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São Paulo
2021
Cirurgias de correção para Fissuras Labiopalatal e a importância de um
tratamento multiprofissional
São Paulo
2021
AGRADECIMENTO
Ao meu esposo Vinicius, por ser meu maior incentivador, apoiador, e minha força,
quando muitas vezes não a tive. Por viver esse sonho comigo e me amar incondicionalmente.
A minha dupla Laís, por ser minha amiga, por confiar em mim, me ajudar no que foi
preciso e agregar na minha vida profissional e pessoal.
A nossa orientadora Tuca, por ser paciente, dedicada e por fazer tudo com amor. Por
ser um exemplo de excelência.
Ao meu pai Dirceu, por me proporcionar esse sonho e se orgulhar desde o início.
Aos meus amigos Rebeca, Marcella e Nicolas, por serem motivo de alegria nos
últimos 5 anos.
Aos nossos professores Guto, Lucia, Dimorvan, Lucas, Ana Lígia, Dafhine, Tuca e
Elaine por serem exemplos, não só de profissionais, mas também como pessoas. Por nos
incentivarem, e dedicarem tempo em serem excelentes no que fazem e em quem são.
A universidade São Judas e ao grupo Anima Educação, por trabalharem com respeito e
qualidade, por oferecer um corpo docente, funcionários e infra estruturas qualificadas.
Às minhas irmãs, Cibele e Daiane, por serem minhas melhores amigas e se alegrarem
com minhas conquistas, e por todo amor que demonstram por mim.
A minha cunhada e amiga Mirella, por vencer processos ao meu lado, por me amar e
acreditar nos meus sonhos.
Aos meus sogros Marcelo e Erica, por apoiarem minha rotina, e me incentivarem nesta
conquista.
Aos meus amigos Sergio e Aleska, por sempre estarem presentes, e compartilharem os
momentos de descanso comigo. Ao meu amigo Matheus, que por muito tempo foi paciente e
prestativo nas voltas da universidade para casa.
Abigail Barbosa
Aos meus pais Marcia e Rubens por sempre me apoiarem e me incentivarem a seguir
meus sonhos, com muito amor não mediram esforços para que eu chegasse até aqui.
Aos meus irmãos Thiago e Bruno por sempre estarem do meu lado e serem meus anjos
da guarda
Ao meu namorado Vinicius por todo carinho, amor e por estar sempre presente em
todos os momentos, sou grata em te ter em minha vida.
A minha dupla Abigail pelo amor, dedicação, paciência, companheirismo, por confiar
em mim e me ajudar em todos os momentos, contribuindo positivamente para meu
crescimento profissional. Além de ser uma amiga incrível e prestativa.
Aos meus amigos Marcella, Rebeca e Nicolas, por estarem comigo nesses 5 anos me
proporcionando momentos inesquecíveis, contribuindo para que meus dias fossem melhores.
Vocês são incríveis e o melhor presente que a faculdade poderia ter me dado.
Aos meus avós Jose, Júlia, João e Aiko por serem as melhores pessoas do mundo
Aos meus primos Yudi, Pedro por sempre estarem presente me apoiando e em especial
ao Caio por todo companheirismo e segurança nas idas e voltas da universidade.
Aos meus padrinhos Fernando e Glaucia por todo o amor e confiança, por estarem ao
meu lado e se alegrarem com as minhas conquistas.
Laís Kanada
RESUMO
A fissura lábio palatina é uma patologia que causa a má formação de estruturas do sistema
estomatognático, face e crânio, necessitando de um tratamento multidisciplinar. Além de
promover mudanças faciais as fissuras labiopalatais, provocam também alterações no rebordo
alveolar ocasionando modificações na mordida de pacientes portadores dessa má formação.
Desta forma, uma equipe multidisciplinar composta por médicos, dentistas, fonoaudiólogos
psicólogos e nutricionistas, monitorando o crescimento e o desenvolvimento desses pacientes
em todas as fases do tratamento, desde a cirurgia de correção no início da vida do paciente,
até uma possível reabilitação orofacial, é de extrema importância para saúde e qualidade de
vida do mesmo. Este trabalho tem como objetivo fornecer uma revisão da literatura. O
cirurgião dentista possui um papel importante durante todo o tratamento do paciente. O
tratamento inicial pelo Cirurgião-Dentista é a realização de cirurgia. O objetivo das cirurgias
primárias é minimizar os estigmas e preconceitos em relação a fissura, restaurar a função
normal, incluindo fala e audição, e promover o crescimento normal e o desenvolvimento
psicossocial. Em seguida o cirurgião dentista tem sua importância dada na reabilitação desse
paciente, no processo de enxertia óssea para condicionar um tratamento de “refinamento”.
Isso pode acontecer em diversas fases da vida do paciente, de acordo com a necessidade
clínica e grau de acometimento facial. Conclui-se que o tratamento do paciente com fissura
labio-palatina é complexo, longo e exige uma atuação multiprofissional para alcançar
resultados estéticos e funcionais satisfatórios. O Cirurgião-Dentista tem um papel
fundamental no tratamento dessa patologia, atuando precocemente desde os primeiros meses
de vida, passando pela infância, até a fase adulta do paciente, corrigindo as sequelas da
doença e promovendo uma integral reabilitação oral e maxilofacial do indivíduo.
Palavras chaves: fissuras labiopalatais, fenda labial, lábio leporino, fissura palatina,
tratamento multidisciplinar, correção cirúrgica.
ABSTRACT
Cleft lip and palate is a pathology that causes malformation of structures of the
stomatognathic system, face and skull, requiring multidisciplinary treatment. In addition to
promoting facial changes, cleft lip and palate also cause changes in the alveolar ridge, causing
changes in the bite of patients with this malformation. In this way, a multidisciplinary team
composed of physicians, dentists, speech therapists, psychologists and nutritionists,
monitoring the growth and development of these patients in all phases of treatment, from
correction surgery in the patients early life, to a possible orofacial rehabilitation , is extremely
important for health and quality of life. This work aims to provide a literature review.The
dental surgeon plays an important role throughout the patient's treatment. The initial treatment
by the dentist is surgery. The aim of primary surgeries is to minimize stigma and prejudice
regarding craving, restore normal function, including speech and hearing, and promote normal
growth and psychosocial development. Then, the dental surgeon has its importance given in
the rehabilitation of this patient, in the bone grafting process to condition a quot;refinement
" treatment. This can happen at different stages of the patients life, according to clinical
need and degree of facial involvement. It is concluded that the treatment of patients with cleft
lip and palate is complex, long and requires a multidisciplinary approach to achieve
satisfactory aesthetic and functional results. The Dental Surgeon has a fundamental role in the
treatment of this pathology, acting early from the first months of life, through childhood, to
the patients adult stage, correcting the sequelae of the disease and promoting a complete oral
and maxillofacial rehabilitation of the individual.
Keywords: cleft lip and palate, cleft lip, cleft lip, cleft palate, multidisciplinary treatment,
surgical correction.
LISTA DE FIGURA
A fissura lábio palatina, também conhecida popularmente como lábio leporino, é uma
deformidade caracterizada pela abertura no lábio superior de um ou dos dois lados, com uma
abertura no palato. É a malformação craniofacial congênita mais prevalente na população, ela
apresenta diversos graus de severidade, podendo comprometer funções estéticas e funcionais,
como a alimentação e fala. (Paranaíba et al. Braz J Otorhinolaryngol. 2009;75(6):839-43).
Essas anomalias são tratáveis e o prognóstico é positivo, desde que o tratamento seja
iniciado ainda nos primeiros meses e vida da criança. Suas causas são multifatoriais, podem
estar associadas a fatores genéticos e/ou ambientais, e também associadas a alguma síndrome.
(Sá et al. Revista Bahiana de Odontologia. 2014 Dez;5(3):153-159).
Por meio de uma revisão literária, esse trabalho tem a intenção de discutir as fissuras
labiopalatais, buscando entender, estudar e demonstrar o que temos de conhecimento,
trazendo soluções com embasamento científico, proporcionando um melhor planejamento e
encaminhamento para pacientes pediátricos, aumentado então a qualidade de vida dos
mesmos.
9
2. METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma revisão de literatura, a partir de uma
pesquisa bibliográfica nas bases de dados on line: Medline/PubMed e SCIELO. A
busca foi realizada com os descritores em saúde “Cirurgia Fissura labiopalatal“,
“fissura palatina“ e “fissura labiopalatal”. Os artigos foram pesquisados a partir do
ano 2000 até 2021. Os artigos incluídos foram aqueles de língua portuguesa e
inglesa, que tratavam da temática citada, encontrados nos sistemas de busca deste
trabalho, complementados por imagens adquiridas na seguinte fonte: Anatomia,
Histologia e Embriologia dos dentes e das Estruturas Orofaciais, (Mary, Bath-Balogh).
10
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 ETIOLOGIA
Pacientes nascidos com fissuras podem ter anomalias dentárias de forma, número,
tamanho e posição, o que nos leva a executar um estudo de caso completo e um planejamento
mais adequado para cada paciente. A fim de alcançar um resultado de tratamento bem-
sucedido, é necessário, além do planejamento multidisciplinar, monitorar o progresso do
plano, onde mudanças podem ser acrescentadas caso o procedimento não saia como
planejado, ou como o esperado pelo paciente. As características orofaciais de pacientes
portadores de FLP, podem sofrer alterações ao longo do tempo, ocasionando também,
mudanças no plano de tratamento. (Oliveira et al, 2019, Odontol p. 380-385).
11
3.2 PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA
Fissuras do lábio e/ou palato (FL/P) que representam as anomalias congênitas mais
comuns da face, correspondendo a aproximadamente 65% de todas as malformações da região
craniofacial. As FL/P ocorrem em aproximadamente 70% dos indivíduos na forma não-
sindrômica (FL/PNS), ou seja, sem associação com outras malformações e sem alterações
comportamentais e/ou cognitivas. Os demais 30% estão associados a desordens mendelianas
(autossômica dominante, autossômica recessiva ou ligada ao X), cromossômicas,
teratogênicas ou condições esporádicas que incluem múltiplos defeitos congênitos, reflexo da
complexidade e diversidade dos mecanismos moleculares envolvidos durante a embriogênese
com a participação de múltiplos genes e da influência de fatores ambientais (dieta e
suplementação vitamínica materna, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas anticonvulsivantes
durante o primeiro trimestre de gestação e idade materna). Verifica-se que dos 778 casos de
FL/PNS, somente 5 (0,64%) foram de fissuras incomuns, que apresentavam acometimento
anatômico distinto das classificações usuais, ou seja, incluem fissuras pré-forame completas
ou incompletas, unilaterais e bilaterais; fissuras transforame unilaterais, bilaterais e fissuras
pré e pós-forame; todas as fissuras pós-forame completas ou incompletas e outras as fissuras
raras da face. Concluiu-se que este estudo analisou 5 casos clínicos raros ou incomuns de
FL/PNS em uma população brasileira e confirmou a limitada prevalência de tais alterações.
Os tipos clínicos dessas fissuras foram fissurar labial unilateral incompleta associada à fissura
palatina incompleta e fissura lábio-palatina unilateral completa e fissura palatina completa,
sendo todas identificadas no gênero masculino. Além disso, as FL/PNS incomuns não foram
associadas aos fatores de risco avaliados. (Paraíba et al, 2010, Brazilian Journal of otorhinolaryngology
75).
A formação da face depende de cinco estruturas principais que são formados durante a
quarta semana gestacional: processos mandibular e maxilar, que se apresentam em pares, e o
processo frontonasal presente como uma única proeminência. Os processos mandibulares ao
se fusionarem formam o arco mandibular, que é o primeiro, juntamente com seus tecidos
relacionados, que se desenvolvem e originam o lábio inferior, a mandíbula, os dentes e demais
tecidos, como o nervo trigêmeo (ABDO MACHADO, 2005, BETH-BALOGH & FEHRENBACH, 2008).
A face inicia sua formação na quarta semana e a completa na 10ª semana. Desenvolve-
se a partir do processo frontonasal, dos processos maxilares e dos processos mandibulares. O
processo frontonasal é originado do mesoderma ventral à porção cranial do tubo neural e
possuem células mesenquimais derivadas da crista neural do cérebro anterior e do cérebro
médio. Os processos maxilares e mandibulares derivam do primeiro arco, sendo que os
processos maxilares contêm células da crista neural do cérebro anterior e médio, e os
processos mandibulares, células da crista neural do cérebro médio e posterior. Entre os
processos maxilares e os processos nasais laterais, há inicialmente uma fenda, o sulco
nasolacrimal. Um espessamento ectodérmico em forma de bastão desenvolve-se no assoalho
do sulco nasolacrimal e aprofunda-se no mesênquima. Esse cordão epitelial se canaliza no
13
ducto nasolacrimal, e a sua extremidade cranial se expande no saco lacrimal. (Papalia D,
Feldman R, Desenvolvimento Humano ed.12º).
14
fusionam-se entre si e com o septo nasal, o qual não se une à zona posterior das cristas
palatinas. Nesse local irá se formar o palato mole e a úvula, que, a seu tempo, sofre um
processo de proliferação.
O primeiro arco faríngeo é o arco mandibular, cuja porção superior vem a ser o
processo maxilar, já mencionado, e cuja porção inferior é o arco mandibular propriamente
dito, com uma porção cartilaginosa ou cartilagem de Meckel. O processo maxilar contribui
para a formação facial. Quanto à cartilagem de Meckel, sua maior parte é reabsorvida para
induzir o desenvolvimento da mandíbula, a qual se forma por ossificação membranosa do
tecido mesenquimático que circunda a cartilagem de Meckel. Uma pequena parte da
cartilagem ossifica-se na zona mais ventral. Quanto à cabeça e ao processo coronóide da
mandíbula, sua ossificação é endocondral. No recém-nascido existem duas hemimandíbulas
que se fusionam na linha média. Aos dois anos de idade forma-se um conjuntivo na zona
central que no futuro pode dar lugar aos ossículos mentuais. No interior da mandíbula, forma-
se o conduto mandibular e outro mais inferior, o conduto de Serres, para uma veia incluída no
tecido esponjoso, do qual não restam vestígios a partir dos oito anos de idade. A extremidade
15
da cartilagem de Meckel ossifica-se e forma os pequenos ossos da orelha média: o martelo e a
bigorna.
O segundo arco faríngeo, o arco hióideo, dá lugar ao corno menor e à parte superior do
osso hióide por ossificação da cartilagem correspondente ou cartilagem de Reichert. Também
dá origem ao estribo da orelha média, ao processo estilóide do osso temporal e ao ligamento
estilo-hióideo. A musculatura originada desse arco é a da mímica facial, importante para a
expressão emocional; da mesma forma, dá origem ao músculo do estribo, ao músculo estilo-
hióideo e ao ventre posterior do músculo digástrico. A inervação dessa musculatura
corresponde ao nervo facial (VII par craniano).
O terceiro arco faríngeo forma o corno maior e a porção inferior do corpo do osso
hióide. A musculatura é a da deglutição, localizada, no adulto, nas paredes da faringe
(músculos constritor superior da faringe e estilo faríngeo). O nervo do terceiro arco é o IX par
craniano ou nervo glossofaríngeo.
16
3.4 CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS LABIOPALATAIS
A classificação mais utilizada para as fissuras labiopalatinas foi a proposta por Spina
et al. (1972), e modificada por Silva Filho et al. (1992), baseado em morfologia que permite
pensar o diagnóstico, à reabilitação e o prognóstico de tratamento, há quatro (4) tipos de
fenda, observadas no quadro 1.
- Esquerda
• Bilateral
• Mediana
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III Fissuras pós-forame • Completa
incisivo
• Incompleta
2. A fenda transforame incisivo, que são totais, atingindo lábio, alvéolo, palato duro e
palato mole. Também apresentam as variações unilaterais, cuja explicação biológica é a
ausência de fusão entre o palato primário, o processo maxilar e o palato secundário; bilateral,
cuja explicação biológica é a ausência de fusão entre o palato primário, os processos
maxilares e os processos palatinos secundários de ambos os lados, apresentando como
característica típica a projeção acentuada da pré-maxila e do pró-lábio. E a mediana, cuja
explicação biológica é a agenesia dos processos nasais mediais e falta de fusão dos palatos
secundários. (Silva Filho et al. 1989; Rev Bras Cir;79:197-205)
18
quando localizada abaixo da órbita, ou craniana, quando localizada acima da órbita. Abaixo
segue imagem para ilustrar os casos mais recorrentes, que são a fenda pré forame, a fenda
transforame incisiva e a fissura pós-forame incisivo. (Silva Filho et al. 1989; Rev Bras Cir;79:197-
205)
19
3.5 ALEITAMENTO MATERNO
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satisfação, impulso que poderá levar o lactente a sugar o dedo, o lábio ou a própria língua.
Assim, quando se faz uso exclusivo da mamadeira, deixa de haver estímulo para o
crescimento anteroposterior da mandíbula, pois a criança não precisa realizar o exercício
muscular de protrusão e retrusão mandibular. (Batista et al, Rev Paul Pediatr 2011;29(4):674-9).
Devido à dificuldade de alimentação, as crianças com fissuras, principalmente aquelas com
fissuras transforame e pós-forame, são mais propensas a apresentarem restrições de
crescimento, mormente crânio faciais, ao longo dos dois primeiros anos de vida (Montagnoli et
al., 2005).
Estudos de revisão literária, apresentam que as fissuras de lábio e/ou palato trazem
déficit na qualidade de vida, e defeitos congênitos significantes para seus portadores, e estão
entre as malformações mais frequentes na região craniofacial, podem ou não estar associadas
a outras síndromes, e trazem predisposição para anomalias dentárias. (Oliveira Sá et al, 2014,
Revista Bahiana de Odontologia ;5(3):153-159).
21
Os pacientes portadores de FL/PNS, apresentam características específicas desde a
dentição decídua. As mudanças se encontram na região da fissura e também fora dela, e estão
diretamente ligadas ao tipo de fenda (Oliveira Sá et al, 2014; Revista Bahiana de Odontologia ;5(3):153-
159).
As anomalias dentárias que aparecem com maior prevalência em indivíduos com FL/
PNS correspondem a agenesia dentária (e cinco a sete vezes mais frequente em indivíduos
com fissuras labiopalatais comparados à população sem alterações morfofuncionais), dentes
supranumerários (acomete com maior frequência o incisivo lateral da região fissurada)
microdontia, dente ectópico, giroversão, taurodontia e hipoplasia de esmalte (Oliveira Sá et al,
2014; Revista Bahiana de Odontologia ;5(3):153-159).
Foi descrito que o desenvolvimento das FL/PNS e dos dentes apresentam semelhanças
embriológicas em relação ao tempo e à posição anatômica, dessa forma as alterações
odontológicas podem ou não estar associadas unicamente com a malformação (Oliveira Sá et al,
2014; Revista Bahiana de Odontologia ;5(3):153-159).
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Nos sujeitos com fissura transforame incisivo os índices de alterações de oclusão
dentária, como a MCP, encontrados na literatura tem uma frequência de 31,7%16. (Schilling et
al, 2021, Rev. CEFAC;23(4):e12420).
Após análise foi observado que na fase de dentadura decídua, as fissuras transforame
incisivo, uni ou bilaterais, por romperem totalmente a maxila, foram as que apresentaram
alterações da distância entre caninos, comprometendo então significantemente a sua dimensão
transversal anterior. (Abi Faraj et al, 2007, Maringá, v. 12, n. 5, p. 100-108).
O defeito que afeta a aparência física do bebê para a mãe e os outros que o rodeiam
interfere com a amamentação normal e, subsequentemente, com o ajustamento do bebê.
Portanto, diversos estudos mostram que os problemas psicológicos das crianças,
principalmente com fissuras de lábio, são significativos. Dentre os efeitos psicossociais,
oriundos de tais malformações, podem-se destacar depressão, ansiedade, isolamento social,
dificuldade na linguagem e baixa autoestima. (Ribeiro et al, Brasília Med 2011;48(3):290-295).
23
favorecimento da relação mãe-filho tornam inquestionáveis as vantagens do aleitamento
materno para o neonato. Em sua impossibilidade, faz-se necessária a introdução de leite
artifcial e de alimentação suplementar adequada, como forma de reposição de nutrientes,
respeitando-se a maturação neurofisiológica da criança. (Ribeiro et al, Brasília Med 2011;48(3):290-
295).
24
“refinamento”. Isso pode acontecer em diversas fases da vida do paciente, de acordo com a
necessidade clínica e grau de acometimento facial. (Nascimento et al, 2019, V Seminário Científico do
UNIFACIG).
3.8.1 PALATOPLASTIA:
3.8.2 QUEILOPLASTIA:
25
A ortodontia também desempenha um papel primordial na reabilitação desse caso. Os
principais objetivos do tratamento ortodôntico são estabelecer função e harmonia estética,
com restabelecimento da relação oclusal fisiologicamente ótima, em relação harmônica com
as outras estruturas faciais e cranianas. (Ribeiro et al, Brasília Med 2011, 48(3):290-295).
O tratamento deve ser instituído logo após o nascimento, iniciando-se com as cirurgias
plásticas reparadoras, denominadas de queiloplastia e palatoplastia (Ribeiro et al, 2011, Brasília
Med;48(3):290-295).
27
De acordo Santos et al. (2017) com enxerto ósseo alveolar primário, realizado nas
cirurgias primárias, que acontecem nas idades abaixo de dois anos e meio, induzem a
formação de um tecido cicatricial na região da cirurgia.
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5. DISCUSSÃO
Das 881 crianças estudadas, 181 (20,5%) tiveram FL, 74 (40,9%) das quais eram
meninas e 107 (59,1%) meninos, 543 (61,6%) tiveram FL+P, 191 (35,2%) das quais eram
meninas e 352 (64,8%) meninos, e 157 (17,8%) tiveram FP, 97 (61,8%) meninas e 60
29
(38,2%) meninos. O aleitamento materno foi significativamente mais frequente no grupo FL
(45,9%) que nos grupos FP (12,1%) ou FL+P (10,5%). As condições socioeconômicas da
amostra em estudo mostraram uma concentração (81,7%) de indivíduos na classe baixa,
classe baixa alta e classe média baixa. Não houve diferenças significativas na distribuição
quanto aos três tipos de fissuras (p > 0,10) quando consideramos a soma das classes baixa,
baixa alta e média baixa em relação à soma das outras classes. A distribuição da frequência de
crianças afetadas em termos de peso e comprimento foi homogênea nos diversos grupos
etários para cada gênero e tipo de fissura. Não foram observadas diferenças entre os gêneros
para cada tipo de fissura. A comparação das frequências observadas na amostra com aquelas
esperadas com base na referência NCHS para cada tipo de fissura e cada variável (peso e
comprimento) revelou uma diferença significativa em todos os casos indicando uma
proporção maior do que a esperada de crianças afetadas na população estudada,
independentemente do tipo de fissura (Montagnoli et al, J. Pediatr 2005, 81:461-5).
Existem pesquisas que comparam as diferentes técnicas de palatoplastia por meio das
características da fala, porém sabe-se que existem inúmeros fatores que contribuem para o
insucesso da palatoplastia primária relacionada à fala. Em alguns casos podemos observar o
véu curto; uma maior variabilidade na quantidade de massa muscular; interferência da
inserção do músculo levantador e alterações anatômicas nas paredes faríngeas (Nakamura et al,
2003). Outros fatores também podem contribuir nos resultados, como a influência da
al 1976).
Capelozza et al (em 2002), afirmou que a cirurgia moderna respeita alguns princípios
para o sucesso da queiloplastia: ressecção mínima dos tecidos das vertentes labiais;
30
preservação dos caracteres anatômicos existentes no lábio fissurado, como a crista filtral, o
arco de cupido e o tubérculo mediano; assim como reconstrução do lábio em três planos,
mucoso, muscular e cutâneo.
Figueiredo (2002), descreveu técnicas operatórias para tratamento das fissuras labiais e
sistematizou os requisitos de uma técnica ideal: deixar o lábio simétrico com todas as suas
estruturas – vermelhão sem falhas, arco de cupido, filtro labial; reconstruir a musculatura
funcional e anatomicamente; simplicidade; cicatrizes bem localizadas; não alterar a forma do
lábio com o crescimento; reconstruir e simetrizar o nariz. Devem ser considerados: o tipo e a
extensão da fissura, a técnica operatória, o tempo de reparo e a experiência do profissional,
além de fatores funcionais e individuais como a saúde geral do paciente e oclusão
velofaríngea. Quatro técnicas cirúrgicas foram comparadas com o objetivo de avaliar a
simetria nasal em pacientes com fissura labial.
De acordo Santos et al (2017), com enxerto ósseo alveolar primário, realizado nas
cirurgias primárias, que acontecem nas idades abaixo de dois anos e meio, induzem a
formação de um tecido cicatricial na região da cirurgia. Segundo Lacerda et al (2015), o
enxerto ósseo primário caiu em desuso em função dos péssimos resultados para o crescimento
maxilar, além dos riscos em função da idade muito precoce das crianças nas cirurgias
primárias de queiloplastia (realizadas a partir dos 3 meses de idade).
A técnica de enxerto ósseo alveolar secundário é tida como a de eleição para muitos
cirurgiões, sendo realizada entre os 8 e 12 anos de idade, durante o período de dentição mista
31
e, preferencialmente, antes da erupção do canino definitivo, quando 1/2 a 2/3 da sua raiz se
encontra formada (Costa et al, 2015).
Para Taib et al (2015), os pacientes com fissura lábio palatina com envolvimento de
rebordo alveolar precisarão de enxerto ósseo para restaurar a continuidade do arco maxilar
para facilitar a erupção dentária. Isso geralmente não é realizado no momento do reparo labial
inicial (devido aos fracos resultados de crescimento após o enxerto ósseo precoce), mas é
adiado até a erupção do incisivo lateral superior permanente ou do canino no lado da fenda. O
defeito ósseo é mais bem preenchido com fragmentos ósseos esponjosos osteogênicos
retirados da crista ilíaca, durante a fase de dentição mista (entre 7 e 11 anos), idealmente
quando a raiz do incisivo lateral ou canino é de metade a dois terços formado. Isso permite
que a erupção dentária ocorra através do osso enxertado enquanto o enxerto suporta o arco
maxilar. Isso então reconstitui o alvéolo maxilar e facilita o tratamento ortodôntico definitivo.
A preocupação com a fonação, a oclusão e com o crescimento facial nos faz entender que,
além da importância das propostas cirúrgicas, o tratamento multidisciplinar é fundamental,
para uma possível resolução das deformidades, num menor tempo e com um mínimo de
trauma para a criança (MONTEIRO et al., 2004).
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desse estudo, foi possível observar que pacientes portadores de FLP
apresentam alterações odontológicas e inúmeras limitações. Sendo assim é necessário um
tratamento que envolve uma equipe multidisciplinar composta de cirurgiões dentistas de
diferentes especialidades, médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos,
para atender a todos os objetivos do tratamento, que atuem desde o nascimento, e por toda a
adolescência do fissurado.
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7. REFERÊNCIAS
4- Montagnoli LC, Barbieri MA, Bettiol H, Marques IL, de Souza L. Prejuízo no crescimento
de crianças com diferentes tipos de fissura lábio-palatina nos 2 primeiros anos de idade. Um
estudo transversal. J. Pediatr (Rio J). 2005;81:461-5.
6- Lívia Maris Ribeiro Paranaíba, Hudson de Almeida, Letízia Monteiro de Barros, Daniella
Reis Barbosa Martelli, Julian Dias Orsi Júnior, Hercílio Martelli Júnior. Técnicas cirúrgicas
correntes para fissuras lábio-palatinas, em Minas Gerais, Brasil. BRAZILIAN JOURNAL OF
OTORHINOLARYNGOLOGY 75 (6) NOVEMBRO/DEZEMBRO 2009; Braz J
Otorhinolaryngol. 2009;75(6):839-43.
7- Moacir Cymrot, Felipe de Castro Dantas Sales, Francisco de Assis Alves Teixeira,
Francisco de Assis Alves Teixeira Junior, Geraldo Sérgio Barbosa Teixeira, José Ferreira da
Cunha Filho, Natália de Holanda e Oliveira. Prevalência dos tipos de fissura em pacientes
com fissuras labiopalatinas atendidos em um Hospital Pediátrico do Nordeste brasileiro. Rev.
Bras. Cir. Plást. 2010; 25(4): 648-51.
8- Lívia Máris Ribeiro Paranaíba, Roseli Teixeira de Miranda, Daniella Reis Barbosa
Martelli, Paulo Rogério Ferreti Bonan, Hudson de Almeida, Julian Miranda Orsi Júnior,
Hercílio Martelli Júnior. Cleft lip and palate: series of unusual clinical cases. BRAZILIAN
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9- Nivaldo Alonso, Daniela Yukie Sakai Tanikawa, Jonas Eraldo de Lima Junior, Marcus
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10- Patricia Nivoloni Tannure; Ana Cristina Rey; Tatiane Teixeira da Silva; Marcelo de
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em saúde bucal em crianças e adolescentes portadores de fissura labiopalatina. Odontol. Clín.-
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