aí reclamando da vida.”
- “Nossa, mesmo deficiente ele(a) consegue
fazer tudo”.
 - "Que lindo(a)! Nem parece que tem
deficiência."
 - "Mesmo sendo surdo(a), você é tão
inteligente"
 - "Nossa, você nem tem cara de autista!"
 - "Achei que você era normal!"
 
CAPACITISMO É...

“[...] uma postura preconceituosa que hierarquiza as
pessoas em função da adequação dos seus corpos à
corponormatividade. É uma categoria que define a
forma como as pessoas com deficiência são tratadas de
modo generalizado como incapazes (incapazes de
produzir, de trabalhar, de aprender, de amar, de cuidar,
de sentir desejo e ser desejada, de ter relações sexuais
etc.), aproximando as demandas dos movimentos de
pessoas com deficiência a outras discriminações sociais,
como o sexismo, o racismo e a homofobia.

Essa postura advém de um julgamento moral que
associa a capacidade unicamente à funcionalidade de
estruturas corporais e se mobiliza para avaliar o que as
pessoas com deficiência são capazes de ser e fazer para
serem consideradas plenamente humanas”
(MELLO, 2016, p. 3272).
O capacitismo nosso de
cadadia
 Materialidade do corpo e experiência da dor
 Compartilhamento de imagem sem descrição (muitas
delas informativas e instrutivas).
 Editais (internos e externos) sem apoio de LIBRAS para
anunciar o direito às pessoas Surdas desde a porta de
acesso à instituição.
 Softwares e aplicativos com barreiras para a autonomia de
profissionais, acadêmicos e visitantes, os quais não
contemplam, por exemplo, a experiência da cegueira,
daltonismo, dislexia, autismo, surdez.

 Espaço pouco acessível no percurso dentro da própria
instituição, com ausência de pisos podotáteis, placas com
informações visuais, rampas de acesso, contraste de cores, etc.
 Recursos pedagógicos que hierarquizam modos de aprender e
de demonstrar o que aprenderam;

 avaliações em formato único e que desconsideram as distintas


experiências interseccionais dos estudantes.
 Políticas públicas de acessibilidade que não transversalizam a
pesquisa, extensão e demais participações de pessoas com
deficiência na vida da instituição.
Práticas anticapacitistas

 Organização dos ambientes arquitetônicos e
virtuais considerando as variações corporais da
comunidade acadêmica, para que pessoas com
diferentes características funcionais possam
participar.
 
 Banheiros inclusivos: tanto para pessoas com
deficiência como também para a população
LGBTQIA+.
Práticas anticapacitistas

 Uso de linguagem acessível: busca por objetividade e
clareza nas interações presenciais e não presenciais,
pois isso amplia as possibilidades de atenção e de
concentração de todas as pessoas.

 Respeito ao tempo de fala: existem pessoas com


diferentes tempos para compreender e comentar o que
está sendo dito. Ao se manifestar, é importante pedir a
palavra para evitar falar ao mesmo tempo que outra
pessoa. Vozes simultâneas dificultam a compreensão.
Práticas anticapacitistas

 Corpos múltiplos, tempos diferentes: as pessoas possuem
diferentes modos de se manifestar/comportar em público,
conforme suas necessidades, e todas elas precisam que seu
espaço e tempo sejam respeitados.

 Acessibilidade como ponto de partida: pensar nos


recursos de acessibilidade desde o início das
ações/atividades/construções/ eventos aumenta a
possibilidade de contemplar as necessidades de todas as
pessoas.

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