Você está na página 1de 31

0

ALZIRA GRAZIELE MIRELE SILVA ROCHA

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A PACIENTES


ESPECIAIS: UMA PRÁTICA MULTIDISCIPLINAR AO
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

PARIPIRANGA

2021
0

ALZIRA GRAZIELE MIRELE SILVA ROCHA

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A PACIENTES


ESPECIAIS: UMA PRÁTICA MULTIDISCIPLINAR AO
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Departamento de Odontologia como requisito
parcial à conclusão do Curso de Odontologia do
Centro Universitário AGES para obtenção do grau
de cirurgiã-dentista.

Área de concentração: Odontopediatria

Orientadora: Profa. Esp. Mariana Cisneiros


Coorientadora: Profa. Dra. Gabriela Mancia de Gutierrez

Paripiranga

2021
2

Rocha, Alzira Graziele Mirele Silva


Atendimento odontológico a pacientes especiais: uma prática
multidisciplinar ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) / Alzira
Graziele Mirele Silva Rocha
30 páginas
Trabalho de Conclusão de Curso em Odontologia – Centro
Universitário AGES. Paripiranga, 2021.
Área de concentração: Odontopediatria
Orientadora: Profa. Esp. Mariana Cisneiros

Palavras-chave: Assistência Odontológica para Pessoas com


Deficiências. Autismo. Pesquisa Interdisciplinar.
ALZIRA GRAZIELE MIRELE SILVA ROCHA

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A PACIENTES


ESPECIAIS: UMA PRÁTICA MULTIDISCIPLINAR AO
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Paripiranga, ____/___/___.

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial à


conclusão do Curso de Odontologia do Centro Universitário AGES para obtenção
do grau de cirurgiã-dentista.

Profa. Esp. Mariana Cisneiros – orientadora (presidente)


Centro Universitário AGES

Prof. 1º - examinador
Centro Universitário AGES

Prof. - 2º examinador
Centro Universitário AGES
Dedico esse trabalho e a minha conclusão de graduação aos meus pais,
Orlando Rocha e Irenilza Silva, essa vitória é totalmente de vocês.
Vocês que não mediram esforços para que eu desse mais um passo, mesmo sem condições e
sem forças, vocês nunca perderam a fé e a esperança de que esse dia iria chegar, vocês são o
amor da minha vida.
Foram cinco anos árduos e de muita batalha, mas com a graça de Deus e de Nossa Senhora de
Aparecida chegamos ao fim, hoje posso dizer: VENCEMOS.
AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, eu agradeço a Deus e à minha mãezinha e madrinha Nossa Senhora de


Aparecida, que foram minha proteção, alívio, certeza e caminho ao longo desses 22 anos, e
principalmente nesses 5 anos de graduação. Aos meus pais, Orlando e Irenilza, a minha eterna
gratidão. Essa graduação foi um sonho triplo, o nosso sonho. Vocês abdicaram de tudo por mim
nesses anos, vocês são os pais mais incríveis do mundo, eu amo vocês mais que tudo, são meu
alicerce, minha base, minha luz no fim do túnel, minha força e impulso nesses cinco anos, as
mãos que me levantavam quando eu caia e quando eu queria desistir. Graças a vocês, estamos
encerando mais esse ciclo de nossas vidas, como vocês dizem todos os dias: “somos um só”.
Agradeço também à minha avó Izaura, que sempre torceu e ourou por mim. Aos meus
irmãos e irmãs: Jeferson, Roberval, Jamson, Jadson, Jaqson, Robson, Débora, Mônica e
Graciele. Aos meus familiares que se desdobraram para me dar abrigo ou transporte, em
especial a meu irmão Roberval e ao meu irmão Jeferson e às minhas madrinhas Cristina e
Neuzinha que abriram as portas de suas casas para mim. Aos meus tios, Adelina e Antônio
Celso. A toda a minha família por sempre se fazer presente de um jeito ou de outro.
À minha dupla e irmã de outra mãe, Bruna Machado, por toda parceria, força, amor e
puxões de orelha, sou eternamente grata por todo tempo ao seu lado durante essa trajetória,
você é presente em cada instante e tenho plena certeza de que Deus colocou você em minha
vida para somar e ficar, só tenho que agradecer por esse presente. Aos meus amigos, Deisiane
Maria, João Alcântara e Valéria Fraga, minha gratidão por todos os ensinamentos e momentos
vividos, vocês foram presentes de Deus. Ao meu amigo Victor Hugo, por toda compaixão, você
não mediu esforços para que esse último período fosse leve e menos turbulento, o meu muito
obrigada pela paciência, você é incrível. Também quero agradecer aos amigos que estiveram
comigo nessa caminhada, em especial à Suellen Vieira, à Talita Alessandra, à Lúcia Fabiana e
ao Everton Luís. E a todos os meus amigos de graduação a minha eterna gratidão.
Aos meus amigos de longas datas, eu sou imensamente grata por torcerem, vibrarem,
apoiarem e orarem por mim para que esse sonho se realizasse, especialmente a Gilaine Souza,
Marisa Freires, Adalto Justino, Monallyza Danielle, Maria Gorete, Elienai Rabelo, Isabella
Souza e Marcelo Victor. Agradeço também às minhas orientadoras, Mariana Cisneiros e
Gabriela Gutierrez, por todo apoio, incentivo, dedicação e paciência durante a elaboração desse
trabalho tão importante. Admiro e agradeço imensamente a vocês.
Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso!
Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu
Deus, estará com você por onde você andar".
(Josué 1:9)
RESUMO

O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento infantil


caracterizado por dificuldades na interação social, na comunicação, nos comportamentos
repetitivos e por interesses restritos, podendo apresentar também sensibilidades sensoriais.
Nesse contexto, o objetivo desse trabalho é trazer alternativas multidisciplinares para o
atendimento odontológico ao paciente com TEA, através de uma revisão de literatura. Para o
desempenho e cumprimento desse objetivo citado, os materiais e métodos utilizados foram por
meio de revisões de literaturas, com base em sites acadêmicos renomados, como Decs, Scielo,
Pubmed e Lilac. Como resultado, foi constatado que o cirurgião-dentista pode fazer uso de
recursos psicoterapêuticos, como PECS (Sistema de Comunicação por Figuras), TEACCH
(Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios Correlacionados à
Comunicação), ABA (Análise Aplicada ao Comportamento), bem como de condicionamento,
técnicas de gestão comportamental, psicologia e fazer comunicação entre os profissionais,
visando uma melhor adaptação do paciente. Pode-se concluir que pacientes com TEA exigem
cuidados especiais, logo, uma equipe multidisciplinar, trabalhando em comunicação, precisa de
um tratamento diferenciado, e o atendimento odontológico é desempenhado para acolher de
forma lúdica, de modo coerente e profissional, atendendo a individualidade de cada paciente.

Palavras-chave: Assistência Odontológica para Pessoas com Deficiências. Autismo. Pesquisa


Interdisciplinar.
ABSTRACT

Autism spectrum disorder (ASD) is a child neurodevelopmental disorder characterized by


difficulties in social interaction, communication, repetitive behaviors and restricted interests,
which may also present sensory sensitivities. In this context, the objective of this work is to
bring multidisciplinary alternatives for dental care to patients with ASD, through a literature
review. For the performance and fulfillment of this mentioned objective, the materials and
methods used were through literature reviews, based on renowned academic websites, such as
Decs, Scielo, Pubmed and Lilac. As a result, it was found that the dentist can make
psychotherapeutic resources use, such as PECS (Picture Communication System), TEACCH
(Treatment and Education for Children with Autism and Communication Related Disorders),
ABA (Applied Behavior Analysis), as well as conditioning, behavioral management
techniques, psychology and communication between professionals, aiming at a better patient
adaptation. It can be concluded that patients with ASD require special care, therefore, a
multidisciplinary team, working in communication, needs a differentiated treatment, and dental
care is performed to welcome in a playful, coherent and professional way, meeting each patient
individuality.

Keywords: Dental Care for People with Disabilities. Autism. Interdisciplinary Research.
LISTA DE ABREVIATURAS

ABA Análise Aplicada ao Comportamento


DI Desempenho Intelectual
PcD Pessoa com Deficiência
PECS Sistema de Comunicação por Figuras
QI Quociente de Inteligência
TEA Transtorno do Espectro Autista
TEACCH Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios
Correlacionados à Comunicação
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 13
2.1 Transtorno do Espectro Autista (TEA): do Diagnóstico ao Tratamento ...................... 13
2.2 Transtorno do Espectro Autista (TEA): o Desvio do Comportamento e as suas
Implicações no Atendimento Odontológico ................................................................. 15
2.3 Recursos Terapêuticos para o TEA no Consultório Odontológico .............................. 17
3 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 20
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 22
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 23
ANEXOS ................................................................................................................................. 29
11

1 INTRODUÇÃO

As pessoas com deficiência (PcD) são indivíduos que possuem algum tipo de desvio
no padrão de normalidade, podendo ter comprometimento intelectual e funcional. Eles
necessitam de uma atenção individualizada no tratamento, juntamente com uma equipe
multidisciplinar, logo, para isso é necessário que os profissionais tenham o conhecimento
aprofundado acerca dos sinais clínicos e das limitações desses pacientes (ANDRADE;
ELEUTÉIO, 2016; DOMINGUES et al., 2015). Dentre os indivíduos com distúrbios de
comportamento, há aqueles com o transtorno do espectro autista (TEA), que pode apresentar
disfunções de ordem comportamental, social, além de distúrbios neurológicos comprometendo
o seu desenvolvimento intelectual e motor (OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017).

A princípio, em 1943, o autismo foi descrito como uma síndrome comportamental


que se manifesta nos primeiros anos de vida da criança, e que com o decorrer dos anos essa
descrição passou por diversas modificações. Atualmente, mesmo após estudos mais detalhados
acerca do TEA, o diagnóstico correto ainda passa por diversas dificuldades, podendo ser
confundido com outros tipos de transtornos, o que vale ressaltar a importância da atualização
profissional (LOCATELLI; SANTOS, 2016). Porém, já é compreendido que o TEA possui um
tripé que auxilia em sua detecção, sendo ele: dificuldade de socialização, dificuldade de
comunicação e comportamento restritivo e repetitivo. No entanto, essas não são as únicas
características que um autista pode apresentar, mas são as essenciais para o diagnóstico
(MACHADO, 2015; POSAR; VISCONTI, 2021).

O indivíduo com TEA tem uma característica muito importante, a individualidade.


O autista tem o seu próprio mundo, e mudanças de rotina, ou melhor, do que ele está
acostumado, geram uma incomodidade imensa. O TEA possui alguns sinais e características
muito importantes, como comportamentos estereotipados, interesses restritos e alterações
sensoriais (SCHMIDT et al., 2016). Esses indivíduos podem apresentar alterações sensoriais,
podendo ser hipo ou hipersensíveis a ruídos e barulhos, além de sabores, texturas, cheiros e
iluminação (POSAR; VISCONTI, 2018). Já os comportamentos estereotipais podem ser de
ordem motoras e verbais, ou seja, repetições de palavras ou sons, balanço do corpo e da cabeça,
uso de objetos na boca e balançar das mãos. Além disso, podem ter interesses restritos, como
gostar de apenas um determinado assunto, desenho ou ambiente (GOMES, 2019; SOUZA et
12

al., 2017). Os sinais clínicos do TEA aparecem ainda nos primeiros anos de vida, no paciente
ainda bebê (ZANON; BACKES; BOS, 2014).

Grande parte dos indivíduos com TEA pode apresentar mais de uma comorbidade,
como epilepsia, distúrbios na fala ou na linguagem, problemas gastrointestinais entre outros
sinais clínicos, cabendo aos responsáveis observar os sinais e sintomas, e procurar atendimento
médico especializado para a confirmação do diagnóstico o mais cedo possível. A etiologia do
TEA é incerta sendo atribuídos ao seu desenvolvimento alguns fatores hereditários e
ambientais, por isso é importante a realização de testes moleculares e o aconselhamento
genético aos pais (OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017).

O educador possui um papel fundamental no diagnóstico do TEA, sendo muitas das


vezes o primeiro a notar um comportamento diferente na criança e alertar aos pais a procurarem
um profissional de saúde. O médico pediatra, normalmente, é o responsável pelo diagnóstico e
pelo encaminhamento do paciente para terapias e tratamentos com uma equipe de
fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, psicopedagogia, neurologia e odontologia.
Dessa forma, tornando o atendimento multidisciplinar entre as partes envolvidas, e otimizando
melhores resultados no tratamento a curto e longo prazo (SANT’ANNA; BARBOSA; BRUM,
2017).

No tratamento odontológico, os pacientes com TEA devem ser educados para a


realização dos procedimentos, utilizando técnicas de manejo comportamentais aliadas ao
reforço positivo, quando o mesmo apresenta um bom comportamento, cooperando com o
profissional (GOMES, 2019). O atendimento individualizado é fundamental, pois através dele
é possível minimizar possíveis traumas durante a consulta odontológica e torna a relação
paciente/profissional mais próxima, restabelecendo um vínculo com o indivíduo e com o seu
núcleo familiar (GAUDERER, 1997).

Diante desse contexto, esse trabalho, a partir de uma revisão de literatura, tem como
objetivo relatar a importância do tratamento multidisciplinar aliado ao atendimento
odontológico em pacientes com transtorno do espectro autista (TEA), descrevendo as limitações
e as necessidades que esses indivíduos possuem, dando ênfase a relevância dessa abordagem
para obtenção de uma terapia odontológica de sucesso. Os materiais e métodos utilizados foram
por meio de revisões de literaturas, com base em sites acadêmicos renomados, como Decs,
Scielo, Pubmed e Lilac, publicados no período de 1997 a 2021.
13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Transtorno do Espectro Autista (TEA): do Diagnóstico ao Tratamento


Multidisciplinar

Pessoas com deficiência (PcD) dispõem de determinado desvio do que é


considerado normal, de característica mental, física, de crescimento, sensorial e/ou
comportamental e apresentam condições extenuantes, portanto necessitam de cuidados e
acompanhamento notável por período indeterminado (SPEZZIA; BERTOLINI, 2017).

Além disso, de acordo com Santos & Carneiro (2019), percebe-se que a falta de
conhecimento e inexperiência da maioria dos profissionais, e de modo específico, da área
odontológica frente à PcD dificulta ainda mais o atendimento, a orientação, a prevenção e o
tratamento desses pacientes. A PcD pode ser classificada da seguinte forma: com deficiência
física, deficiência mental, anomalias congênitas, distúrbios comportamentais, sensoriais e de
comunicação, transtornos psiquiátricos, doenças sistêmicas crônicas, doenças
infectocontagiosas e condições. E dentre este grupo de pacientes existem aqueles que
apresentam o transtorno do espectro autista (TEA).

Os pacientes acometidos pelo TEA podem desenvolver disfunções de ordem


comportamental e social, tendo como principal característica problemas de distúrbio
neurológico, comprometendo o desenvolvimento de suas habilidades emocionais e intelectuais
(ZALAQUETT et al., 2015). Estudos apontam que o TEA ainda tem etiologia incerta, sendo
por necessário fazer testes moleculares e o aconselhamento genético aos pacientes, visto que
pode ser um distúrbio hereditário. Sua patogênese possui caráter indefinido, podendo ser
desenvolvida através de fatores de ordem genética, ambientais e por uso de medicações durante
a gestação. Desse modo, tornando sua etiologia complexa, principalmente na compreensão da
característica do gene, sendo atribuídas características variáveis de moderado e alto risco para
o desenvolvimento da doença (ARBERAS; RUGGIERI, 2019). Ademais, pesquisas apontam
que cerca de 1% da população pode desenvolver TEA, cabendo aos pais observarem os sinais
14

precocemente e buscarem ajuda profissional para confirmação do diagnóstico da doença


(FADDA; CURY, 2016).

Os indivíduos com TEA podem apresentar desempenho intelectual (DI) baixo,


gerando repercussões no desenvolvimento intelectual, mas também podem apresentar
quociente de inteligência (QI) normal, conseguindo levar uma vida comum como a maioria das
pessoas. De modo geral, o transtorno do espectro autista pode apresentar sinais clínicos e
comportamentais distintos de um paciente para outro, por isso é caracterizado em “espectro”.
Dessa forma, o cirurgião-dentista deve avaliar cada paciente de forma individualizada. Além
disso, outras comorbidades, como epilepsia, hiperatividade e problemas gastrointestinais,
podem também afetar estes pacientes (PORTOLESE et al., 2017; TABUENCA, 2016).

O paciente com TEA tem o seu primeiro contato com profissionais da saúde através
do médico pediatra, comumente sendo realizada a suspeita diagnóstica do TEA, e
posteriormente o diagnóstico é fechado pela junção da equipe multidisciplinar. Decorrente as
suas disfunções de ordem comportamental e social, o paciente autista necessita de um
acompanhamento multidisciplinar para facilitar a sua interação e a sua vivência no âmbito
familiar e social (PERUCHI et al., 2021). A equipe multidisciplinar é composta por:
neurologista, psicólogo/educador, psiquiatra, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,
fonoaudiólogo e cirurgião-dentista. É um encargo do médico pediatra, além de realizar a
suspeita diagnóstica, fazer uma ligação entre os pais e os profissionais da equipe
multidisciplinar, buscando proporcionar à criança e aos seus pais saúde e bem-estar
(SANT’ANNA; BARBOSA; BRUM, 2017).

A falta de interação entre o médico e os demais profissionais da equipe


multidisciplinar resultará em uma menor evolução do tratamento do paciente com TEA,
aumentando também os níveis de inquietação dos seus responsáveis. Para diminuir as
dificuldades discursivas a esse transtorno, a utilização de psicoterapias ganha ênfase atuando
na superação do isolamento, na determinação dos limites da criança e na tentativa de
compreensão dos seus conflitos internos, além de contribuir na aprendizagem, na interpretação
das emoções e na linguagem não verbal (DUARTE; FARIA, 2021; ZAUZA; BARROS;
SENRA, 2015). De acordo com Melo et al. (2019), os profissionais da Psicologia, da Educação
e da Psiquiatria trabalham com terapias para auxiliar esses pacientes, fazendo uso do ludoterapia
para conseguir resultados melhores. O médico psiquiatra pode fazer a prescrição
medicamentosa para esses pacientes em casos de agressões, hiperatividade ou comportamentos
15

autodestrutivos, possibilitando uma maior comodidade desses e de seus familiares (NIKOLOV;


JONKER; SCAHILL, 2006).

Ademais, o indivíduo com TEA dispõe da dificuldade de comunicação, podendo


apresentar mudez (não falar verbalmente), hiperlexia, ecolalia, alterações na entonação e na
intenção da fala, troca de pronomes, e a dificuldade na compreensão da mente dos outros
indivíduos, necessitando do auxílio do fonoaudiólogo para obter uma adaptação à sociedade e
à educação, visto que, por meio de terapias, esse profissional consegue uma melhora
significativa nas dificuldades de comunicação apresentadas por esses indivíduos
(GONÇALVES; CASTRO, 2013). De acordo com Barba & Minatel (2013), através de
atividades e exercícios, a terapia ocupacional possibilita ao paciente com TEA a sua
independência, aprendizagem e autoconfiança em sua vida diária, viabilizando a estes o
relacionamento com outras pessoas, a concentração e o uso de expressões adequadas de
sentimentos.

2.2 Transtorno do Espectro Autista: o Desvio do Comportamento e as suas


Implicações no Atendimento Odontológico

De acordo com Oliveira & Sertié (2017), os indivíduos com TEA apresentam
modificações no neurodesenvolvimento, acarretando em alguns déficits na comunicação e na
socialização com as pessoas, sendo proveniente de alterações na região cortical do cérebro
responsável pela fala, aprendizado e sociabilidade. É comum desenvolver movimentos
estereotipados e repetitivos durante a realização de algumas funções. Dessa forma, crianças
com o transtorno podem apresentar dificuldades para dormir e serem muito agitadas durante o
dia (PINTO et al., 2016).

Os pacientes com TEA possuem algumas características comportamentais notórias


para o atendimento odontológico, sendo indivíduos que dispõem de hiperatividade, falta de
interação social, movimentos repetitivos e restritos, ausência de interesse por contato físico,
intolerância a comportamentos inesperados, sensibilidade a sons, ruídos e qualquer tipo de
barulho, sabores, aromas e ambientes estranhos, características que não auxiliam na
16

colaboração do indivíduo com TEA frente ao atendimento odontológico (AMARAL et al.,


2012). Logo, é necessário que o cirurgião-dentista possua conhecimento sobre todas essas
características predominantes nesses indivíduos para que não sejam características confundidas
com obstinação ou birra e também para que possam utilizar de manobras para conseguir a
colaboração e a confiança desses pacientes durante o atendimento (COIMBRA et al., 2020).

O atendimento desses pacientes deve ocorrer sempre que possível pelo período da
manhã, de curta duração, e o cirurgião-dentista deve sempre ter a atenção de marcar as consultas
com esses indivíduos de forma igual, ou seja, sempre no mesmo dia da semana e no mesmo
horário, para se criar uma rotina e previsibilidade ao paciente com TEA (SANTANA, 2021).
Além disso, o profissional deve manter sempre a mesma rotina de atendimentos antigos, durante
o novo atendimento e sempre ser um mesmo profissional a atender aquele indivíduo, pois são
pacientes que possuem uma rotina estabelecida. Também não devem ser mudados a conduta e
nem os objetos do consultório, uma simples posição diferente pode comprometer todo o
atendimento. São pequenos cuidados que auxiliam o profissional odontólogo a proporcionar
um bom atendimento e também ter uma segurança maior durante o atendimento a esses
pacientes (SILVA et al., 2019).

Devido ao diagnóstico do TEA, muita das vezes, ser feito de forma tardia e o
tratamento desses pacientes ser composto de terapias com diversos profissionais, como o
fonoaudiólogo, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, esses pacientes acabam chegando ao
consultório odontológico em uma idade já avançada, entre 07 a 14 anos, muitas vezes com
dentição permanente e com doenças bucais já instaladas (SOUZA, 2015). Normalmente, a
chegada desse paciente já é com problemas orais instalados devido à dificuldade que esse
indivíduo possui para a higienização oral, decorrente de suas tribulações motoras e de seu déficit
de atenção, dessa forma, o paciente necessita de um tratamento mais invasivo e não apenas
preventivo. Além disso, esse paciente não tem uma adaptação precoce ao ambiente
odontológico, o que resulta em uma dificuldade ainda maior da colaboração desse paciente,
podendo ser considerado o caso de encaminhamento hospitalar para uso de anestesia geral
(AMARAL; DE CARVALHO; BEZERRA, 2016).

Decorrente da deficiência na higiene oral e da chegada tardia ao consultório


odontológico, os problemas orais mais encontrados nesses pacientes são: cárie dentária, elevado
índice de placa bacteriana, gengivite, doença periodontal, más-oclusões, xerostomia e
bruxismo. Consequências, em sua maioria, devido a dieta rica em alimentos doces, uma
17

alimentação pastosa, hábitos parafuncionais e o uso prolongado da mamadeira, além do uso de


medicamentos por um longo tempo que pode comprometer também a saúde bucal (ROCHA,
2015; ABREU JÚNIOR, 2020). De acordo com Silva et al. (2019), a coordenação motora e a
falta de atenção desses pacientes são algumas das maiores responsáveis pela deficiência na
higiene oral, provocando danos, muitas vezes, irreversíveis e procedimentos ainda mais
invasivos.

No estudo de Du et al. (2019), realizado nos EUA, comparando crianças com e sem
TEA e os seus comportamentos de saúde bucal, 53,9% dos pais relataram dificuldade durante
a higiene bucal. Sendo que a frequência de escovação dental foi menor nas crianças com TEA,
assim como tinham mais assistência dos pais durante essa atividade e menos uso do creme
dental. Isso, provavelmente, se deve por conta da deficiência intelectual do paciente, pela
presença de distúrbios sensoriais (sensibilidade à cerda da escova e/ou ao gosto do creme
dental). Ademais, esses pais ainda relataram que 36,9% de seus filhos têm medo da escovação,
46,8% não entendem a escovação e 36% não gostam de introduzir nada em sua boca.

É importante estabelecer estratégias de escovação para esses pacientes, o mais cedo


possível, já que através de uma revisão sistemática e de metanálise, pode-se concluir que a
prevalência de cárie dentária e de doença periodontal em crianças e adultos jovens com TEA
foi considerada alta, pois mais da metade, 60,6% (IC95%: 44,0-75,1), dos indivíduos avaliados
com TEA apresentou pelo menos uma dessas condições bucais (DA SILVA et al., 2017). Em
outra metanálise, envolvendo somente crianças com TEA, concluiu-se que essas têm maior
risco de prevalência de cárie, falta de higiene bucal, maiores índice de placa e pH salivar mais
baixo, quando comparadas a crianças saudáveis (PI et al., 2020). Se a escovação dental e o uso
do fio dental não fizerem parte da rotina diária, é mais provável que haja rejeição devido à
aversão à mudança (LEWIS et al., 2015).

2.3 Recursos Terapêuticos para o TEA no Consultório Odontológico

O consultório odontológico é um lugar que estimula a ansiedade da maioria das


pessoas, um ambiente que dispõe de luzes fluorescentes e fortes, tem equipamentos que
18

provocam ruídos altos, como a caneta de alta rotação, e materiais com textura, gosto e aromas
que não são conhecidos. Esse lugar vai causar um certo incômodo para pacientes com TEA,
pois são indivíduos que não reagem bem a esses tipos de estímulos externos, pois são sensíveis
ou hipersensíveis a esses estímulos (CZORNOBAY, 2017). De acordo com Delli et al. (2013)
e Leite (2018), é preciso minimizar as chances de ocorrer este tipo de impacto para se evitar um
trauma ao paciente, lançando mão de um atendimento lúdico através da apresentação para a
criança de todos os equipamentos e instrumentais que serão utilizados, e empregando métodos
que deixem a criança mais tranquila, como balões, desenhos, músicas e brinquedos. E em
relação à escovação, tanto o cirurgião-dentista como os pais podem utilizar a música para
cativar a criança, visto que elas apresentam uma grande aptidão musical (LEITE, 2018).

Alguns métodos podem ser utilizados como recursos terapêuticos durante o


atendimento odontológico, sendo eles: PECS, ABA, TEACCH, dizer-mostrar-fazer, distração,
dessensibilização, controle de voz, reforço positivo ou recompensa e modelação. São recursos
que auxiliam o cirurgião-dentista durante o atendimento desses pacientes e são métodos
utilizados por toda a equipe multidisciplinar, sendo modificada apenas a área de aplicação
(SILVA, 2015).

O TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios


Correlacionados à Comunicação) é um método que organiza o cotidiano dos pacientes com
TEA, utilizando agendas, painéis e quadros, podendo empregar também estímulos visuais,
corporais e sonoros. Tendo como intuito, a compreensão de cada espaço e a sua função com
atividades para que as crianças compreendam sua devida ordem. Com a adoção de um padrão,
ela consegue adquirir independência nessas atividades. Este método pode ser utilizado na
instrução da escovação, demonstrando o seu passo a passo e a incentivando a repeti-los com o
auxílio também de imagens (MOREIRA et al., 2019).

O PECS (Sistema de Comunicação por Figuras) auxilia a criança na escolha mais


rápida de algo, a se comunicar através de figuras e no desenvolvimento da fala. Na odontologia,
pode ser utilizado pelo profissional para apresentar uma sequência de imagens com o passo a
passo da escovação e o uso do fio dental, e à medida que o paciente consegue realizar cada
etapa corretamente ele recebe um elogio pelo feito (SANTOS, 2018). Além disso, pode também
fazer uso da sequência de imagens para o passo a passo no consultório odontológico, ou seja,
em imagens passar para o paciente toda a trajetória que ele deve ter ao chegar no ambiente
odontológico: sentar na cadeira, abrir a boca, dentista com o rosto próximo, seringa tríplice,
19

espelho, caneta de alta e baixa rotação. Dessa forma, a criança vai ter uma previsibilidade do
que irá ocorrer (GIASSI; COSTA, 2017).

A ABA (Análise Aplicada ao Comportamento) faz com que o autista desenvolva


habilidades ainda não adquiridas através de fases que são superadas. Pois com o reforço positivo
ou a recompensa para comportamentos desejados, estimula-se a repetição dos mesmos e acaba
minimizando aqueles que são indesejáveis. A linguagem corporal também pode ser utilizada
como método para que se consiga transmitir para a criança por meio de expressões faciais a
satisfação pelo seu bom comportamento ou não. A combinação de recursos visuais, sensoriais,
de modelagem e de reforço podem facilitar os exames odontológicos (ARAÚJO, 2016).

O Programa SonRise também pode ser uma metodologia empregada para estes
pacientes, visando a maior interação dessas crianças com outras pessoas, para que se troque
experiências e informações. Aplicando-se na Odontologia, o dentista precisa conseguir um
meio de transformar a consulta em uma experiência mais prazerosa, e que provoque a atenção
e o interesse do paciente com TEA. Dessa forma, utiliza-se o atendimento lúdico aliado ao
auxílio dos pais para cativar a criança (RESENDE, 2020).

A técnica dizer-mostrar-fazer pode ser utilizada, tanto para instrução de higiene oral
quanto para tudo que será realizado no consultório. Pois para a criança é tudo novo e diferente,
falando com elas antes de realizar qualquer procedimento, explicando o que será feito,
mostrando como irá acontecer e fazendo tal como se detalhou anteriormente para ela, pode-se
evitar o impacto do estranhamento e a traumatização das mesmas (OLIVEIRA, 2019).

O vídeo modelação é um recurso promissor que auxilia no desenvolvimento de


habilidades essências diárias do paciente com TEA, pelo qual, através de um vídeo exemplo
contendo um modelo (podendo ser um boneco, um familiar ou a imagem do próprio paciente)
que executa determinada ação ou tarefa, faz com que o indivíduo com TEA reproduza de forma
igual àquela ação/tarefa. Esse recurso é notório de benefícios, haja visto que é um recurso de
mídia e visual específico para o paciente, resultando na captura da atenção desses indivíduos,
além disso, por ser um recurso de mídia, o paciente não estará cara a cara com o
modelo/instrutor, assim evitando um desconforto no mesmo (PICCIN et al., 2018).

Na odontologia, esse recurso supracitado pode ser utilizado para tutorial da


quantidade ideal de creme dental, a técnica de escovação, de como utilizar o fio dental. Através
de um estudo desenvolvido com crianças com TEA, após 3 semanas de uso de um vídeo
20

modelação, os pais relataram que o vídeo ajudou, sim, durante a escovação e que a rotina de
sentar e focar no vídeo permitiu que seus filhos se preparassem para o ato de escovar os dentes,
resultando em sessões de escovação mais bem-sucedidas (POPPLE et al., 2016).

Alguns pacientes acabam precisando do uso de contenção física, sedação ou


anestesia geral em âmbito hospitalar, mas somente em alguns casos restritos de não colaboração
e devido a procedimentos mais invasivos como uma cirurgia. A sedação pode ser através de
óxido nitroso, existindo a contraindicação em alguns casos, como a presença de doenças
sistêmicas graves e a doença pulmonar obstrutiva crônica, e outra opção para que ela ocorra são
os benzodiazepínicos (SANT’ANNA; BARBOSA; BRUM, 2017).

3 DISCUSSÃO

Sant’Anna, Barbosa e Brum (2017) discorrem que os profissionais de saúde agem


de forma isolada, frequentemente, provocando um comprometimento no desenvolvimento do
paciente com TEA, devendo ser uma prática abolida, priorizando a interação, a boa
comunicação e promovendo em conjunto um melhor plano de tratamento para esses pacientes.
Os autores ainda acrescentam que é muito importante que haja comunicação entre os
profissionais da saúde e que seja sempre compreendida por esses a importância do primeiro
atendimento odontológico ainda no primeiro ano de vida dos pacientes, corroborando com
Massara e Rédua (2014). Dessa forma, a ausência de interação médico-odontológica resultará
na criança com TEA uma deficiência na sua saúde oral, resultante da carência na manutenção
da higiene bucal realizada pela criança ou pelos pais de forma precária, decorrente da ausência
de informação profissional (SANT’ANNA; BARBOSA; BRUM, 2017). Portanto, é importante
que o contato do indivíduo com TEA ao cirurgião-dentista não seja tardio.

Como o primeiro contato dos pacientes com TEA, normalmente, é com o médico
pediatra, este tem um grande papel na orientação da família, assim, demonstrando e explicando
a importância do tratamento com os outros profissionais que compõem a equipe
multidisciplinar, como a importância do cirurgião-dentista para esses pacientes, em razão,
sobretudo, de que normalmente a higiene bucal desses pacientes não é tão eficiente, levando ao
21

surgimento de doenças bucais. O cirurgião-dentista deve também sempre enfatizar para a


família a importância do tratamento multidisciplinar, devendo este conhecer os outros
profissionais que trabalham com o paciente e manter sempre um canal de comunicação com
eles (PRADO, 2019).

Ao observar no consultório odontológico as características apresentadas pelo


paciente, ou mesmo o relato da família que a criança é autista, é importante perguntar para o
responsável se ela é cooperativa na maioria das vezes, se apresentou quadro de convulsão, se
faz uso de alguma medicação, sendo válido extrair do acompanhante o máximo de informações
possíveis sobre o paciente, discorrem assim Sant’Anna, Barbosa e Brum (2017). Além disso,
os autores corroboram juntamente com Prado (2019) que é fundamental manter o contato com
os outros profissionais que acompanham este paciente, para entender melhor sobre as suas
condições e como agir em casos de emergência, demonstrando o que é essencial para elas: um
tratamento multidisciplinar.

O cirurgião-dentista precisa criar um vínculo de confiança com esses pacientes e


também com a sua família, e para isso acontecer é necessário conhecimento e dedicação. O
trabalho deve ser em conjunto com a família, dando a eles as devidas orientações para a melhora
da saúde bucal da criança e formulando o melhor método de abordá-la, para que não seja
causado nenhum dano psicológico a ela. Existem algumas técnicas de abordagem que podem
ser utilizadas por cirurgiões-dentistas, visando o melhor atendimento ao grupo de pacientes que
apresentam o TEA, pois estes profissionais acabam encontrando dificuldades, como o
comportamento repetitivo e limitado, assim como a falta de resposta a comandos. Sendo de
grande valia que os cirurgiões-dentistas estejam capacitados para atender a este público,
corroborando, desse modo, Coimbra et al. (2020) e Abreu Júnior (2020).

Czornobay (2017) ressalta em seu trabalho que o consultório odontológico é um


ambiente de grandes estímulos sensoriais, devido às luzes, aos sons, aos ruídos (como os
produzidos pela caneta de alta rotação), às texturas, aos gostos e aos aromas de muitos materiais
utilizados no tratamento odontológico. Assim, sabendo que o indivíduo com TEA tem uma
sensibilidade sensorial aumentada, é preciso minimizar as chances de ocorrer comportamentos
indesejáveis, a fim de evitar um trauma ao paciente, aderindo assim a um atendimento lúdico,
através da apresentação para a criança de todos os equipamentos e instrumentais, utilizando
métodos que possam deixar elas mais tranquilas, como os balões, os desenhos, a músicas e os
brinquedos, corroborando com Leite (2018). E em relação à escovação, tanto o cirurgião-
22

dentista como os pais podem utilizar a música para cativar a criança, visto que elas apresentam
uma grande aptidão musical.

Os pacientes com TEA necessitam de um manejo odontológico adequado e


individualizado baseado na análise do seu perfil comportamental (OLIVEIRA, 2019). O autor
acrescenta que alguns métodos podem ser utilizados, como PECS, ABA, TEACCH, dizer-
mostrar-fazer, distração, dessensibilização, controle de voz, reforço positivo ou recompensa e
modelação, métodos esses utilizados comumente pela Fonoaudiologia, Psicologia, por
psicopedagogas e entre outras. Logo, que o profissional da odontologia também deve ter
conhecimento de como utilizar para proporcionar um atendimento de maior qualidade para os
pacientes com TEA, corroborando, desse modo, com Silva (2015), Santos (2018) e Resende
(2020).

4 CONCLUSÃO

O atendimento a pacientes com transtorno do espectro autista (TEA) demanda


maior ponderação e dedicação dos profissionais, devido a suas disfunções de ordem social e
comportamental. Foi observado que o tratamento odontológico somado ao multidisciplinar
pode ser adaptado para que ocorra um maior sucesso ao atender pacientes especiais, tendo seu
foco naqueles que apresentam o TEA.

Ademais, foi possível constatar que este grupo de pacientes precisa de um


tratamento diferenciado, tanto com um acompanhamento do cirurgião-dentista quanto de outros
profissionais, como pediatras, psiquiatras, neurologistas e aqueles das áreas de fonoaudiologia,
pedagogia, terapia ocupacional, psicologia, fisioterapia e orientação familiar.

Devido à intelectualidade do indivíduo com TEA, o atendimento odontológico deve


ser moldado para esse tipo de paciente, sendo adequada a adoção de medidas lúdicas que se
encaixem com o perfil dos mesmos, os quais estranham sons e invasão – os hipersensíveis.
Além disso, deve se adotar algumas medidas, como decoração do ambiente, reforço positivo ou
recompensa, técnica do dizer-mostrar-fazer, controle da voz, modelação, PECS, TEACCH e
23

ABA, além de uma boa interação com os pais, sendo estes os que passaram uma maior
confiança para a criança.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU JÚNIOR, Alcion Luiz Soares de. ABORDAGEM NO TRATAMENTO


DENTÁRIO DO PACIENTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. 2020.
Dissertação (Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do
grau de Mestre em Medicina Dentária) – Viseu, 2020.

AMARAL, Cristhiane Olivia Ferreira et al. Paciente autista: métodos e estratégias de


condicionamento e adaptação para o atendimento odontológico. Archives of Oral Research,
v.8, n.2, 2012.

AMARAL, Lais David; DE CARVALHO, Talita Fabiano; BEZERRA, Ana Cristina Barreto.
Atenção bioética à vulnerabilidade dos autistas: A odontologia na estratégia da saúde da família.
Revista Latinoamericana de Bioética, v.16, n.1, p. 220-233, 2016.

ANDRADE, Ana Paula Paiva de; ELEUTÉIO, Adriana Silveira de Lima Eleutéio. Pacientes
portadores de necessidades especiais: abordagem odontológica e anestesia geral. Revista
Brasileira de Odontologia, v.72, n.1/2, p.66, 2016.

ARAÚJO, Natiele Marques de. ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A PACIENTES


AUTISTA. 2016. TCC (Artigo apresentado no curso de graduação em Odontologia) -
Faculdade São Lucas. Porto Velho – RO, 2016.

ARBERAS, Claudia; RUGGIERI, Víctor. AUTISMO. ASPECTOS GENÉTICOS Y


BIOLÓGICOS, MEDICINA, Buenos Aires, v.79, 2019.

BARBA, Patrícia Carla de Souza Della; MINATEL, Martha Morais. Contribuições da Terapia
Ocupacional para a inclusão escolar de crianças com autismo/Contributions of Occupational
Therapy for the school inclusion of children suffering from autism. Cadernos Brasileiros de
Terapia Ocupacional, v.21, n.3, 2013.
24

COIMBRA, Bruna Santiago et al. Abordagem odontológica a pacientes com transtorno do


espectro autista (TEA): uma revisão da literatura. Brazilian Journal of Development, v.6,
n.12, p.94293-94306, 2020.

CZORNOBAY, Luiz Fernando Monteiro. Elaboração de um roteiro visual pedagógico


como estratégia facilitadora no atendimento odontológico de pacientes diagnosticados
com Transtorno do Espectro do Autismo. TCC (Graduação) - Universidade Federal de Santa
Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Odontologia. Orientadora: Profª. Drª. Alessandra R. de
Camargo, 2017

DA SILVA, S. N.; GIMENEZ, T.; SOUZA, R. C.; MELLO-MOURA, A. C. V.; RAGGIO, D.


P.; MORIMOTO, S.; LARA, J. S.; SOARES, G. C.; TEDESCO, T. K. Oral health status of
children and young adults with autism spectrum disorders: systematic review and meta-
analysis. International Journal of Paediatric Dentistry, 27(5), 388–398, 2017.

DELLI, Konstantina et al. Manejo de crianças com transtorno do espectro do autismo no


ambiente odontológico: preocupações, abordagens comportamentais e recomendações.
Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal, v.18, n.6, pág.e862, 2013.

DOMINGUES, Natália Bertolo et al. Caracterização dos pacientes e procedimentos executados


no serviço de atendimento a pacientes com necessidades especiais da Faculdade de Odontologia
de Araraquara–UNESP. Revista de Odontologia da UNESP, v.44, p.345-350, 2015.

DU, R. Y.; YIU, C. K. Y.; KING, N. M. Oral Health Behaviours of Preschool Children with
Autism Spectrum Disorders and Their Barriers to Dental Care. Journal of Autism and
Developmental Disorders, 49(2):453-459, Feb., 2019.

DUARTE, Maria Mônica Venancia; FARIA, Hila Martins Campos. ESTRESSE PARENTAL
E AUTISMO. CADERNOS DE PSICOLOGIA, v.2, n.4, 2021.

FADDA, Gisella Mouta; CURY, Vera Engler. O enigma do autismo: contribuições sobre a
etiologia do transtorno. Psicologia em Estudo, v.21, n.3, p.411-423, 2016.

GAUDERER, Christian et al. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: guia prático


para pais e profissionais. Rio de Janeiro: Revinter, p. 327-330, 1997.

GIASSI, Gabriela Aguiar; COSTA, Andressa Martins da. Evolução no atendimento


odontológico de pacientes com transtorno do espectro do autismo por meio de PECS. [S.l.:
s.n.], 2017.
25

GOMES, Karolayne Alves Sanches. Autismo: uma abordagem comportamental. 2019. 7f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Odontologia) - Centro Universitário do Planalto
Central Apparecido dos Santos, 2019.

GONÇALVES, Cláudia A. B; DE CASTRO, Mariana S. J. Propostas de intervenção


fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura. Distúrbios da
comunicação, v.25, n.1, 2013.

LEITE, Raíssa de Oliveira. Abordagem do paciente TEA na clínica odontológica.


Orientador: Marcelo de Morais Curado e Letícia Diniz Santos Vieira. 2018. 13f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Bacharel em Odontologia) - Centro Universitário do Planalto Central
Aparecido dos Santos, 2018.

LEWIS, C.; VIGO, L.; NOVAK, L.; KLEIN, E. K. J. Listening to Parents: A Qualitative Look
at the Dental and Oral Care Experiences of Children With Autism Spectrum Disorder. Pediatr
Dent., 2015;37(7):E98-104.

LOCATELLI, Paula Borges; SANTOS, Mariana Fernandes Ramos. Autismo: propostas de


intervenção. Revista Transformar, v.8, n.8, p.203-220, 2016.

MACHADO, Lavinia Teixeira. Dançaterapia no autismo: um estudo de caso. Fisioterapia e


pesquisa, v.22, p.205-211, 2015.

MASSARA, Maria de Lourdes de Andrade; RÉDUA, Paulo Cesar Barbosa. Manual de


Referência para procedimientos clinicos en Odontopediatria. In: Manual de referencia para
procedimientos clínicos en odontopediatría. p. 264 p-264, 2014.

MELO, Mayara Macedo et al. Atendimento multidisciplinar para a educação especial e


inclusiva de uma criança com transtorno do espectro autista: um estudo de caso. Revista
Eletrônica Acervo Saúde, n.25, p.e589-e589, 2019.

MOREIRA, Francine do Couto Lima et al. Uso do TEACCH como coadjuvante ao atendimento
odontológico em paciente com autismo. SCIENTIFIC INVESTIGATION IN DENTISTRY,
v.24, n.1, JAN/DEC., 2019.

NIKOLOV, Roumen; JONKER, Jacob; SCAHILL, Lawrence. Autismo: tratamentos


psicofarmacológicos e áreas de interesse para desenvolvimentos futuros. Brazilian Journal of
Psychiatry, v.28, p.s39-s46, 2006.
26

OLIVEIRA, Joana Alves de. Desafios encontrados por pais e cirurgiões dentistas durante
a abordagem odontológica em pacientes autistas. 2019. 31 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Bacharelado em Odontologia) – Universidade de Uberaba, Uberaba, 2019.

OLIVEIRA, Karina Griesi; SERTIÉ, Andréa Laurato. Transtornos do espectro autista: um guia
atualizado para aconselhamento genético. Einstein, São Paulo, v.15, p.233-238, 2017.

PERUCHI, Claudia Maria de Souza et al. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DE


URGÊNCIA PARA PACIENTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. Revista
Ciências e Odontologia, v.5, n.2, p.20-26, 2021.

PI, X.; LIU, C.; LI, Z.; GUO, H.; JIANG, H.; DU, M. A Meta-Analysis of Oral Health Status
of Children with Autism. Journal of Clinical Pediatric Dentistry, 44(1), 1–7, 2020.

PICCIN, S. et al. Modelagem de vídeo para o desenvolvimento de habilidades de higiene


pessoal em jovens com transtorno do espectro do autismo. Epidemiologia e ciências
psiquiátricas, v.27, n.2, pág.127-132, 2018.

PINTO, Rayssa Naftaly Muniz et al. Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões
nas relações familiares. Revista Gaúcha de Enfermagem, v.37, 2016.

POPPLE, Ben et al. Breve relatório: modelagem de vídeo entregue remotamente para melhorar
a higiene oral em crianças com ASD: um estudo piloto. Jornal de autismo e transtornos do
desenvolvimento, v.46, n.8, pág.2791-2796, 2016.

PORTOLESE, Joana et al. Mapeamento dos serviços que prestam atendimento a pessoas com
transtorno do espectro autista no Brasil. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do
Desenvolvimento, v.17, n.2, p.79-91, 2017.

POSAR, Annio; VISCONTI, Paola. Anormalidades sensoriais em crianças com transtorno do


espectro do autismo. Jornal de pediatria, v.94, p. 342-350, 2018.

POSAR, Annio; VISCONTI, Paola. Atualização sobre crianças “minimamente verbais” com
transtorno do espectro do autismo. Revista Paulista de Pediatria, v. 40, 2021.

PRADO, Maria Eduarda de Oliveira. Atendimento ao paciente com transtorno do espectro


autista na clínica odontológica. 2019. 52 f. Monografia (graduação) – Universidade de
Taubaté, Taubaté, 2019.
27

RESENDE, Thais dos Santos. ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A CRIANÇAS


AUTISTAS: revisão de literatura. Orientação Profa. Dra. Adriene Mara Souza Lopes e Silva.
Monografia (graduação) - Universidade de Taubaté, Departamento de Odontologia, Taubaté,
2020.

ROCHA, Manuela Marques. Abordagem de Pacientes Autistas em Odontopediatria. 2015.


Dissertação (Trabalho apresentado à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos
para obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária) – Universidade Fernando Pessoa,
Porto, 2015.

SANT’ANNA, Luanne França da Costa; BARBOSA, Carla Cristina Neves; BRUM, Sileno
Corrêa. Atenção à saúde bucal do paciente autista. Revista Pró-UniverSUS, v.8, n.1, 2017.

SANTANA, Maísa Santos. ACESSO DE PACIENTES COM TRANSTORNO DO


ESPECTRO AUTISTA (TEA) AO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO NO
MUNICÍPIO DE VALENTE (BA). 2021. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso em
Odontologia) – Centro Universitário AGES, Paripiranga, 2021. Orientadora: Dra. Lilian
Fernanda Santos Paiva.

SANTOS, Joyce Joyme Silva dos; CARNEIRO, Sofia Vasconcelos. Saúde bucal de pacientes
com necessidades especiais em Aracati-CE. Revista Remecs-Revista Multidisciplinar de
Estudos Científicos em Saúde, v.4, n.6, p.35-46, 2019.

SANTOS, Larissa Sthefani Sales. Atendimento odontológico em pacientes autistas. 2018.


23 fls. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Estadual
de Londrina, Londrina, 2018.

SCHMIDT, Carlo et al. Inclusão escolar e autismo: uma análise da percepção docente e práticas
pedagógicas. Psicologia: teoria e prática, v.18, n.1, p.222-235, 2016.

SILVA, Lais Pereira Leite da. Condutas no atendimento odontológico a pacientes autistas.
2015. Artigo Científico (Bacharelado) - Faculdade São Lucas, 2015. Orientação Profa. Ilza
Caixeta e Silva Camargo, Coordenação de Odontologia.

SILVA, Mairla Jayane Lopes de et al. Pacientes com transtorno do espectro autista: conduta
clínica na odontologia. REVISTA UNINGÁ, v.56, n.S5, p.122-129, 2019.

SOUZA, Carina Holanda de. ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO EM PACIENTE


AUTISTA. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Odontologia) - Faculdade
São Lucas, 2015.
28

SOUZA, Tathiana do Nascimento et al. Atendimento odontológico em uma criança com


transtorno do espectro autista: relato de caso. Rev. odontol. Univ. Cid., São Paulo (Online), p.
191-197, 2017.

SPEZZIA, Sérgio; BERTOLINI, Silvia Regina. Ensino odontológico para pacientes especiais
e gestão em saúde. Journal of Oral Investigations, v.6, n.1, p. 85-98, 2017.

TABUENCA, Patricia García. Trastorno del espectro autista (TEA). Anuario del Centro de
la Universidad Nacional de Educación a Distancia en Calatayud, v.22, p.149-62, 2016.

ZALAQUETT, Daniela et al. Fundamentos de la intervención temprana en niños con trastornos


del espectro autista. Revista chilena de pediatría, v.86, n.2, p.126-131, 2015.

ZANON, Regina Basso; BACKES, Bárbara; BOSA, Cleonice Alves. Identificação dos
primeiros sintomas do autismo pelos pais. Psicologia: teoria e pesquisa, v.30, n.1, p.25-33,
2014.

ZAUZA, Clara Miranda Ferraz; BARROS, Ana Lúcia; SENRA, Luciana Xavier. O processo
de inclusão de portadores do transtorno do espectro autista. Psicologia-portal da psicologia,
2015.
29

ANEXO A - TERMO DE RESPONSABILIDADE DO REVISOR DE LÍNGUA


PORTUGUESA
30

ANEXO B - TERMO DE RESPONSABILIDADE DO TRADUTOR

Você também pode gostar