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Coleção área da Deficiência Visual

ACESSIBILIDADE PARA ESTUDANTES


COM DEFICIÊNCIA VISUAL:
ORIENTAÇÕES PARA O ENSINO SUPERIOR

Volume 1 - 1a edição

Prof.ª Dr.ª Erica A. Garrutti de Lourenço


Prof.ª Dr.ª Sueli Salles Fidalgo
Prof.ª Dr.ª Cícera A. Lima Malheiro
Prof.ª Dr.ª Sandra R. Leite de Campos

Portal da Acessibilidade
Edição 1.0 2020

Ebook publicado em acesso aberto


sob licença Creative Commons
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ACESSIBILIDADE

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Audiodescritores

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Consultor em Acessibilidade
Sumário

CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 01
Deficiência Visual 01

RECURSOS ÓPTICOS E NÃO ÓPTICOS 05


Recursos Ópticos 05
Recursos Não-Ópticos 06

RECURSOS COMPUTACIONAIS 08
Sistemas operacionais 08
Recomendações e recursos computacionais 09
Adequações no uso do texto em formato digital 11
Leitores de telas programas com síntese de voz 13

LIVRO ACESSÍVEL 17
Epub e Livro em PDF acessível 18
Livros impresso em braille 18
Padrão DAISY 19
Livro com letras ampliadas 19
Livro com letras ampliadas 19
Áudio livros/audiobook 19
Livro falado 19

AUDIODESCRIÇÃO 22

POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DIANTE DA DEFICIÊNCIA 24

ATITUDES E PROCEDIMENTOS COTIDIANOS 26

REFERÊNCIAS 30
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CONCEITO E CARACTERÍSTICAS

Deficiência Visual

A deficiência visual é caracterizada pela perda total ou parcial da


capacidade visual de um ou dos dois olhos. Trata-se de uma condição que
não pode ser corrigida ou melhorada com o uso de lentes ou de tratamento
clínico ou cirúrgico.
O Ministério da Saúde, por meio da PORTARIA nº 3.128/ 2008 [1] considera
a pessoa com deficiência visual aquela que apresenta cegueira ou baixa
visão. Levando em conta a Classificação Estatística Internacional de Doenças
e Problemas Relacionados à Saúde (CID) pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), a referida Portaria estabelece:

Cegueira Baixa Visão

Considera-se cegueira Considera-se baixa visão ou vi-


quando esses valores en- são subnormal, quando o valor
contram-se abaixo de 0,05 da acuidade visual corrigida no
ou o campo visual menor melhor olho é menor do que 0,3 e
do que 10º - categorias 3, maior ou igual a 0,05 ou seu cam-
4 e 5 do CID 10. po visual é menor do que 20º no
melhor olho com a melhor corre-
ção óptica - categorias 1 e 2 de
graus de comprometimento visual
do CID 10.

Consideramos como cegueira, a alteração grave ou total de uma ou


de várias funções elementares da visão. Esta condição afeta de maneira
incorrigível, a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma,
posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente. Em
muitos casos, a perda da visão acarreta a extração do globo ocular e
consequentemente ocorre a necessidade de uso de próteses oculares em
um ou em ambos os olhos. Esta condição pode ser considerada congênita,
quando a pessoa nasce com ela, ou pode ser adquirida, quando a pessoa
desenvolve em decorrência de causas orgânicas ou acidentais. [10]

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A baixa visão corresponde a um comprometimento do funcionamento


visual, em ambos os olhos, que não pode ser sanado, por exemplo, com o
uso de óculos convencionais, lentes de contato ou cirurgias oftalmológicas.
Corresponde a uma alteração da capacidade funcional da visão, decorrente
de inúmeros fatores isolados ou associados que acarretam:

• diminuição da acuidade visual.


• redução importante do campo visual.
• alterações corticais e ou de sensibilidade aos contrastes, que
interferem ou que limitam o desempenho visual.
• dificuldades de adaptação à luminosidade e percepção de
cores e alterações de sensibilidade aos contrastes.
• dificuldade para enxergar de perto ou de longe.
• campo visual reduzido.
• alteração na percepção de cores. [10]

Essas alterações podem não ser percebidas fisicamente pelos


interlocutores do (a) estudante com baixa visão, o que não minimiza suas
necessidades específicas em atividades de escrita e leitura. Algumas das
enfermidades que causam baixa visão são:

• a retinopatia da prematuridade,
• a retinocoroidite macular por toxoplasmose,
• o albinismo,
• a catarata congênita,
• a retinose pigmentar,
• a atrofia óptica, e
• o glaucoma. [6]

A visão monocular é quando a falta da visão influencia apenas um


dos olhos. Nesse caso o outro olho assumirá as funções visuais sem causar
dificuldades significativas no que diz respeito ao uso satisfatório e eficiente
da visão.

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É importante que os (as) professores (as) conheçam o histórico e


as causas da perda visual, o tipo, as necessidades específicas para as
adaptações ao ambiente e aos recursos materiais. Só assim, entenderão
o funcionamento visual dos (as) estudantes e como eles (elas) podem
aproveitar a funcionalidade visual que têm.

No quadro a seguir, encontram-se algumas condições apresentadas


por estudantes com baixa visão:

• alguns estudantes com baixa visão apresentam dificuldades


para ver de longe, precisam aproximar-se bastante para ver
de forma nítida pessoas e objetos, mesmo que utilizem recursos
ópticos.
• muitos estudantes podem apresentar dificuldades para
encontrar objetos, descrever figuras, definir detalhes, formas
complexas, identificar cores e letras, ler, escrever, fazer cálculos
e desenhar.
• um (a) estudante que enxerga bem tem um campo visual de
180 graus na horizontal e vertical, o que lhe permite interagir,
localizar-se e orientar-se bem no ambiente. Já os (as) estudantes
com baixa visão, dependendo do tipo de comprometimento
visual, podem possuir um campo visual bastante restrito, o que
pode prejudicar sua orientação e locomoção no espaço. [3]

As alterações no campo visual podem ocorrer em diferentes locais e por


isso, existem estudantes que:

• não enxergam para baixo, e consequentemente terão


dificuldades na locomoção, como por exemplo em subir e
descer escadas e desviarem-se de obstáculos.
• alguns apresentam alteração no campo visual central, o que
dificulta o processo de identificação de figuras, pois enxergam
apenas uma pequena parte de um objeto ou quadro. Nesses
casos a leitura se torna difícil e lenta.
• quando ocorrem essas alterações na área periférica do campo
visual, pode haver prejuízo da visão espacial, da percepção
de obstáculos e portanto, a locomoção independente pode
ficar comprometida. [3]

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Existem também algumas especificidades da baixa visão que podem


dificultar a percepção das cores, são elas:

• a distinção de cores, como por exemplo o azul, o marrom e o


verde e o vermelho;
• a distinção de cores vibrantes e com bastante luminosidade,
como o laranja o verde e o amarelo fluorescentes.
• alguns estudantes podem ter dificuldades na visualização
de objetos, formas e letras. Porém, com o auxilio de cores
contrastante pode facilitar a identificação, como no uso de
preto e branco, amarelo e preto, amarelo e azul escuro, por
exemplo. [3]

A luminosidade do ambiente físico (sala de aula) e virtual (moodle)


também pode trazer alguns impactos, vejamos a seguir alguns:

• Os (as) estudantes com baixa visão podem apresentar


sensibilidade exagerada à luz e isso pode causar desconforto
visual, ofuscamento, irritabilidade, lacrimejamento, dor de
cabeça e nos olhos.
• Existem, entretanto, estudantes com baixa visão, que
necessitam de muita iluminação, muita luz dirigida aos objetos
para que possam enxergar melhor. Por isso, é importante
conhecer cada caso. [3]

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RECURSOS ÓPTICOS E NÃO ÓPTICOS

Dentre os recursos que auxiliam na acessibilidade e utilização dos


materiais didáticos estão os recursos ópticos e os recursos não ópticos. É
importante que o (a) professor (a) compreenda que esses recursos são
utilizados pelo (a) estudante com deficiência visual mediante a prescrição e
orientação de profissionais especializados. São estes que deverão avaliar as
condições apresentadas pelo(a) estudante(a) antes de fazer as indicações
necessárias.
É importante que esses profissionais compreendam também que
não são todos(as) os(as) estudantes com baixa visão que irão utilizar ou
necessitar de recursos ópticos. As escolhas e os níveis de adaptação desses
recursos dependerão de diversos fatores e da análise do contexto familiar e
educacional do(a) estudante. Outros fatores que precisam ser analisados são:
necessidades específicas, diferenças individuais, faixa etária, preferências,
interesses e habilidades. [6] [10]

Recursos Ópticos

Os recursos ópticos são lentes de uso especial ou dispositivo formado por


um conjunto de lentes, geralmente de alto poder. Essas lentes possibilitam a
ampliação de imagens e a visualização de objetos que estão longe ou que
estão perto. Elas aproveitam a visão residual que o(a) estudante apresenta.

O uso de lentes, lupas, óculos, telescópios representa um ganho valioso


em termos de qualidade, conforto e desempenho visual para alguns(umas)
estudantes com baixa visão. Mas é importante frisar, desde o começo,
que não pode ser descartada a necessidade de adaptação de material
e de outros cuidados em relação à acessibilidade em aula. Os recursos
ópticos para perto possibilitam o aumento do material de leitura e podem
ser óculos com lentes especiais, lupas manuais ou de apoio, óculos bifocais,
lentes monofocais esféricas e sistemas telemicroscópicos, entre outros. Estes
recursos não devem ser confundidos com óculos comuns. Os recursos ópticos

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para longe são: telescópios que favorecem a visualização de pessoas ou de


objetos que se encontram distantes. O (a) estudante com baixa visão pode
utilizar esse tipo de auxílio para ver o que está escrito na lousa, identificar uma
placa e aprender a observar o objeto. As diferenças entre as lentes também
são importantes: uma lente com baixo poder de ampliação oferecerá um
campo visual maior. Já uma lente com maior capacidade de ampliação
resultará em um campo visual menor. As lupas manuais ou lupas de mesa
são úteis para ampliar o tamanho das fontes para a leitura, as dimensões de
mapas, gráficos, diagramas, figuras entre outros elementos visuais. [6] [10]
Durante o período de adaptação do usuário aos recursos, o (a)
professor (a) tem um papel fundamental, que é orientar o (a) estudante
para que compreenda a relevância do uso dos auxílios ópticos para a sua
aprendizagem.

Recursos Não-Ópticos

Os recursos não-ópticos referem-se às mudanças relacionadas ao


ambiente, ao mobiliário, à iluminação e aos recursos para leitura e para
escrita, tais como os contrastes e as ampliações, que podem ser usados
de modo complementar aos auxílios ópticos, que possuem a finalidade de
melhorar o funcionamento visual, dos (as) estudantes com baixa visão. [6]
[10]

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Apresentamos a seguir uma lista de recursos não-ópticos:

• iluminação natural do ambiente, ou seja, o uso de lâmpada


incandescente e/ou fluorescente no teto;
• contraste nas cores, por exemplo, branco e preto, preto e
amarelo;
• visores, bonés, oclusores laterais; folhas com pautas escuras e
com maior espaço entre as linhas;
• livros com texto ampliado;
• canetas com ponta porosa preta ou azul-escura;
• lápis 4B e 6B com grafite mais forte;
• colas em relevos coloridas ou outro tipo de material para
marcar objetos ou palavras;
• prancheta inclinada para leitura;
• tiposcópio, ou seja, um guia de leitura que corresponde a um
dispositivo para isolar a palavra ou sentença;
• lupa eletrônica que corresponde a um recurso usado para
ampliação de textos e imagens;
• acetato amarelo que auxilia na diminuição da incidência de
claridade sobre o papel;
• plano inclinado que corresponde a uma carteira adaptada,
com a mesa inclinada para que o estudante possa realizar
as atividades com conforto visual e estabilidade da coluna
vertebral;
• gravadores;
• softwares com ampliação de tela
• programas com síntese de voz;
• circuito fechado de televisão que são aparelhos acoplados a
um monitor de TV monocromático ou colorido que amplia até
60 vezes as imagens e textos e as transfere para o monitor;
3] [10]

Ferramenta para escolher o contraste das cores

Para garantir um bom contraste entre a fonte e fundo


acesse a ferramenta Contrast Checker
https://webaim.org/resources/contrastchecker/

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RECURSOS COMPUTACIONAIS

Os recursos computacionais e de dispositivos móveis empregados com


o objetivo de eliminar as barreiras na produção e no acesso aos conteúdos
curriculares podem ser bons aliados na acessibilidade de estudantes com
deficiência visual.
Para contribuir com a inclusão educacional desses(as) estudantes(as)
é preciso inserir esses recursos levando em consideração suas necessidades
[6]:

dificuldades possibilidades

interesses habilidades

É importante frisar que esses recursos podem contribuir com a ampliação


e as possibilidades de comunicação e de autonomia pessoal dos (as)
estudantes dentro e fora da escola e da universidade. Além, de minimizar ou
compensar as restrições decorrentes da falta da visão.
As pesquisas e literaturas da área vêm destacando que, sem o emprego
desses recursos no desenvolvimento educacional dos (as) estudantes
com deficiência visual, o seu desempenho intelectual fica seriamente
comprometido e, consequentemente, seu processo inclusivo fica afetado,
seja no âmbito acadêmico, seja na vida profissional.
A falta desses recursos deixa os (as) estudantes com deficiência visual
circunscritos a um contexto de limitações e impossibilidades de acesso ao
conhecimento.
Pesquisas têm demonstrado que a apropriação e utilização dos recursos
tecnológicos modificam significativamente o estilo de vida, as interações e
as condutas educacionais e sociais das pessoas com deficiência visual. [6]

Sistemas operacionais

Os sistemas operacionais tais como o Windowns, Linux e o Macintosh


possuem recursos de acessibilidade que permitem atender às necessidades

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de cada estudante no que se refere à ampliação, ao contraste, à edição de


texto e à leitura via áudio. Os dispositivos móveis também possuem recursos
de acessibilidade e sintetizador de voz.
Além disso, é cada vez mais comum o surgimento de aplicativos com
recursos de acessibilidade que favorecem a vida pessoal, profissional e
também educacional da pessoa com deficiência visual.
Para o uso do computador em sala de aula ou no laboratório é
importante que o ambiente também seja organizado de maneira acessível.
A organização desse ambiente deve propiciar conforto para o uso dos
equipamentos. Portanto, ao organizá-lo, leve em conta o tipo de atividade
desenvolvida. [6]

Recomendações para ambientes e recursos computacionais

A seguir destacamos algumas recomendações para a organização


de ambientes e de recursos computacionais utilizados por estudantes com
baixa visão:
Em laboratórios de informática, assim como em sala de aula, sempre
que possível, deve ser utilizada a luz natural, considerando o melhor ângulo
de visão do (a) estudante com baixa visão.
Pode-se elevar o monitor à altura mediana da visão e usar suportes de
textos para visualização de perto durante a digitação do(a) estudante.
Deve-se tomar o cuidado para que a iluminação não reflita no monitor,
dificultando, assim, a visualização por parte do(a) estudante com baixa
visão.
A definição e forma da ampliação dos textos e dos objetos devem
levar em consideração a necessidade pessoal e o tipo de atividade a ser
realizada.
Recomendamos que o (a) estudante fique a uma distância de 30 cm
do monitor, sempre que for possível. Mas, quando for necessário ampliar
essa aproximação, é importante que a utilização do monitor seja por curtos
períodos. Sempre que possível, fazer o uso da proteção de tela no monitor,
tendo em vista que o(a) estudante com baixa visão costuma se aproximar
do monitor para focalizar o conteúdo (texto ou imagem).
A proteção de tela, também auxilia na diminuição da luminosidade e
melhora o contraste do monitor, tornando a leitura mais confortável para
o(a) estudante com baixa visão.
Fazer o uso do suporte para apoio de textos complementares pode ser
um grande aliado nas tarefas realizadas pelo(a) estudante com baixa visão.
Esse suporte pode ser fixado lateralmente ao computador ou colocado ao
lado da mesa na altura adequada para o(a) estudante. [6]
Quando o manuseio do mouse se mostrar complicado, tendo em vista
as dificuldades de coordenação visomotoras, deve-se estimular que o (a)
estudante use o teclado. Para isso, é preciso conhecer quais são as teclas

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de atalho para acesso e utilização dos aplicativos e recursos do sistema


operacional que o (a) estudante utiliza, verificando-se como elas podem
ser empregadas na realização das atividades. Observe que, no teclado, há
uma marcação nas teclas F e J do teclado alfanumérico e numeral 5 no
teclado numérico, permitindo, assim, uma digitação com maior segurança
por parte do (a) estudante. [6]

Em relação ao sistema operacional Windows, para que o (a) estudante


obtenha melhores resultados em suas ações, é possível fazer algumas
adequações que auxiliam o seu manuseio de forma mais acessível, entre
elas, incluem-se:

• modificar as opções do ponteiro do mouse em relação a


velocidade de movimentação.
• fazer adequações que facilitem a utilização pelo (a) estudante
das repetições de teclas pressionadas no teclado.
• ajustar as configurações de vídeo para que atendam às
especificações desejadas e favoreçam a eficiência visual,
o desenvolvimento, a autonomia e segurança, durante o
processo de escrita e de leitura, como, por exemplo, por
meio de ampliações, contrastes de cores de fundo das telas e
barras de títulos, estilo da fonte, tamanho e negrito, opções de
esquema e de fonte. [6]

Independentemente de qualquer que seja a adequação, seja ela na


infraestrutura física da sala ou do laboratório, ou no sistema virtual utilizado,
elas devem ser realizadas junto com o (a) estudante que será usuário (a)
dessas melhorias.
Após as adequações serem implementadas é preciso considerar uma
análise e avaliação das mesmas, buscando melhorias que possam favorecer
ainda mais a inclusão do (a) estudante.
É importante alertar que, embora os recursos computacionais sejam
fortes aliados para a acessibilidade, e contribua para que os (as) estudantes
realizem atividades com maior autonomia, eles não são suficientes. Sendo
assim, é necessário considerar outras adequações que, em conjunto com
essas, possam favorecer a aprendizagem dos (as) estudantes com deficiência
visual.

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Adequações no uso do texto e apresentações em formato digital

Ajustes em relação ao tipo e tamanho de fontes de textos digitais podem


contribuir de forma eficaz e satisfatória para um melhor aproveitamento do
campo visual do (a) estudante com baixa visão. Vejamos alguns exemplos:
Para melhorar a discriminação e interpretação dos caracteres, é
recomendado que as letras possuam traçados simples, ou seja, sem serifas,
como por exemplo as fontes Arial ou Verdana.
Quando necessário, é importante usar o estilo negrito, tanto durante a
utilização no computador, como para a impressão do arquivo.
Modificações na formatação do parágrafo podem contribuir para a
adequação do texto, como, por exemplo, no espaçamento entre palavras
e linhas.
Outros ajustes podem contribuir para a apresentação do texto, como,
por exemplo, textos em forma de coluna única com margens aumentadas
para estudantes com visão central ou em duas colunas para aquelas que
têm visão periférica.
Embora a literatura sobre a acessibilidade indique um determinado
tamanho para a fonte do texto, é importante verificar com cada estudante
o tamanho mais adequado e confortável para a sua escrita e leitura, pois,
um texto muito ampliado, apesar de parecer mais viável, em muitos casos
pode se tornar pouco produtiva para o (a) estudante.
É importante entender que a navegação constante para ler um texto
que foi ampliado de maneira inadequada também pode causar prejuízos e
perda de referência para a continuidade da leitura.

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Vejamos alguns recursos que podem auxiliar na acessibilidade do


computador:

Display Braille/ Linha Braille corresponde a um dispositivo eletrônico


que reproduz o texto projetado na tela pelo impulso de agulhas com
pontos salientes. Possui um formato retangular, que é acoplado ao teclado,
representando a cela Braille. Por meio dele, o conteúdo textual é convertido
em informação tátil e, por tanto, é utilizado o tato para leitura dos pontos
em relevo. Esse dispositivo pode ser usado em conjunto com leitor de tela.
[8] [10]

Assista vídeos sobre a Linha Braille disponíveis a seguir:

Tecassistiva - Tecnologia e Acessibilidade


https://youtu.be/GGHoc4KqRkg

Tecnovisao
https://youtu.be/8Wsj18rQI0g

freedomscientific
https://youtu.be/oK0XTDwwXaU

Curso de Braille para Professores


https://youtu.be/1_1DXkrsUTI

Os softwares ou extensões para ampliar a tela ou caracteres aumentam


o tamanho da fonte e das imagens na tela do computador para os(as)
usuários(as) que têm baixa visão. Alguns destes softwares também incorporam
recursos: para alteração de cores contrastantes entre texto e fundo, bem
como para alteração da fonte com traços mais adequados e condizentes
com o campo ou ângulo de visão. [8] [10]

Indicações para a ampliação da tela e/ou de caracteres


Lupa do Windows
https://support.microsoft.com/pt-br/windows/usar-a-lupa-para-facilitar-a-
visualiza%C3%A7%C3%A3o-dos-itens-na-tela-414948ba-8b1c-d3bd-8615-
0e5e32204198
Magnifixer
http://br.ccm.net/download/start/baixaki-8051-magnifixer
ZoomIt
https://zoomit.en.softonic.com/download
LentePro
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/dosvox.html
Virtual Magnifying Glass
https://sourceforge.net/projects/magnifier/files/

Edição 1.0 - 2020 12


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Leitores de telas programas com síntese de voz

Outros recursos compatíveis com os sistemas operacionais e que podem


ser utilizados no computador são os Leitores de Tela. Os leitores de tela,
correspondem a programas que interagem com o sistema operacional do
computador, capturando toda e qualquer informação apresentada em
formato textual, transformando-a em uma resposta falada por meio de um
sintetizador de voz.
Esses programas possibilitam a leitura de elementos e de informações
textuais contidas na tela do computador, bem como o retorno sonoro do que
é digitado pelo usuário. Propiciam, desse modo, com o uso de comandos e
navegação via teclado, a leitura de menus, telas e textos. [6]
De maneira geral, ao utilizar algum aplicativo como o Word, por exemplo,
as ações são lidas pelo leitor de tela com o uso dos comandos de teclado.
O mesmo ocorre com a digitação de textos cujos caracteres, letras, palavras
ou frases são moduladas por voz. Em algumas ações de processamento de
textos, em janelas ou em páginas da Internet, por exemplo, é necessário
que o usuário use os comandos do leitor de tela, acionados via teclado pela
combinação de teclas. A navegação se dá por meio das teclas de atalho e
dos comandos de teclado. [6]
Diferentemente do que muitos pensam, os leitores de telas não são
apenas para pessoas cegas. Podem ser utilizados por pessoas com baixa
visão também. Embora os recursos de ampliação de tela e de caracteres
proporcionem acessibilidade para as pessoas com baixa visão, estes poderão
apresentar fadiga visual e irritação devido ao esforço visual e à tensão
muscular exigida nessa atividade. Dessa forma, uma opção é a utilização
de leitores de tela para o acesso a leitura.

Edição 1.0 - 2020 13


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O retorno sonoro associado ao uso da visão configura-se como um apoio


complementar para a realização de diferentes atividades. Por exemplo,
para realizar a leitura de um texto longo, o(a) estudante com baixa visão
pode acompanhar as imagens e realizar a leitura via áudio, de forma que
a atividade se torne menos cansativa e mais confortável. Para a realização
da escrita, o som pode tornar-se um retorno que facilita a verificação.
Com o uso dos sintetizadores de voz, também é possível ler um texto em
alta velocidade, o que pode ser uma alternativa importante. Assim, o (a)
estudante pode beneficiar-se de diferentes recursos, de acordo com sua
necessidade, urgência e o tipo de atividade a ser realizada. [6]
Leitores de tela possibilitam a edição de textos, a leitura sonora de
livros digitalizados, o uso do correio eletrônico, a participação em chats,
a navegação na internet, a transferência de arquivos e quase todas as
aplicações possíveis e viáveis para qualquer usuário. [10]

Algumas características que os leitores de tela possuem são:

• Acessam e navegam pelos aplicativos, como por exemplo, os


programas da Microsoft Office;
• Navegam pelas páginas da internet, citando, inclusive onde
há links para outras páginas;
• Interagem com programas de comunicação, como por
exemplo o Skype, entre outros;
• Soletram as palavras digitadas letra por letra, fazem a leitura de
palavra por palavra, linha por linha, parágrafo por parágrafo
ou todo o texto.
• Pronunciam detalhes sobre a fonte de texto (nome, tamanho,
cor, estilo, etc.), bem como as mensagens emitidas pelos
aplicativos;
• Permitem que o usuário determine suas preferências;

Vejamos alguns exemplos de leitores de tela:

O VIRTUAL VISION foi desenvolvido no Brasil, pela empresa Micropower.


Sua utilização é por meio do sistema operacional Windows. Para os usuários
cegos, esse programa é distribuído gratuitamente pela Fundação Bradesco
e para os demais, é comercializado. [5] [6] [10]

Site da Empresa
http://www.micropower.com.br

Edição 1.0 - 2020 14


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LOURENÇO; FIDALGO; MALHEIRO; CAMPOS

O JAWS foi desenvolvido nos Estados Unidos da América e é mundialmente


conhecido. É comercializado pela empresa estrangeira, Freedom Scientific,
e sua utilização é por meio do sistema operacional Windows. Esse software
possui uma ampla gama de recursos e ferramentas com tradução para
diversos idiomas, inclusive para o português. [5] [6] [10]

O NVDA - NonVisual Desktop Access (Acesso Não-Visual ao Ambiente


de Trabalho) é um leitor de telas livre e gratuito, de código aberto, para
o sistema operacional Windows. Pode ser utilizado diretamente a partir de
um pendrive ou CD, ou seja, por meio de qualquer mídia portátil sem a
necessidade de instalação. [6]

Site dos desenvolvedores


http://www.nvaccess.org.

O ORCA é um Leitor de telas livre que permite o acesso ao ambiente


Linux e a suas ferramentas. [6]

Site dos desenvolvedores


http://live.gnome.org/Orca

A disponibilidade de um computador ou laptop é bastante importante


para que o (a) estudante com deficiência visual possa usar esses recursos em
sala de aula. Além disso, recomendamos que esses (as) estudantes usem fones
de ouvido. Em outras palavras, os recursos de acessibilidade ao computador
devem ser assegurados para que o(a) estudante com deficiência visual
possam participar das aulas com autonomia.
Recomendamos que o (a) professor(a) providencie a digitalização do
texto, em CD, pendrive, ou envie antecipadamente por e-mail ou disponibilize
em ambiente virtual para que o (a) estudante possa acompanhar o conteúdo
que está sendo desenvolvido e/ou apresentado em aula.
Os dispositivos moveis também possuem recursos de Assistente de Voz
que atuam de formas similares com algumas funções que os leitores de
tela apresentam. São eles: o Assistente de Voz TalkBack para Android e o
Assistente de Voz Voice Over Recurso Nativo do iOS.

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A seguir destacamos outros programas que facilitam o acesso ao


computador e ao conteúdo textual:

O DOSVOX foi desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica


da Universidade Federal do Rio de Janeiro e não é propriamente um leitor
de telas, mas corresponde a um sistema de acesso ao computador para as
pessoas com deficiência visual. Este programa funciona sob qualquer versão
do sistema operacional Windows e possui um conjunto de ferramentas e
aplicativos próprios além de agenda, chat, calculadora vocal, recurso
para impressão e formatação de textos e jogos interativos. Pode ser obtido
gratuitamente por meio de download a partir do site do projeto. [5] [6] [10]

Site do Projeto
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox

As ferramentas de Reconhecimento Óptico de Caracteres (Optical


Character Recognition) – OCR converte a imagem de um texto escaneado
para os processadores de texto reconhecíveis pelos leitores de tela. Esse
procedimento é manual e supre de modo remediativo e precário a falta de
livros acessíveis no mercado editorial. [10]
Por isso, ao disponibilizar um arquivo em PDF, verifique se não se trata de
um PDF no qual os caracteres da informação textual não são acessíveis, ou
seja, veja se é possível selecioná-lo passando o cursor do mouse por cima.
Se for escanear um texto verifique se o sistema no escâner possui a opção
de OCR. Acesse a seguir algumas opções de ferramentas para transformar o
texto digitalizado em imagem em um conteúdo acessível:

Converter arquivos PDF e imagens em texto usando o Google


Drive
https://support.google.com/drive/answer/176692?hl=pt-BR
Soda OCR Online https://www.sodapdf.com/ocr-pdf/
OCR Service https://www.onlineocr.net/
Android – Camscaner https://play.google.com/store/apps/
details?id=com.intsig.camscanner&hl=pt-br
Android - OCR Instantly https://play.google.com/store/apps/
details?id=com.thesimplest.ocr&hl=pt-BR
IOS - Camscaner https://apps.apple.com/br/app/camscanner-
free-pdf-document/id388627783
IOS - OCR Instantly https://apps.apple.com/br/app/ocr-instantly/
id1021093724

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LIVRO ACESSÍVEL

Dentre os objetivos estabelecidos pela Lei nº. 10.753 de 2003 [4], estão:
promover e incentivar o hábito da leitura e assegurar às pessoas com
deficiência visual o acesso à leitura.

Esta Lei determina que o livro é o meio principal e insubstituível para a


difusão da cultura e transmissão do conhecimento, do fomento à pesquisa
social e científica, da conservação do patrimônio nacional, da transformação
e aperfeiçoamento social e da melhoria da qualidade de vida. Essa Lei
considera o livro, a publicação de textos escritos em fichas ou folhas, não
periódicas, grampeadas, coladas ou costuradas, em volume cartonado,
encadernado ou em brochura, em capas avulsas, em qualquer formato e
acabamento. [8]

Outros formatos equiparados ao do livro são também considerados pela


Lei nº. 10.753 de 2003, tais como:

Fascículos: publicações de quaisquer naturezas que representem


parte de livro. Geralmente compõem uma coleção temática,
e podem ser: Periódicos - publicações que obedecem a uma
periodicidade: semanal, mensal, semestral ou anual, ou fixos
(dentro de uma coleção, adquirida num todo).
Materiais avulsos relacionados com o livro: impressos em papel ou
em material similar.
Roteiros de Leitura: para controle e estudo de literatura ou de
obras didáticas.
Álbuns: para colorir, pintar, recortar ou armar.
Atlas: Geográficos, históricos, anatômicos, mapas e cartogramas.
Textos derivados de livro: Tou originais produzidos por editores,
mediante contrato de edição celebrado com o autor, com a
utilização de qualquer suporte.
Livros em meio digital, magnético e óptico: para uso exclusivo de
pessoas com deficiência visual. [8]


O Plano Nacional do Livro e Leitura, instituído em 2006 [2] abrange o
conjunto das ações de iniciativa do Governo Federal e as desenvolvidas
em parcerias com Estados, Municípios e entidades da sociedade civil,
estabelecendo metas quantitativas e qualitativas a serem alcançadas a
cada ano, assim como as responsabilidades pela execução de cada ação.
Um dos objetivos desse Plano é assegurar às pessoas com deficiência visual
o acesso à leitura, por meio de livros com recursos de acessibilidades. O livro
acessível visa contemplar o uso de qualquer um dos Leitores de Tela. Para

Edição 1.0 - 2020 17


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isso, sua concepção deve atender a critérios de acessibilidade, que incluem


navegação, audiodescrição das imagens e outros elementos. Por meio de
uma matriz, deve-se possibilitar a produção de livros em formato digital, em
áudio, em braille e com fontes ampliadas. [8] [10]

A seguir serão destacados alguns formatos de livros que possuem


recursos de acessibilidade.

Epub e Livro em PDF acessível correspondem aos livros e/ou textos em


formato digital que atendem às orientações de acessibilidade propostas
pelas diretrizes de acessibilidade da Web Content Accessibility Guidelines
(WCAG) que são apresentadas pelo World Wide Web Consortium (W3C) e
que possibilita a navegabilidade por meio de Leitores de Tela. [11]
Livros impresso em braille são destinados aos usuários do sistema Braille
ou que estejam em fase de aprendizado e alfabetização. [8]

A formatação de um texto para o sistema Braille, pode ser feita da


seguinte forma:

O texto, digitado ou escaneado, é salvo em formato texto - TXT, corrigido


via conferência com o original para garantir a sua qualidade. Posteriormente
é convertido para o sistema Braille por meio de programas de conversão
automática, como por exemplo, o transcritor Braille Fácil, desenvolvido
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ). As representações
gráficas não podem ser convertidas automaticamente. Sendo assim, são
empregadas as técnicas da audiodescrição. Após todas as adequações
serem contempladas, o arquivo, poderá ser impresso em Braille, com papel
especial e em processo de impressão próprio.
As políticas, diretrizes e normas para uso, ensino, produção e a difusão
do Sistema Braille são elaborados pela Comissão Brasileira de Braille, que tem
várias frentes de atuação, com vistas às modificações de procedimentos,
elaboração de catálogos, manuais, tabelas e outras publicações que
facilitem o processo de ensino-aprendizagem e o uso em todo o território
nacional. [7]

Site do transcritor Braille Fácil


http://intervox.nce.ufrj.br/brfacil/

Edição 1.0 - 2020 18


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O Padrão DAISY (Digital Accessible Information System) é composto


de obras audiovisuais digitais que convergem imagem, texto e som em um
só produto, sendo necessário um tocador específico, como por exemplo,
o Mecdaisy e o DDReader, para sincronizar os arquivos contidos em seu
diretório e apresentá-los no computador. Dessa forma, se pode ter acesso ao
conteúdo ortográfico ou áudio do livro gerado nesse padrão. A apresentação
do texto pode ser configurada para a impressão Braille e para acesso com
a linha Braille. [7] [8]

Site dos Recursos Daisy

Mecdaisy
http://intervox.nce.ufrj.br/mecdaisy

DDReader
http://www.daisylatino.org/agora/doc.cfm?id_doc=2061

Aplicativo do DDReader para Android


https://play.google.com/store/apps/details?id=org.daisylatino.
ddreader&hl=pt-BR

O livro com letras ampliadas pode ser impresso ou digital, em fonte cujo
tamanho seja adequado às necessidades do usuário com baixa visão. [8]
Áudio livros/audiobooks possuem conteúdos gravados por voz humana
em formato MP3. São de fácil reprodução e podem ser acessados por meio
de diferentes mídias e plays de reprodução de áudios. Eventualmente é
empregado durante a gravação um teor de dramatização e recursos de
sonoplastia. [7] [8]
O Livro falado é gravado por voz humana ou a partir de vozes sintetizadas.
Sua constituição visa seguir as orientações de acessibilidade e inclui uma
leitura pontuada, clara, mas sem dramatização, pois a interpretação da obra
deve ser feita pelo(a) usuário(a). Há o destaque para as aspas, parênteses,
colchetes, soletração de termos estrangeiros. Também contempla
audiodescrição de imagens. [7] [8]

Software e aplicativo que convertem a fala em texto:

SpeechTexter
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.
speechtexter.speechtexter&hl=pt_BR
VoiceNote
https://voicenote.in/live/
Ferramenta de digitação por voz do Google Docs
https://support.google.com/docs/answer/4492226?hl=pt-BR

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Observamos que um dos principais fatores que dificultam o acesso


às informações por estudantes com deficiência visual é a leitura de livros,
demais textos e orientações de atividades impressas utilizadas em sala de
aula ou disponibilizadas em ambiente virtual.
Sendo assim, a compreensão sobre os recursos apresentados pode
beneficiar e contribuir no desenvolvimento de um planejamento mais
acessível. Consideramos que é importante entender que os(as) estudantes
com deficiência visual têm assegurado o direito de acesso a todo o material
didático exposto em sala de aula no formato impresso ampliado ou digital.
Há vários fatores que definem a qualidade da leitura de textos por
estudantes com baixa visão.
Elencamos a seguir algumas orientações para a organização do
material, que pode favorecer e melhorar o aproveitamento das aulas por
estudantes com deficiência visual:
Os textos disponibilizados durante as aulas ou indicados como leituras
adicionais precisam ter a fonte ampliada para os estudantes com baixa
visão.
Ao planejar trazer qualquer material impresso, converse com o (a)
estudante antecipadamente para compreender qual ampliação pode
beneficiar o seu acesso à leitura.

Consideramos importante frisar que materiais projetados durante as


aulas precisam ser fornecidos anteriormente aos (às) estudantes para que
eles (as) possam acompanhar a apresentação do conteúdo ou realizar a
ampliação se for preciso (no caso de estudantes com baixa visão). Isso se
aplica a textos, slides, etc. Se forem disponibilizados em pdf ou em editor de
texto, o (a) estudante poderá realizar a ampliação da fonte ou usar algum
software leitor de tela em sala, em casa ou na biblioteca.

Edição 1.0 - 2020 20


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O tempo ampliado para a leitura pode ser necessário. Se o (a) professor


(a) acredita que oferecer maior tempo ao (à) estudante em sala de aula
poderá atrapalhar o andamento da aula, considere o envio prévio dos
textos aos estudantes, preferencialmente, no início do semestre letivo. Utilize o
e-mail ou o ambiente virtual para disponibilizar o material antecipadamente.
Confira com o(a) estudante com deficiência visual o tempo necessário
para que possa realizar tarefas que exijam grande esforço visual, como por
exemplo a leitura.
Uma fonte acessível para estudantes com baixa visão equivale
aproximadamente a uma ampliação de 150 a 200% e preferencialmente
destacada em negrito.

Se for possível, utilize ilustrações e gráficos com traços mais bem definidos
e com alto contraste. Muitos detalhes podem confundir o entendimento da
imagem. Considere adicionar uma descrição à imagem.
Use fonte sem serifa. Como sugestão indicamos a letra Arial ou Verdana,
com tamanho 20, aproximadamente, o que corresponde a 150 a 200% de
ampliação. Use entrelinhas e espaços, de pelo menos 1,5 cm.
Em relação à cor do papel ou fundo do slide, e da fonte, faça opção
por cores contrastantes (claro e escuro), mas pergunte, primeiramente ao
(à) estudante se este (a) tem mais conforto na leitura se a letra for clara e o
fundo escuro ou vice-versa. Isso pode variar de estudante para estudante.
Ao entregar atividades impressas em sala de aula, providencie uma cópia
impressa ampliada.
Confirme com o(a) estudante o tamanho, cor e forma da letra, mas
relacionamos previamente algumas dicas:

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Nas apresentações em powerpoint ou outras projeções multimídias,


procure usar cores de maior contraste. Algumas opções são:

Ao utilizar projeções multimídia, faça a leitura de todas as informações


apresentadas, inclusive busque descrever as imagens.
Em projeções de vídeos, faça uma descrição das principais cenas, uma
vez que a percepção visual não será tão nítida. Disponibilize o link ou uma
cópia do vídeo para os(as) estudantes.

AUDIODESCRIÇÃO

A linguagem, a comunicação, os materiais didáticos e as múltiplas


formas de expressão educacional são constituídas de informação imagética
e apelo visual dada a importância e influência desses estímulos na passagem
da informação.
Assim, o conteúdo acadêmico de todas as áreas de conhecimento,
costumam utilizar e se beneficiar de um diversificado universo imagético,
incluindo: fotos, símbolos, ilustrações, esquemas, diagramas, gráficos,
equações, letras e números.
O suporte empregado para apresentar o conteúdo também costuma
privilegiar as questões visuais, por meio de vídeos, livros impressos e digitais,
games entre outros.
Quando os conteúdos são apresentados de forma a privilegiar a
população dotada de visão, se junto à disposição das informações não for
incorporada a audiodescrição, isso pode constituir uma barreira de acesso.
Tendo isso em mente, precisamos conhecer e analisar os meios mais
adequados para adaptar e tornar os conteúdos imagéticos acessíveis por
meio de recursos de relevo, descrição por escrito e audiodescrição, e que
possam ser acessados por meio de diversos suportes, seja em Braille, recursos
de tecnologia assistiva e recursos ópticos não- ópticos.
As pessoas com deficiência visual, necessitam de caminhos alternativos
para ter acesso a todo o conteúdo imagético disponível na sociedade,
entre eles os disponibilizados em materiais didáticos, sejam em vídeos,
ebooks, ambientes virtuais de aprendizagem. A audiodescrição é um desses
caminhos alternativos para que a pessoa com deficiência visual acesse e
possa interagir com toda visualidade que está disponível em seu contexto.
A audiodescrição é entendida como recurso de acessibilidade e

Edição 1.0 - 2020 22


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ferramenta pedagógica empregada em processos escolares. Contribui com


a acessibilidade de todos os alunos, entre eles, os que possuem deficiência
visual. Corresponde a um recurso de acessibilidade comunicacional que
amplia o entendimento das pessoas com deficiência visual, com deficiência
intelectual, com autismo, com déficit de atenção, com dislexia e os idosos
em todos os tipos de eventos, sejam eles escolares, acadêmicos, culturais,
esportivos, científicos, sociais ou religiosos. O emprego das técnicas da
audiodescrição transforma o visual em verbal. [9]
A audiodescrição se baseia em princípios norteadores, que orientam
e sistematizam a prática. Ela possui uma orientação técnicas e diretrizes
consolidadas nacionalmente e internacionalmente.
Para que você comece a colocar em prática a audiodescrição nos
ambientes educativos (enquanto se prepara para realizar cursos mais
aprofundados sobre o tema) apresentamos a seguir algumas orientações
que podem ser desenvolvidas em um contexto inclusivo.
Para descrever uma imagem estática ou dinâmica, tenha em mente os
princípios da objetividade, clareza e relevância.
A objetividade vai delinear as escolhas dos termos que você empregará
na descrição. Tenha em mente o seu público, ou seja, se for descrever uma
imagem para um (uma) estudante universitário lembre-se que ele (a) possui
um determinado repertório verbal e imagético. Portanto, o princípio da
objetividade vai ajudar a moldar as escolhas dos termos empregados.
O princípio da relevância servirá como um guia para as escolhas do
que será descrito e do que será mantido fora da descrição. Nesse quesito é
preciso levar em consideração também o tipo de material que está sendo
descrito. Por exemplo, são imagens de um livro didático? Então, quais os
elementos da imagem que são necessários ser descritos para estimular a
curiosidade, o entendimento e compreensão do texto? Se for uma imagem
de um livro didático, é preciso verificar se ela é ilustrativa, ou se ela possui um
conteúdo que vai contribuir para o entendimento de um conteúdo ou de
uma atividade. Em resumo, o princípio da relevância, guia as escolhas do
que será audiodescrito e do que não será.
A clareza empregada nas descrições, vai ajudar no aperfeiçoamento
do texto audiodescrito, tornando-o conciso e evitando que fique com um
vocabulário muito simples ou que fique com o vocabulário rebuscado
e redundante. Em resumo o princípio da clareza, aperfeiçoa o texto
audiodescrito, tornando-o conciso e evitando que fique muito simples
ou rebuscado. Tenha exatidão para expressar um fato, uma cena, uma
característica.

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Comece descrevendo:

O que está vendo? Onde está o que está vendo? Como está o que está
vendo? Quando foi visto?

• O que? ou Quem? SUJEITO, OBJETO OU CENA a ser descrita


• Onde? Situe ONDE o sujeito, objeto ou cena a ser descrita está
• Como? Empregar ADJETIVOS PARA QUALIFICAR o sujeito,
objeto ou cena da descrição
• Faz o que? Faz como? Empregue os VERBOS para descrever
a AÇÃO E ADVÉRBIO para descrever as CIRCUNSTÂNCIAS da
ação.
• Quando? Utilize o ADVÉRBIO para referenciar o tempo em que
ocorre a ação.

Lembre-se de elaborar a audiodescrição seguindo uma sequência


lógica, ou seja, de cima para baixo, da esquerda para a direita e do mais
geral para o mais específico.

Dicas e exemplos de como elaborar uma audiodescrição

CTA - Centro Tecnológico de Acessibilidade


https://cta.ifrs.edu.br/boas-praticas-para-descricao-de-
imagens/

POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DIANTE DA DEFICIÊNCIA

Estudos revelam que a deficiência visual, por si só, não acarreta


dificuldades cognitivas, emocionais ou de adaptação social. Entretanto, as
formas de interação, comunicação e significados socialmente construídos são
fatores determinantes para o processo de desenvolvimento, aprendizagem
e adaptação social dos (as) estudantes com deficiência visual. [10]
Notamos que a visão favorece a mobilidade, a localização, integra
e organiza as informações provenientes dos outros sentidos de forma
abrangente e simultânea. No entanto, muitas vezes o (a) estudante com
cegueira não vivencia as mesmas possibilidades de comunicação e
interação de um (a) estudante que enxerga. [6]
Quando ocorre a perda visual e a redução no campo visual central,
isso pode afetar a visualização de cores e acarretar possíveis alterações de
sensibilidade ao contraste e portanto, podem ocorrer dificuldades para ler
e reconhecer pessoas. Por isso, recomendamos o aumento de contraste e o

Edição 1.0 - 2020 24


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controle da iluminação nas interfaces e ambientes físicos e virtuais. [6]


No caso de ocorrerem alterações visuais na área periférica do campo
visual, é possível que haja dificuldades para o reconhecimento de seres
e objetos. Além disso, essa condição pode comprometer a orientação e
mobilidade, bem como reduzir a sensibilidade ao contraste. [6]
Os (as) estudantes com baixa visão podem demonstrar preferências
quanto às posições do olhar, da cabeça e do material a ser visualizado. [6]
Durante o desenvolvimento do (a) estudante com cegueira, se não
houver uma mediação adequada, que estimule e crie outras formas de
comportamento exploratório por meio do contato físico e da fala, as lacunas
ocasionadas pela falta da visão podem ser preenchidas por comportamentos
e por outras manifestações que fogem dos padrões visuais socialmente
esperados. [6]
Alguns dos fenômenos observados entre os (as) estudantes com
cegueira congênita assemelham-se aos apresentados pelos (as) estudantes
com autismo. Estamos falando de estereotipias de comportamento, tiques,
verbalismos, ecolalia, entre outros. [10]
Os comportamentos estereotipados e os tiques caracterizam-se por
movimentos involuntários, artificiais, repetidos e descontextualizados como,
por exemplo, movimentos rotativos das mãos, balanço e manipulação do
corpo, inclinação da cabeça, e compressão dos olhos.
Quanto ao verbalismo, é a tendência de usar palavras, expressões
ou termos descontextualizados, sem nexo, desprovidos de sentido ou de
significado, porque a falta da visão colabora para que o (a) estudante use
as palavras para substituir aquilo que não enxerga. Muitos (as) estudantes
com cegueira apresentam ecolalia, isto é, têm o hábito de falar na terceira
pessoa e de repetir o que ouvem, como um eco da fala do outro. Além
disso, costumam repetir de forma automática e constante uma ideia ou frase
simplesmente para preencher o vazio da falta de contato e interação. [6]
A falta de conhecimento das possibilidades e potencialidades do (a)
estudante que tem essa deficiência causa, muitas vezes, a falsa ideia de que
quem tem deficiência visual, também terá dificuldades de aprendizagem e
até mesmo déficit cognitivo. Isso não é verdade.
Como consequência dessa situação, alguns (a) estudantes com
baixa visão são tratados (as) como se fossem cegos (os) ou são vistos (as)
como pessoas com deficiência intelectual. Com isso, muitas vezes não são
estimulados (as) a aproveitar a visão residual que possuem para desenvolver
suas potencialidades.
Em relação aos aspectos intelectuais, não é constatada diferença entre
a pessoa com deficiência visual e as pessoas dotadas de visão. Portanto,
é importante esclarecer que a potencialidade intelectual do sujeito com
deficiência visual não é alterada pela condição que apresenta. Porém, o
nível funcional pode estar reduzido, devido à falta de experiências e estímulos
adequados às suas necessidades. [3]

Edição 1.0 - 2020 25


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A ausência de estimulação e a restrição de experiências, podem


comprometer o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem
do (a) estudante com deficiência visual. Isso é principalmente evidenciado
em se tratando daqueles aspectos relacionados às habilidades que
envolvem a utilização dos canais visuais, ligados às áreas de aquisição de
conceitos, orientação, mobilidade e controle do ambiente. [3]
Consideramos importante destacar que a nossa cultura privilegia
informações e estímulos visuais. Assim, o nosso processo educacional se
orienta quase que exclusivamente para uma aprendizagem visual. Por isso,
os (as) estudantes com deficiência visual se encontram em situação de
desvantagem em relação aos demais.
Outras condições que contribuem para a limitação enfrentada pelo (a)
estudante com deficiência é a falta de possibilidade de se mover livremente,
em ambientes não familiares e que não possuam acessibilidade. Dada
a importância da locomoção independente, visto que é fator essencial
para o ajustamento pessoal e adequação social de qualquer estudante,
é importante enfatizar a necessidade de a pessoa com deficiência visual
desenvolver, desde cedo, habilidades de orientação e mobilidade, ou
seja, capacidade de utilizar todas as informações sensoriais fornecidas pelo
ambiente, reconhecê-lo e situar-se nele, numa interação que lhe permita
influenciar e ser influenciada por ele. [3]

ATITUDES E PROCEDIMENTOS COTIDIANOS

Elencamos a seguir procedimentos cotidianos, que podem favorecer


um maior aproveitamento das aulas pelos (as) estudantes com deficiência
visual: [3]

Por meio de uma conversa(a) entre professor(a) e estudante, podem ser


obtidas informações mais precisas sobre as ferramentas que podem viabilizar
o acesso deste (a) estudante ao conhecimento.
Em um primeiro momento busque acolher e escutar o (a) estudante. Essa
postura ajuda a entender como é possível contribuir com a acessibilidade no
percurso educativo do(a) estudante.

Não exponha o(a) estudante com baixa visão nas aulas com falas
direcionadas para toda a turma do tipo:

• “nome do (a) estudante”, você está conseguindo fazer a


leitura?
• você está vendo o filme?
• minha projeção está nítida?
• vou fazer descrição da imagem para “nome do (a) estudante.

Edição 1.0 - 2020 26


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Para que o (a) estudante não se sinta constrangido (a), procure se


reportar ao (à) estudante mais individualmente antes ou depois da realização
de uma aula;
O (a) estudante com deficiência visual deve ser tratado(a) com
naturalidade, com a mesma cordialidade e atenção dispensada aos (às)
outros (as) estudantes;
Os (as) estudantes com deficiência visual não precisam de piedade
ou atenção especial, mas sim, de oportunidade para desenvolver suas
possibilidades e talentos. Dessa forma, evite a superproteção e estimule a
sua autonomia.
Os (as) estudantes com deficiência visual podem necessitar de
mais tempo para desenvolver a atividade, tendo em vista os recursos de
acessibilidade empregados para o seu acesso e realização.
Durante a comunicação, fale de frente para que o (a) estudante possa
olhar para você.
Em grupo, fale seu nome quando se referir a ele(a), pois talvez ele(a)
não possa perceber os detalhes da comunicação visual.
Utilize naturalmente palavras e termos como ver, olhar e perceber.
É importante estimular e orientar que os(as) estudantes com baixa visão
explorem e utilizem todos os espaços da Universidade: corredores, sala,
banheiro, e conhecer as pessoas a quem possa recorrer quando necessário
nas seções e departamentos.
Compreenda que inclusão significa poder participar ativamente de
todas as atividades com os(as) demais estudantes.
Recomendamos (entre outros recursos pedagógicos que são inseridos
nas atividades dos (as) estudantes com baixa visão) que, no ambiente em
que este sujeito se encontra, seja feita a regulação adequada da iluminação
e o aumento de contraste nos materiais, equipamentos e mobiliários que
este (a) estudante utiliza.
É muito importante que sejam utilizadas com os (as) estudantes com
baixa visão diversas formas de contato sensorial, incluindo o visual, seja com
objetos, pessoas ou ambientes, para que o resíduo que possui na visão seja
estimulado.
A capacidade visual pode ser aprendida, e quanto mais estímulos
esse (a) estudante receber, mais ele (a) terá condições de desenvolver
habilidades e capacidades para explorar o meio ambiente, se comunicar e
aprender, desempenhando diferentes atividades.
Ao usar a lousa, entregue ao (à) estudante suas anotações em uma
letra ampliada.
Atente para a luminosidade da sala pois ela interfere no contraste.
Converse com o(a) estudante para verificar se as adequações podem ser
solucionadas com ajustes simples como, por exemplo, troca da carteira de
lugar ou posição da utilização da lousa.
Se for preciso, pergunte à coordenação do Núcleo de Inclusão e

Edição 1.0 - 2020 27


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Acessibilidade do seu campus o que pode ser feito em termos da organização


desse espaço.
Em quadro branco, de preferência utilize caneta na cor preta por
favorecer mais a percepção do contraste com a cor de fundo. Faça a leitura
e descrição de tudo o que for apresentado na lousa;
Nunca é demais repetir que o (a) estudante necessitará de mais tempo
para a leitura ampliada e para a produção da escrita. Por isso, em avaliações,
amplie o tempo de realização da prova, principalmente se for realizada no
formato manuscrito. Recomendamos que seja considerada a possibilidade
de as provas serem feitas em notebook.
É importante garantir que os (as) estudantes com deficiência visual
participem de todas as atividades e tenham condições de acessar todos os
conteúdos das disciplinas e dos materiais disponibilizados.
Além dos livros, outro material que é muito utilizado em atividades
didáticas é o vídeo, que requer audiodescrição das cenas para que as
lacunas sejam preenchidas com informações previstas no material e não
apenas com a imaginação.
Outras atividades predominantemente visuais também devem ser
adaptadas com antecedência, incluindo nelas recursos de audiodescrição,
informação tátil e auditiva ou outra referência que favoreça o entendimento
do conteúdo, seja ele do enunciado verbal ou ilustrativo.
Em experimentos, devem ser contemplados outros canais de coleta
de informação por parte dos (as) estudantes, tais como os cinestésicos e
auditivos.

Edição 1.0 - 2020


Acessibilidade para os Estudantes com Deficiência Visual: Orientações para o Ensino Superior
LOURENÇO; FIDALGO; MALHEIRO; CAMPOS

A variedade, a adequação e a qualidade dos recursos disponíveis


possibilitam o acesso ao conhecimento, à comunicação e à aprendizagem.
É importante compreender que a disponibilização de materiais que
privilegiam as condições visuais pode contribuir para que o interesse e foco
dos(as) estudantes com deficiência visual sejam minimizados.
A adaptação de materiais didáticos para estudantes com deficiência
visual deve se basear em alguns critérios para a eficiência de sua utilização.
Entre eles, destacamos:

A fidelidade da repre- O material usado deve


sentação em relação ser agradável ao tato
ao modelo, ou seja, a e/ou à recepção au-
representação deve ditiva. Por exemplo, se
ser tão idêntica ao ori- for usado áudio, este
ginal quanto possível. não pode ter ruídos de
fundo.

As limitações visuais
A estimulação visual decorrentes da falta
baseia-se na escolha da visão não devem
adequada dos recur- ser ignoradas ou negli-
sos empregados, in- genciadas em relação
cluindo o uso de cores ao desenvolvimento ou
e o contraste. seleção dos materiais e
recursos didáticos.

Para que não haja limitações visuais, devemos ficar atentos em relação
aos nossos conceitos, preconceitos, gestos, atitudes e posturas. Para isso
é preciso ter abertura e disposição para rever as práticas convencionais,
conhecer, reconhecer e aceitar as diferenças como desafios positivos e
expressões naturais das potencialidades humanas. Dessa forma, será possível
selecionar, desenvolver e adaptar materiais condizentes com as necessidades
gerais e específicas dos (as) estudantes. Nesse contexto, a disponibilidade de
recursos de tecnologia assistiva, adequação de livros em formato acessível,
acessibilidade web e a inserção do recurso de audiodescrição representam
a produção de uma nova cultura de valorização das diferenças e de inclusão
educacional. [10]
Edição 1.0 - 2020 29
Acessibilidade para os Estudantes com Deficiência Visual: Orientações para o Ensino Superior
LOURENÇO; FIDALGO; MALHEIRO; CAMPOS

REFERÊNCIAS
[1] BRASIL. Portaria nº 3.128, de 24 de dezembro de 2008. Ministério da
Saúde. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt3128_24_12_2008.
html Acesso em: 10 de nov de 2020.

[2] BRASIL. Portaria Interministerial nº 1.442, de 10 de agosto de 2006. Plano


Nacional do Livro e Leitura. Ministério da Cultura. Disponível em:
https://www.semesp.org.br/legislacao/migrado2046/ Acesso em: 10 de
nov de 2020.

[3] BRASIL. Saberes e práticas da inclusão. Desenvolvendo competências


para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos
cegos e de alunos com baixa visão. Ministério da Educação. Secretaria
de Educação Especial Brasília: 2006.

[4] BRASIL. Lei n. 10.753, de 30 de outubro de 2003. Institui a Política


Nacional do Livro. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.753.htm Acesso em: 10
de nov de 2020.

[5] SONZA, A. P.; SANTAROSA, L. M. C. Ambientes digitais virtuais:


acessibilidade aos deficientes visuais. Novas Tecnologias na Educação.
v. 1, nº 1, 2003.
Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/13034/000581081.
pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 10 de nov de 2020.

[6] DOMINGUES C. dos A. et al. A Educação Especial na Perspectiva da


Inclusão Escolar. Os Alunos com Deficiência Visual: Baixa Visão e Cegueira.
Universidade Federal do Ceará. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Especial. Brasília, 2010.

[7] JESUS, P. S. Livros sonoros: audiolivro, audiobook e livro falado. 2011


Disponível em: http://www.bengalalegal.com/livros-sonoros
Acesso em: 10 de nov de 2020.

[8] MELO, A. M; PUPO, D. T. A Educação Especial na Perspectiva da


Inclusão Escolar. Livro Acessível e Informática Acessível. Universidade
Federal do Ceará. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Especial. Brasília, 2010.

[9] MOTTA, L. M. V. de M. Audiodescrição na Escola. Abrindo Caminhos


para Leitura de Mundo. Editora Pontes: São Paulo, 2017.

[10] SÁ. E. D. de; CAMPOS, I. M. de; SILVA, M.B. C. Atendimento Educacional


Especializado. Deficiência Visual. SEESP-SEED. Ministério da Educação,
Brasília, 2007.

[11] WCAG - Web Content Accessibility Guidelines. World Wide Web


Consortium (W3C) Disponível em: https://www.w3.org/WAI/standards-
guidelines/wcag/ Acesso em: 10 de nov de 2020.

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