Você está na página 1de 73

Deficiência visual:

O mundo na ponta dos


dedos
Estatistica da deficiencia
visual no Brasil
Do total da população brasileira (IBGE, 2010), 23,9% (45,6
milhões de pessoas) declararam ter algum tipo de
deficiência.

Entre as deficiências declaradas, a mais comum foi a


visual, atingindo 3,5% da população. Em seguida,
ficaram problemas motores (2,3%), intelectuais (1,4%)
e auditivos (1,1%).
Você sabia?
Segundo censo de 2010, 6,5 milhões de pessoas têm
alguma deficiência visual.
Desse total:
● 528.624 pessoas são incapazes de enxergar (cegos);
● 6.056.654 pessoas possuem grande dificuldade
permanente de enxergar (baixa visão ou visão
subnormal);
Deficiência Visual
A deficiência visual é a perda ou redução da
capacidade visual em ambos os olhos em
caráter definitivo, que não pode ser
melhorada ou corrigida com o uso de
lentes, tratamento clínico ou cirúrgico.
Causas da deficiência visual
Segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 70% dos
casos de cegueira poderiam ser evitados se diagnosticados e
tratados precocemente.

Entre as principais causas de cegueira estão: a Catarata, os


erros de refração, o Glaucoma, a Degeneração Macular
Relacionada à Idade (DMRI) e a Retinopatia Diabética. Juntos a
Catarata e erro refrativo não corrigido representam 74,8% de
todos os casos de deficiência visual.

Segundo o CBO, cerca de 7% dos brasileiros nunca foram ao


oftalmologista e 42% não fazem visitas regulares, apenas
procurando o especialista ao perceberem alguma diferença na
visão.
Você sabia que o marrom é a cor de prevenção das doenças
relacionadas a visão?
Cegueira
Do ponto de vista educacional, consideramos
pessoas cegas aquelas que apresentam desde a
ausência total de visão até a perda da projeção de
luz (SEESP/MEC, 2006)

A deficiência visual é atestada por laudo médico com


especialização em Oftamologia (CRM).

Optometrista é um especialista, não é médico e não


pode fazer laudos nem fazer exames de visão.
Apenas interpreta os laudos. (Decisão do STF,
2020)
Baixa Visão
Trata-se de um comprometimento do funcionamento
visual, em ambos os olhos, que não pode ser sanado, por
exemplo, com o uso de óculos convencionais, lentes de
contato ou cirurgias oftalmológicas.

A baixa visão pode ser causada por enfermidades,


traumatismos ou disfunções do sistema visual que
acarretam diminuição da acuidade visual, dificuldade para
enxergar de perto e/ou de longe, campo visual reduzido,
alterações na identificação de contraste, na percepção de
cores, entre outras alterações visuais.

MEC. Coleção - A Educação Especial na Perspectiva da


Inclusão escolar. Os alunos com Deficiência Visual: baixa
visão e cegueira. Brasília/2010
Baixa Visão pode atingir
Acuidade visual: Capacidade de distinguir detalhes e formas
dos objetos.

Campo visual: É toda a área que abrange sua visão, sem


movimentar os olhos.
Tipos de visão
Central: É aquela na qual a imagem cai no centro da retina,
em uma área chamada mácula, e essa visão é cheia de
detalhes. É importante na leitura para perto, para longe e nas
atividades que exigem percepção de detalhes.

Periférica ou Visão lateral. Capacidade de enxergar objetos


e movimentos fora da linha direta de visão.
Causas reversíveis com
tratamento precoce
⚫ As principais causas da cegueira reversíveis são:
⚫ Catarata (reversível se operado com urgência
⚫ Opacidade da córnea
⚫ Tracoma (conhecida antigamente por “dordolho”)
⚫ Descolamento de retina (reversível se operado com
urgência)
⚫ Enxaqueca ocular (reversivel se tratado com urgência
⚫ Pressão alta ocular (devido a Diabetes não tratada).
Causas irreversíveis
⚫ As principais causas da cegueira irreversíveis são:
⚫ Glaucoma avançado
⚫ DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade)
⚫ Retinopatia diabética avançada (diabetes)
⚫ Deficiência de vitamina A (principalmente em
crianças)
⚫ Neurite óptica, uma inflamação no nervo óptico, que
leva as informações da retina para o cérebro
⚫ Ambliopia (popularmente conhecido como “olho
preguiçoso”).
Catarata
O que é importante para as
pessoas melhorarem a visão?
⚫ Ter boa iluminação; sentar perto da janela, com a luz
vindo de lado ou, se necessário usar luminárias.
⚫ Aproximar mais do objeto para aumentar a sua
imagem. Usar porta-texto.
⚫ Maior contraste, por isso cores mais fortes ou contornos
mais reforçados com canetas de ponta mais grossa.
⚫ Na escrita utilizar cadernos ampliados, canetas de
ponta porosa, lápis 6B ou 3B.
⚫ Uso de cores contrates (exemplo, amarelo e azul)
nunca rosa, laranja e vermelho (tom sobre tom)
Coriorretinite
macular
O que é importante para que
use melhor a visão?
⚫ Deixar que se aproxime bastante do objeto, pois
precisa usar mais a visão para melhorar o seu
desempenho.
⚫ Conversar com ela sobre o que está vendo para que
interprete corretamente o que vê.
⚫ Quando necessário ampliar letras e figuras
(impressão com letras grandes).
⚫ Usar porta-texto
Porta
Texto
Glaucoma
e
Retinose
pigmentar
O que é importante para que
use melhor a visão?
⚫ Apesar de não ser criança cega, para andar em
ambientes novos ou no período da noite, pode
necessitar de bengala.
⚫ Deve desenvolver boa orientação e mobilidade.
⚫ Geralmente não precisa de ampliação em desenhos ou
letras. Quando a imagem é muito grande, não consegue
vê-la inteira.
Doenças
degenerativ
as da retina
O que é importante para que
use melhor a visão?
⚫ Ampliação de textos; caderno de pauta ampliada; lápis
3B ou 6B, e canetas de ponta porosa.
⚫ Ficar atento ao tipo de letra e sempre pular uma linha
para facilitar a leitura.
⚫ Utilizar guias de leitura e porta-texto.
⚫ Etiquetar lápis de cor e canetinhas escrevendo o nome
das cores.
Sinais mais comuns de alterações
visuais
⚫ Irritação crônica nos olhos, indicada por olhos
lacrimejantes, pálpebras avermelhadas, inchadas ou
remelosas;
⚫ Náuseas, dupla visão ou névoas durante ou após a
leitura;
⚫ Hábito de esfregar os olhos, franzir ou contrair o rosto
ao olhar objetos distantes;
⚫ Inquietação, irritabilidade ou nervosismo excessivos
depois de um prolongado e atento trabalho visual;
Sinais mais comuns de alterações
visuais
⚫ Pestanejamento contínuo, sobretudo durante a leitura;
⚫ Capacidade de leitura por apenas um período curto;
⚫ Inclinação da cabeça para um lado ou outro durante a
leitura;
⚫ Cautela excessiva no andar, correr raramente e
tropeçar sem motivo aparente;
⚫ Hábito de durante a leitura, segurar o livro muito perto,
muito distante, em outra posição incomum, ou ainda,
fechar ou tapar um olho.
Avaliação Funcional
⚫ É a observação do desempenho visual do aluno em
todas as atividades diárias incluindo a utilização da
visão para as tarefas escolares.
⚫ A avaliação funcional da visão revela dados
qualitativos de observação informal sobre:
⚫ O nível de desenvolvimento visual do aluno
⚫ O nível funcional da visão residual
⚫ A necessidade de adaptação à luz e aos contrastes
⚫ Adaptação de recursos ópticos e não ópticos
A deficiência visual compromete um dos canais
sensoriais mais importantes de aquisição de
informações.

O professor deve buscar alternativas e elaborar meios


para que essas informações cheguem de uma outra
maneira.
Como?
A utilização dos sentidos remanescentes e o
uso das mãos como instrumento de
percepção

⚫ Cada um destes sentidos (tato, audição, olfato e paladar)


possui certas possibilidades informativas. Isso faz com que
os objetos do mundo tenham uma percepção diferente da
visual.
Faz com que a imagem que o cego percebe seja diferente -
nem melhor, nem pior - das que os enxergantes possuem.
Acessibilidade - Espaço físico
Organização do espaço
Obstáculos
Ambiente interno e externo
Contrastes em escadas e corrimão
Sinalização dos ambientes usando o código braille
Sinalização do ambientes com piso tátil
sites especializados em audiolivros:
https://www.ubook.com/
Desenho universal
É uma forma de conceber produtos, meios de
comunicação e ambientes para serem utilizados por
todas as pessoas, independente da sua especificidade.

Ex: idosos, deficientes, crianças.


O professor se suspeitar de algo deve:

Informar a família que deve trazer um laudo


oftalmológico
Observações do professor de conteudo (dificuldades
enfrentadas)
Observações do professor do AEE
o que ele pode ver
como ele vê
a que distância
tamanho das figuras e letras
Contraste e iluminação para visualização e discriminação
do material
Acessibilidade
● Braille para pessoas não alfabetizadas
● Livros e materiais adaptados com letras maiores
● livros em braille
● softwares do tipo leitores de texto
● softwares especializados como Dosvox, Virtual
Vision, Jaws e Open Book com sintetizadores de
voz e/ou magnificação de imagem
● Acesso a internet através dos softwares
● máquina de escrever e impressora braille
● recursos ópticos e não-ópticos
● livros digitalizados (audio-livros)
Exemplos de Recursos
⚫ Auxílios não-ópticos
⚫ lápis 6B ou preto nº 1
⚫ caneta hidrocor preta ou pilot
⚫ cadernos com pautas ampliadas
⚫ suporte para leitura
⚫ posicionamento em sala de aula
⚫ contrastes
⚫ controle da iluminação
⚫ ampliação
Caderno com pauta ampliada
Caderno quadriculado
Livro didático ampliado
Livro transcrito a braille e tinta
Livro multissenssorial
Globo terrestre adaptado: terra e água
Meridiano
s
Paralelos
Plano Cartesiano
Régua e Fita métrica adaptados
Alfabetização
Caixa de alfabetização
Quadro de Medidas
Jogo de dama
Dominó Tátil
Batalha naval
Jogo da memória tátil
Mapa do Brasil Regional
Mapa do Brasil: destaque para o Rio de
Janeiro com linha de croche
Mapa Região Sudeste
Auxílios ópticos
Vídeo Ampliadores
Lupas Eletrônicas
Lupas
Telelupas
Teclados

Onde encontrar:
https://www.lojaciviam.com.br/baixa-visao/teclados
É impossível apoiar-se no
que falta a uma criança,
naquilo que ela não é.
Torna-se necessário ter uma
idéia, ainda que seja vaga,
sobre o que ela é.
(Vygotsky, 1989b, p. 102)
Bibliografia
BRUNO, Marilda Moraes Garcia. O desenvolvimento integral do portador de
deficiência visual: da intervenção precoce a integração escolar. São Paulo:
Gráfica e Editora Laramara. 1993.
DALL’ACQUA, Maria Júlia Canazza. Intervenção no ambiente escolar:
estimulação visual de uma criança com visão subnormal ou baixa visão. São
Paulo: Editora UNESP; 2002.
GIL, Marta (org). Cadernos da TV Escola, Brasília:MEC, n.1, 2000
MEC. Saberes e Práticas de Inclusão / Desenvolvendo competências para o
atendimento às necessidades educacionais de alunos cegos e de alunos com
baixa visão. Brasília /2003.
MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, Brasília,
1997.
Bibliografia
SEESP/MEC. A inclusão do aluno com baixa visão no ensino regular –
Orientações aos professores da escola regular. 2006
OCHAITA, Esperanza, ROSA, Alberto. Percepção, ação e conhecimentos em
crianças cegas. In: COLL, César, PALACIOS, Jesús, MARCHESI, Álvaro.
Desenvolvimento Psicológico e Educação: necessidades educativas especiais e
aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky – Aprendizado e desenvolvimento. Um
processo sócio-histórico. Scipione. 1999.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos.
Rio de Janeiro: WVA, 1999.
TORRES, Íris, CORN, Anne Lesley. Deficiência visual e escola inclusiva.
Quando houver crianças deficientes da visão em sua sala de aula: sugestões para
professores. In: Benjamin Constant. Rio de Janeiro: IBCENTRO, ano 4/nº 9/
Junho 1998.

Você também pode gostar